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Conhecimento é Poder
Offline Gorlami
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#1
24-08-2018, 10:56 PM
 Scientia potentia est!

Citar:Bacon dizia que devemos avaliar as circunstâncias em que um fenômeno ocorre (ou não ocorre), detalhando seus casos particulares para relacionar um ao outro. Esse pensamento por “indução” levaria ao conhecimento que, para o filósofo, era o caminho para o homem passar a usar as forças da natureza a seu favor. Porque, no fim das contas, “saber é poder”.

Isso fornece embasamento teórico ao assunto que quero abordar: conhecimento (se aplicado corretamente) não é apenas "punhetação teórica" ou então "coisa de quem não vive o mundo lá fora". Muito pelo contrário, conhecimento muda o homem de dentro, para fora.

Fica o questionamento: o que difere um homem esclarecido de um homem manipulado, alienado ou ignorante?

Enfim, depois de justificar meu ponto, trago uma proposição.

Utilizar esse tópico para estudos semanais de textos, reflexões, artigos, autores, etc, ou seja, algum usuário indica o material, e os demais lêem e discutem sobre o material proposto até a semana seguinte.

Trata-se de aprendizado em conjunto e se encaixa no método adequado de se fazer ciência, ou seja, nada de achismo sem embasamento ou teorias mirabolantes que, apesar de convencer os desavisados, não satisfazem totalmente por falta de provas e embasamento consolidado. A Real (principalmente o FdB) tem total potêncial de PRODUZIR CONHECIMENTO científico livre de ideologia e totalmente voltado ao desenvolvimento do homem, assim como N.A. fez.

Eu sei que isso exige tempo e dedicação que nem todos estão dispostos ou podem dispor, mas pretendo levar essa ideia em frente, nem que seja sozinho (a princípio).

Sobre o método científico de Descartes:

Citar:Descartes se dispõe a investigar um método seguro para a descoberta da verdade. Pode ser que nossos sentidos tenham sido enganados por um gênio malicioso. Assim, Descartes utiliza da razão para adquirir conhecimento.


Show Content4 Regras do Método:


Pensei ser mister procurar algum outro método (…); assim em vez desse grande número de preceitos de que se compõe a Lógica, julguei que me bastariam os quatro seguintes, desde que tomasse a firme e constante resolução de não deixar uma só vez de observá-los:

Regra da evidência – O primeiro era o de jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não. Conhecesse evidentemente como tal; isto é, de evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e de nada incluir em meus juízos que não se apresentasse tão clara e tão distintamente a meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida.

Regra da análise –  O segundo, o de dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas parcelas quantas possíveis e quantas necessárias fossem para melhor resolvê-las.

Regra da síntese – O terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e supondo mesmo uma ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros.

Regra da enumeração – O quarto, fazer em toda parte enumerações tão completas e revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de nada omitir.




[Imagem: albert_einstein_quot_quanto_maior_o_conh...g4o756.jpg]
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  • Bruno Padilha, consigliere, Corpsegrinder, loeb, Villefort
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#2
25-08-2018, 01:21 AM
Fantástico.

Vou estudar e procurar por obras excelentes para trabalharmos aqui.

Estou dentro.

Pode contar comigo. Posso demorar a responder, mas sempre que possível tentarei agregar conteúdo ao tópico e participar das análises.

Bela iniciativa, confrade.

Conhecimento é poder. E enfrentar nossas resistências é dever.
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Offline Gorlami
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#3
29-08-2018, 02:00 PM
Sugestão para a semana.

Quem leu o livro "As 48 leis do Poder" de Robert Greene, pôde perceber a importância do discurso e de metodologias de persuasão e manipulação, para dois objetivos distintos: atingir suas próprias metas ou não ser manipulado, logo, conhecer tais técnicas, de certa feita, nos torna resistentes às investidas alheias.

Trago uma teoria de propaganda (no termo manipulativo e cientifico da palavra) de Joseph Goebbels, um gênio que usou seus conhecimentos de forma baixa e vil, mas que teve seus estudos modificados e aplicados nas propagandas e discursos que vemos hoje.

https://jornalggn.com.br/noticia/os-11-p...brasileiro

http://www.thule-italia.net/sitotedesco/...(1928).pdf
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#4
29-08-2018, 02:35 PM
Cara esse livro 48 leis comprei essa porra e achei uma merda.
Só eu achei esse livro uma merda?
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#5
29-08-2018, 02:39 PM
Como diz o célebre pensador Emerson:

"Não há conhecimento que não seja poder"

Frase usada na abertura do jogo Mortal Kombat 2 inclusive...
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#6
29-08-2018, 03:01 PM
Me lembro na faculdade onde nós estávamos numa rodinha conversando e um deles disse que "quem tem argumento tem tudo"!Eu disse que quem tem conhecimento tem tudo porque o argumento para você tê-lo é preciso antes ter conhecimento!Era uma das poucas coisas onde eu tinha uma lucidez maior apesar da caretice que eu vivia mergulhado até o pescoço.
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Offline AlexReal
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#7
29-08-2018, 04:19 PM
(29-08-2018, 02:35 PM)Spectro Escreveu: Cara esse livro 48 leis comprei essa porra e achei uma merda.
Só eu achei esse livro uma merda?

Não. Eu também. Muito do que é dito lá, é facilmente perceptível por alguém minimamente inteligente.

Muita coisa impraticável. Ainda bem que era emprestado e não gastei dinheiro com isso.
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Offline Gorlami
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#8
29-08-2018, 07:32 PM (Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 29-08-2018, 07:34 PM por Gorlami.)
(29-08-2018, 02:35 PM)Spectro Escreveu: Cara esse livro 48 leis comprei essa porra e achei uma merda.
Só eu achei esse livro uma merda?

Não digo que é "uma merda", na categoria merda eu deixo outras coisas como livros de youtubers e derivados, mas citei-o para ilustrar a ideia.
(29-08-2018, 03:01 PM)Challenger Escreveu: Me lembro na faculdade onde nós estávamos numa rodinha conversando e um deles disse que "quem tem argumento tem tudo"!Eu disse que quem tem conhecimento tem tudo porque o argumento para você tê-lo é preciso antes ter conhecimento!Era uma das poucas coisas onde eu tinha uma lucidez maior apesar da caretice que eu vivia mergulhado até o pescoço.

Perfeito.

Você percebe isso ao debater ou simplesmente trocar ideia com pessoas completamente alienadas (independente do grau de instrução), conheço doutores que, se você conversar sobre algo fora do campo de domínio do mesmo, o jovem se torna literalmente em um cone, incapaz de argumentar.
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Offline Spectro
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#9
29-08-2018, 10:42 PM
Eu sei gorlami, não foi diretamente pra você, longe disso te acho um confrade sensacional.
Eh só que eu li esse livro é achei mesmo impraticável.
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Offline Corpsegrinder
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#10
30-08-2018, 08:24 AM (Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 30-08-2018, 08:27 AM por Corpsegrinder.)
Eu já li o discurso do método de Descartes, mas não parei para estudar ainda. Vou mandar um texto complementar sobre a Educação para reforçar o que foi dito anteriormente sobre como obter conhecimento através de experiências não limitando-se apenas à razão.

Show ContentSobre a Educação:



§ 372

Devido à natureza de nosso intelecto, ideias gerais devem surgir por meio da abstração a partir de observações particulares; estas devem, portanto, existir antes das primeiras. Se isso de fato ocorre, como no caso do homem cujo aprendizado baseia-se exclusivamente em sua própria experiência — que não possui professor nem livros —, o indivíduo sabe muito bem quais de suas observações particulares pertencem a, e são representadas por, cada uma de suas ideias gerais. Possui uma perfeita familiaridade com ambos os lados de sua experiência e, assim, lida corretamente com tudo o que se apresenta diante dele. Esse pode ser denominado o método natural de educação.

Por outro lado, o método artificial consiste em ouvir o que os demais dizem, em aprender e em ler, de modo a abarrotar a mente com ideias gerais antes de possuir qualquer familiaridade aprofundada com o mundo em si. Então se espera que posteriormente a experiência forneça as observações particulares relativas a essas ideias gerais; mas, até que isso ocorra, as ideias gerais são aplicadas erroneamente, os homens e as coisas são julgados sob uma ótica falsa, vistos sob uma ótica equivocada, e são abordados de maneira incorreta. Essa educação perverte a mente. Isso explica por que, em nossa juventude, após muito aprendizado e leitura, ingressamos no mundo em parte ignorantes sobre as coisas e em parte equivocados a seu respeito; assim, num instante nosso comportamento é guiado por uma ansiedade nervosa, num outro por uma confiança infundada. A razão disso é o fato de nossas mentes estarem repletas de ideias gerais que tentamos aplicar, mas quase nunca conseguimos. Esse é o resultado de agirmos em direta oposição ao desenvolvimento natural da mente, obtendo as ideias gerais primeiro e as observações particulares depois: colocamos a carruagem antes dos cavalos. Em vez de desenvolver a capacidade de discernimento da própria criança, ensinando-a a julgar e a pensar por si própria, o professor devota todas as suas forças a entulhar sua mente com ideias prontas de outros indivíduos. Nessa situação, essas visões equivocadas sobre a vida, que resultam da aplicação incorreta das ideias gerais, terão de ser posteriormente corrigidas por longos anos de experiência, e é muito raro que o sejam por completo. Essa é a razão pela qual tão poucos eruditos são dotados de bom senso, algo que é muito comum encontrarmos em indivíduos que não receberam qualquer instrução.

§ 373

Familiarizar-se com o mundo pode ser definido como o objetivo de toda educação; segue-se que devemos ter um cuidado especial com o início desse processo, para assim adquirirmos o conhecimento em sua ordem correta. Como demonstrei, isso significa principalmente que as observações particulares de cada coisa devem vir antes das ideias gerais a seu respeito; além disso, que ideias estreitas e limitadas virão antes das mais abrangentes; e também que todo o sistema de educação seguirá os passos que as próprias ideias precisam dar no curso de sua formação. Contudo, assim que se remove algum elemento dessa sequência, o resultado são ideias gerais deficientes e, a partir dessas, ideias gerais falsas; por fim, surge uma visão de mundo distorcida que é peculiar ao indivíduo — uma visão que quase todos abraçam por algum tempo, e a maioria dos homens por toda a vida. Todos os que voltarem seus olhares às suas próprias mentes perceberão que foi apenas após atingir uma idade bastante madura, e às vezes quando menos esperavam, que conseguiram alcançar uma compreensão clara de muitos assuntos que, afinal, não eram tão difíceis ou complicados. Até então, havia pontos de seu conhecimento que ainda eram obscuros devido às aulas que foram omitidas na fase inicial de sua educação, seja qual fosse seu tipo — artificial, por meio de professores, ou do tipo natural, baseado na experiência pessoal.

Assim, deveríamos tentar entender a sequência estritamente natural do conhecimento, para que então façamos a educação acompanhá-la metodicamente, e assim as crianças tornem-se familiarizadas com a marcha do mundo, sem ter suas mentes abarrotadas de ideias equivocadas, que muitas vezes jamais conseguirão abandonar. Se esse procedimento fosse adotado, deveríamos ter um cuidado especial em evitar que crianças utilizassem palavras que não compreendem claramente. Mesmo crianças têm frequentemente a tendência fatal de se satisfazer com palavras em vez de tentar entender as coisas — um desejo de decorar frases capazes de tirá-las de dificuldades quando necessário. Tal tendência ainda permanece depois que crescem, e essa é a razão pela qual o conhecimento de muitos eruditos é mera verborragia. Entretanto, o empenho essencial deve ser para que as observações particulares venham antes das ideias gerais, e nunca vice versa, como é o caso normal e infelizmente; como se uma criança viesse ao mundo a partir dos pés, ou um verso fosse escrito a partir da rima! O método corrente consiste em enxertar ideias e opiniões — que são, no estrito senso da palavra, preconceitos — na mente da criança, enquanto esta ainda possui um repertório muito limitado de observações particulares, e ela então aplica esse aparato de ideias-prontas às observações particulares e à experiência. Em vez disso, as ideias gerais e os julgamentos deveriam ter se cristalizado a partir das observações particulares e da experiência. Ao ver o mundo por si próprio, o indivíduo tem uma percepção rica e variada que não pode, naturalmente, competir com a brevidade e rapidez do método que emprega ideias abstratas para finalizar o assunto rapidamente por meio de generalizações. Será necessário um longo tempo para corrigir essas ideias preconcebidas, uma tarefa que talvez nunca seja concluída; pois sempre que algum aspecto da experiência contradiz essas noções preconcebidas, as evidências são rejeitadas de antemão como unilaterais, ou são simplesmente negadas; os homens fecham seus olhos às evidências apenas para que seus preconceitos permaneçam intactos. Desse modo, muitos homens carregam um fardo de equívocos ao longo de suas vidas inteiras — muletas, caprichos, fantasias, preconceitos, os quais por fim se tornam ideias fixas. O fato é que o indivíduo nunca tentou elaborar suas ideias fundamentais por si mesmo a partir de sua própria experiência de vida, de seu próprio modo de ver o mundo, pois recebeu todas as suas ideias já prontas de terceiros; e é isso o que torna esse indivíduo — e tantos outros! — tão raso e insípido. Em vez disso, deveríamos cuidar para que as crianças fossem educadas dentro de parâmetros naturais. Só devemos introduzir conceitos nas mentes das crianças por meio da observação, ou ao menos verificá-los dessa maneira. Como resultado, a criança assimilaria poucos conceitos, mas estes seriam bem fundamentados e precisos. Aprenderia então a medir as coisas não por critérios alheios, mas pelos próprios; e assim se esquivaria de um milhar de preconceitos e caprichos, os quais não precisarão ser posteriormente erradicados pelas valiosas lições da escola da vida. Desse modo, sua mente estaria desde sempre habituada a uma visão clara e a um conhecimento profundo; empregaria seu próprio julgamento e teria uma visão imparcial dos fatos.

Crianças em geral não devem entrar em contato com todos os detalhes da vida a partir da cópia antes de conhecê-los a partir do original. Assim, em vez de nos apressarmos em colocar livros em suas mãos, façamos com que se familiarizem, passo a passo, com as coisas — com as verdadeiras circunstâncias da vida humana. Acima de tudo, deveríamos nos esforçar para apresentá-las a uma visão clara da vida real, e educá-las para que sempre derivem seus conceitos diretamente do mundo real. Devem formar tais conceitos de acordo com a realidade, e não coletá-los de algum outro local — livros, contos de fada ou opiniões alheias — para então empregá-los diretamente e já prontos à vida real. Pois, nessa situação, suas mentes estarão repletas de quimeras, e assim verão as coisas sob uma luz falsa, ou tentarão inutilmente remodelar o mundo para que se adéque às suas visões, trilhando caminhos equivocados não apenas na teoria, mas também na prática. É incrível a quantidade de prejuízo que se causa por semear quimeras em mentes ainda jovens, e pelos preconceitos decorrentes, pois a educação que recebemos do mundo e da vida real precisará então ser empregada sobretudo para erradicar tais preconceitos. A resposta, dada por Antístenes segundo Diógenes Laércio, também consiste nisto (VI. 7): Interrogatus quaenam esset disciplina maxime necessaria, Mala, inquit, dediscere. [quando interrogado sobre qual era a disciplina mais necessária, respondeu: desaprender o mau.]

§ 374

Como erros instilados precocemente em geral ficam gravados profundamente, e como a capacidade de julgamento é a última faculdade intelectual a amadurecer, nenhuma criança com menos de quinze anos deve ser instruída em teorias e doutrinas passíveis de grandes erros. Devem, portanto, ser mantidas à distância de toda filosofia, religião e visões gerais de toda espécie, sendo-lhes permitido dedicar-se apenas aos assuntos nos quais nenhum erro é possível, como a matemática, ou nos quais não são perigosos, como as línguas, as ciências naturais, a história e assim por diante. E, em geral, as disciplinas a serem estudadas em cada período da vida devem se limitar àquilo que a mente seja capaz de entender perfeitamente naquele período. Infância e juventude constituem a época para a coleta de materiais, para a aquisição de uma familiaridade especial e profunda com as coisas individuais e particulares. Nesses anos é ainda muito cedo para formar visões de grande amplitude; as explicações últimas devem ser deixadas para um momento posterior. Como a capacidade de julgamento pressupõe maturidade e experiência, esta deve ser deixada a si própria; e deve-se cuidar para não antecipar sua atividade inculcando preconceitos, pois isso a paralisará para sempre.

Por outro lado, durante a juventude a memória deve ser especialmente exercitada, pois nessa época é mais vigorosa e mais tenaz. Porém, isso deve ser feito com grande cautela e prudência, visto que as lições bem aprendidas na juventude jamais são esquecidas, e esse solo precioso deve ser cultivado de modo a produzir o máximo possível de frutos. Se observarmos quão profundamente ficam gravados em nossa memória aqueles que conhecemos nos primeiros doze anos de nossas vidas, e como os eventos desses anos, e em geral tudo o que vivenciamos, ouvimos e aprendemos nessa fase, ficam para sempre gravados na memória, torna-se perfeitamente natural a ideia de basear a educação nessa receptividade e tenacidade da mente jovem, guiando-a estrita, metódica e sistematicamente de acordo com tais preceitos e regras. Pois bem, como ao homem só são concedidos alguns anos de juventude, e como a capacidade da memória em geral, e especialmente no indivíduo, é sempre limitada, torna-se imprescindível alimentá-la com o que há de mais essencial e vital em todas as áreas do saber, a despeito de todo o mais. A seleção desse conteúdo deve ser feita, e seus resultados fixados, após a mais madura deliberação das mentes mais capazes e dos mestres de cada área do conhecimento. Tal seleção teria de basear-se num exame cuidadoso a respeito do que é necessário e importante que um homem saiba em geral, e do que é importante e necessário que saiba numa profissão particular ou numa área específica do saber. O conhecimento do primeiro tipo teria de ser classificado, num estilo enciclopédico, em cursos graduados, adaptado ao grau geral de cultura que se espera de um homem na dada circunstância em que se encontra. Começaria com um curso limitado aos pré-requisitos da educação primária, e terminaria com os assuntos abordados pelo pensamento filosófico. A seleção do segundo tipo de conhecimento, entretanto, teria de ser deixada aos verdadeiros mestres de cada área. O sistema como um todo proporcionaria um cânon para a educação intelectual, o qual, naturalmente, teria de ser revisado a cada dez anos. Com tal organização, seria aproveitado ao máximo o poder de memorização da juventude, proporcionando um excelente material à capacidade de julgamento que virá num momento futuro.

§ 375.

A maturidade do conhecimento, isto é, a perfeição que este pode atingir em cada indivíduo, consiste no fato de que foi estabelecida uma conexão precisa entre as ideias abstratas e a capacidade de observação. Isso significa que cada uma de suas ideias abstratas baseia-se, direta ou indiretamente, na observação, e apenas por meio dela um conceito chega a possuir qualquer valor. Também envolve a capacidade de relacionar corretamente cada observação à ideia abstrata correspondente; tal maturidade exige tempo, pois nasce da experiência. O conhecimento que derivamos de nossa própria observação é normalmente distinto do que adquirimos por meio de ideias abstratas; um chega a nós pelo processo natural, o outro por meio da instrução e do que os demais nos dizem, seja isso bom ou ruim. O resultado é que, em nossa juventude, há em geral pouca relação ou correspondência entre nossas ideias abstratas, que são fixadas por meras palavras, e o verdadeiro conhecimento que obtivemos por meio da observação. Apenas gradualmente ambos se aproximam e se corrigem mutuamente; e só existe maturidade no conhecimento depois que ocorre essa união. Tal maturidade ou perfeição do conhecimento é algo bastante independente da outra maior ou menor perfeição das faculdades individuais, algo que se mede não pela conexão entre os dois tipos de conhecimento, mas pelo grau de intensidade que atingem.

§ 376.

O tipo de estudo mais necessário ao homem prático consiste na aquisição de um conhecimento exato e profundo da verdadeira marcha do mundo. Mas, apesar de necessário, esse também é o mais exaustivo de todos os estudos, pois um homem pode atingir uma idade avançada sem ainda haver concluído essa tarefa — ao passo que, no domínio das ciências, já domina os fatos mais importantes ainda em sua juventude. Na aquisição desse conhecimento, as lições mais primárias e mais duras são aprendidas quando ainda se é principiante, isto é, na meninice e na mocidade; mas é frequente que mesmo o homem maduro tenha muito a aprender. Essa dificuldade é em si mesma grande, mas é duplicada pelos romances, que descrevem um estado de coisas e um curso de ações humanas que na verdade não existem. A juventude é crédula, e aceita tais visões da vida, que são assimiladas e se tornam parte de suas mentes. Desse modo, em vez de uma condição negativa de mera ignorância, temos um erro positivo — todo um tecido de noções equivocadas como ponto de partida; algo que posteriormente desvirtuará a escola da experiência, fazendo com que seus ensinamentos se mostrem a nós sob uma luz falsa. Se, antes disso, a juventude não tinha luz alguma para orientá-la, agora é ativamente desorientada pelo diz que diz; e isso acontece com ainda maior frequência quando se trata de raparigas. Por meio de romances, uma visão completamente falsa da vida é inculcada, despertando expectativas que jamais serão satisfeitas. Isso geralmente exerce uma influência funesta pelo resto de suas vidas. Nesse particular, aqueles que, durante sua juventude, não tiveram tempo nem oportunidade para ler romances, como artesãos, mecânicos e congêneres, têm uma clara vantagem. Há alguns poucos romances que são exceções, aos quais a censura acima não se aplica; na verdade, seu efeito é exatamente o oposto. Por exemplo, temos principalmente Gil Blas e as outras obras de Le Sage (ou seus originais espanhóis); temos também O Vigário de Wakefield, e até certo ponto os romances de Walter Scott. Don Quixote pode ser encarado como uma exibição satírica desse erro ao qual me refiro.

autor: Arthur Schopenhauer
tradução: André Cancian
fonte: Parerga and Paralipomena
http://ateus.net/artigos/filosofia/sobre-educacao/



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Offline Peter Grifen
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30-08-2018, 08:28 AM
sem duvida

conhecimento economiza tempo e dinheiro
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Offline thothenki
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30-08-2018, 12:01 PM (Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 30-08-2018, 12:03 PM por thothenki.)
(29-08-2018, 10:42 PM)Spectro Escreveu: Eu sei gorlami, não foi diretamente pra você, longe disso te acho um confrade sensacional.
Eh só que eu li esse livro é achei mesmo impraticável.

Eu li isso faz uns 4 anos. Na época me pareceu aquelas coisas de "acredite no seu potencial", meio auto-ajuda querendo misturar Sun Tzu à vida comum rsrsrs. Eu já acho que a feminilização do homem fez ele complicar demais os relacionamentos da vida, se assemelhando mais às mulheres. 

Muito da interação social ainda tem mais a ver com estímulos, padrões de comportamento, primeiras impressões e deixar marcas no psicológico com exercíciod e liderança, como N.A. descreve em vários pontos de suas obras. 

Livros como esse podem ajudar quem seja totalmente inseguro, não só nos relacionamentos, mas demais campos da vida. Mas o que faz a diferença mesmo é o exercício da vontade.
(29-08-2018, 07:32 PM)Gorlami Escreveu:
(29-08-2018, 02:35 PM)Spectro Escreveu: Cara esse livro 48 leis comprei essa porra e achei uma merda.
Só eu achei esse livro uma merda?

Não digo que é "uma merda", na categoria merda eu deixo outras coisas como livros de youtubers e derivados, mas citei-o para ilustrar a ideia.
(29-08-2018, 03:01 PM)Challenger Escreveu: Me lembro na faculdade onde nós estávamos numa rodinha conversando e um deles disse que "quem tem argumento tem tudo"!Eu disse que quem tem conhecimento tem tudo porque o argumento para você tê-lo é preciso antes ter conhecimento!Era uma das poucas coisas onde eu tinha uma lucidez maior apesar da caretice que eu vivia mergulhado até o pescoço.

Perfeito.

Você percebe isso ao debater ou simplesmente trocar ideia com pessoas completamente alienadas (independente do grau de instrução), conheço doutores que, se você conversar sobre algo fora do campo de domínio do mesmo, o jovem se torna literalmente em um cone, incapaz de argumentar.

"Monkey see, monkey do"
"Macaco vê, macaco faz."

Sabem tudo da área em que atuam, mas continuam umas antas. É o preço dessa educação de semianalfabetos no Brasil.
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Offline Gorlami
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(29-08-2018, 10:42 PM)Spectro Escreveu: Eu sei gorlami, não foi diretamente pra você, longe disso te acho um confrade sensacional.
Eh só que eu li esse livro é achei mesmo impraticável.

Opa, valeu confrade. E sim, como disseram acima, serve para novatos.

(30-08-2018, 08:24 AM)Corpsegrinder Escreveu: Eu já li o discurso do método de Descartes, mas não parei para estudar ainda.



[/spoiler]

Exige tempo e paciência, mas vale a pena. Ele criou a "forma de pensar" que todos os gênios após ele usaram e usam até hoje.

(30-08-2018, 12:01 PM)thothenk Escreveu: "Monkey see, monkey do"
"Macaco vê, macaco faz."

Sabem tudo da área em que atuam, mas continuam umas antas. É o preço dessa educação de semianalfabetos no Brasil.

O pior de tudo são os alunos e colegas desses tipos, acatam tudo que esses vermes dizem como verdades absolutas. É assim que a doutrinação universitária acontece, os malditos "pensadores" não tem senso crítico o suficiente para questionarem os próprios "mestres".
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Offline Wild
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18-09-2018, 03:44 PM
Me desculpem aqui a falta de conhecimento do referido livro, já ouvi falar, mas nunca tive saco pra ler.

Seria interessante termos um livro alternativo ou complementar, tipo A Arte da Guerra?

Para formularmos bem as coisas aqui seria bom que todo mundo fosse bem versado nas leituras, então é bom termos algumas alternativas ou outras versões dos livros (podem ser adaptadas), afinal ninguém aqui é estudioso a ponto de pegar tudo no idioma original e blaublau.

Bom, é uma sugestão apenas. Continuemos a trabalhar com os temas.
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#15
18-09-2018, 08:26 PM
(18-09-2018, 03:44 PM)Wild Escreveu: Me desculpem aqui a falta de conhecimento do referido livro, já ouvi falar, mas nunca tive saco pra ler.

Seria interessante termos um livro alternativo ou complementar, tipo A Arte da Guerra?

Para formularmos bem as coisas aqui seria bom que todo mundo fosse bem versado nas leituras, então é bom termos algumas alternativas ou outras versões dos livros (podem ser adaptadas), afinal ninguém aqui é estudioso a ponto de pegar tudo no idioma original e blaublau.

Bom, é uma sugestão apenas. Continuemos a trabalhar com os temas.

Estimado @Wild sua postagem me fez refletir e o fato de escolhermos os mesmos materiais para análise nos assemelha ao cão que persegue a própria cauda. Sim, existem inúmeras interpretações para o mesmo material, mas não acredito que seja esse o caso.

Proponho analisarmos novos materiais, teses e debates, vamos deixar NA, Sun Tzu (Arte da Guerra), Robert Greene (48 leis), Pierluigi Piazzi, e outros livros exaustivamente citados aqui pelo fórum de lado, por enquanto. Acredito que seja a melhor forma de fomentar novos debates, novas ideias.

O confrade @Wild em seu tópico sugeriu o tema:


Citar:Tema: COMO DOMINAR A RELAÇÃO

IX. Sobre a (im)possibilidade de dominar o "sexo frágil"

"Há um meio muito eficaz de nos protegermos e ao mesmo tempo dominarmos a relação sem ficarmos loucos: consiste em renunciarmos à tentativa de dominar a fêmea, preferindo dominar nossos próprios sentimentos de posse, ciúmes e outras fraquezas. (...) Mas para dominarmos a relação temos que dominar a nós mesmos. Logo, tudo se reduz ao domínio de si. Não se pode dominar a mulher por via direta, nem mesmo pela força bruta." (Nessahan Alita - COMO LIDAR COM MULHERES, 2007)

É bem sabido e senso comum que mulheres preferem homens que lideram a relação ao invés delas liderarem, apesar do feminazismo pregar o contrário. Basicamente é isso que elas dizem quando gostam de um cara "de atitude", além do cara ser independente, não precisar consultar ela pra tudo, ter personalidade própria e não ser grudento ou tentar agradar o tempo todo.

Subsídio teórico:
*** Mulheres que preferem caras que tenham "atitude" no geral; Procurar casos e pesquisas específicas. Exemplos de links (são bem bestas, mas dá pra tirar umas linhas linhas gerais):
https://noticias.r7.com/minas-gerais/bal...e-16102015
https://www.sobrerelacionamento.com/2012...itude.html
https://medium.com/girlskill/let-him-lea...66de4df30e (Relato de uma ex-feminazi neurótica que aprendeu como relacionamentos funcionam, em inglês)

***Manhood Academy: A autoridade masculina provém da capacidade que este tem para trazer ordem para os relacionamentos. As mulheres não admitem, mas amam isso. (Livros: Princípios que Regem a Interação Social e outros sem tradução: "How to Make People Want You Without a Gun, Money, Knowledge, Achievements, or Good Looks"/"How to Feel 100% Comfortable in Your Own Skin"/Third Title: "The Math Behind People")


Mas, refletindo, sugiro algo diferente. Até então, no tocante as mulheres, NA já fez um competente trabalho no tocante a como proceder perante os jogos femininos (livros "Como lidar com mulheres", "A Guerra da paixão" e "[b]O Magnetismo nas Relações Sociais"[/b]), a menos que nos proponhamos a contra argumentar N.A., não há necessidade de revisitar tais temas. Quem desejar ver a implicações práticas, basta uma rápida pesquisa pelo fórum que alguns búfalos já fazer o experimento empírico de "aplicar a teoria de NA na prática", dentre eles o próprio Wild, Tim Laflour, o recém chegado Profano, entre outros que no momento não me recordo. Não há situação nos relacionamentos que o atual entendimento realista não seja capaz de lidar. Concordo que não há um consenso absoluto quanto ao proceder em cada caso específico, mas as diretrizes básicas estão claras: não premiar rodadas, não assumir M$ol, não aturar jogos emocionais, não endeusar o sexo oposto, não favorecer mulheres esperando alguma retribuição em troca, não ser desonrado do tipo que deseja a mulher alheia, etc. 

Tomando por exemplo confrades que hoje estão em relacionamentos como o Spetro, eu mesmo, creio que o Smith também, enfim, os que já sofreram (ou não) em relacionamentos anteriores, superaram a revolta e hoje experimentam diferentes realidades mas tomaram ciência da importância de viver, experimentar os ensinamentos bufalescos, de testarem o desapego na prática, e não somente teorizar em fórum de internet (como muitos fazem hoje em dia). Qualquer dúvida que exista sobre relacionamentos em si, o fórum já possui material suficiente para explanar.

Vencido o debate sobre a necessidade de se continuar teorizando acerca do trato com o feminino, é de consenso geral que o próximo passo em relação ao que se refere como "Real" se dá em torno do desenvolvimento pessoal nos âmbitos pessoal, profissional, social e espiritual. A todo momento fazemos questão de reafirmar que esse deve ser o objetivo do homem nos dias de hoje e a quantidade de tópicos relacionados a isso é enorme, porém, nem todos estão devidamente fundamentados, ou seja, não passam de teses (vulgo achismos).

Por fim, sugiro então o seguinte entendimento, pensando na continuidade e evolução dos ensinamentos: superada a questão do sexo oposto, devemos aglutinar todo o conhecimento existente e formular novos argumentos da NECESSIDADE DE FOCAR NO DESENVOLVIMENTO PESSOAL, tendo como cerne as necessidades e benefícios dessa prática. Antes que me atirem pedras, vamos observar pelo ponto de vista de um recém chegado: ele encontrará centenas de relatos sobre a superação de relacionamentos ruins, encontrará "manuais" de como conquistar e como lidar com mulheres e encontrará tópicos sobre finanças, musculação, estudo, concursos, viagens, etc. Percebem o gap que existe aqui? Não me recordo de ter visto, me corrijam se estiver equivocado, um tópico dedicado a esmiuçar a NECESSIDADE DE FOCAR NO DESENVOLVIMENTO PESSOAL.

Entendam: todos (ao menos os que tem algum tempo de casa) sabem, entendem e pregam a necessidade do desenvolvimento acima de tudo, mas acho válido condensar todo esse conhecimento tendo por objetivo criar um recurso de embasamento (como os livros de NA são, ou como os blogs de autores consagrados são). Um coisa seria eu, Gorlami, dizer que o homem precisa treinar e manter seu corpo em movimento por que é o certo, outra coisa seria dizer "segundo X artigo, endossado por Y, Z, W pessoas e autores, o homem precisa treinar e manter o corpo são por tais e tais motivos, tendo tais e tais ganhos".

Em resumo, essa é minha justificativa para propor uma discussão envolvendo a busca de tópicos, livros e artigos sobre o tema "A NECESSIDADE DE FOCAR NO DESENVOLVIMENTO PESSOAL". Fico no aguardo de vossas opiniões, caso concordem comigo, levo a discussão ao tópico do @Wild sobre o "pós-realismo" para desenvolvermos o raciocínio.
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18-09-2018, 08:56 PM
Então, só pra entender a proposta para esse tópico, a sugestão é mesclá-lo com o tópico do pós-realismo ?

Se for, voto não.

Motivo: por serem temas DIFERENTES, embora tenham pontos em comum.
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18-09-2018, 09:19 PM (Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 18-09-2018, 09:23 PM por Gorlami.)
(18-09-2018, 08:56 PM)Baralho Escreveu: Então, só pra entender a proposta para esse tópico, a sugestão é mesclá-lo com o tópico do pós-realismo ?

Se for, voto não.

Motivo: por serem temas DIFERENTES, embora tenham pontos em comum.

Não, mesclar não.

Eu aproveitei esse tópico pra avaliar a relevância do tema que eu comentei. Se o tema for considerado relevante, aí sim, levo a discussão para o tópico do pós-realismo, para não poluir este aqui com assuntos impertinentes.

O objetivo aqui continua sendo de "tema livre", para discutir e produzir conhecimentos variados.

E reforçando o que eu disse na primeira postagem:
Citar:Eu sei que isso exige tempo e dedicação que nem todos estão dispostos ou podem dispor, mas pretendo levar essa ideia em frente, nem que seja sozinho (a princípio).


Sou universitário e além de treinar em casa, faço um estágio, mas mesmo assim me "sobra tempo" a noite, tempo esse que pretendo preencher produzindo conhecimento.
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19-09-2018, 01:03 AM (Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 19-09-2018, 01:05 AM por Wild.)
@Gorlami

Bom, é porquê de fato aí são duas vertentes. Citei isso no tópico do Pós-Real.

Claro, as literaturas de NA juntando com alguns poucos blogs e materiais já nos dão uma base completa e segura para seguir, NA não peca em praticamente nada, e nos traz um conhecimento seguro e bem fundamentado. Ela funciona na prática e os relatos mostram isso o tempo todo. Porém ele lançou uma teoria e até então pouco fez-se para complementar ou rechaça-la. O debate dela estancou.

Isso não é legal nem interessante pois como falei o conhecimento precisa estar sendo atualizado e discutido, pois os que virão não entenderão o contexto que aquilo surgiu, será algo alien para eles, e eles podem muito bem deixar de reconhecer a importância. Isso você já vem em movimentos masculinistas recentes que cresceram demais, como os MGTOW, que repudiam o próprio manifesto que os gerou. É de cair o cu da bunda, já diriam os colegas. Isso não pode acontecer, a teoria tem que ser viva e construída a cada dia. É só minha opinião.

O Profano eu vejo claramente que ele é discípulo do NA, para ele faz mais sentido cobrir as falhas do NA, complementar os pontos que ele deixou vago, ressignificar algumas coisas para melhor entendimento, juntar o que está espalhado e por aí vai. Esse trabalho de polir uma joia já lapidada deixada por NA é algo muito bonito de ser feito, apesar de não avançar em pouco ou quase nada as nossas artes bufalescas. Entenda isso como um trabalho lateral.

Agora vou entender se o pessoal aqui achar que NA é cânone que não precisa ser discutido, teorizado a respeito, e que a pessoa só tem que ler e tirar o melhor disso, e pular logo para outros materiais que ajudem no seu desenvolvimento pessoal. Estão certos, o fórum aqui é pra isso mesmo. Então a parte de NA só pode ser realizada por fora, assim como NA fez fora das comus e só trazida depois de pronta? Não acho. Eu creio que alguns nesse fórum que estejam com o DP em dia possam dar uma forcinha pra atualizar NA. Só como hobbie lateral mesmo que seja, hehe.

Em outra oportunidade converso outros assuntos. Mas estou gostando de ver o rumo das coisas aqui.
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19-09-2018, 07:39 AM
(30-08-2018, 08:24 AM)Corpsegrinder Escreveu: Eu já li o discurso do método de Descartes, mas não parei para estudar ainda. Vou mandar um texto complementar sobre a Educação para reforçar o que foi dito anteriormente sobre como obter conhecimento através de experiências não limitando-se apenas à razão.

Show ContentSobre a Educação:




§ 372

Devido à natureza de nosso intelecto, ideias gerais devem surgir por meio da abstração a partir de observações particulares; estas devem, portanto, existir antes das primeiras. Se isso de fato ocorre, como no caso do homem cujo aprendizado baseia-se exclusivamente em sua própria experiência — que não possui professor nem livros —, o indivíduo sabe muito bem quais de suas observações particulares pertencem a, e são representadas por, cada uma de suas ideias gerais. Possui uma perfeita familiaridade com ambos os lados de sua experiência e, assim, lida corretamente com tudo o que se apresenta diante dele. Esse pode ser denominado o método natural de educação.

Por outro lado, o método artificial consiste em ouvir o que os demais dizem, em aprender e em ler, de modo a abarrotar a mente com ideias gerais antes de possuir qualquer familiaridade aprofundada com o mundo em si. Então se espera que posteriormente a experiência forneça as observações particulares relativas a essas ideias gerais; mas, até que isso ocorra, as ideias gerais são aplicadas erroneamente, os homens e as coisas são julgados sob uma ótica falsa, vistos sob uma ótica equivocada, e são abordados de maneira incorreta. Essa educação perverte a mente. Isso explica por que, em nossa juventude, após muito aprendizado e leitura, ingressamos no mundo em parte ignorantes sobre as coisas e em parte equivocados a seu respeito; assim, num instante nosso comportamento é guiado por uma ansiedade nervosa, num outro por uma confiança infundada. A razão disso é o fato de nossas mentes estarem repletas de ideias gerais que tentamos aplicar, mas quase nunca conseguimos. Esse é o resultado de agirmos em direta oposição ao desenvolvimento natural da mente, obtendo as ideias gerais primeiro e as observações particulares depois: colocamos a carruagem antes dos cavalos. Em vez de desenvolver a capacidade de discernimento da própria criança, ensinando-a a julgar e a pensar por si própria, o professor devota todas as suas forças a entulhar sua mente com ideias prontas de outros indivíduos. Nessa situação, essas visões equivocadas sobre a vida, que resultam da aplicação incorreta das ideias gerais, terão de ser posteriormente corrigidas por longos anos de experiência, e é muito raro que o sejam por completo. Essa é a razão pela qual tão poucos eruditos são dotados de bom senso, algo que é muito comum encontrarmos em indivíduos que não receberam qualquer instrução.

§ 373

Familiarizar-se com o mundo pode ser definido como o objetivo de toda educação; segue-se que devemos ter um cuidado especial com o início desse processo, para assim adquirirmos o conhecimento em sua ordem correta. Como demonstrei, isso significa principalmente que as observações particulares de cada coisa devem vir antes das ideias gerais a seu respeito; além disso, que ideias estreitas e limitadas virão antes das mais abrangentes; e também que todo o sistema de educação seguirá os passos que as próprias ideias precisam dar no curso de sua formação. Contudo, assim que se remove algum elemento dessa sequência, o resultado são ideias gerais deficientes e, a partir dessas, ideias gerais falsas; por fim, surge uma visão de mundo distorcida que é peculiar ao indivíduo — uma visão que quase todos abraçam por algum tempo, e a maioria dos homens por toda a vida. Todos os que voltarem seus olhares às suas próprias mentes perceberão que foi apenas após atingir uma idade bastante madura, e às vezes quando menos esperavam, que conseguiram alcançar uma compreensão clara de muitos assuntos que, afinal, não eram tão difíceis ou complicados. Até então, havia pontos de seu conhecimento que ainda eram obscuros devido às aulas que foram omitidas na fase inicial de sua educação, seja qual fosse seu tipo — artificial, por meio de professores, ou do tipo natural, baseado na experiência pessoal.

Assim, deveríamos tentar entender a sequência estritamente natural do conhecimento, para que então façamos a educação acompanhá-la metodicamente, e assim as crianças tornem-se familiarizadas com a marcha do mundo, sem ter suas mentes abarrotadas de ideias equivocadas, que muitas vezes jamais conseguirão abandonar. Se esse procedimento fosse adotado, deveríamos ter um cuidado especial em evitar que crianças utilizassem palavras que não compreendem claramente. Mesmo crianças têm frequentemente a tendência fatal de se satisfazer com palavras em vez de tentar entender as coisas — um desejo de decorar frases capazes de tirá-las de dificuldades quando necessário. Tal tendência ainda permanece depois que crescem, e essa é a razão pela qual o conhecimento de muitos eruditos é mera verborragia. Entretanto, o empenho essencial deve ser para que as observações particulares venham antes das ideias gerais, e nunca vice versa, como é o caso normal e infelizmente; como se uma criança viesse ao mundo a partir dos pés, ou um verso fosse escrito a partir da rima! O método corrente consiste em enxertar ideias e opiniões — que são, no estrito senso da palavra, preconceitos — na mente da criança, enquanto esta ainda possui um repertório muito limitado de observações particulares, e ela então aplica esse aparato de ideias-prontas às observações particulares e à experiência. Em vez disso, as ideias gerais e os julgamentos deveriam ter se cristalizado a partir das observações particulares e da experiência. Ao ver o mundo por si próprio, o indivíduo tem uma percepção rica e variada que não pode, naturalmente, competir com a brevidade e rapidez do método que emprega ideias abstratas para finalizar o assunto rapidamente por meio de generalizações. Será necessário um longo tempo para corrigir essas ideias preconcebidas, uma tarefa que talvez nunca seja concluída; pois sempre que algum aspecto da experiência contradiz essas noções preconcebidas, as evidências são rejeitadas de antemão como unilaterais, ou são simplesmente negadas; os homens fecham seus olhos às evidências apenas para que seus preconceitos permaneçam intactos. Desse modo, muitos homens carregam um fardo de equívocos ao longo de suas vidas inteiras — muletas, caprichos, fantasias, preconceitos, os quais por fim se tornam ideias fixas. O fato é que o indivíduo nunca tentou elaborar suas ideias fundamentais por si mesmo a partir de sua própria experiência de vida, de seu próprio modo de ver o mundo, pois recebeu todas as suas ideias já prontas de terceiros; e é isso o que torna esse indivíduo — e tantos outros! — tão raso e insípido. Em vez disso, deveríamos cuidar para que as crianças fossem educadas dentro de parâmetros naturais. Só devemos introduzir conceitos nas mentes das crianças por meio da observação, ou ao menos verificá-los dessa maneira. Como resultado, a criança assimilaria poucos conceitos, mas estes seriam bem fundamentados e precisos. Aprenderia então a medir as coisas não por critérios alheios, mas pelos próprios; e assim se esquivaria de um milhar de preconceitos e caprichos, os quais não precisarão ser posteriormente erradicados pelas valiosas lições da escola da vida. Desse modo, sua mente estaria desde sempre habituada a uma visão clara e a um conhecimento profundo; empregaria seu próprio julgamento e teria uma visão imparcial dos fatos.

Crianças em geral não devem entrar em contato com todos os detalhes da vida a partir da cópia antes de conhecê-los a partir do original. Assim, em vez de nos apressarmos em colocar livros em suas mãos, façamos com que se familiarizem, passo a passo, com as coisas — com as verdadeiras circunstâncias da vida humana. Acima de tudo, deveríamos nos esforçar para apresentá-las a uma visão clara da vida real, e educá-las para que sempre derivem seus conceitos diretamente do mundo real. Devem formar tais conceitos de acordo com a realidade, e não coletá-los de algum outro local — livros, contos de fada ou opiniões alheias — para então empregá-los diretamente e já prontos à vida real. Pois, nessa situação, suas mentes estarão repletas de quimeras, e assim verão as coisas sob uma luz falsa, ou tentarão inutilmente remodelar o mundo para que se adéque às suas visões, trilhando caminhos equivocados não apenas na teoria, mas também na prática. É incrível a quantidade de prejuízo que se causa por semear quimeras em mentes ainda jovens, e pelos preconceitos decorrentes, pois a educação que recebemos do mundo e da vida real precisará então ser empregada sobretudo para erradicar tais preconceitos. A resposta, dada por Antístenes segundo Diógenes Laércio, também consiste nisto (VI. 7): Interrogatus quaenam esset disciplina maxime necessaria, Mala, inquit, dediscere. [quando interrogado sobre qual era a disciplina mais necessária, respondeu: desaprender o mau.]

§ 374

Como erros instilados precocemente em geral ficam gravados profundamente, e como a capacidade de julgamento é a última faculdade intelectual a amadurecer, nenhuma criança com menos de quinze anos deve ser instruída em teorias e doutrinas passíveis de grandes erros. Devem, portanto, ser mantidas à distância de toda filosofia, religião e visões gerais de toda espécie, sendo-lhes permitido dedicar-se apenas aos assuntos nos quais nenhum erro é possível, como a matemática, ou nos quais não são perigosos, como as línguas, as ciências naturais, a história e assim por diante. E, em geral, as disciplinas a serem estudadas em cada período da vida devem se limitar àquilo que a mente seja capaz de entender perfeitamente naquele período. Infância e juventude constituem a época para a coleta de materiais, para a aquisição de uma familiaridade especial e profunda com as coisas individuais e particulares. Nesses anos é ainda muito cedo para formar visões de grande amplitude; as explicações últimas devem ser deixadas para um momento posterior. Como a capacidade de julgamento pressupõe maturidade e experiência, esta deve ser deixada a si própria; e deve-se cuidar para não antecipar sua atividade inculcando preconceitos, pois isso a paralisará para sempre.

Por outro lado, durante a juventude a memória deve ser especialmente exercitada, pois nessa época é mais vigorosa e mais tenaz. Porém, isso deve ser feito com grande cautela e prudência, visto que as lições bem aprendidas na juventude jamais são esquecidas, e esse solo precioso deve ser cultivado de modo a produzir o máximo possível de frutos. Se observarmos quão profundamente ficam gravados em nossa memória aqueles que conhecemos nos primeiros doze anos de nossas vidas, e como os eventos desses anos, e em geral tudo o que vivenciamos, ouvimos e aprendemos nessa fase, ficam para sempre gravados na memória, torna-se perfeitamente natural a ideia de basear a educação nessa receptividade e tenacidade da mente jovem, guiando-a estrita, metódica e sistematicamente de acordo com tais preceitos e regras. Pois bem, como ao homem só são concedidos alguns anos de juventude, e como a capacidade da memória em geral, e especialmente no indivíduo, é sempre limitada, torna-se imprescindível alimentá-la com o que há de mais essencial e vital em todas as áreas do saber, a despeito de todo o mais. A seleção desse conteúdo deve ser feita, e seus resultados fixados, após a mais madura deliberação das mentes mais capazes e dos mestres de cada área do conhecimento. Tal seleção teria de basear-se num exame cuidadoso a respeito do que é necessário e importante que um homem saiba em geral, e do que é importante e necessário que saiba numa profissão particular ou numa área específica do saber. O conhecimento do primeiro tipo teria de ser classificado, num estilo enciclopédico, em cursos graduados, adaptado ao grau geral de cultura que se espera de um homem na dada circunstância em que se encontra. Começaria com um curso limitado aos pré-requisitos da educação primária, e terminaria com os assuntos abordados pelo pensamento filosófico. A seleção do segundo tipo de conhecimento, entretanto, teria de ser deixada aos verdadeiros mestres de cada área. O sistema como um todo proporcionaria um cânon para a educação intelectual, o qual, naturalmente, teria de ser revisado a cada dez anos. Com tal organização, seria aproveitado ao máximo o poder de memorização da juventude, proporcionando um excelente material à capacidade de julgamento que virá num momento futuro.

§ 375.

A maturidade do conhecimento, isto é, a perfeição que este pode atingir em cada indivíduo, consiste no fato de que foi estabelecida uma conexão precisa entre as ideias abstratas e a capacidade de observação. Isso significa que cada uma de suas ideias abstratas baseia-se, direta ou indiretamente, na observação, e apenas por meio dela um conceito chega a possuir qualquer valor. Também envolve a capacidade de relacionar corretamente cada observação à ideia abstrata correspondente; tal maturidade exige tempo, pois nasce da experiência. O conhecimento que derivamos de nossa própria observação é normalmente distinto do que adquirimos por meio de ideias abstratas; um chega a nós pelo processo natural, o outro por meio da instrução e do que os demais nos dizem, seja isso bom ou ruim. O resultado é que, em nossa juventude, há em geral pouca relação ou correspondência entre nossas ideias abstratas, que são fixadas por meras palavras, e o verdadeiro conhecimento que obtivemos por meio da observação. Apenas gradualmente ambos se aproximam e se corrigem mutuamente; e só existe maturidade no conhecimento depois que ocorre essa união. Tal maturidade ou perfeição do conhecimento é algo bastante independente da outra maior ou menor perfeição das faculdades individuais, algo que se mede não pela conexão entre os dois tipos de conhecimento, mas pelo grau de intensidade que atingem.

§ 376.

O tipo de estudo mais necessário ao homem prático consiste na aquisição de um conhecimento exato e profundo da verdadeira marcha do mundo. Mas, apesar de necessário, esse também é o mais exaustivo de todos os estudos, pois um homem pode atingir uma idade avançada sem ainda haver concluído essa tarefa — ao passo que, no domínio das ciências, já domina os fatos mais importantes ainda em sua juventude. Na aquisição desse conhecimento, as lições mais primárias e mais duras são aprendidas quando ainda se é principiante, isto é, na meninice e na mocidade; mas é frequente que mesmo o homem maduro tenha muito a aprender. Essa dificuldade é em si mesma grande, mas é duplicada pelos romances, que descrevem um estado de coisas e um curso de ações humanas que na verdade não existem. A juventude é crédula, e aceita tais visões da vida, que são assimiladas e se tornam parte de suas mentes. Desse modo, em vez de uma condição negativa de mera ignorância, temos um erro positivo — todo um tecido de noções equivocadas como ponto de partida; algo que posteriormente desvirtuará a escola da experiência, fazendo com que seus ensinamentos se mostrem a nós sob uma luz falsa. Se, antes disso, a juventude não tinha luz alguma para orientá-la, agora é ativamente desorientada pelo diz que diz; e isso acontece com ainda maior frequência quando se trata de raparigas. Por meio de romances, uma visão completamente falsa da vida é inculcada, despertando expectativas que jamais serão satisfeitas. Isso geralmente exerce uma influência funesta pelo resto de suas vidas. Nesse particular, aqueles que, durante sua juventude, não tiveram tempo nem oportunidade para ler romances, como artesãos, mecânicos e congêneres, têm uma clara vantagem. Há alguns poucos romances que são exceções, aos quais a censura acima não se aplica; na verdade, seu efeito é exatamente o oposto. Por exemplo, temos principalmente Gil Blas e as outras obras de Le Sage (ou seus originais espanhóis); temos também O Vigário de Wakefield, e até certo ponto os romances de Walter Scott. Don Quixote pode ser encarado como uma exibição satírica desse erro ao qual me refiro.

autor: Arthur Schopenhauer
tradução: André Cancian
fonte: Parerga and Paralipomena
http://ateus.net/artigos/filosofia/sobre-educacao/





Desculpe a demora, mas só consegui ler o texto agora.

O conteúdo é extremamente elucidativo, explica de maneira lógica a razão pela qual a escola atrasa a maturidade intelectual e estimula a prepotência e ansiedade.

Vou esperar mais sugestões de material antes de me manifestar novamente, respeitando o tempo é disponibilidade de cada um.
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