28-08-2013, 09:31 PM
Boa noite confrades, voltando os tópicos que eu tinha apagado.
"Tenho 26 anos, filho de um casamento decadente pelo álcool, brigas, traições, jogatinas, meu pai foi embora quando eu tinha 8 anos, após tentar nos matar e ter seus planos frustrados por ele caído de bêbado deixou a arma a mostra, avisei a minha mãe pediu a um visinho que fosse chamar meu tio para tomar a arma, os dois entraram em luta corporal e ele conseguiu tomar, depois deste dia foi embora nos deixando apenas com minha mãe em uma casa de 3 cômodos em fundo de quintal.
Foi um período extremamente difícil, minha mãe sem qualquer qualificação profissional não arrumava emprego, passamos fome, luz, água cortada pegando emprestado de vizinhos porém minha vó que na época nos ajudou muito não permitiu que a situação se tornasse pior.
Hoje percebo que ela via e descontava em mim a frustração que ela teve com meu pai.
Ainda não entendia porque aquilo acontecia conosco.
Até que um dia minha mãe resolveu que viraria evangélica, passou a freqüentar uma igreja e me levar junto com ela.
A principio eu gostava, era pequeno, ficava em uma escolinha que tinha brinquedos, lanches enquanto ela participava das reuniões, era um momento feliz do meu dia.
Só que conforme fui crescendo e na escola sofria bulyng [apenas hoje isso ganhou nome] por ser pobre, fraco e crente, comecei a conhecer a fase mais amarga de minha vida.
Não conseguia me concentrar nas aulas, não tinha material, naquela época o governo ainda não dava igual hoje, via todos com seus uniformes novos, seus tênis e eu com aquelas roupas velhas, aquele tênis que ganhei usado, sem material, apenas com o que sobrava das minhas irmãs.
Caminhava cerca de 1 hora e meia para estudar em uma escola em um bairro mais afastado, a escola era pública em um bairro classe média.
Isso não seria nada se eu não fosse humilhado por isso, roubavam meu material, rasgavam minhas lições e jogavam no lixo, pela janela, e as meninas riam de mim, era excluído de atividades em grupo, davam rasteira para que eu caísse no meio das cadeiras.
Era feito de saco de pancadas pelos valentões sem motivo, tentava me defender em vão.
Me tomavam dinheiro do lanche quando eu tinha e quando não tinha exigiam que no dia seguinte eu levasse para eles sob risco de apanhar ou morrer já que um deles portava um canivete.
Alguns outros na escola passavam pela mesma situação que eu, com tudo ainda conseguia me compadecer deles.
Pedi ajuda a minha mãe que não acreditava em mim, e piorou as coisas indo na direção da escola exigindo saber o que estava acontecendo, fazendo com que eu fosse ainda mais humilhado e exposto.
Pedi ajuda diversas vezes a direção, porém não faziam nada, já que as vezes antes de ir, combinavam de falar que a culpa era minha, e uma dessas vezes fui suspenso.
Passei a ficar desgostoso da vida, fingia doenças para minha mãe, quando não funcionava ia para escola mas não entrava e ficava andando a toa até dar a hora de ir para casa, não tinha mais vontade de ir a escola e cheguei a ter 200 faltas em um ano, ano esse que acabei repetindo.
Em casa o negócio estava feio, minha mãe começou a trabalhar em um sub-emprego que mal nos dava condição de comer direito, a luz e a água direto era cortada.
Em uma dessas minhas andanças, tinha de 12 para 13 anos arrumei meu primeiro emprego de panfleteiro em uma academia de dança.
Sempre que ia entregar, procurava passar em comércios deixava os panfletos e perguntava se eles precisavam de alguém para entregar, ou seja, das centenas de lugares que eu entregava, tinha que sair alguma coisa.
Ganhava cerca de 10 reais por dia para distribuir panfletos nos bairros, vendo que aquilo era lucrativo, passei a entregar também para uma pizzaria que pagava 15 e me dava 2 pizzas e um refrigerante toda sexta e também para uma fábrica de sapatos feitos a mão que me dava 5 por dia.
Como circulava dezenas de bairros entregava todos juntos, mas nenhum deles sabia que eu entregava para outros comércios também já que eu levava tudo na mochila.
E fazia tudo isso em meio período as vezes voltando para casa, 6, 7 da noite, circulava vários km.
Fiz questão de apresentar minha mãe em todos esses lugares para provar que eu estava trabalhando, então ela confiava que eu fosse pra rua desde que seguisse algumas regras de segurança, inclusive muitas das vezes ela me ajudou em suas folgas do serviço.
Vamos aos cálculos, eu com 13 anos já estava ganhando 600 reais por mês.
Em casa já não passávamos necessidade, juntando minha renda e da minha mãe, podíamos comprar o básico de comida, pagar as contas de consumo, aquilo me deixava feliz e triste porque ao mesmo tempo que me acabava de trabalhar, minhas irmãs que já quase atingiam a maioridade eram poupadas, voltavam da escola e ficavam no sofá assistindo TV o dia inteiro e reclamavam a todo momento que tinham vergonha daquela vida, de nós, que não podiam sair com as amigas ou leva-las em nossa casa.
Na escola me isolei de todos, afinal aquele lugar não trazia nada de bom para mim, mas tinha que ir senão poderia ser denunciado ao conselho tutelar, então assistia as aulas, e em intervalos e aulas vagas me refugiava no único lugar que me trazia um pouco de paz
biblioteca.
Meu primeiro beijo foi comprado, porém épico!
Um dia quis dar uma lição em todos e fiz uma proposta a menina mais gostosa da escola.
Fiz algumas horas extras e falei que se ela me desse um beijo de língua no meio do pátio, na hora do intervalo, na parte central do pátio e eu bancaria sua ida no passeio do playcenter, cujo tinha ouvido ela falar que não iria pois não tinha dinheiro, isso me custou 60 reais na época se não me engano, cujo ela acabou não indo e comprando uma calça jeans segundo ela.
Ela era puta, ficava com todos os alfas destacados da escola, aceitou sem pestanejar.
Na igreja participava do grupo de jovens, tinha vontade de subir na hierarquia mas nada que eu fazia ali dava resultado, parecia que o pastor gostava apenas das meninas ou de quem puxava o saco, já que apenas elas subiam para estágios e eu era deixado de lado porque não puxava o saco suficiente, afinal estudava de dia e trabalhava a tarde e só ia no horário da reunião a noite, a maioria ficava o dia inteiro lá.
Minha mãe dava dinheiro para igreja, inclusive o que não tinha e quando não tinha, vendia as coisas de casa para dar, isso me irritava de certo modo que um dia despejei tudo na cara dela o que eu achava e levei tapa na cara, cintada e um soco no nariz, creio que tenha rompido um vazo saiu muito sangue.
Mas como depois da bonança vem a tempestade...
Não podia culpar ela, a lavagem cerebral era tão bem feita que até poucos dias eu a apoiava e também dava parte do meu dinheiro.
Pouco dias depois minha mãe acaba perdendo o emprego e eu perco 2 dos principais serviços e minha renda baixou de 600 para menos de 100, porém prevendo que aquilo poderia acontecer, afinal ninguém vive a vida inteira de entregar panfletos, escondia um pouco do dinheiro todo mês parafusado nas tampas das tomadas da casa.
Tinha cerca de 500 reais guardados lá, e mais uma caixa de moedas que eu estava juntando que guardava no forro da casa, tinha mais uns 150 no total de 650 reais.
Minha mãe ficou brava de eu não contar que estava guardando, afinal quando ela perdeu o emprego achou que estaria tudo acabado e estava quase entrando em desespero, já que seu emprego não tinha dado prazo para requerer nenhum beneficio como seguro desemprego.
Minhas irmãs como sempre, fingiam que iam procurar emprego, davam uma volta no centro e voltavam para casa e ficavam assistindo tv, nisso já tinham 18 anos.
Só que lembrei que minha mãe sabia fazer doces, cocadas, trufas, etc, eu tive a idéia de falar para ela, cozinhava muito bem.
Nós temos duas alternativas, ou guardamos esse dinheiro para pagar as contas até que ele acabe, ou podemos fazer algo para vender e multiplicar.
Compramos todos os itens no mercado, e ela fez os doces
Após a escola eu saia para ajudar ela a vender e surpreendentemente no primeiro dia em apenas 5 horas vendemos juntos 150 reais aproximadamente, o pessoal gostava tanto dos doces dela que comprava de 5, 10 unidades cada um.
Vendiamos todos os dias, inclusive tinha dias que ficávamos até 10 da noite andando.
Só que eu guardava minha parte do dinheiro,uns 20 reais, e o restante ficava com ela para comprar materiais para fazer mais, pagar as contas e comprar as coisas para casa.
Ia para escola cansado de tanto andar, na hora do intervalo sentava em uma escada e coxilava, na sala dormia, minhas notas tinham abaixado consideravelmente, mas estava satisfeito de estar dando tudo certo em casa.
Engano meu.
Aquele mês tinha coincidido com uma corrente na igreja a qual as pessoas tem que dar um grande valor, ela pegou o dinheiro das contas, o dinheiro para comprar os materiais, o dinheiro de comprar as coisas pra casa e deu, segundo ela, o senhor iria multiplicar e prover.
PORRA, O QUE É ISSO, DROGA?
Neste dia novamente discutimos feio, falei que ela não podia fazer aquilo, que ela estava jogando dinheiro no lixo.
TA FALANDO QUE DEUS É LIXO?
Ela partiu para cima de mim, e eu como era um menino bem educado não me defendi, deixei bater, novamente cinto, tapa na cara, e como um homem não chorava nem revidava, apenas olhava do olho dela, só que aquilo foi como plantar a semente do ódio e do desprezo em mim.
Ainda obrigado a ir na igreja e confirmando minhas suspeitas.
Vi o pastor chegando com rodas cromadas no carro, uma imensa compra cheia de guloseimas e porcarias que tive que ajudar a carregar.
No mesmo dia a noite ele junta um grupo de jovens da igreja, eu dentre eles, ele estava com um terno de marca, um sapato bico quadrado que na época era moda, mandou que a gente colocasse os pés em um circulo de forma que nossos sapatos ficassem lado a lado.
E começou a falar, olha pro meu e olha pro seu, olha pro meu e olha pro seu.
Olha a roupa que vc está vestindo e olha a minha.
Você tem que se revoltar, ofertar mais a deus pra que ele venha abençoar e você possa ser igual eu.
Porra, aquilo me deu uma revolta gigantesca, afinal o sapato bonitinho dele era comprado com o dinheiro que ele convencia o povo que era pra deus.
Peguei novamente minhas reservas, fui sozinho no mercado e comprei o material para ela fazer mais doces para vender.
Cheguei em casa, ela sem falar comigo, mesmo nós estando juntos eu peguei ela pelo braço e falei.
Você tem que ter responsabilidade, quer voltar ao que passamos tempos atrás, deus colocou um talento na sua mão e ao invés de você usar a inteligência para ganhar mais dinheiro você faz isso? E ainda fica sem falar comigo, é hipocrisia.
Nós temos que honrar nossas contas, como você quer mostrar para as pessoas que você é de deus se você não mostra ele na sua vida, com água cortada, luz cortada, pegando emprestado do vizinho, isso não agrada a deus, ele mesmo disse em sua palavra
Daí a césar o que é de Cesar, daí a deus o que é de deus.
Como você pode falar para as pessoas que você é de deus se sua vida é derrotada, o pastor ta lá, ostentando rodas cromadas no carro, fazendo compras de besteiras, nos humilhou hoje falando de nossas roupas, falando que tínhamos que ter roupas iguais as dele.
Se você quer continuar desta forma, vá só, não piso mais lá, e se me obrigar, eu vou pedir para ficar com minha vó, se ela não aceitar eu me mato, retroceder a estaca 0 não vou suportar.
Ela começa a fazer novamente os doces com cara de emburrada, mas no dia seguinte estranhamente amanhece falando comigo normalmente, fui pra escola e ela foi vender sozinha na parte da manhã, na parte da tarde chego em casa, ela comprou materiais para fazer para o dia seguinte, comprou comida, tinha almoço completo, parecia que ali tinha acordado pra vida.
Toda aquela situação e o que tinha passado até ali me tornou um menino muito precoce, não jogava bola, não soltava pipa, não tinha amigos, não brincava na rua, era escola e trabalho, trabalho e escola. Já tinha 15 para 16 anos.
Minhas irmãs ainda não tinham arrumado emprego, eram poupadas, mas estavam começando a sentir o peso da necessidade, de roupas, de se cuidar, afinal, já eram mulheres, estavam paradas no tempo.
Pouco tempo depois ela parecia outra pessoa, mais atenciosa, se cuidando mais, sempre admirei ela, mesmo com esse erro de ficar enfurnada em igreja, que depois do meu pai ela não arrumou outro homem para sustenta-la, foi a luta.
Após isso ela com o tempo arrumou um bom emprego em uma empresa de telemarketing na zona sul, ganhava seu dinheiro, não era tão bitolada quanto tempos atrás e ajudava em casa, mas ainda dava parte do seu salário a igreja, eu decidi não ir mais e minha vida deslanchou.
Eu também trabalhei em vários empregos, aprendiz em uma fábrica de bolsas e sapatos feitos a mão, só que não fiquei muito tempo porque tinha alergia a cola e quase morri , atendente de loja de 1,99, vendedor de loja de informática, todos fiquei poucos meses, mas nunca fiquei sem trabalho, ainda na fase de escola já que tinha perdido ano e estava meio atrasado.
Já estava tendo contato com a informática, sem estudo nem nada, já sabia fazer manutenção em computadores, montava, desmontava, formatava, trocava peças.
Não podia ter um computador na época, era algo muito caro, cerca de 2, 3 mil reais e meu pequeno orçamento só servia para ajudar em casa, comer na escola e me dava ao luxo de comprar alguns livros de informática, programação, web design no sebo (livros usados) perto de casa que tempos depois veria que foi a melhor coisa que fiz na minha vida.
Na escola fazia certo sucesso, pois a maioria dos meninos da minha idade em fase escolar não tinham dinheiro naturalmente, eu tinha, mesmo que contra minha vontade me mantinha isolado mas isso ao invés de causar repulsa causava curiosidade nas meninas, mas como sabia que tudo era pautado no interesse e tempos atrás eram as mesmas que me rechaçavam, preferia sentar sozinho, viver isolado.
Sentava nas escadas da escola e decorava e ensaiava linhas de códigos de várias linguagens escrevendo em um caderno e quando tinha contato com algum computador, seja na loja de informática que eu era balconista ou em lan house, os transformava em minhas primeiras experiências em sistemas, sites, etc.
Tudo que eu ganhava comprava livros, revistas, lia avidamente tutoriais, baixava apostilas passava noites e noites acordado lendo, estudando, decorando linguagens, códigos, rotinas, scripts, tudo, tudo que tinha relacionado estava lendo e fazendo experiências.
Acabei a escola GRAÇAS A DEUS, nem fiz formatura, porra nenhuma, apenas queria a porra do meu histórico pra seguir minha vida e deixar aquela porra para trás.
Poucos meses antes de completar 18, arrumei emprego de suporte técnico em uma pequena empresa de softwares de automação comercial, eu fazia manutenção e computadores e dava suporte técnico a softwares tanto pessoalmente quanto por telefone.
Primeira coisa que fiz quando completei 18, nem tinha dinheiro pra comprar carro, mas no dia seguinte fui dar entrada para tirar minha CNH e abrir minha conta bancária pra receber meu salariozinho, foi o dia mais feliz da minha vida, marcava o início da minha independência.
Nunca me importei neste meio tempo em namorar firme com ninguém, apenas ficava “beijar” algumas medianas mais dispensava logo depois, não agüentava perder tempo com baboseiras romanticas, a vida me tornou seco, não conseguia demonstrar afeto por ninguém.
Mas temos necessidades, certo dia resolvi que precisava perder o cabaço e comi uma puta de luxo, foi uma merda, nervoso, tremendo, gozei rápido, paguei 150 e um extra de 50 pra ela ficar de bico fechado.
Até que um amigo do trampo me dá a brilhante ideia de ir nas putas mais baratas pra ir treinando.
Ah a casinha amarela...
Ganhava cerca de 470 reais por mês, só que dois meses depois após eu colocar o pau na mesa e falar que ia procurar quem me pagasse mais, ele sobe meu salário para 700.
Não namorava, nem me preocupava com isso, levava uma vida simples, usava roupas do Brás ou de supermercado, andava a pé e economizava no ônibus, nós ganhávamos 6 reais de almoço, gastava 1 ou 2 em qualquer besteira e guardava o resto, mas dado minha experiência de vida, agüentava longos períodos sem comer, tava magrelo hahaha
Percorria toda SP, interior, litoral prestando suporte presencial nas empresas que tinham o software, como era o único com carta nova, eles não confiavam o carro na minha mão, tinha que andar de ônibus, metrô, trem, era cansativo, muitas vezes dormia na estação porque perdia o último trem.
Ainda ajudava em casa, então me sobrava pouco pra guardar, estava com cerca de 2,5 mil na conta, mil de limite de cheque especial e 500 de cartão e um talão de cheques intacto, dado o meu baixo salário não dava pra fazer muita coisa e estava cansado de tudo aquilo.
Já estava a mais de 8 meses na empresa sendo 6 após completar maioridade, ou seja, já dava pra fazer acordo e pegar seguro desemprego.
Fui pedir para fazer acordo com meu patrão, alegando que não dava mais para continuar ali e o filho da puta nega, pergunta quanto eu quero ganhar a mais, 50, 100 reais...
Com olhar de desprezo olho e falo – NÃO
Não vai fazer acordo? Ok, então me demito, e sai fora, recebi mais 300 reais em direitos pendentes e ele ficou com meu ultimo salário porque eu não queria cumprir aviso prévio.
PORRA, O QUE QUE EU FIZ?????
Tinha a base de dados da empresa com todos os clientes, apenas dava suporte técnico mas era programador e tinha a matriz de todos os sistemas em minha pen drive.
Estudei eles, aperfeiçoei, criei novos, com instaladores passo a passo, simplifiquei processos, criei novos e mais fáceis e leves, novas funções, protocolos de segurança, manuais para vários segmentos de negócios, desde padarias até restaurantes, desde consultorios odontológicos até oficinas mecânicas, desde hotéis até pousadas.
Agreguei o serviço de criação de sites, lojas virtuais, afinal o e-commerce estava começando a ficar popular, e-mail marketing e divulgação.
Que nesta época já começava a dar sinais de saturação, porém foi o que mais me deu dinheiro durante um bom tempo.
Tinha o produto, o projeto completo, o que fazer com meu orçamento ínfimo?
Sem querer gastar, fui na casas Bahia e comprei o um computador no crediário, um celular pré pago e mandei fazer cartões, folders, panfletos e comprei uma mesinha de plástico e uma cadeira igual aquelas de buteco e coloquei no meu quarto.
Enquanto disparava o e-mail oferecendo pros clientes, sai sozinho distribuindo em empresas nas mais variadas regiões.
O diferencial uma espécie de dumping, o que as outras empresas cobravam 5.000 eu cobrava 1.000 enquanto tinha empresas que cobrava 1.000 eu cobrava 500 e a maioria associado a uma mensalidade por suporte ou até mesmo gerenciamento.
O que as outras empresas pediam 30, 60 dias, eu prometia fazer em 48 horas.
Tinha disparado pra uma base total de 10.000 e-mails.
Estava meio descrente, cabisbaixo mas persistindo, quando começa, 10 ligações primeiro dia, porra, feliz da vida, gaguejava mais que frango indo pro abate, no mesmo dia fecho 3 sistemas e 5 sites de 500 reais, porém tinha 48 horas pra entregar tudo aquilo, lembro que andava na região da paulista quando tive que voltar correndo pra casa.
Comecei a fazer, o telefone não parava de tocar, computador travando, os sistemas estavam prontos, agendei a instalação com os clientes, já os sites foram foda, muda isso, muda aquilo, muda aquilo outro, só sei que dos 5 consegui fazer 3 em menos de 24 horas, só que trabalhando as 24 horas direto, caindo de sono, com fome, com vontade de cagar, mas sem parar, mando o piloto para todos, para minha surpresa 2 deles aceitam de pronto e já depositam o dinheiro para a ativação, o outro pede uma pequena alteração e também deposita o dinheiro para ativação.
Caralho! 1.500 reais em 24 horas, ainda faltava mais 2 de mil que fiz logo depois e também fui instalar os sistemas o que me rendeu mais 1.000 e 2 contratos de R$ 150 reais por mês cada .
Ou seja, em menos de 72 horas já tinha ganho 4.500 reais e já tinha R$ 300 reais garantidos em mensalidade.
Naquele ano, a internet começava a ficar popular para as empresas, e começava o início da saturação.
Aquela ação de divulgação inicial e solitária que fiz, me resultou em dezenas de ligações e contratações pelos próximos dias, era uma necessidade de mercado na época, e tinha poucos profissionais bons na área, porém vi que não estava conseguindo cumprir, afinal tinha dia que entrava 10 contratações que eu tinha 48 horas para entregar.
Das 10, por ex. conseguia entregar 3 em tempo, 2 com atraso e muitos xingamentos e ameaças de processo por propaganda enganosa e o restante desistia.
Trabalhava quase 24 horas por dia, meu emocional tava um lixo, chorava sem motivo, via minha cama sem nem sequer pensar em deitar nela, passado 1 mês e meio já estava com quase 15 mil na conta sem tempo de aproveitar 1 real sequer para nada.
Sexo? Hahaha sem tempo nem pra punheta.
Inclusive nesses dias passei a fumar escondido para relaxar, o primeiro cigarro foi bom, me deixou levinho, com corpo molinho, porém no fim do primeiro maço me deu uma ancia de vomito tão grande que parei por ali.
Mesmo estando um lixo, barba crescendo, fedendo de ficar horas a fio sem tomar banho, suando naquele quarto abafado, não deixei a peteca cair, mas não dava mais para trabalhar em casa afinal alguns clientes exigiam conhecer meu escritório, tantos outros passaram a exigir nota fiscal, etc e muitos desistiam pois eu não tinha CNPJ ou empresa aberta para fornecer garantias jurídicas.
Mantive meu estilo simples, continuei usando roupas de mercado e minha família sendo beneficiada de tabela pelo meu sucesso, principalmente minhas irmãs que naquele periodo não trabalhavam, em casa TV de plasma, móveis e eletrodomésticos novos, a geladeira e o armário forrados de porcarias afinal até ai não tinha saído de casa.
Como vi que aquilo era uma bomba relógio pronta a explodir, passei a não aceitar novos clientes, desliguei os telefones das tomadas e decretei que iria estruturar aquilo em 30 dias.
Formei uma fila de espera.
Aluguei um escritório em um prédio comercial no centro, não exigia muita coisa, apenas 3 alugueis de 500 adiantado no total de 1.500 + custo de contrato.
Fui no centro de SP, comprei mesas, cadeiras, armários de escritório, a maioria bonito, mas usado, mandei ligar telefone, internet, comprei uma TV LCD, um frigobar. Tudo usado kkk
Entre móveis e aluguel, gastei uns 5, 6 mil reais.
Uma boa estrutura em informática que comprei de um escritório que fechou com computadores bons e potentes, impressoras, fax.
Tudo a preço de banana pois a empresa do cara tinha falido.
Passei a adquirir bases de dados de empresas, diversas, chegando a pagar 500, 1000 por cada uma delas.
Mandei fazer milhares de cartões, folders, panfletos e fiz um derramamento no mercado, através de empresas de mala direta, entregadores, eu mesmo, coloquei até minha família pra dobrar e entregar, eu mesmo sai para entregar.
Abri a empresa, tirei o cnpj, asssim que liberaram o sistema de notas, já com o contador cuidando de tudo e fui pra guerra.
Abri a empresa antes do prazo estipulado, já bem estruturado e coloquei minhas duas irmãs pra trabalhar pra mim, não como sócias, mas como funcionárias ganhando um salário mínimo já que eu sustentava a casa e elas não tinham experiência nenhuma com aquilo, comecei a cobrar um pouco mais caro, mas mantendo abaixo do preço de mercado e a terceirizar para freelancers.
Após 7 meses já estava com quase 200 mil liquido em caixa, com dinheiro pipocando todos os dias na conta, muitos contratos fechados, muitos por fechar, quase todos os contratos com mensalidade e vigência, ou seja, além de tudo, já estava com quase 5 a 7 mil reais de renda garantida em mensalidades fora as novas contratações que entravam todos os dias. por pelo menos um ano renovável e meu único gasto era aluguel e minhas irmãs no atendimento e os custos operacionais.
Trabalhava bastante, chegava 5, 6 horas da manhã e ia pra casa meia noite, não ia, as vezes dormia no tapete do escritório.
A qualidade de vida melhorando, aluguei um apartamento maior, proximo ao centro pra minha família, mas eu dormia no escritório, tinha chuveiro, eu estendia um edredon no sofá e dormia, minhas roupas ficavam em uma pequena sala anexa que aluguei posteriormente a qual acabei fazendo de quarto.
Comprei um astrinha 2004, completinho automático, usava ternos da colombo [parecia terno que eu tinha roubado do defunto], roupas do dia dia usava de mercado, do brás economizava ao máximo.
Ainda não namorava, nem ficava com ninguem, nem procurava, talvez por falta de tempo ou paciência, mas comecei a virar putanheiro de primeira, ia 2, 3x por mês no puteiro pra esvaziar o saco.
Comia em casa quando dava, quando não dava pedia marmitex de 7, 8 reais...
Até ali já tinha se alastrado para todo o brasil, atendia clientes, grandes, médios e pequenos em vários estados.
Após um ano e alguns meses, eu chegando na marca dos 400 mil liquido em patrimonio, a saturação do mercado começou a pegar forte, começou a entrar uma molecada no mercado jogando o preço a 100, 200 reais por um site, 500 reais por um sistema, tinha que me reinventar, clientes começando a pipocar fora porque tinha primo sobrinho, cachorro, papagaio, periquito que faziam de graça...
Driblei a saturação do mercado abrindo minhas próprias lojas virtuais, abri diversos sites, guias comerciais, sites de classificados, sites de conteúdo, abri box em shopping, popular em sociedade que me rendia 5k livre, investi em uma pequena fábrica de descartáveis que enquanto funcionou me rendia 15 a 20k livre, fechou porque o sócio era um bundão medroso, alguns desses investimentos perdi, outros ganhei, tive sorte pois no geral ganhei e muito porém meu porto seguro ainda estava na programação e na informática.
Muitos funcionaram poucos meses, em todos me envolvi pessoalmente para garantir que dessem certo.
Mantenho a empresa aberta, tenho contratos com órgãos públicos, políticos de diversos estados e municípios, prefeituras e empresas privadas, entro em licitações, umas ganho, outras perco.
Hoje tenho mais tempo de sobra, pessoas trabalhando para mim, só gerencio, tudo que eu preciso é meu escritório, uma secretária, um laptop, um nextel , um celular e um 3g.
Renda mensal variável de 15, 20 mil na qual não uso nem 10 no mês e aplico o resto, mesmo com minhas extravagâncias , tenho alguns bens imóveis, meus carros que é meu hobby, patrimônio pessoal no geral 3 mi sendo 1 mi em imóveis e bens, 1,5 mi aplicado e 500 mil deixo livre para qualquer coisa que eu queira fazer ou para investimentos diversos em negócios[alto risco], já que sou sócio de alguns pequenos negócios.
Mantenho uma vida simples, não tenho muitos amigos ou vida social intensa já que tudo que experimentei foi pautado no interesse.
Namorei poucas vezes, me fodi em todas com interesse, gastos, futilidades e pouco retorno em respeito, carinho, atenção, e prefiro ficar sozinho por enquanto ou para sempre, ainda não decidi e nem quero por enquanto.
Agora estou em uma fase mais calma, estou investindo em desenvolvimento pessoal, idiomas, academia sem ficar bombado e artes marciais [ainda não comecei nenhuma]
Minhas duas irmãs casaram, minha mãe casou novamente e sobrou eu, só...
"Tenho 26 anos, filho de um casamento decadente pelo álcool, brigas, traições, jogatinas, meu pai foi embora quando eu tinha 8 anos, após tentar nos matar e ter seus planos frustrados por ele caído de bêbado deixou a arma a mostra, avisei a minha mãe pediu a um visinho que fosse chamar meu tio para tomar a arma, os dois entraram em luta corporal e ele conseguiu tomar, depois deste dia foi embora nos deixando apenas com minha mãe em uma casa de 3 cômodos em fundo de quintal.
Foi um período extremamente difícil, minha mãe sem qualquer qualificação profissional não arrumava emprego, passamos fome, luz, água cortada pegando emprestado de vizinhos porém minha vó que na época nos ajudou muito não permitiu que a situação se tornasse pior.
Hoje percebo que ela via e descontava em mim a frustração que ela teve com meu pai.
Ainda não entendia porque aquilo acontecia conosco.
Até que um dia minha mãe resolveu que viraria evangélica, passou a freqüentar uma igreja e me levar junto com ela.
A principio eu gostava, era pequeno, ficava em uma escolinha que tinha brinquedos, lanches enquanto ela participava das reuniões, era um momento feliz do meu dia.
Só que conforme fui crescendo e na escola sofria bulyng [apenas hoje isso ganhou nome] por ser pobre, fraco e crente, comecei a conhecer a fase mais amarga de minha vida.
Não conseguia me concentrar nas aulas, não tinha material, naquela época o governo ainda não dava igual hoje, via todos com seus uniformes novos, seus tênis e eu com aquelas roupas velhas, aquele tênis que ganhei usado, sem material, apenas com o que sobrava das minhas irmãs.
Caminhava cerca de 1 hora e meia para estudar em uma escola em um bairro mais afastado, a escola era pública em um bairro classe média.
Isso não seria nada se eu não fosse humilhado por isso, roubavam meu material, rasgavam minhas lições e jogavam no lixo, pela janela, e as meninas riam de mim, era excluído de atividades em grupo, davam rasteira para que eu caísse no meio das cadeiras.
Era feito de saco de pancadas pelos valentões sem motivo, tentava me defender em vão.
Me tomavam dinheiro do lanche quando eu tinha e quando não tinha exigiam que no dia seguinte eu levasse para eles sob risco de apanhar ou morrer já que um deles portava um canivete.
Alguns outros na escola passavam pela mesma situação que eu, com tudo ainda conseguia me compadecer deles.
Pedi ajuda a minha mãe que não acreditava em mim, e piorou as coisas indo na direção da escola exigindo saber o que estava acontecendo, fazendo com que eu fosse ainda mais humilhado e exposto.
Pedi ajuda diversas vezes a direção, porém não faziam nada, já que as vezes antes de ir, combinavam de falar que a culpa era minha, e uma dessas vezes fui suspenso.
Passei a ficar desgostoso da vida, fingia doenças para minha mãe, quando não funcionava ia para escola mas não entrava e ficava andando a toa até dar a hora de ir para casa, não tinha mais vontade de ir a escola e cheguei a ter 200 faltas em um ano, ano esse que acabei repetindo.
Em casa o negócio estava feio, minha mãe começou a trabalhar em um sub-emprego que mal nos dava condição de comer direito, a luz e a água direto era cortada.
Em uma dessas minhas andanças, tinha de 12 para 13 anos arrumei meu primeiro emprego de panfleteiro em uma academia de dança.
Sempre que ia entregar, procurava passar em comércios deixava os panfletos e perguntava se eles precisavam de alguém para entregar, ou seja, das centenas de lugares que eu entregava, tinha que sair alguma coisa.
Ganhava cerca de 10 reais por dia para distribuir panfletos nos bairros, vendo que aquilo era lucrativo, passei a entregar também para uma pizzaria que pagava 15 e me dava 2 pizzas e um refrigerante toda sexta e também para uma fábrica de sapatos feitos a mão que me dava 5 por dia.
Como circulava dezenas de bairros entregava todos juntos, mas nenhum deles sabia que eu entregava para outros comércios também já que eu levava tudo na mochila.
E fazia tudo isso em meio período as vezes voltando para casa, 6, 7 da noite, circulava vários km.
Fiz questão de apresentar minha mãe em todos esses lugares para provar que eu estava trabalhando, então ela confiava que eu fosse pra rua desde que seguisse algumas regras de segurança, inclusive muitas das vezes ela me ajudou em suas folgas do serviço.
Vamos aos cálculos, eu com 13 anos já estava ganhando 600 reais por mês.
Em casa já não passávamos necessidade, juntando minha renda e da minha mãe, podíamos comprar o básico de comida, pagar as contas de consumo, aquilo me deixava feliz e triste porque ao mesmo tempo que me acabava de trabalhar, minhas irmãs que já quase atingiam a maioridade eram poupadas, voltavam da escola e ficavam no sofá assistindo TV o dia inteiro e reclamavam a todo momento que tinham vergonha daquela vida, de nós, que não podiam sair com as amigas ou leva-las em nossa casa.
Na escola me isolei de todos, afinal aquele lugar não trazia nada de bom para mim, mas tinha que ir senão poderia ser denunciado ao conselho tutelar, então assistia as aulas, e em intervalos e aulas vagas me refugiava no único lugar que me trazia um pouco de paz
biblioteca.
Meu primeiro beijo foi comprado, porém épico!
Um dia quis dar uma lição em todos e fiz uma proposta a menina mais gostosa da escola.
Fiz algumas horas extras e falei que se ela me desse um beijo de língua no meio do pátio, na hora do intervalo, na parte central do pátio e eu bancaria sua ida no passeio do playcenter, cujo tinha ouvido ela falar que não iria pois não tinha dinheiro, isso me custou 60 reais na época se não me engano, cujo ela acabou não indo e comprando uma calça jeans segundo ela.
Ela era puta, ficava com todos os alfas destacados da escola, aceitou sem pestanejar.
Na igreja participava do grupo de jovens, tinha vontade de subir na hierarquia mas nada que eu fazia ali dava resultado, parecia que o pastor gostava apenas das meninas ou de quem puxava o saco, já que apenas elas subiam para estágios e eu era deixado de lado porque não puxava o saco suficiente, afinal estudava de dia e trabalhava a tarde e só ia no horário da reunião a noite, a maioria ficava o dia inteiro lá.
Minha mãe dava dinheiro para igreja, inclusive o que não tinha e quando não tinha, vendia as coisas de casa para dar, isso me irritava de certo modo que um dia despejei tudo na cara dela o que eu achava e levei tapa na cara, cintada e um soco no nariz, creio que tenha rompido um vazo saiu muito sangue.
Mas como depois da bonança vem a tempestade...
Não podia culpar ela, a lavagem cerebral era tão bem feita que até poucos dias eu a apoiava e também dava parte do meu dinheiro.
Pouco dias depois minha mãe acaba perdendo o emprego e eu perco 2 dos principais serviços e minha renda baixou de 600 para menos de 100, porém prevendo que aquilo poderia acontecer, afinal ninguém vive a vida inteira de entregar panfletos, escondia um pouco do dinheiro todo mês parafusado nas tampas das tomadas da casa.
Tinha cerca de 500 reais guardados lá, e mais uma caixa de moedas que eu estava juntando que guardava no forro da casa, tinha mais uns 150 no total de 650 reais.
Minha mãe ficou brava de eu não contar que estava guardando, afinal quando ela perdeu o emprego achou que estaria tudo acabado e estava quase entrando em desespero, já que seu emprego não tinha dado prazo para requerer nenhum beneficio como seguro desemprego.
Minhas irmãs como sempre, fingiam que iam procurar emprego, davam uma volta no centro e voltavam para casa e ficavam assistindo tv, nisso já tinham 18 anos.
Só que lembrei que minha mãe sabia fazer doces, cocadas, trufas, etc, eu tive a idéia de falar para ela, cozinhava muito bem.
Nós temos duas alternativas, ou guardamos esse dinheiro para pagar as contas até que ele acabe, ou podemos fazer algo para vender e multiplicar.
Compramos todos os itens no mercado, e ela fez os doces
Após a escola eu saia para ajudar ela a vender e surpreendentemente no primeiro dia em apenas 5 horas vendemos juntos 150 reais aproximadamente, o pessoal gostava tanto dos doces dela que comprava de 5, 10 unidades cada um.
Vendiamos todos os dias, inclusive tinha dias que ficávamos até 10 da noite andando.
Só que eu guardava minha parte do dinheiro,uns 20 reais, e o restante ficava com ela para comprar materiais para fazer mais, pagar as contas e comprar as coisas para casa.
Ia para escola cansado de tanto andar, na hora do intervalo sentava em uma escada e coxilava, na sala dormia, minhas notas tinham abaixado consideravelmente, mas estava satisfeito de estar dando tudo certo em casa.
Engano meu.
Aquele mês tinha coincidido com uma corrente na igreja a qual as pessoas tem que dar um grande valor, ela pegou o dinheiro das contas, o dinheiro para comprar os materiais, o dinheiro de comprar as coisas pra casa e deu, segundo ela, o senhor iria multiplicar e prover.
PORRA, O QUE É ISSO, DROGA?
Neste dia novamente discutimos feio, falei que ela não podia fazer aquilo, que ela estava jogando dinheiro no lixo.
TA FALANDO QUE DEUS É LIXO?
Ela partiu para cima de mim, e eu como era um menino bem educado não me defendi, deixei bater, novamente cinto, tapa na cara, e como um homem não chorava nem revidava, apenas olhava do olho dela, só que aquilo foi como plantar a semente do ódio e do desprezo em mim.
Ainda obrigado a ir na igreja e confirmando minhas suspeitas.
Vi o pastor chegando com rodas cromadas no carro, uma imensa compra cheia de guloseimas e porcarias que tive que ajudar a carregar.
No mesmo dia a noite ele junta um grupo de jovens da igreja, eu dentre eles, ele estava com um terno de marca, um sapato bico quadrado que na época era moda, mandou que a gente colocasse os pés em um circulo de forma que nossos sapatos ficassem lado a lado.
E começou a falar, olha pro meu e olha pro seu, olha pro meu e olha pro seu.
Olha a roupa que vc está vestindo e olha a minha.
Você tem que se revoltar, ofertar mais a deus pra que ele venha abençoar e você possa ser igual eu.
Porra, aquilo me deu uma revolta gigantesca, afinal o sapato bonitinho dele era comprado com o dinheiro que ele convencia o povo que era pra deus.
Peguei novamente minhas reservas, fui sozinho no mercado e comprei o material para ela fazer mais doces para vender.
Cheguei em casa, ela sem falar comigo, mesmo nós estando juntos eu peguei ela pelo braço e falei.
Você tem que ter responsabilidade, quer voltar ao que passamos tempos atrás, deus colocou um talento na sua mão e ao invés de você usar a inteligência para ganhar mais dinheiro você faz isso? E ainda fica sem falar comigo, é hipocrisia.
Nós temos que honrar nossas contas, como você quer mostrar para as pessoas que você é de deus se você não mostra ele na sua vida, com água cortada, luz cortada, pegando emprestado do vizinho, isso não agrada a deus, ele mesmo disse em sua palavra
Daí a césar o que é de Cesar, daí a deus o que é de deus.
Como você pode falar para as pessoas que você é de deus se sua vida é derrotada, o pastor ta lá, ostentando rodas cromadas no carro, fazendo compras de besteiras, nos humilhou hoje falando de nossas roupas, falando que tínhamos que ter roupas iguais as dele.
Se você quer continuar desta forma, vá só, não piso mais lá, e se me obrigar, eu vou pedir para ficar com minha vó, se ela não aceitar eu me mato, retroceder a estaca 0 não vou suportar.
Ela começa a fazer novamente os doces com cara de emburrada, mas no dia seguinte estranhamente amanhece falando comigo normalmente, fui pra escola e ela foi vender sozinha na parte da manhã, na parte da tarde chego em casa, ela comprou materiais para fazer para o dia seguinte, comprou comida, tinha almoço completo, parecia que ali tinha acordado pra vida.
Toda aquela situação e o que tinha passado até ali me tornou um menino muito precoce, não jogava bola, não soltava pipa, não tinha amigos, não brincava na rua, era escola e trabalho, trabalho e escola. Já tinha 15 para 16 anos.
Minhas irmãs ainda não tinham arrumado emprego, eram poupadas, mas estavam começando a sentir o peso da necessidade, de roupas, de se cuidar, afinal, já eram mulheres, estavam paradas no tempo.
Pouco tempo depois ela parecia outra pessoa, mais atenciosa, se cuidando mais, sempre admirei ela, mesmo com esse erro de ficar enfurnada em igreja, que depois do meu pai ela não arrumou outro homem para sustenta-la, foi a luta.
Após isso ela com o tempo arrumou um bom emprego em uma empresa de telemarketing na zona sul, ganhava seu dinheiro, não era tão bitolada quanto tempos atrás e ajudava em casa, mas ainda dava parte do seu salário a igreja, eu decidi não ir mais e minha vida deslanchou.
Eu também trabalhei em vários empregos, aprendiz em uma fábrica de bolsas e sapatos feitos a mão, só que não fiquei muito tempo porque tinha alergia a cola e quase morri , atendente de loja de 1,99, vendedor de loja de informática, todos fiquei poucos meses, mas nunca fiquei sem trabalho, ainda na fase de escola já que tinha perdido ano e estava meio atrasado.
Já estava tendo contato com a informática, sem estudo nem nada, já sabia fazer manutenção em computadores, montava, desmontava, formatava, trocava peças.
Não podia ter um computador na época, era algo muito caro, cerca de 2, 3 mil reais e meu pequeno orçamento só servia para ajudar em casa, comer na escola e me dava ao luxo de comprar alguns livros de informática, programação, web design no sebo (livros usados) perto de casa que tempos depois veria que foi a melhor coisa que fiz na minha vida.
Na escola fazia certo sucesso, pois a maioria dos meninos da minha idade em fase escolar não tinham dinheiro naturalmente, eu tinha, mesmo que contra minha vontade me mantinha isolado mas isso ao invés de causar repulsa causava curiosidade nas meninas, mas como sabia que tudo era pautado no interesse e tempos atrás eram as mesmas que me rechaçavam, preferia sentar sozinho, viver isolado.
Sentava nas escadas da escola e decorava e ensaiava linhas de códigos de várias linguagens escrevendo em um caderno e quando tinha contato com algum computador, seja na loja de informática que eu era balconista ou em lan house, os transformava em minhas primeiras experiências em sistemas, sites, etc.
Tudo que eu ganhava comprava livros, revistas, lia avidamente tutoriais, baixava apostilas passava noites e noites acordado lendo, estudando, decorando linguagens, códigos, rotinas, scripts, tudo, tudo que tinha relacionado estava lendo e fazendo experiências.
Acabei a escola GRAÇAS A DEUS, nem fiz formatura, porra nenhuma, apenas queria a porra do meu histórico pra seguir minha vida e deixar aquela porra para trás.
Poucos meses antes de completar 18, arrumei emprego de suporte técnico em uma pequena empresa de softwares de automação comercial, eu fazia manutenção e computadores e dava suporte técnico a softwares tanto pessoalmente quanto por telefone.
Primeira coisa que fiz quando completei 18, nem tinha dinheiro pra comprar carro, mas no dia seguinte fui dar entrada para tirar minha CNH e abrir minha conta bancária pra receber meu salariozinho, foi o dia mais feliz da minha vida, marcava o início da minha independência.
Nunca me importei neste meio tempo em namorar firme com ninguém, apenas ficava “beijar” algumas medianas mais dispensava logo depois, não agüentava perder tempo com baboseiras romanticas, a vida me tornou seco, não conseguia demonstrar afeto por ninguém.
Mas temos necessidades, certo dia resolvi que precisava perder o cabaço e comi uma puta de luxo, foi uma merda, nervoso, tremendo, gozei rápido, paguei 150 e um extra de 50 pra ela ficar de bico fechado.
Até que um amigo do trampo me dá a brilhante ideia de ir nas putas mais baratas pra ir treinando.
Ah a casinha amarela...
Ganhava cerca de 470 reais por mês, só que dois meses depois após eu colocar o pau na mesa e falar que ia procurar quem me pagasse mais, ele sobe meu salário para 700.
Não namorava, nem me preocupava com isso, levava uma vida simples, usava roupas do Brás ou de supermercado, andava a pé e economizava no ônibus, nós ganhávamos 6 reais de almoço, gastava 1 ou 2 em qualquer besteira e guardava o resto, mas dado minha experiência de vida, agüentava longos períodos sem comer, tava magrelo hahaha
Percorria toda SP, interior, litoral prestando suporte presencial nas empresas que tinham o software, como era o único com carta nova, eles não confiavam o carro na minha mão, tinha que andar de ônibus, metrô, trem, era cansativo, muitas vezes dormia na estação porque perdia o último trem.
Ainda ajudava em casa, então me sobrava pouco pra guardar, estava com cerca de 2,5 mil na conta, mil de limite de cheque especial e 500 de cartão e um talão de cheques intacto, dado o meu baixo salário não dava pra fazer muita coisa e estava cansado de tudo aquilo.
Já estava a mais de 8 meses na empresa sendo 6 após completar maioridade, ou seja, já dava pra fazer acordo e pegar seguro desemprego.
Fui pedir para fazer acordo com meu patrão, alegando que não dava mais para continuar ali e o filho da puta nega, pergunta quanto eu quero ganhar a mais, 50, 100 reais...
Com olhar de desprezo olho e falo – NÃO
Não vai fazer acordo? Ok, então me demito, e sai fora, recebi mais 300 reais em direitos pendentes e ele ficou com meu ultimo salário porque eu não queria cumprir aviso prévio.
PORRA, O QUE QUE EU FIZ?????
Tinha a base de dados da empresa com todos os clientes, apenas dava suporte técnico mas era programador e tinha a matriz de todos os sistemas em minha pen drive.
Estudei eles, aperfeiçoei, criei novos, com instaladores passo a passo, simplifiquei processos, criei novos e mais fáceis e leves, novas funções, protocolos de segurança, manuais para vários segmentos de negócios, desde padarias até restaurantes, desde consultorios odontológicos até oficinas mecânicas, desde hotéis até pousadas.
Agreguei o serviço de criação de sites, lojas virtuais, afinal o e-commerce estava começando a ficar popular, e-mail marketing e divulgação.
Que nesta época já começava a dar sinais de saturação, porém foi o que mais me deu dinheiro durante um bom tempo.
Tinha o produto, o projeto completo, o que fazer com meu orçamento ínfimo?
Sem querer gastar, fui na casas Bahia e comprei o um computador no crediário, um celular pré pago e mandei fazer cartões, folders, panfletos e comprei uma mesinha de plástico e uma cadeira igual aquelas de buteco e coloquei no meu quarto.
Enquanto disparava o e-mail oferecendo pros clientes, sai sozinho distribuindo em empresas nas mais variadas regiões.
O diferencial uma espécie de dumping, o que as outras empresas cobravam 5.000 eu cobrava 1.000 enquanto tinha empresas que cobrava 1.000 eu cobrava 500 e a maioria associado a uma mensalidade por suporte ou até mesmo gerenciamento.
O que as outras empresas pediam 30, 60 dias, eu prometia fazer em 48 horas.
Tinha disparado pra uma base total de 10.000 e-mails.
Estava meio descrente, cabisbaixo mas persistindo, quando começa, 10 ligações primeiro dia, porra, feliz da vida, gaguejava mais que frango indo pro abate, no mesmo dia fecho 3 sistemas e 5 sites de 500 reais, porém tinha 48 horas pra entregar tudo aquilo, lembro que andava na região da paulista quando tive que voltar correndo pra casa.
Comecei a fazer, o telefone não parava de tocar, computador travando, os sistemas estavam prontos, agendei a instalação com os clientes, já os sites foram foda, muda isso, muda aquilo, muda aquilo outro, só sei que dos 5 consegui fazer 3 em menos de 24 horas, só que trabalhando as 24 horas direto, caindo de sono, com fome, com vontade de cagar, mas sem parar, mando o piloto para todos, para minha surpresa 2 deles aceitam de pronto e já depositam o dinheiro para a ativação, o outro pede uma pequena alteração e também deposita o dinheiro para ativação.
Caralho! 1.500 reais em 24 horas, ainda faltava mais 2 de mil que fiz logo depois e também fui instalar os sistemas o que me rendeu mais 1.000 e 2 contratos de R$ 150 reais por mês cada .
Ou seja, em menos de 72 horas já tinha ganho 4.500 reais e já tinha R$ 300 reais garantidos em mensalidade.
Naquele ano, a internet começava a ficar popular para as empresas, e começava o início da saturação.
Aquela ação de divulgação inicial e solitária que fiz, me resultou em dezenas de ligações e contratações pelos próximos dias, era uma necessidade de mercado na época, e tinha poucos profissionais bons na área, porém vi que não estava conseguindo cumprir, afinal tinha dia que entrava 10 contratações que eu tinha 48 horas para entregar.
Das 10, por ex. conseguia entregar 3 em tempo, 2 com atraso e muitos xingamentos e ameaças de processo por propaganda enganosa e o restante desistia.
Trabalhava quase 24 horas por dia, meu emocional tava um lixo, chorava sem motivo, via minha cama sem nem sequer pensar em deitar nela, passado 1 mês e meio já estava com quase 15 mil na conta sem tempo de aproveitar 1 real sequer para nada.
Sexo? Hahaha sem tempo nem pra punheta.
Inclusive nesses dias passei a fumar escondido para relaxar, o primeiro cigarro foi bom, me deixou levinho, com corpo molinho, porém no fim do primeiro maço me deu uma ancia de vomito tão grande que parei por ali.
Mesmo estando um lixo, barba crescendo, fedendo de ficar horas a fio sem tomar banho, suando naquele quarto abafado, não deixei a peteca cair, mas não dava mais para trabalhar em casa afinal alguns clientes exigiam conhecer meu escritório, tantos outros passaram a exigir nota fiscal, etc e muitos desistiam pois eu não tinha CNPJ ou empresa aberta para fornecer garantias jurídicas.
Mantive meu estilo simples, continuei usando roupas de mercado e minha família sendo beneficiada de tabela pelo meu sucesso, principalmente minhas irmãs que naquele periodo não trabalhavam, em casa TV de plasma, móveis e eletrodomésticos novos, a geladeira e o armário forrados de porcarias afinal até ai não tinha saído de casa.
Como vi que aquilo era uma bomba relógio pronta a explodir, passei a não aceitar novos clientes, desliguei os telefones das tomadas e decretei que iria estruturar aquilo em 30 dias.
Formei uma fila de espera.
Aluguei um escritório em um prédio comercial no centro, não exigia muita coisa, apenas 3 alugueis de 500 adiantado no total de 1.500 + custo de contrato.
Fui no centro de SP, comprei mesas, cadeiras, armários de escritório, a maioria bonito, mas usado, mandei ligar telefone, internet, comprei uma TV LCD, um frigobar. Tudo usado kkk
Entre móveis e aluguel, gastei uns 5, 6 mil reais.
Uma boa estrutura em informática que comprei de um escritório que fechou com computadores bons e potentes, impressoras, fax.
Tudo a preço de banana pois a empresa do cara tinha falido.
Passei a adquirir bases de dados de empresas, diversas, chegando a pagar 500, 1000 por cada uma delas.
Mandei fazer milhares de cartões, folders, panfletos e fiz um derramamento no mercado, através de empresas de mala direta, entregadores, eu mesmo, coloquei até minha família pra dobrar e entregar, eu mesmo sai para entregar.
Abri a empresa, tirei o cnpj, asssim que liberaram o sistema de notas, já com o contador cuidando de tudo e fui pra guerra.
Abri a empresa antes do prazo estipulado, já bem estruturado e coloquei minhas duas irmãs pra trabalhar pra mim, não como sócias, mas como funcionárias ganhando um salário mínimo já que eu sustentava a casa e elas não tinham experiência nenhuma com aquilo, comecei a cobrar um pouco mais caro, mas mantendo abaixo do preço de mercado e a terceirizar para freelancers.
Após 7 meses já estava com quase 200 mil liquido em caixa, com dinheiro pipocando todos os dias na conta, muitos contratos fechados, muitos por fechar, quase todos os contratos com mensalidade e vigência, ou seja, além de tudo, já estava com quase 5 a 7 mil reais de renda garantida em mensalidades fora as novas contratações que entravam todos os dias. por pelo menos um ano renovável e meu único gasto era aluguel e minhas irmãs no atendimento e os custos operacionais.
Trabalhava bastante, chegava 5, 6 horas da manhã e ia pra casa meia noite, não ia, as vezes dormia no tapete do escritório.
A qualidade de vida melhorando, aluguei um apartamento maior, proximo ao centro pra minha família, mas eu dormia no escritório, tinha chuveiro, eu estendia um edredon no sofá e dormia, minhas roupas ficavam em uma pequena sala anexa que aluguei posteriormente a qual acabei fazendo de quarto.
Comprei um astrinha 2004, completinho automático, usava ternos da colombo [parecia terno que eu tinha roubado do defunto], roupas do dia dia usava de mercado, do brás economizava ao máximo.
Ainda não namorava, nem ficava com ninguem, nem procurava, talvez por falta de tempo ou paciência, mas comecei a virar putanheiro de primeira, ia 2, 3x por mês no puteiro pra esvaziar o saco.
Comia em casa quando dava, quando não dava pedia marmitex de 7, 8 reais...
Até ali já tinha se alastrado para todo o brasil, atendia clientes, grandes, médios e pequenos em vários estados.
Após um ano e alguns meses, eu chegando na marca dos 400 mil liquido em patrimonio, a saturação do mercado começou a pegar forte, começou a entrar uma molecada no mercado jogando o preço a 100, 200 reais por um site, 500 reais por um sistema, tinha que me reinventar, clientes começando a pipocar fora porque tinha primo sobrinho, cachorro, papagaio, periquito que faziam de graça...
Driblei a saturação do mercado abrindo minhas próprias lojas virtuais, abri diversos sites, guias comerciais, sites de classificados, sites de conteúdo, abri box em shopping, popular em sociedade que me rendia 5k livre, investi em uma pequena fábrica de descartáveis que enquanto funcionou me rendia 15 a 20k livre, fechou porque o sócio era um bundão medroso, alguns desses investimentos perdi, outros ganhei, tive sorte pois no geral ganhei e muito porém meu porto seguro ainda estava na programação e na informática.
Muitos funcionaram poucos meses, em todos me envolvi pessoalmente para garantir que dessem certo.
Mantenho a empresa aberta, tenho contratos com órgãos públicos, políticos de diversos estados e municípios, prefeituras e empresas privadas, entro em licitações, umas ganho, outras perco.
Hoje tenho mais tempo de sobra, pessoas trabalhando para mim, só gerencio, tudo que eu preciso é meu escritório, uma secretária, um laptop, um nextel , um celular e um 3g.
Renda mensal variável de 15, 20 mil na qual não uso nem 10 no mês e aplico o resto, mesmo com minhas extravagâncias , tenho alguns bens imóveis, meus carros que é meu hobby, patrimônio pessoal no geral 3 mi sendo 1 mi em imóveis e bens, 1,5 mi aplicado e 500 mil deixo livre para qualquer coisa que eu queira fazer ou para investimentos diversos em negócios[alto risco], já que sou sócio de alguns pequenos negócios.
Mantenho uma vida simples, não tenho muitos amigos ou vida social intensa já que tudo que experimentei foi pautado no interesse.
Namorei poucas vezes, me fodi em todas com interesse, gastos, futilidades e pouco retorno em respeito, carinho, atenção, e prefiro ficar sozinho por enquanto ou para sempre, ainda não decidi e nem quero por enquanto.
Agora estou em uma fase mais calma, estou investindo em desenvolvimento pessoal, idiomas, academia sem ficar bombado e artes marciais [ainda não comecei nenhuma]
Minhas duas irmãs casaram, minha mãe casou novamente e sobrou eu, só...