09-11-2017, 04:25 PM
Há uns 2 anos, eu compartilhei um pouco da minha experiência como barman num tópico chamado "Observando uma balada ate o fim." aqui do FdB. Não sabia que ia render tanto, e como o pessoal tinha interessado, fiquei devendo um tópico mais bem escrito sobre isso. Houve algum confrade que compilou e organizou os posts, e eu agradeço. E de forma alguma isso aqui é para desmerecer o trabalho de quem tinha organizado as postagens. Estou voltando nesse assunto e criando um tópico definitivo para corrigir o jeito meio porco que escrevi na época, abordar algumas reflexões, expor mais algumas coisas sobre o modus operandi e contar mais sobre a experiência. Eu sou linguiceiro pra escrever, então se tiver interessado, leia isso quando tiver tempo e não tiver nada para fazer. Não vai encontrar aqui nenhum descobrimento da roda.
Aviso de antemão que esse é um texto PARCIAL e de opinião NEGATIVA sobre baladas. Um pouco crítico e também tentei ser um pouco bem humorado pra tirar o ar pesado. São apenas conclusões particulares minhas e o que eu vi acontecer. Não me interessa se existe baladas exceções, lugares bons, etc. Trabalhei em vários lugares: pubs, afters e sunsets em fazendas, casas de shows, eventos, bares comuns, enfim. Fui freelancer e cada final de semana estava onde me pagava melhor.
Também muitas vezes poderá soar em um tom conspiracionista, no entanto, quem estudar Publicidade e Propaganda poderá confirmar algumas coisas que direi. E, também, através da própria experiência de vocês ao frequentar baladas, com um bom olhar analítico, também poderão confirmar a realidade suja.
Aviso também que fui e sou um cara bastante mediano e comum. Não sei porque, mas quando conto que já trabalhei como barman, sempre pensam que barmans são caras bombados, que trabalhavam sem camisa, gravata borboleta e dão pintada na cara das velhas quando as festas acabavam. E não é assim. É bastante diferente. As pessoas tem uma imagem errada do que é barman devido as propagandas e os filmes. A realidade é que somos simples balconistas.
Não foram anos gloriosos e eu não achava aquilo uma maravilha. Mas, como sabem, a necessidade é uma merda e o que tiver que fazer, você faz. Então eu apenas ligava o piloto automático e fazia meu trabalho. Tentando observar e tirar algum ensinamento que preste desse tipo de vida. E acabei descobrindo mais sujeiras que eu imaginava existir.
Aviso também que não sou contra baladas. Se você se julga maduro, tem grana, e gosta mesmo, esse não é um texto pra ti, mas pode ser interessante você saber como funciona certas coisas por baixos dos panos. Esse texto é mais uma tentativa de regaste dos irmãos que só se fodem nesse mundo da noite, estão imersos em ilusões e perdendo a sanidade mental, a grana e a vontade própria.
Aviso também que não sou contra baladas. Se você se julga maduro, tem grana, e gosta mesmo, esse não é um texto pra ti, mas pode ser interessante você saber como funciona certas coisas por baixos dos panos. Esse texto é mais uma tentativa de regaste dos irmãos que só se fodem nesse mundo da noite, estão imersos em ilusões e perdendo a sanidade mental, a grana e a vontade própria.
Espero poder contribuir com alguma coisa para vocês. Especialmente aos novatos que ainda estão presos na ilusão de que balada é bom para o homem e salvar o seu dinheiro.
Tudo Começa Com Propagandas
Baladas são um meio sujo de ganhar dinheiro. Muitos dizem que vai lá quem quer, gasta quem quer, e é apenas um negócio. E não é bem assim… O tráfico também é um negócio e nem por isso é um meio honesto de ganhar dinheiro. Tudo aquilo que utiliza da exploração emocional do outro e visa torná-lo dependente de algo para ganhar dinheiro é moralmente errado (e isso é só minha opinião). E como isso acontece nas baladas? Através do grande pilar da noite: as propagandas.
O pilar de toda festa é a propaganda, e uma propaganda bem sucedida te criará a necessidade de você ir para aquele lugar e consumir o que ali está, mesmo que você originalmente não precise de nada daquilo. Talvez a comparação com o tráfico tenha ficado muito pesada para os bumbuns sensíveis, então compare ao lixo do telemarketing, que ficam tentando te empurrar coisas que você não precisa, ou que utiliza do bilhete do Pinguim ou ficam ligando para aposentados e pensionistas oferecendo um empréstimo para a maioria das pessoas que não tem uma mínima instrução financeira, e milhões se endividam todos os anos por causa disso e passam anos na merda. Tudo aquilo que mexe com a cabeça das pessoas não é um jeito limpo de ganhar dinheiro. No entanto, isso não deixará de existir, e não tem como ser impedido porque essa é a selva humana, é a manifestação da nossa própria animalidade. Então, como na selva você nunca conseguirá ensinar um urso a não te atacar, é melhor você aprender a se defender e evitar os lugares que eles dominam.
Não vá para baladas achando que é um jogo de sedução, porque não é. Lá é um moedouro, e a matéria-prima é o homem frágil emocionalmente do século XXI. E quem está comandando todo esse show de horrores provavelmente é outro homem, que sabe da inferioridade emocional do restante e usa isso para encher os próprios bolsos. O grande perigo do homem ser vulnerável fisicamente é sempre que o outro mais forte vai poder subjuga-lo, isso é uma verdade escancarada e fácil de comprovar. Mas isso se estende para o campo emocional. E o emocional é o caldeirão do Diabo, muito pior do que o nível físico. Porque o homem fraco emocionalmente não terá somente o corpo físico quebrado, terá sua mente, seu espírito, sua força vital, suas crenças, seus princípios, tudo, drenado para o esgoto sem piedade por um rival mais forte e impiedoso.
Baladas são armadilhas para nós homens, e senão tiver algo que mexa com a nossa cabeça, nós não iremos perder dinheiro e uma noite lá, porque RACIONALMENTE todos nós já sabemos disso. Por isso a propaganda é tão importante.
Naturalmente, você já tem a sua volta várias propagandas indiretas(sem relação com baladas) incentivando-o a ser feliz, ao carpe diem, mexendo no seu subconsciente com a necessidade de fuga da realidade. Como somos seres humanos escravos do nosso instinto não dominado, nós naturalmente já temos uma porta aberta para esse vírus de ilusão. Isso não é suficiente para atrair os ratos, mas é a porta aberta. E a intenção da propaganda é justamente se aproveitar dessa porta, passar-lhe o vírus, alterar o seu cérebro, e te tornar um zumbi dependente daquele produto. E o produto das baladas é a fuga da realidade e a falsa esperança de sexo. E as propagandas são para te tornar tão dependente até que se torne um homem incapaz de passar um sábado a noite em casa e que vivi para gastar seu salário mínimo fodendo sua saúde e acreditando que nesse sábado será diferente. Te tornará um homem que busca por sexo, mas quase nunca o tem, mas sempre perde seu emocional e dinheiro nessa jornada. A maioria dos baladeiros não são nada mais do que burros que caminham com as cenouras penduradas nas suas frentes, mas nunca as terá, mas o exercício serve pra girar o moedouro da fazenda.
A propaganda tem duas faces, uma boa, e outra má. A boa é usada quando você quer vender um produto, e se alguém precisar, visualiza como forma de identificação e informação. Porém, o outro lado da propaganda é cruel e tenebroso, que é um grande esquema psicológico para te criar necessidade de ter coisas que você não precisa ter, para que alguém possa lucrar. E é esse o lado tão explorado na balada. Você não precisa daquelas mulheres, não precisa daquelas bebidas, não precisa daquela casa, não precisa daquela música, mas você achará que precisa se a propaganda tiver feito um bom trabalho na sua mente. As propagandas da balada visam aliar sua necessidade sexual natural, com a ilusão de ter o que você não precisa ter. Por isso ela é tão eficaz e é o pilar de toda essa armadilha. Fuja das propagandas e será imune as baladas, protegendo seu emocional e seu dinheiro.
A verdade suprema dentro da balada é que ninguém quer te fazer feliz, ninguém se importa se você é feliz, ninguém quer que tu seja feliz, e felicidade não se compra com dinheiro (mas sofrimento sim). Sua presença não é especial, porque você é somente uma bateria facilmente substituível que quando não tiver mais energia para frequentar as baladas, ninguém sentirá sua falta porque tu já foi substituído por outro paspalho ignorante e vulnerável.
E tenham certeza: um dia vocês deixarão de frequentar baladas. Seja porque vão acordar para o custo-benefício horrível, ou seja porque sua sanidade mental foi para as cucuias, ou porque simplesmente faliu.
Deixem as baladas para as mulheres modernas e empoderadas, independentes e bem resolvidas, "que só vão lá para dançar e curtir", porque elas são as crianças que se divertem sentadas na borda do grande moedouro ao qual você tanto luta para entrar.
Seja imune as propagandas!