23-05-2013, 01:39 PM
(Nota: criei este texto para nossa principal representação no Facebook, mas o reparto com meus Confrades com o maior prazer. Grato ao Barão Kageyama por, mesmo sem querer, me dar a inspiração para o texto. Força e Honra!)
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Eu não esqueço.
Ainda hoje, vagando pelo meu jardim de tesouros imóveis e silenciosos, eu não esqueço.
Não esqueci de como eu um dia já tive tudo, e porque hoje não permitirei que ninguém tenha nada. Recordo esta história todos os dias de minha vida, para que eu sempre tenha o maior prazer sempre que eu tenha uma nova peça para decorar minha casa.
Nasci uma Deusa, filha de antigos herdeiros dos segredos das profundezas. Os malditos guardiões da Ordem, os Deuses Olímpicos, venceram aqueles a quem meus pais se aliaram na Grande Guerra e colocaram meus irmãos aprisionados e afastados uns dos outros. Mas não eu, que nasci bela e radiante, a única bela e radiante de toda a minha família.
Por força da minha herança, fui escolhida para cumprir um dever. Fui entregue para as Sacerdotisas da Atena, a Virgem Eterna, Senhora da Pureza, a Favorita de Zeus, para liderá-las e orientá-las em seu culto em um templo antigo e respeitado.
Eu achava que tinha reconquistado aquilo que a glória da minha origem realmente merecia. Me dediquei ao culto com todo o meu louvor. Aprendi os Mistérios de Atena com dedicação. Orientei fiéis e suplicantes como se a própria Deusa falasse pela minha boca. Eu era reverenciada, respeitada, louvada - e até desejada. Me lembro de como a sedosidade dos meus cabelos atraíam a cobiça dos homens e a inveja das mulheres. Mas eu sempre estive acima de todos os mortais que me cercavam, e entre elas, eu achei que tinha honrado minhas ancestrais.
Não poderia estar mais errada.
Um dia, entre meus deveres habituais, sozinha devido ao templo estar fechado para visitantes e todas as outras Sacerdotisas estarem em cerimônia privada, senti que alguém se aproximava. Uma presença forte, imponente e indomável. Uma presença que só minha natureza poderia discernir - a presença de um Deus.
Foi quando eu olhei para a encosta do Templo e o vi caminhar em minha direção. As algas decorando seu cabelo e barba, o brilho do sal marinho em seu corpo nu e forte, e o Tridente em sua mão não deixavam dúvida. Era Poseidon, Deus dos Mares, aquele que suscedeu a família de meus pais em seu governo e poder.
Ele falou brevemente a mim, sobre como minha pureza era um desperdício que ele iria corrigir, e sobre como eu tinha sorte de ter sido escolhida, mas seu olhar cheio de cupidez e a rigidez do seu membro já falavam por ele mesmo. Ele me queria, e iria me tomar naquele momento.
Naquele momento eu entendi o quanto Atena mentiu e enganou o tempo todo. Eu sempre mereci mais do que ser apenas uma serva de Deuses que me forçavam a ser tão pouco quando eu poderia ser muito mais. Nasci uma Deusa, e tinha ali a oportunidade de ser plenamente uma Deusa, nos braços daquele que realmente tinha poder para ser e fazer o que quisesse. Atena sempre esteve errada. Aqueles que tem o Brilho Divino não existem para servir a Ordem do Universo... existem para tornar o Universo o teatro de sua poderosa vontade.
Apesar da oportunidade ser única e do desejo de Poseidon por mim começar a me inflamar como nunca me senti antes, mantive a calma e montei um plano. Conduziria Poseidon ao Altar Interno, onde nenhum som poderia ser ouvido e ninguém nos importunaria. Lá, me entregaria a ele e lhe deixaria gozar profundamente em meu ventre. Eu conhecia a mim mesma e sabia que estava no tempo certo - a semente dele me daria um filho. Quando Poseidon se fosse, limparia as evidências do meu ato, e após alguns dias, abandonaria o Templo e o Sacerdócio antes que elas percebessem por meu comportamento que não era mais pura de corpo e intenções. Teria o Herdeiro de Poseidon em local distante, e ele me garantiria meu lugar de direito entre os poderosos do mundo.
Não esqueci do quanto eu gozei nos braços dele, sem me importar da pequena dor ao perder minha pureza. Não esqueço de como ele me deixou sem nada dizer depois de saciar totalmente sua luxúria - e de como isso não me afetou em nada.
Mas eu realmente não esqueci do que veio depois.
Não esqueço de como Atena entrou repentinamente na sala do Altar Interno, brilhando refulgente, antes mesmo que eu me recompusesse. Do discurso indignado daquela hipócrita, dizendo que eu havia arruinado todo o Templo, de como meu ato foi como se ela mesma tivesse sido corrompida, de como eu tinha me perdido no pretenso orgulho e na inveja que ela alegava... de como eu tinha ousado usar a Ordem das coisas sem se importar com o que isto faria com todos os que dependiam de mim.
Déspota miserável. Eu não devia nada a ninguém, todos é que deviam a mim, eu só estava assumindo meu lugar de direito.
Não esqueço dela me apontar seu dedo e me recitar minha punição, de qual seria a consequência dos meus atos. De como eu tinha sido monstruosa em meu ato, e de como eu não merecia mais parecer humana. De como meus cabelos, minha expressão mais bela, agora signficariam sinal de horror. De como ninguém mais poderia me admirar, pois meu olhar imobilizaria em pedra fria qualquer um que me encarasse.
Eu vi num espelho d'água o que o decreto daquela Deusa de Falsa Pureza fez comigo. Gritei - ou melhor, sibilei - de ódio e terror. Serpenteei para fora de lá o quanto antes, e vaguei pelo mundo até encontrar meu novo lar. E o meu propósito.
Ainda hoje, mulheres incautas vem até minha gruta. Ainda hoje, homens se fingindo de poderosos heróis, e homenzinhos pequenos e fracos, vem até mim. Viu, Atena? Mesmo sendo o que eu me tornei, todos são atraídos por mim!
E todos tem o mesmo destino, todos ao me encarar se tornam brinquedos da minha vontade e do meu bel prazer, toda a sua força, coragem e dignidade reduzidas a nada. E passam a decorar meu jardim silencioso para sempre.
Eu ainda tenho a semente daquele ser superior dentro de mim. Ela um dia irá nascer, e dela, eu darei continuidade ao meu dever hoje: silenciar e submeter a todos os que ousarem desafiar minha origem e meu poder. Ainda sou soberana, e meus descendentes espalharão minha soberania feminina sobre o mundo. EU serei aquela a quem todos respeitarão, Atena, não existirá quem idolatre tua dignidade e perfeição quando todos que restarem forem meus filhos, os da família de minhas irmãs, que já nasceram monstruosas, ou meus escravos.
Eu sou Medusa, e se não me permitiram reinar sobre a fraqueza dos homens e a admiração das mulheres, minha ira e minha força transformará todos em mortos em vida.
Ouço passos vacilantes quebrando o silêncio do meu lar. Mais uma pessoa entrou em meus domínios. Mais uma pessoa para pertencer a mim pela Eternidade.
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Eu não esqueço.
Ainda hoje, vagando pelo meu jardim de tesouros imóveis e silenciosos, eu não esqueço.
Não esqueci de como eu um dia já tive tudo, e porque hoje não permitirei que ninguém tenha nada. Recordo esta história todos os dias de minha vida, para que eu sempre tenha o maior prazer sempre que eu tenha uma nova peça para decorar minha casa.
Nasci uma Deusa, filha de antigos herdeiros dos segredos das profundezas. Os malditos guardiões da Ordem, os Deuses Olímpicos, venceram aqueles a quem meus pais se aliaram na Grande Guerra e colocaram meus irmãos aprisionados e afastados uns dos outros. Mas não eu, que nasci bela e radiante, a única bela e radiante de toda a minha família.
Por força da minha herança, fui escolhida para cumprir um dever. Fui entregue para as Sacerdotisas da Atena, a Virgem Eterna, Senhora da Pureza, a Favorita de Zeus, para liderá-las e orientá-las em seu culto em um templo antigo e respeitado.
Eu achava que tinha reconquistado aquilo que a glória da minha origem realmente merecia. Me dediquei ao culto com todo o meu louvor. Aprendi os Mistérios de Atena com dedicação. Orientei fiéis e suplicantes como se a própria Deusa falasse pela minha boca. Eu era reverenciada, respeitada, louvada - e até desejada. Me lembro de como a sedosidade dos meus cabelos atraíam a cobiça dos homens e a inveja das mulheres. Mas eu sempre estive acima de todos os mortais que me cercavam, e entre elas, eu achei que tinha honrado minhas ancestrais.
Não poderia estar mais errada.
Um dia, entre meus deveres habituais, sozinha devido ao templo estar fechado para visitantes e todas as outras Sacerdotisas estarem em cerimônia privada, senti que alguém se aproximava. Uma presença forte, imponente e indomável. Uma presença que só minha natureza poderia discernir - a presença de um Deus.
Foi quando eu olhei para a encosta do Templo e o vi caminhar em minha direção. As algas decorando seu cabelo e barba, o brilho do sal marinho em seu corpo nu e forte, e o Tridente em sua mão não deixavam dúvida. Era Poseidon, Deus dos Mares, aquele que suscedeu a família de meus pais em seu governo e poder.
Ele falou brevemente a mim, sobre como minha pureza era um desperdício que ele iria corrigir, e sobre como eu tinha sorte de ter sido escolhida, mas seu olhar cheio de cupidez e a rigidez do seu membro já falavam por ele mesmo. Ele me queria, e iria me tomar naquele momento.
Naquele momento eu entendi o quanto Atena mentiu e enganou o tempo todo. Eu sempre mereci mais do que ser apenas uma serva de Deuses que me forçavam a ser tão pouco quando eu poderia ser muito mais. Nasci uma Deusa, e tinha ali a oportunidade de ser plenamente uma Deusa, nos braços daquele que realmente tinha poder para ser e fazer o que quisesse. Atena sempre esteve errada. Aqueles que tem o Brilho Divino não existem para servir a Ordem do Universo... existem para tornar o Universo o teatro de sua poderosa vontade.
Apesar da oportunidade ser única e do desejo de Poseidon por mim começar a me inflamar como nunca me senti antes, mantive a calma e montei um plano. Conduziria Poseidon ao Altar Interno, onde nenhum som poderia ser ouvido e ninguém nos importunaria. Lá, me entregaria a ele e lhe deixaria gozar profundamente em meu ventre. Eu conhecia a mim mesma e sabia que estava no tempo certo - a semente dele me daria um filho. Quando Poseidon se fosse, limparia as evidências do meu ato, e após alguns dias, abandonaria o Templo e o Sacerdócio antes que elas percebessem por meu comportamento que não era mais pura de corpo e intenções. Teria o Herdeiro de Poseidon em local distante, e ele me garantiria meu lugar de direito entre os poderosos do mundo.
Não esqueci do quanto eu gozei nos braços dele, sem me importar da pequena dor ao perder minha pureza. Não esqueço de como ele me deixou sem nada dizer depois de saciar totalmente sua luxúria - e de como isso não me afetou em nada.
Mas eu realmente não esqueci do que veio depois.
Não esqueço de como Atena entrou repentinamente na sala do Altar Interno, brilhando refulgente, antes mesmo que eu me recompusesse. Do discurso indignado daquela hipócrita, dizendo que eu havia arruinado todo o Templo, de como meu ato foi como se ela mesma tivesse sido corrompida, de como eu tinha me perdido no pretenso orgulho e na inveja que ela alegava... de como eu tinha ousado usar a Ordem das coisas sem se importar com o que isto faria com todos os que dependiam de mim.
Déspota miserável. Eu não devia nada a ninguém, todos é que deviam a mim, eu só estava assumindo meu lugar de direito.
Não esqueço dela me apontar seu dedo e me recitar minha punição, de qual seria a consequência dos meus atos. De como eu tinha sido monstruosa em meu ato, e de como eu não merecia mais parecer humana. De como meus cabelos, minha expressão mais bela, agora signficariam sinal de horror. De como ninguém mais poderia me admirar, pois meu olhar imobilizaria em pedra fria qualquer um que me encarasse.
Eu vi num espelho d'água o que o decreto daquela Deusa de Falsa Pureza fez comigo. Gritei - ou melhor, sibilei - de ódio e terror. Serpenteei para fora de lá o quanto antes, e vaguei pelo mundo até encontrar meu novo lar. E o meu propósito.
Ainda hoje, mulheres incautas vem até minha gruta. Ainda hoje, homens se fingindo de poderosos heróis, e homenzinhos pequenos e fracos, vem até mim. Viu, Atena? Mesmo sendo o que eu me tornei, todos são atraídos por mim!
E todos tem o mesmo destino, todos ao me encarar se tornam brinquedos da minha vontade e do meu bel prazer, toda a sua força, coragem e dignidade reduzidas a nada. E passam a decorar meu jardim silencioso para sempre.
Eu ainda tenho a semente daquele ser superior dentro de mim. Ela um dia irá nascer, e dela, eu darei continuidade ao meu dever hoje: silenciar e submeter a todos os que ousarem desafiar minha origem e meu poder. Ainda sou soberana, e meus descendentes espalharão minha soberania feminina sobre o mundo. EU serei aquela a quem todos respeitarão, Atena, não existirá quem idolatre tua dignidade e perfeição quando todos que restarem forem meus filhos, os da família de minhas irmãs, que já nasceram monstruosas, ou meus escravos.
Eu sou Medusa, e se não me permitiram reinar sobre a fraqueza dos homens e a admiração das mulheres, minha ira e minha força transformará todos em mortos em vida.
Ouço passos vacilantes quebrando o silêncio do meu lar. Mais uma pessoa entrou em meus domínios. Mais uma pessoa para pertencer a mim pela Eternidade.