30-05-2020, 03:18 AM
A Real sobre Nessahan Alita e o Desapego
Em primeiro lugar, aqui é tópico para punhetações filosóficas. Se isso não é do seu interesse, pode fechar essa aba ou apertar o botão voltar do seu navegador. Sem intrigas, sem rancores. A gente se vê na próxima.
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Salve, bufalada! Antes de começarmos, já vou dizendo que muito aqui já foi debatido antes, ninguém tá reinventando a roda aqui. Mas quero abrir o espaço para discussões menores e tangentes aos escritos de Nessahan Alita, em especial aos novatos que nem sempre vão ter condições de desenterrar tópicos velhos.
Voltando aos livros... Dá para falar das muitas coisas que ele incluiu nos seus escritos, mas o mais interessante talvez seja conversar o que ele NÃO incluiu. Mas vamos começar com o que ele fez primeiro.
Resumão de Nessahan Alita
Lendo e relendo Nessahan Alita a gente começa a reparar em alguns padrões nas ideias dele, que podem ser sistematizadas e simplificadas para fins de resumo. Importante notar que isso não substitui a leitura cadenciada e ordem de exposição dos temas que ele traz, que é essencial para melhor entendimento.
Eu não tenho aqui de mente tudo (até por que teria que reler exclusivamente com esse foco), mas algumas das principais ideias dele podem ser resumidas no seguinte:
- Mulheres jogam e fazem testes conosco para poder testar nosso nível de interesse ou de apego nelas, em geral de maneira subconsciente. Se o homem demonstra muito apegado e submisso, por questões instintivas e evolutivas ela vai buscar segurança em homens mais seguros de si (apego = dependência e insegurança).
- Esses joguinhos elas usam para nos causar sofrimento e confusão, e para que não tenhamos certeza do teor dos relacionamentos com elas, para ocultar ou omitir o que fazem de errado e principalmente para que elas nos mantenham sob rédeas curtas.
- O apego ligado ao mito do amor romântico é um dos defeitos do ego (p. ex: os pecados capitais) que devem ser eliminados para que tenhamos relacionamentos mais tranquilos, pois o desapego nos permite avaliar a situação racionalmente sem estar dopado pelo veneno da paixão, e para que possamos desarmar suas artimanhas.
Nada de novo aqui. Lateralmente, isso é seguido de algumas ideias correlacionadas:
- Fingir desapego é inútil, pois nossas atitudes ou linguagem corporal entregam o jogo. Mesmo que a gente finja bem, eventualmente algo transparece. Elas são muitos instintivas e eventualmente matam a charada.
- Polarizar na frieza também tira eventualmente extingue o interesse delas. Se faz necessário ter um bom equilíbrio e/ou alternar os sinais de forma a confundi-las.
- É justo reverter ou jogar com elas se elas também fazem isso conosco. É uma forma justificada de autodefesa emocional.
- Na guerra da paixão sempre há uma parte que tá no comando da relação e uma outra parte mais submissa. De maneira geral, a parte mais apegada é a mais submissa e fica refém da outra parte.
- O homem deve liderar a relação (ser a parte menos apegada) para melhor interesse de ambas as partes. Pela natureza de boa parte das mulheres, deixar na mão delas cai nos casos do homem de apego e acaba o homem sendo passado para trás ou trapaceado pela espertinha.
Há a vertente do masculinismo que acredita que está no interesse dos homens de forma geral ter relacionamentos mais tranquilos, portanto, tornando os homens líderes mais estáveis por estes e outros motivos próprios da psique do homem. Só não posso afirmar isso categoricamente, apesar de ter várias literaturas que indicam tal fato e sou inclinado a concordar com isso também.
Corrigindo algumas concepções errôneas comuns
Nessahan Alita é um livro de filosofia sobre o sofrimento do homem. Sim, aquilo não é um livro de autoajuda, nem é um coach ou livro de receitas prontas. Portanto, já falei isso antes, mas é preciso que fique bem claro: Ele não é um livro sobre mulheres e sim sobre VOCÊ, o seu próprio eu. E por isso mesmo, qualquer conhecimento a ser usado lá deve ser passado por reflexão e crítica, coisa que acredito que muitos aqui fazem.
Os que não fazem acabam caindo em estado de revolta, depressão ou não-aceitação de forma geral, o que infelizmente é o efeito contrário do que o livro deve trazer. Isso por que o livro estimula os homens a terem relacionamentos saudáveis com boas mulheres e dá embasamentos e ferramentas para que isso aconteça. Quem leu o livro e se tornou MGTOW ou ficou desiludido ou revoltoso com as mulheres LEU MUITO MAL e entendeu tudo errado.
Outra coisa importante notar é que Nessahan em nenhum momento prega que existam exceções ou unicórnios em meio às mulheres, apenas que existem algumas mais adequadas e que devemos nos distanciar das espertinhas e desonestas. Pode ser meio difuso sacar isso, mas também é possibilidade real: É possível existir uma boa mulher para se relacionar, mas que não seja possível ou adequado que ela se relacione bem com você.
Nessahan e o masculinismo
Nessahan também reconhece sua importância para o estabelecimento dos movimentos masculinistas, mas não deve ser misturado com estes nem creditado pela existência e explico o motivo. O livro dele de forma geral fala das constantes que atingem os homens de maneira quase que generalizada. Tem uma ou outra coisa que fala de alguma coisa mais moderna, tal como telefone, mas o enfoque dele como filósofo é atemporal. Por isso o livro dele é um coringa, que pode fazer sentido 500 anos atrás e irá fazer nos próximos 500. Leiam com isso em mente.
O movimento masculinista atual é estritamente fruto do nosso tempo e da nossa realidade, sendo diferente do masculinismo americano, por exemplo, apesar de termos sociedades relativamente semelhantes. O que quero dizer com isso é que NA de masculinista não tem nada. Ele até reconhece que, devidos às condições atuais que todos estamos carecas de saber, há uma dificuldade aumentada das coisas darem certo, mas ele não para pra fazer nenhuma análise do nosso tempo, dos sintomas e problemas dele, e sim falar apenas do sofrimento humano. Ou seja, para nós só estudar NA não é suficiente para estar preparado para os dias de hoje, precisamos de mais literatura adicional.
Por isso que é mais honesto estudar Nessahan Alita a parte do masculinismo, apesar de que acho que até o próprio reconhece que nós masculinistas estamos oferecendo a contextualização (com relatos, vocabulário próprio, outros conhecimentos, etc) para uso cotidiano que falta nos livros dele. Nessahan como pensador tem que ser lido ao lado de filósofos também, tal como Nietzsche, Schopenhauer, Esther Villar, etc. Como auxílio para o desenvolvimento duma masculinidade mais consciente tem que ser lido ao lado de muitas outras cosias e áreas diferentes – é o que fazemos aqui nesse fórum, só nunca sistematizamos isso direito.
As linhas faltantes - O que Nessahan não falou?
1. Apesar de reconhecer que rituais de encantamento e conquista existem e funcionam, ele dá poucas estratégias nesse sentido, talvez por temer que o pessoal vá seguir a coisa como uma receita de bolo, feito os PUA, e quebrar a cara. Ou pior, usar desse conhecimento “para o mal”. O melhor que ele faz é descrever o perfil masculino ideal e isso é vago e incompleto.
2. Ele diz que é útil se aproveitar dos jogos femininos revertendo-os e lançando-os de volta a elas como forma de autodefesa emocional, mas não dá nenhum inventário extensivo ou listagem mais completa de todos estes jogos em detalhe, no geral só dá os meios da gente fugir de alguns dos mais comuns.
3. Ele por questões de foco não fala do lado sombrio masculino, apesar de que este deveria ser o segundo assunto mais falado em seus escritos, acredito eu, afinal para eliminação dos defeitos é necessário o autoconhecimento. Acredito que devemos conhecer bem o inimigo como a nós mesmos, só que na equação faltou o “nós mesmos”.
4. Nessahan introduz mas nunca é conclusivo com relação ao desapego total e se ele é possível de ser alcançado, apenas o preconiza. Uns dizem que é impossível, outros inviável, alguns dizem que mesmo sendo possível e viável, não seria saudável. A análise de Nessahan só traz o desapego como um ideal, uma espécie de virtude, e só considera as possíveis benefícios. Isso tem que ser olhado mais profundamente.
5. Tirando as gnoses de lado, os métodos de meditação e oração que ele indica para o desapego são nada mais que programação neurolinguística, o que não tira os méritos, muito pelo contrário, os reforça. Falta um estudo dedicado sobre como usar estas técnicas para nos auxiliar no caso de traumas emocionais e apego profundo.
Qual a minha sugestão com esse tópico?
Discutir as brechas intencionais ou não deixadas pelo autor, re-examinar seus conceitos e implicações sempre que necessário e complementar as literaturas. Já dei pontos de sobra para começar, se isso aqui for bem discutido pode até virar mais um livro a complementar seus escritos.
Não estou dizendo que sua obra é ruim ou incompleta (muito pelo contrário!), mas acredito que ele deixou algumas brechas justamente para que possamos discutir, assim como era feito nos redutos do Orkut há mais de 10 anos atrás.
Se porventura me lembrar de algo, acrescentarei. Estejam a vontade para me corrigir ou acrescentar o que acharem interessante pra essa discussão. Vou revisitar esse livro agora nessa época aproveitar um tempinho vago que me surgiu. Quem quiser seguir a palavra, favor ficar à vontade.
Força e honra sempre,
Em primeiro lugar, aqui é tópico para punhetações filosóficas. Se isso não é do seu interesse, pode fechar essa aba ou apertar o botão voltar do seu navegador. Sem intrigas, sem rancores. A gente se vê na próxima.
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Salve, bufalada! Antes de começarmos, já vou dizendo que muito aqui já foi debatido antes, ninguém tá reinventando a roda aqui. Mas quero abrir o espaço para discussões menores e tangentes aos escritos de Nessahan Alita, em especial aos novatos que nem sempre vão ter condições de desenterrar tópicos velhos.
Voltando aos livros... Dá para falar das muitas coisas que ele incluiu nos seus escritos, mas o mais interessante talvez seja conversar o que ele NÃO incluiu. Mas vamos começar com o que ele fez primeiro.
Resumão de Nessahan Alita
Lendo e relendo Nessahan Alita a gente começa a reparar em alguns padrões nas ideias dele, que podem ser sistematizadas e simplificadas para fins de resumo. Importante notar que isso não substitui a leitura cadenciada e ordem de exposição dos temas que ele traz, que é essencial para melhor entendimento.
Eu não tenho aqui de mente tudo (até por que teria que reler exclusivamente com esse foco), mas algumas das principais ideias dele podem ser resumidas no seguinte:
- Mulheres jogam e fazem testes conosco para poder testar nosso nível de interesse ou de apego nelas, em geral de maneira subconsciente. Se o homem demonstra muito apegado e submisso, por questões instintivas e evolutivas ela vai buscar segurança em homens mais seguros de si (apego = dependência e insegurança).
- Esses joguinhos elas usam para nos causar sofrimento e confusão, e para que não tenhamos certeza do teor dos relacionamentos com elas, para ocultar ou omitir o que fazem de errado e principalmente para que elas nos mantenham sob rédeas curtas.
- O apego ligado ao mito do amor romântico é um dos defeitos do ego (p. ex: os pecados capitais) que devem ser eliminados para que tenhamos relacionamentos mais tranquilos, pois o desapego nos permite avaliar a situação racionalmente sem estar dopado pelo veneno da paixão, e para que possamos desarmar suas artimanhas.
Nada de novo aqui. Lateralmente, isso é seguido de algumas ideias correlacionadas:
- Fingir desapego é inútil, pois nossas atitudes ou linguagem corporal entregam o jogo. Mesmo que a gente finja bem, eventualmente algo transparece. Elas são muitos instintivas e eventualmente matam a charada.
- Polarizar na frieza também tira eventualmente extingue o interesse delas. Se faz necessário ter um bom equilíbrio e/ou alternar os sinais de forma a confundi-las.
- É justo reverter ou jogar com elas se elas também fazem isso conosco. É uma forma justificada de autodefesa emocional.
- Na guerra da paixão sempre há uma parte que tá no comando da relação e uma outra parte mais submissa. De maneira geral, a parte mais apegada é a mais submissa e fica refém da outra parte.
- O homem deve liderar a relação (ser a parte menos apegada) para melhor interesse de ambas as partes. Pela natureza de boa parte das mulheres, deixar na mão delas cai nos casos do homem de apego e acaba o homem sendo passado para trás ou trapaceado pela espertinha.
Há a vertente do masculinismo que acredita que está no interesse dos homens de forma geral ter relacionamentos mais tranquilos, portanto, tornando os homens líderes mais estáveis por estes e outros motivos próprios da psique do homem. Só não posso afirmar isso categoricamente, apesar de ter várias literaturas que indicam tal fato e sou inclinado a concordar com isso também.
Corrigindo algumas concepções errôneas comuns
Nessahan Alita é um livro de filosofia sobre o sofrimento do homem. Sim, aquilo não é um livro de autoajuda, nem é um coach ou livro de receitas prontas. Portanto, já falei isso antes, mas é preciso que fique bem claro: Ele não é um livro sobre mulheres e sim sobre VOCÊ, o seu próprio eu. E por isso mesmo, qualquer conhecimento a ser usado lá deve ser passado por reflexão e crítica, coisa que acredito que muitos aqui fazem.
Os que não fazem acabam caindo em estado de revolta, depressão ou não-aceitação de forma geral, o que infelizmente é o efeito contrário do que o livro deve trazer. Isso por que o livro estimula os homens a terem relacionamentos saudáveis com boas mulheres e dá embasamentos e ferramentas para que isso aconteça. Quem leu o livro e se tornou MGTOW ou ficou desiludido ou revoltoso com as mulheres LEU MUITO MAL e entendeu tudo errado.
Outra coisa importante notar é que Nessahan em nenhum momento prega que existam exceções ou unicórnios em meio às mulheres, apenas que existem algumas mais adequadas e que devemos nos distanciar das espertinhas e desonestas. Pode ser meio difuso sacar isso, mas também é possibilidade real: É possível existir uma boa mulher para se relacionar, mas que não seja possível ou adequado que ela se relacione bem com você.
Nessahan e o masculinismo
Nessahan também reconhece sua importância para o estabelecimento dos movimentos masculinistas, mas não deve ser misturado com estes nem creditado pela existência e explico o motivo. O livro dele de forma geral fala das constantes que atingem os homens de maneira quase que generalizada. Tem uma ou outra coisa que fala de alguma coisa mais moderna, tal como telefone, mas o enfoque dele como filósofo é atemporal. Por isso o livro dele é um coringa, que pode fazer sentido 500 anos atrás e irá fazer nos próximos 500. Leiam com isso em mente.
O movimento masculinista atual é estritamente fruto do nosso tempo e da nossa realidade, sendo diferente do masculinismo americano, por exemplo, apesar de termos sociedades relativamente semelhantes. O que quero dizer com isso é que NA de masculinista não tem nada. Ele até reconhece que, devidos às condições atuais que todos estamos carecas de saber, há uma dificuldade aumentada das coisas darem certo, mas ele não para pra fazer nenhuma análise do nosso tempo, dos sintomas e problemas dele, e sim falar apenas do sofrimento humano. Ou seja, para nós só estudar NA não é suficiente para estar preparado para os dias de hoje, precisamos de mais literatura adicional.
Por isso que é mais honesto estudar Nessahan Alita a parte do masculinismo, apesar de que acho que até o próprio reconhece que nós masculinistas estamos oferecendo a contextualização (com relatos, vocabulário próprio, outros conhecimentos, etc) para uso cotidiano que falta nos livros dele. Nessahan como pensador tem que ser lido ao lado de filósofos também, tal como Nietzsche, Schopenhauer, Esther Villar, etc. Como auxílio para o desenvolvimento duma masculinidade mais consciente tem que ser lido ao lado de muitas outras cosias e áreas diferentes – é o que fazemos aqui nesse fórum, só nunca sistematizamos isso direito.
As linhas faltantes - O que Nessahan não falou?
1. Apesar de reconhecer que rituais de encantamento e conquista existem e funcionam, ele dá poucas estratégias nesse sentido, talvez por temer que o pessoal vá seguir a coisa como uma receita de bolo, feito os PUA, e quebrar a cara. Ou pior, usar desse conhecimento “para o mal”. O melhor que ele faz é descrever o perfil masculino ideal e isso é vago e incompleto.
2. Ele diz que é útil se aproveitar dos jogos femininos revertendo-os e lançando-os de volta a elas como forma de autodefesa emocional, mas não dá nenhum inventário extensivo ou listagem mais completa de todos estes jogos em detalhe, no geral só dá os meios da gente fugir de alguns dos mais comuns.
3. Ele por questões de foco não fala do lado sombrio masculino, apesar de que este deveria ser o segundo assunto mais falado em seus escritos, acredito eu, afinal para eliminação dos defeitos é necessário o autoconhecimento. Acredito que devemos conhecer bem o inimigo como a nós mesmos, só que na equação faltou o “nós mesmos”.
4. Nessahan introduz mas nunca é conclusivo com relação ao desapego total e se ele é possível de ser alcançado, apenas o preconiza. Uns dizem que é impossível, outros inviável, alguns dizem que mesmo sendo possível e viável, não seria saudável. A análise de Nessahan só traz o desapego como um ideal, uma espécie de virtude, e só considera as possíveis benefícios. Isso tem que ser olhado mais profundamente.
5. Tirando as gnoses de lado, os métodos de meditação e oração que ele indica para o desapego são nada mais que programação neurolinguística, o que não tira os méritos, muito pelo contrário, os reforça. Falta um estudo dedicado sobre como usar estas técnicas para nos auxiliar no caso de traumas emocionais e apego profundo.
Qual a minha sugestão com esse tópico?
Discutir as brechas intencionais ou não deixadas pelo autor, re-examinar seus conceitos e implicações sempre que necessário e complementar as literaturas. Já dei pontos de sobra para começar, se isso aqui for bem discutido pode até virar mais um livro a complementar seus escritos.
Não estou dizendo que sua obra é ruim ou incompleta (muito pelo contrário!), mas acredito que ele deixou algumas brechas justamente para que possamos discutir, assim como era feito nos redutos do Orkut há mais de 10 anos atrás.
Se porventura me lembrar de algo, acrescentarei. Estejam a vontade para me corrigir ou acrescentar o que acharem interessante pra essa discussão. Vou revisitar esse livro agora nessa época aproveitar um tempinho vago que me surgiu. Quem quiser seguir a palavra, favor ficar à vontade.
Força e honra sempre,