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Fórum do Búfalo Desenvolvimento Pessoal Outros A frustração e o desenvolvimento pessoal
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A frustração e o desenvolvimento pessoal
Offline Machado de Assis
Búfalo
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#1
15-09-2016, 01:11 PM
Dia desses, estava trocando uma ideia com o confrade Roland, colega causídico, e um dos grandes participantes do Fórum, sobre um dado ponto de nossas vidas em que nos pomos a refletir com mais profundidade, conferindo [talvez pela primeira vez] a real importância que deve ter o ato de pensar a própria vida.

Nesta reflexão, na maioria das vezes, vamos nos dar conta de que, por um motivo ou outro, não atingimos os objetivos que estabelecemos, ou se os atingimos, não o fizemos com a mesma completude com que os realizávamos em nossa imaginação. Reconheçamos ou não isto, a verdade é que semelhante constatação nos decepciona, seja conosco mesmo, com as outras pessoas ou com a própria vida, de modo que a frustração nos invade o ser, tolhendo-nos as possibilidades que ainda temos de realizar o que falta naquilo que planejamos.

Com base nisso, pensei em apresentar o resultado das minhas próprias reflexões acerca do assunto, sobretudo no que respeita ao sentimento de frustração e a sua relação com o nosso desenvolvimento pessoal, haja vista que o estado a que esta emoção nos conduz, se não for bem canalizada e utilizada, pode nos paralisar as forças, impedindo-nos de agir no prosseguimento daquele progresso que nos interessa.

Eu relutei bastante em escrever aqui estas considerações, por dois motivos principais. O primeiro é que este é um texto a respeito de desenvolvimento pessoal, um tema pelo qual, em verdade, poucos se interessam. O segundo é que, afora isto, se um texto sobre desenvolvimento pessoal mais forte, mais motivador, mais "porreta", que por sua essência é mais atrativo, já não consegue atingir o seu fim, quanto menos um texto permeado de filosofia, carregado de conjecturas as mais abstratas. Mas, não obstante, decidi postá-lo aqui, assim mesmo. Se for de utilidade para alguém, ótimo. Se não o for, ótimo também, pois no processo de pensá-lo e escrevê-lo, eu mesmo cheguei a boas soluções sobre a minha própria vida.


INTRODUÇÃO

O impacto que a frustração exerce em nosso desenvolvimento pessoal é enorme, qualquer que seja a sua natureza, positiva ou negativa. Sim, a frustração sempre afeta o nosso desenvolvimento pessoal, influenciando-o. Esta influência pode ser positiva, se soubermos lidar com este sentimento, ou negativa, como acontece em grande parte das vezes, por não sabermos lidar bem com ele.

Portanto, objetivamos aqui analisar o nexo entre o sentimento de frustração e o trabalho de desenvolvimento pessoal, considerando a sua influenciação recíproca, haja vista que semelhante relação não é de natureza causal, unívoca. Ela dá-se dialeticamente.

Semelhante propósito justifica-se pela necessidade de utilizarmos este sentimento [a frustração] de modo positivo, a nosso favor, em virtude de ser quase impossível evitar que ele brote em nossa mente. Então, se não podemos evitá-la, que aprendamos a utilizá-la beneficamente, já que, isso sim, é possível.

Para tanto, vamos num primeiro momento abordar o nosso entendimento do que seja a frustração, bem como tentar identificar-lhe as causas e origens, para que se faça mais fácil o processo de manejar-lhe a nosso favor, e não mais em nosso prejuízo, como fazemos frequentemente. Após, buscaremos demonstrar alguns meios de transformarmos a frustração em uma força positiva, inclusive com o uso de exemplos práticos. E, por fim, deixaremos em aberto o exame da frustração, pois que do contrário, não seria uma questão filosófica, como de fato o é.

A cada escolha que fazemos, a cada caminho que tomamos [e tomamos um novo caminho a cada novo lance de vida, mesmo que não de forma aparente], nós deixamos de viver outras vidas, de percorrer outros caminhos, que passam para os nossos arquivos mentais como vidas não vividas, caminhos não percorridos. Ocorre que estes registros, por serem de natureza mental, são vivos, repercutindo em toda a nossa manifestação na vida real em que estamos inseridos, aquela que escolhemos ao longo de cada caminho tomado, que é a vida efetivamente vivida.

Para as nossas considerações aqui, tomaremos os termos vida-vivida e vida-não-vivida [bem como o seu plural] ao longo de todo o texto, cabendo então defini-las neste primeiro momento. A vida-vivida é a vida real que é a nossa, a única sobre a qual podemos interferir no mundo das coisas, a realidade palpável que nos emoldura a existência concreta, que serve de cenário à nossa manifestação objetiva; em suma, é o que chamamos de vida ordinária, comum, cotidiana.

De outro lado, a vida-não-vivida é aquela vida que, por algum motivo, não tivemos condições de viver, mas que ainda existe em nossa mente, sobre a qual conjecturamos, refletimos, analisamos e imaginamos, com uma relativa frequência. Esta é a vida que, podendo viver [ou não], não vivemos e, mesmo sabendo não ser a nossa vida real, ainda nos colocamos sob o impacto que ela provoca nesta última, alterando o nosso estado de espírito e influenciando o modo como vivemos a vida-vivida.

Analisando esta questão com mais cuidado, podemos perceber que uma grande parcela da nossa vida mental revela as vidas que não estamos vivendo, aquelas que deixamos passar, que poderíamos viver, mas que, por alguma razão, não as vivemos. Essa razão pode ser as nossas próprias escolhas, óbvio, mas também pode ser algo compulsório, determinado pelas circunstâncias exteriores, sobre as quais não exercemos controle total.

Cada um de nós [salvo raríssimas exceções] deseja e mesmo fantasia experiências, coisas e pessoas que estão ausentes na vida real que é a nossa. Esta ausência é a causa que nos faz pensar, que nos faz refletir, que nos deixa tristes e frustrados. Sim, pois, se tivéssemos a possibilidade de viver, junto a esta, todas as vidas que deixamos passar, ou melhor, se vivêssemos exatamente a vida completa que gostaríamos de viver, não nos entregaríamos a pensamentos e reflexões, em razão de, nesta hipótese, a vida real corresponder à totalidade da vida mental, não deixando espaços para cogitar sobre a vida, pois que a vida já é vivida plenamente no plano das coisas, ou da imanência, como gostam de dizer os filósofos.

Por exemplo, o Messi, possivelmente [estou apenas conjecturando, pois penso que mesmo as vidas mais “completas” em determinado campo deixam os seus autores vulneráveis à influência de outras vidas-não-vividas, de outros campos], não pensa em como poderia ser sua vida como jogador de futebol, pois ela já é em si mesma. Ele a vive na imanência. Diferentemente de um jovem que inicia seus passos na carreira futebolística em alguma escolinha de um clube brasileiro, que imagina e vive sua bem-sucedida carreira no futebol, apenas em sua mente.

Este, provavelmente, vai pensar inúmeras coisas. Vai pensar que poderia ter feito a peneira no Corinthians ou no Flamengo, e não no Águia de Belém do Pará, onde teve que fazer. Quando ele estiver jogando lá na segunda divisão portuguesa, com seus 19 anos, vai pensar que, com o talento que tem, se tivesse feito e passado naquela peneira lá no infantil do Corinthians, poderia hoje estar na primeira divisão do Brasil. Isto lhe causa frustração.

Já o Messi, repito, possivelmente, não pensa em como teria sido sua carreira se, ao invés de ter ido para a Europa aos 13 anos de idade para jogar no Barcelona, tivesse ficado jogando onde já estava, no Newell's Old Boys, ou então se tivesse ido para o River Plate, clube para o qual foi oferecido antes de ir para a Espanha [na verdade, para a Catalunha].

Aos 11 anos de idade, Messi foi diagnosticado com um problema hormonal que retardava o seu desenvolvimento ósseo, para o tratamento do qual fazia-se necessário um procedimento especial e, por isso mesmo, um tanto caro. O Newell’s não quis custeá-lo. Então o pai do garoto ofereceu seu futebol ao River Plate, em troca do tratamento. Este também o recusou. Quem arcou com o tratamento do menino foi o Barcelona. O resto da história todos nós sabemos.

O que nós não sabemos é como teria sido a história de Messi em, no mínimo, três hipóteses: primeira, se ele tivesse continuado no Newell’s; segunda, se ele tivesse ido para o River Plate; terceira, se ele tivesse desistido de jogar profissionalmente. Ele poderia, independente de em qual destes clubes estivesse, ter feito o mesmo tratamento e jogado a mesma bola que ele joga? Claro, é possível. E, jogando na Argentina, poderia ter sido vendido para a Europa depois e ganhado as mesmas, por enquanto, 05 bolas de ouro que ganhou? Sim, é possível. Mas nós nunca saberemos. Messi nunca saberá. E isto não lhe importa, pois ele vive a vida que queria viver. Ele atingiu seus objetivos. Isto não lhe causa frustração.

No caso do aspirante a jogador hipotético, as suas vidas-não-vividas sempre assombrarão a sua vida-vivida. No caso de Messi, como presumimos, não há vida-não-vivida a lhe assombrar a sua vida-vivida, pois que esta última corresponde plenamente à sua vida mental; ou seja, a sua vida mental não dá conta de uma ou outra vida que ele não viveu, pois dentro de seu propósito de vida [ser jogador de futebol profissional], a sua vida-vivida realizou-se em plenitude; ela preenche toda a sua mente.

Este é apenas um exemplo, mas cuja estrutura pode ser usada e alargada para todo e qualquer círculo da vida, qualquer setor de atividade humana. Ele é um exemplo emblemático, excepcional, que deve ser utilizado apenas como parâmetro, claro. Mas a mesma forma de pensá-lo, isso sim, pode ser aplicada em nossas próprias vidas, de “reles mortais”.

O fato de existir necessariamente uma [e apenas uma] vida-vivida, e potencialmente uma ou mais vidas-não-vividas, provoca em nós uma condição de permanência intermediária entre aquela e estas, que em última análise é a causa real de nossas frustrações.

Vivemos, mesmo que não o percebamos, entre a vida de que dispomos e as vidas que gostaríamos de ter, sempre divididos entre elas, nunca completos em uma ou em outras. As vidas-não-vividas são aquelas vidas paralelas, que jamais aconteceram de fato, aquelas que vivemos em nossa imaginação, aquelas com as quais sonhamos e nas quais nos pegamos pensando com frequência.

De que elas se constituem? Basicamente, elas formam-se de dois elementos: daquilo que, podendo escolher, não escolhemos; e daquilo que, não podendo escolher, já nos foi imposto.

Por exemplo, um dos fatos muito lamentados em alguns ambientes virtuais que se dizem da Real é a má genética. A genética é um fato sobre o qual não temos qualquer poder de escolha, a priori. Ao menos, no que se refere ao genótipo [já que sobre o fenótipo temos alguma influência]. Então, se eu nasci com olhos verdes ou castanhos, com o biotipo A ou B, com 1,90m ou 1,60m de altura, não há o que eu possa fazer sobre tal fato. Ponto. [Até há, como usar lentes de outra cor, sapatos com saltos, roupas largas/apertadas, etc., mas isto não modifica a essência da coisa].

Portanto, as frustrações geradas por vidas-não-vividas em razão de circunstâncias completamente alheias ao toque de nossa vontade, devem também ser trabalhadas por nós, pois são tão prejudiciais quanto as frustrações derivadas de vidas-não-vividas em razão de escolhas nossas. Mas, sobre estas últimas, o condão de nossa vontade pode [e deve] atuar com mais vigor.

Assim, uma outra reclamação muito recorrente, que é a da timidez, não pode ser tratada com o mesmo impacto com que é tratada a questão da genética, pelo simples motivo de que sobre o acanhamento nós podemos [e devemos] exercer toda a força do nosso arbítrio.

No que depende de nossas escolhas, o que forma as nossas vidas-não-vividas são: os riscos que não corremos; as oportunidades que dispensamos; os contatos que evitamos; os sofrimentos dos quais nos desviamos; o trabalho de que abrimos mão; as pessoas de quem nos afastamos; em suma, os caminhos que não percorremos por não estarmos dispostos a pagar o preço necessário para segui-lo [pois cada caminho, em qualquer direção, que escolhemos percorrer na vida, nos cobra um preço em conformidade com a sua natureza e extensão].

As vidas-não-vividas, portanto, são assim consideradas porque acreditamos que, em algum momento, elas nos foram oferecidas, mas por alguma razão qualquer não nos foi possível vivê-las. E tudo o que não se faz possível passa a ocupar facilmente um espaço grande em nossa mente; tudo o que não é possível se torna um tema recorrente em nossa vida.

Daí, existem duas consequências possíveis: a nossa vida-vivida se torna um luto prolongado; ou ela se converte em um infindável rosário de queixas e lamúrias por aquilo que não fomos capazes de viver. No primeiro caso, tem-se o torpor, a inércia, a apatia; no segundo caso, há uma energia, mas mal direcionada, enfurecida, revoltada, que provoca tão ou mais prejuízo que a debilidade.

Em resumo, o que temos até agora: não nos é possível viver tudo, logo, escolhemos sempre o que viver. Ao escolher o que viver, necessariamente, abrimos mão de tudo o que não é aquilo que escolhemos viver. Junto a isso, as circunstâncias exteriores nos impõem limites que definem, por eles mesmos, o que vamos viver em dado ponto. Tudo isso cumulado faz com que tenhamos uma vida que vivemos no mundo real e uma ou mais vidas que não vivemos no mundo real, mas que habitam a nossa vida mental, de uma ou de outra maneira. A vida mental abrange a soma da vida-vivida e das vidas-não-vividas, mesmo às que não chegamos pelo puro intelecto, mas que atingimos pela intuição. O abismo entre a vida-vivida e as vidas-não-vividas é a causa primária das frustrações que carregamos. Estas frustrações assumem diversas formas que nos incomodam em tudo que fazemos na vida-vivida, ora mais, ora menos, conforme o bom ou o mau controle que impomos sobre a sua manifestação. Tudo o que é frustração torna-se tema recorrente em nossa vida-vivida. Essa recorrência da frustração nos faz entrar ou em um estado de luto, em que se nos paralisam as forças, ou em uma condição de lamúria continuada e revoltada, em que nossas forças são desperdiçadas por falta de boa direção. Estas duas disposições interiores nos são prejudiciais e nos impedem de viver mesmo o que ainda é possível na vida-vivida, limitando-a ainda mais.

Isto posto, avancemos.

(CONTINUA...)
"Trata de saborear a vida; e fica sabendo, que a pior filosofia é a do choramingas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas. O ofício delas é não parar nunca; acomoda-te com a lei, e trata de aproveitá-la." - Trecho de Memórias Póstumas de Brás Cubas
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#2
16-09-2016, 08:42 PM (Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 16-09-2016, 08:43 PM por PRAGAKHAM.)
Se vc deixou de acreditar nas expectativas dos outros , não sendo a sua, vc ja tem metade da real implantada no teu ser! E seco amargo, sem sal, sem doce, sem alegria, sem sem dor, e apenas algo transparente que a vida lhe deu autenticando seu propio ser.
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Offline Machado de Assis
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#3
16-09-2016, 10:11 PM
Opa, não vi que o tópico já tinha sido aprovado. Vou postar mais uma parte então.

(CONTINUAÇÃO)

A frustração, ao mesmo tempo em que é causada pelas vidas-não-vividas, também revela-lhes o conteúdo. Assim, para identificarmos qual vida-não-vivida nos assombra naquela questão, basta que estudemos a frustração que nos anima, descobrindo-a nela. Os exemplos vão ao infinito, pois as vidas-não-vividas também são incontáveis. Vamos apreciar alguns deles, para fixar melhor a ideia.


EXEMPLO 1.

Um indivíduo “mangina” está frustrado por não ter um corpo bonito aos olhos das mulheres, que lhes atraia os olhares desejantes. Esta frustração revela que a vida-não-vivida que o assombra é aquela na qual ele deveria ter começado a se exercitar mais metódica e sistematicamente aos 14 anos, deveria ter começado a fazer natação aos 12 anos para desde cedo alargar os ombros, deveria ter feito artes marciais desde os 16 anos, e por aí vai.

De outro lado, esta vida-não-vivida que lhe frustra também foi determinada, em dada medida, por fatores externos independentes da vontade dele, como o fato de ele não ter nascido com os genes formadores de caracteres mais belos, de um corpo mais propenso ao ganho de massa muscular e perda de gordura, de simetria facial, etc.

Mesmo que não tome consciência disso, num plano subconsciente esta vida-não-vivida assombra e atormenta o indivíduo atrozmente, impedindo-o de viver o melhor possível a vida-vivida, que é a dele e a única “vivenciável”. Então, se a frustração lhe paralisa as forças, conduzindo-o à inércia, ele vai engordar, vai perder força e disposição, vai forjar doenças, etc. Se a frustração o conduz à revoltosa lamentação, mesmo munido de energia, ele não saberá direcioná-la, o que além de não fazer com que ele tenha o corpo que deveria estar forjando desde os 12 anos de idade, ainda o impedirá de construir o corpo que ainda é possível construir a partir de agora, mesmo que com vários anos de atraso e sem a mesma qualidade que o corpo da vida-não-vivida atingiria, por inúmeros motivos.

Situação: A vida-vivida é aquela em que ele está fora de forma, simples assim. A vida-não-vivida, a que habita a sua mente dividindo espaço com a vida real, sobrepujando-a na maior parte das vezes, é aquela na qual ele se vê alto, bonito, forte. Mas é uma imagem pálida, esvoaçante, pois logo ele percebe não ser assim. Essa é a tal condição intermediária, em que ele se da conta que vive uma pensando na outra. Nunca inteiro em nenhuma das duas.

Solução proposta: Linhas gerais, a solução para casos de frustração sempre será a decisão de fincar os dois pés em uma só, haja vista que o indivíduo encontra-se com um pé na vida-vivida e o outro pé na vida-não-vivida. Assim, ele deve mensurar e decidir entre: fincar os dois pés na vida-não-vivida, avaliando o quanto dela pode ser ainda recuperada e trazida para a vida real, numa valor sempre abaixo [bem abaixo, em geral] de 100%, pois sempre se perde algo que não se viveu; ou fincar os dois pés na vida-vivida, que é a vida real, esquecendo-se de vez das vidas-não-vividas que lhe atrapalham.

Neste caso, então, o “mangina” deveria se decidir e escolher. Deve avaliar a imagem que tem de si mesmo na vida-não-vivida e identificar o que é possível realizar dela. Ele não vai ter 1,80m de altura, óbvio. Não terá os olhos verdes. Ou tê-los-á, se fizer uso de lentes de contato. Vai pensar sobre isso. Não terá a mesma qualidade muscular que teria se a desenvolvesse desde jovem, mas ainda assim é possível ter músculos, força, simetria corporal. Não perderá gordura com a mesma facilidade com que perderia na juventude, mas ainda assim é possível perdê-la.

Ou, então, deve voltar mais para dentro de si mesmo, descobrindo objetivos outros que não aquele que motiva e orienta a vida-não-vivida que o atormenta. Ou seja, descobrir em si mesmo propósitos outros que não atingir o sumo da beleza física com o fim de atrair a atenção e o interesse femininos. Em suma, viver a vida real que já é a sua, buscando nela mesma meios de desenvolver-se. Assim, ele poderia apenas cuidar de sua saúde o bastante para ter mais tempo e disposição, não necessariamente “beleza”. Poderia estudar sobre o que gosta [afinal, ele nem gostava de musculação e nutrição, o faria apenas pelas mulheres], a fim de encontrar uma boa profissão, que lhe fizesse sentir-se realizado por produzir bem à sociedade, e bem a si próprio. Afinal, o trabalho é o elemento que engrossa o fio da vida.

A solução para lidar com a frustração sempre será, em última análise, fazer um ajuste de expectativas. Ou se pisa com os dois pés na vida-vivida, ou se faz o mesmo com a vida-não-vivida que deu causa à frustração, sabendo desde já que terá apenas uma parcela dela, devendo para tanto pagar um preço que, talvez, inviabilize esta decisão na prática. No fim das contas, é mais uma escolha a ser tomada, com novos caminhos escolhidos e, logicamente, uma nova direção para a única vida-vivida [a real] e, por conseguinte, novas vidas-não-vividas deixadas para trás.

O ponto é fazer com que a vida-vivida supere, em realização, o que a vida-não-vivida poderia, em imaginação, nos oferecer. A chave encontra-se aqui.


EXEMPLO 2.

Outro cara está frustrado porque está namorando uma garota que, apesar de ser uma ótima namorada, não era mais virgem quando ele a conheceu. Esta frustração revela que a vida-não-vivida que o atormenta é aquela na qual ele deveria ter iniciado o seu desenvolvimento emocional e ter se envolvido afetivamente com o sexo oposto quando mais novo, devendo para tanto ter tido mais contato com garotos e garotas de sua idade, e não ter ficado tanto tempo em casa sem a presença de crianças por perto.

Isto, porque a virgindade é um tabu durante a adolescência, fase na qual meninos e meninas, cada um a seu modo, imaginam, planejam e realizam a sua primeira relação sexual. Em um jovem saudável, depois de experimentada a “primeira vez”, o sexo assume um papel de menor relevância, em comparação ao que era até a perda da virgindade. Então, para um jovem rapaz, faz todo o sentido experimentar as delícias do sexo, na primeira vez, com uma garota que também ainda não as experimentou; é uma descoberta em conjunto, é uma permuta de sensações e impressões inéditas para cada um. De fato, nesta idade e fase da vida, não há nada comparado a isso.

Só que para um mancebo de seus 20 e tantos anos este pensamento já não corresponde à sua necessidade; ou, ao menos, não deveria corresponder, se ele tivesse passado por todas as fases da infância e adolescência aproveitando-as ao máximo. “Coroas” assim preocupados com virgindade da mulher, inconscientemente desejando aquela moçoila de 15 anos que não pôde ter quando tinha os seus 16, existem em razão dessa dissonância, desta posição intermediária fincada entre a vida-vivida e a vida-não-vivida que ficou lá atrás, apenas em potencial, visto que não se realizou.

Aqui também a frustração pode provocar aquele seu duplo efeito: ela pode paralisar as forças do indivíduo, ou pode imergi-lo na revolta. Assim, ao não ter as suas experiências sexuais iniciais vividas do modo e no momento adequado, o frustrado acaba caindo em um estado de desânimo que o faz afastar-se [inconscientemente ou não] das mulheres, evitando relacionar-se com elas, pois não as encontrará mais virgens após os seus 18 anos de idade, se elas forem saudáveis e normais. Só as encontraria nesta condição antes de seus 18 anos [ao menos com uma probabilidade maior], mas como a vida é sempre mais complexa do que a pura teoria, as vidas-não-vividas mal enterradas em seu ser se relacionam e se interpenetram umas às outras, provocando efeitos combinados e mais fortes.

Ou seja, além desta vida-não-vivida relativa à ausência de um desenvolvimento sexual normal na primeira juventude, a vida-não-vivida atinente ao exemplo acima do “mangina”, bem como outras vidas-não-vividas, se relacionam para impactar o peso da sua frustração.

Portanto, ele se frustra por não ter tido sua iniciação lá atrás com uma novinha também virgem, para descobrirem juntos as nuances do sexo, de modo a livrar-se deste mito, e também se frustra por não ter condições de, em virtude de não ter construído um corpo atraente ou não ter nascido com os caracteres da beleza ínsita aos genes, atrair as novinhas virgens de hoje, para realizar o que deveria ter sido feito há mais de década.

Situação: a vida-vivida é aquela em que o rapaz não dá-se bem consigo mesmo, e nem com outras mulheres, se analisar a fundo, pois sempre vai estar preocupado com a [ausência da] virgindade delas. Nenhuma relação que travar com elas será mais que superficial, sem sentido, vazia, puramente voltada à satisfação dos seus instintos mais grosseiros. E, se for um pouco mais profunda, será incompleta, angustiante, preocupante, pois que a vida-não-vivida o atormentará sobre isso. A vida-não-vivida é aquela em que ele conheceu uma mulher da sua idade, jovem, “novinha”, e com ela descobre as nuances do sexo, não mais preocupando-se com este tabu da virgindade, entendendo que este critério não é mais que relativo para encontrar uma boa parceira com quem dividir a vida, as responsabilidades e os ideias.

Solução proposta: Aqui, a escolha clara é mais reduzida em suas possibilidades. Só lhe é possível fincar os dois pés com vigor na vida-vivida, pois se tentasse fazê-lo na vida-não-vivida, perder-se-ia em uma procura inócua, pelos motivos alinhados no exemplo: as moças normais e saudáveis, após a adolescência, não serão mais virgens. Somente as mais novas, bem mais novas, poderão ainda sê-lo. Mas a estas não teria acesso, pela dissonância de interesses, de foco.

O melhor seria, claro, entender a sua condição, focar sua vida em seus propósitos plausíveis, olhar para outros critérios de escolha, a fim de não perder a grande oportunidade de conhecer boas e belas pessoas, exterior e interiormente, em razão de um preconceito forjado por uma vida-não-vivida que o assola.

Vejamos. Uma frustração é decorrente de uma vida-não-vivida, que continua agindo sobre aquela até que se faça algo para neutralizar-lhe a influência. Todavia, sobre aquela frustração não recai apenas o impacto da vida-não-vivida que lhe deu causa, mas também outras vidas-não-vividas incrementam a mesma frustração, causada por apenas uma delas. E isso vale para todas. De modo que no todo, cada vida-não-vivida gera uma frustração que lhe corresponde, e toda frustração é reforçada por todas as demais vidas-não-vividas, não somente por aquela que lhe deu causa.
A coisa toda vai ficando cada vez mais complicada, e é justamente aqui que não devemos nos deter, mas sim perseverar na reflexão. Para tanto, segue mais uma hipótese.

(CONTINUA...)
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#4
18-09-2016, 02:37 PM
EXEMPLO 3.

Um jovem, inteligente e sagaz o suficiente para buscar respostas às suas questões existenciais por ele mesmo, encontra na internet materiais relativos a uma apodada libertação, pela qual ele deveria passar em sua própria vida, bem como relatos de outros jovens em situações similares às suas que passaram por essa libertação e então começaram a contar para os demais como isso se deu.

Nestes materiais, também, este jovem aprecia termos, conceitos e ideias novas sobre a vida que ele achava ser a melhor para si. Descobre que existe uma instância que, de alguma forma ainda não muito clara, faz com que as coisas verdadeiras permaneçam sob um véu, mascaradas, em benefício de um dado grupo da sociedade a quem interessa este status quo. Deram o nome a esta instância de Matrix.

Depois de ler, reler, e reler mais uma vez todo o material que fora-lhe apresentado, nosso jovem começa a relacionar os fatos nele apontados com as coisas que aconteceram e acontecem em sua própria vida, percebendo que tudo o que foi lido faz todo o sentido agora.

Com o tempo, ele percebe que este material é mais largo e mais robusto do que ele imaginava, podendo encontra-lo, na verdade, em mais de um lugar, em posse de mais de um grupo de pessoas, dando-se conta de que o número de pessoas que conhecem a verdade é maior do que ele imaginava.

Para ele, nestes grupos existem os espécimes mais bem sucedidos com que pode travar contato e relações. Ele se encanta. Cada um fala/escreve melhor que o outro; cada um traz uma experiência mais rica ou, como gostam de dizer neste grupo, mais “foda” que a outra; cada um demonstra com mais competência o resultado que nosso jovem espera encontrar quando ele, então, conseguir sair de vez da Matrix.

Mas é difícil, eles dizem. Sair da Matrix demanda muito tempo, reflexão, estudo, prática, tombos, reerguimentos. Vai demorar muito - eles avisaram. Você vai ter que ralar muito - eles disseram. Se você não tiver muito cuidado, pode não conseguir, pois a Matrix é muito forte e traiçoeira - eles alertaram. E, assim, perseverou o nosso jovem nesta jornada.

Neste processo, ele tomou contato com vários termos que julgou interessantes, definidores, retratando fielmente em uma simples expressão ideias as mais complexas. Foi assim que ele descobriu ser um “beta”. Descobriu que os betas são aqueles que mais sofrem neste mundo, em razão de alguns fatores, tais como: os betas, primeiramente, são feios; eles são pobres materialmente e também mentalmente; são tímidos e tansos; são inabilidosos nas relações sociais, tendo, por isso mesmo, dificuldades no trato com as outras pessoas, principalmente com as mulheres; por serem a somatória de todos estes fatores, eles não são nada atraentes às damas, ao contrário, eles lhes são repelentes. Como um conceito pode encaixar tão bem em uma vida? – pensou o nosso jovem.

A partir de agora este jovem é, assumidamente, um beta. Mas isso não é bom, apesar de confortador, em vista da ciência tomada de que está cercado de betas por todos os lados. Isso não é bom, porque além dos embaraços decorrentes das próprias características betianas, há um grupo cuja existência tem por fim único infernizar a vida dos betas, jogando-lhes às fuças, a todo o tempo, o quão inferiores são: o grupo dos alfas.

Os alfas são o exato oposto dos betas: eles são bonitos, ou ricos, ou fortes mentalmente, ou habilidosos socialmente, ou duas ou mais características destas ao mesmo tempo. Assim, o seu carisma é imenso. O seu magnetismo, irresistível. As portas se lhes abrem em qualquer momento e sob quaisquer circunstâncias. Os [i]alfas[/i] detêm o poder social. E também o poder sexual. Sim, pois, toda e qualquer mulher atirar-se-á aos pés de um alfa, qualquer que seja ele. Para um alfa, aprendeu com surpresa o nosso jovem, qualquer mulher do mundo oferecerá o melhor de si mesmo; quando em relação com um alfa, não haverá para mulher alguma freios morais, sociais, familiares... freios de nenhuma espécie travam-lhe a marcha altaneira até os domínios de um alfa.

Com tanta verdade em seu íntimo, o jovem ficou de início um pouco aturdido, mas com o tempo foi-se aquietando e pensando. E pensando, inculcou na mente que era de fato um beta. E acreditando nisso, tal como Don Quixote acreditara ser um cavaleiro, partiu para a sua “cavalaria” no mundo, retratando, com a mesma fidelidade com que o protagonista de Cervantes narrou os feitos do Cavaleiro da Triste Figura, as suas próprias proezas como itinerante liberto da matrix no mundo real.

A equação era muito simples: o alfa detêm um poder de barganha [ele gostou deste termo] muito superior ao de qualquer mulher e, conforme esta lei matemática da vida, um poder de barganha maior necessariamente atrairá um poder de barganha menor. Ora, então é muito simples – pensou nosso jovem. Basta que se aumente o próprio poder de barganha, e então pode-se atrair uma gama mais ampla e diversificada de mulheres, e assim sucessivamente enquanto se aumente este poder.

A questão agora estava em um outro patamar: será que é possível a um beta aumentar o seu próprio poder de barganha para atrair mais mulheres? E, como sempre, pesquisando no material que o libertou e nas pessoas que lhe ditam cátedra, ele descobriu que era sim possível fazê-lo, com a aplicação de uma ferramenta, que os seus orientadores chamam de desenvolvimento pessoal.

Pronto, agora a equação estava fechada. Bastava ao nosso jovem ir atrás de seu desenvolvimento pessoal que isto resultaria em um aumento no seu poder de barganha, com a consequente ampliação de sua capacidade de atrair mulheres. Ele sabia que nunca chegaria ao patamar de um alfa [afinal, era por natureza um beta, e isso é irremediável, conforme aprendera], mas que deveria se esforçar o mais possível em fazê-lo, pois isso significaria que ele chegaria ao máximo possível de seu próprio poder de barganha, aí muitas mulheres se lhe atirariam aos pés, desnudas e excitadas.

Mas, com o tempo, nosso jovem percebe que, na vida real, nem tudo é tão simples como a pura teoria o fez crer. As pessoas são muito mais complexas do que imaginava e, por isso mesmo, imprevisíveis em suas manifestações. Percebeu, a muito custo, que as pessoas não podem ser catalogadas em categorias A ou B, pois a catalogação apropriada presume que os objetos registrados sejam estáticos, diferentemente do que é o ser humano, dinâmico, vivo, um mundo em si mesmo.

Então, começou a perceber que a sua própria classificação – beta – não deveria dizer muito acerca da vida real em que vivia. E, agora, o que fazer com o desenvolvimento pessoal? Se o seu único objetivo era aumentar o próprio poder de barganha, agora que descobriu que isso não significa, por si só, aumento na atração feminina [e, se o significa, que isso não influencia em nada a sua qualidade de vida autêntica], por qual motivo deveria ele desenvolver-se?

Em meio a estas reflexões, o jovem vê-se estagnado. Ele trabalha, ganha dinheiro, junta o que sobra, tenta até mesmo investi-lo em algo que lhe renda mais dinheiro, conforme aprendeu. Ele estuda, se aprimora, tenta pensar melhor, mas ainda assim tem algo que o incomoda, lá no fundo de sua mente. Ele se exercita, faz dieta, tenta melhorar tanto a saúde quanto a aparência, mas agora se vê perdido em meio ao processo. Algo o incomoda. Sendo até mais contundente, algo o infelicita.
Por que, mesmo em meio ao desenvolvimento pessoal que, a seu ritmo, prossegue o seu curso, o nosso jovem ainda se sente vazio, por vezes fraco e desanimado? A pergunta correta deveria ser: por que o nosso jovem se sente frustrado?

Como vimos, a frustração é engendrada por uma posição intermediária em que nos colocamos, entre a nossa vida-vivida, inevitável e única real, e as vidas-não-vividas que povoam nossa mente, consciente e subconsciente. Neste caso em específico, é um conjunto intrincado de vidas-não-vividas inter-relacionadas que causa esta frustração, que é uma frustração abrangente de toda a condição de vida atual do jovem.

Para disseca-las, devemos ir passo a passo.

Primeiramente, quando o jovem hipotético toma conhecimento do material acima aludido, no qual descobre que é prisioneiro de um sistema que supostamente lhe explora e usa como engrenagem para seu próprio funcionamento, ele se encontra em um estado psicológico inadequado. Afinal, ele não procuraria respostas, sejam lá quais forem as perguntas, se a sua vida não estivesse instável, desregulada, caótica. Partindo desse princípio, podemos adivinhar em quais pontos e por quais motivos sua vida bagunçou-se.

Normalmente, quando um jovem encontra este material, ele vem de um relacionamento malsucedido com alguma donzela, no qual pode ter sido alvo das mais variadas infelicidades: traição, indiferença, desconsideração, chateação, etc. E, o que faz um rapaz sofrer todas estas desditas? Se as mulheres são as mesmas, em sua generalidade, por que uns homens sofrem em suas mãos e outros não sofrem? Ora, se a mesma causa produz efeitos diversificados, suspeitamos que a causa inicial encontra outras causas ao longo do caminho, diferentes umas das outras, acarretando em resultados distintos entre si.

No exemplo do nosso jovem, o seu sofrimento amoroso decorreu de um envolvimento com uma mulher que, conforme alertara-lhe seu instinto lá no início, não era uma boa pessoa com quem relacionar-se a nível afetivo. Mas a carência falou mais alto e o rapaz conferiu à dama a honra da sua presença, enchendo-lhe [em todos os sentidos], com presentes, cartas, flores, declarações, enfim, romantismo, na esperança de que assim pudesse conquista-la de vez e, após, manter sempre acesa a chama do amor. Só que, desde o princípio, nosso jovem percebeu que suas atitudes não produziam o efeito desejado, pelo contrário, estavam afastando mais e mais a jovem.

Percebendo isso, ele começou a preocupar-se, no início ainda de leve, mas com o tempo as preocupações foram se avolumando e, agora, o desespero já tomava conta da mente do pobre jovem. Quanto maior o desespero, mais desesperadas eram as atitudes dele em relação à amada. E, quanto mais eram exasperadas as suas atitudes perante ela, mais ela queria afastar-se dele, até que o afastamento foi definitivo. Ela não suportou mais a presença, antes honrosa, agora pegajosa, ou “grudenta”, como ela costumava dizer. Não suportou também todo o transporte de amor e carinho, antes “fofo”, agora “afrescalhado”. Ela rompeu a relação com ele. Ele ficou arrasado. Nunca mais iria encontrar alguém como ela. Nunca mais ninguém o amaria; ele não mais amaria ninguém.

Agora, que não era mais um paspalho, que tomou por mantra o desenvolvimento pessoal, que não é mais feito de otário por mulher nenhum, que nenhum cara se cria mais em cima de si, enfim, agora que era liberto da matrix e cuidava de seu desenvolvimento pessoal, alguma peça parecia faltar no quebra-cabeças. Algo estava vazio. Sua vida estava destituída de sentido.

Tal como a Esfinge quando propôs a Édipo o seu enigma: “ou o decifras ou te devoro”, sugerimos a indagação medular desta reflexão: quais as frustrações seriam capazes de produzir semelhante estado de coisas na mente desse jovem? Seria o mesmo que perguntar: quais são as suas vidas-não-vividas que o atormentam e estagnam o seu desenvolvimento pessoal? Como se a questão da frustração fosse uma nova versão do enigma da Esfinge, ao invés da alternativa “ou decifras o enigma ou te devoro”, a frustração, moderna esfinge, nos provoca: “decifra-me, enquanto te devoro”.

Situação: Questão filosófica.

Solução possível: Questão filosófica.

A filosofia não é onde se chega; é de onde se parte. Que os confrade possam, por si mesmos, fazer este caminho, tal como pretendo fazê-lo. Que o pensar a própria vida nos beneficie e nos ajude a viver mais e melhor.

Obrigado pela oportunidade, e um abraço a todos!
"Trata de saborear a vida; e fica sabendo, que a pior filosofia é a do choramingas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas. O ofício delas é não parar nunca; acomoda-te com a lei, e trata de aproveitá-la." - Trecho de Memórias Póstumas de Brás Cubas
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#5
18-09-2016, 06:15 PM (Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 18-09-2016, 06:28 PM por Marcílio.)
terminou?
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#6
18-09-2016, 07:41 PM
Sim, confrade. È finito.

Queria apenas abordar este impacto da frustração no desenvolvimento pessoal de um indivíduo, bem como meios de utilizá-la em proveito próprio.

Mas como é uma reflexão, não tem ponto final, é mais uma base que serve de ponto de partida, para que se alguém mais pensar em algo e se interessar em colaborar, possa comentar e compartilhar ideias conosco.
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Offline cabraman
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#7
18-09-2016, 09:21 PM
Pohaannnnnn vou me preparar pra ler essa bíblia yaoming
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#8
19-09-2016, 06:27 PM
Li o texto, vou reler novamente quando der.

Mas vou aproveitar o gancho e emendar logo uma pergunta, até porque eu sei que tu trabalha como coach de maneira não profissional.

Tu não acha que essa literatura de auto-ajuda que diz que vc atrai o que vc pensa, acaba criando expectativas surreais que a pessoa tem de si mesmo e deturpar tal a imagem dela que acaba criando frustações por não conseguir atingir esses modelos ?

Se nós fossemos fazer um levantamento que afetam nosso psicologo por influências externas, tenho quase certeza que em se tratando de desenvolvimento pessoal, essa literatura de auto-ajuda inconsequente e picareta seria reconhecida como uma das mais graves a criar esse mar de frustrações.
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#9
19-09-2016, 09:15 PM
Belo tópico.

Começando mais ou menos pelo fim, poderia comentar que:

>No exemplo 1, tá correto, ainda se pode fazer uma melhoria no desenvolvimento de aparência com academia, esportes, como falado, lógico ajustado ás condições, tanto financeira quanto especialmente de idade, que vão limitar a consecução desse objetivo.

>No ex. 2, um pequeno adendo é que não tem como ajustar razoavelmente á realidade com aquela meta do passado, pois além dos condicionantes falados, com suas discrepâncias, tem o aspecto legal até, então aí um ajuste de expectativas se impõe de modo sem muita margem de 'negociação'.

>No ex. 3, talvez também não concordemos 100%, pois o neófito do exemplo, pensava ter conhecido a Real, mas dado seu 'vazio' e noção de 'desenvolvimento pessoal', de fato ainda precisa avançar muito pra entender o que é proposto como desenvolvimento na Real (que não tem necessariamente obrigação com mudança de estado civil).

Bem, agora falando do início (primeiro post do tópico) de fato, as lembranças de situações em que poderíámos ter escolhido diferente, e em tese, seguir um caminho mais próspero, só são benéficas se nos servirem de aprendizado mesmo.

Como reminiscência não ajudam, pois não servirão como novos objetivos, uma vez que estes tb são ajustados ás situações novas, contemporâneas que se apresentam como resultado das escolhas já consolidadas.

Somente travam nosso caminhar, e nisso talvez, os confrades que tem maior tempo e experiência (por logicamente terem tido mais situações de escolha e decisão) tenham uma percepção diferente dos mais novos, tratando-se do último parágrafo desse post.

Novamente parabéns pelo tópico, que pode ajudar até pra que outros tópicos aqui do fórum não fiquem por demasia extensos sem necessidade.
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Offline Machado de Assis
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#10
19-09-2016, 10:45 PM
(19-09-2016, 06:27 PM)Mondragon Escreveu: Li o texto, vou reler novamente quando der.

Mas vou aproveitar o gancho e emendar logo uma pergunta, até porque eu sei que tu trabalha como coach de maneira não profissional.

Tu não acha que essa literatura de auto-ajuda que diz que vc atrai o que vc pensa, acaba criando expectativas surreais que a pessoa tem de si mesmo e deturpar tal a imagem dela que acaba criando frustações por não conseguir atingir esses modelos ?

Se nós fossemos fazer um levantamento que afetam nosso psicologo por influências externas, tenho quase certeza que em se tratando de desenvolvimento pessoal, essa literatura de auto-ajuda inconsequente e picareta seria reconhecida como uma das mais graves a criar esse mar de frustrações.

Sim, concordo. Este tipo de literatura, se consumida inadvertidamente, sem que se passe o seu conteúdo pelo crivo da razão, acaba levando o indivíduo a superestimar as suas condições, capacidades e situação de vida, o que acarreta a criação de outra vida-não-vivida, na qual se prende da mesma maneira que a outras.

Por exemplo, se eu acreditasse cegamente neste “mito do potencial ilimitado”, poderia julgar-me apto a ser um ministro do STF [como muitos pensam, sob brincadeira ou não, lá no primeiro período do curso de direito, e o confrade sabe disso], coisa da qual eu tenho a noção clara da impossibilidade real. Isso serve para qualquer campo.

Não, nem todo mundo tem o mesmo potencial. Não é “só” estudar que você chega lá. Para chegar, óbvio, é imprescindível o estudo sério, metódico e extenso, mas isso não é garantia de nada, só é pressuposto. Se as pessoas tivessem mais consciência de suas próprias capacidades/possibilidades [ que se dá por meio de uma franca e destemida autoanálise], elas seriam mais realizadas e, por conseguinte, menos frustradas.

Eu mesmo venho passando por este processo de reajuste de expectativas. Venho me dando conta de que algumas coisas que julgava poder, eu não posso. Simples assim. E isso não tem nada de desmotivação, ao contrário. Senti-me mais animado, revigorado, como se soubesse exatamente o que e como fazer, da melhor maneira para mim mesmo.

Hoje sei com mais clareza que não posso, em razão de características pessoais próprias, ser um profissional de grande relevo em dada área, o que no início foi bem frustrante. Mas trabalhando a frustração, pude aprender a direcionar a minha ação para outra área, em que eu me realizo, tendo ou não um grande relevo.

Isso é como se eu fosse a Ponte Preta no BR-16. Eu entendo até onde posso ir se fizer o máximo, e esse ajuste de expectativas me fez muito bem ao espírito, haja vista que vivo mais leve e faço o melhor no que é possível. Diria mais, isso é libertador!


(19-09-2016, 09:15 PM)Baralho Escreveu: Belo tópico.

Começando mais ou menos pelo fim, poderia comentar que:

>No exemplo 1, tá correto, ainda se pode fazer uma melhoria no desenvolvimento de aparência com academia, esportes, como falado, lógico ajustado ás condições, tanto financeira quanto especialmente de idade, que vão limitar a consecução desse objetivo.

>No ex. 2, um pequeno adendo é que não tem como ajustar razoavelmente á realidade com aquela meta do passado, pois além dos condicionantes falados, com suas discrepâncias, tem o aspecto legal até, então aí um ajuste de expectativas se impõe de modo sem muita margem de 'negociação'.

>No ex. 3, talvez também não concordemos 100%, pois o neófito do exemplo, pensava ter conhecido a Real, mas dado seu 'vazio' e noção de 'desenvolvimento pessoal', de fato ainda precisa avançar muito pra entender o que é proposto como desenvolvimento na Real (que não tem necessariamente obrigação com mudança de estado civil).

Bem, agora falando do início (primeiro post do tópico) de fato, as lembranças de situações em que poderíamos ter escolhido diferente, e em tese, seguir um caminho mais próspero, só são benéficas se nos servirem de aprendizado mesmo.

Como reminiscência não ajudam, pois não servirão como novos objetivos, uma vez que estes tb são ajustados ás situações novas, contemporâneas que se apresentam como resultado das escolhas já consolidadas.

Somente travam nosso caminhar, e nisso talvez, os confrades que tem maior tempo e experiência (por logicamente terem tido mais situações de escolha e decisão) tenham uma percepção diferente dos mais novos, tratando-se do último parágrafo desse post.

Novamente parabéns pelo tópico, que pode ajudar até pra que outros tópicos aqui do fórum não fiquem por demasia extensos sem necessidade.

Eu tencionava exatamente isso, que cada um tivesse sua própria apreciação acerca dos casos propostos. Não há uma forma certa, há formas de trabalhar e reverter a frustração, quaisquer sejam os caminhos que se tomem para tanto.

Então, nesse exemplo 3 não houve discordância e nem concordância entre nós, pois apenas apresentei um caso. A avaliação sobre ele caberia a cada qual, tal como o confrade fez.

No que disse após, concordo com tudo. A atenção focada em um passado imodificável não nos conta de nada. O que conta é a análise deste passado, mas distantes emocionalmente dele, para apreciá-lo no máximo de lições que ele nos oferece.

De resto, fiquei satisfeito pela sua participação.
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Offline Gângster
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#11
20-09-2016, 07:44 AM (Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 20-09-2016, 03:36 PM por Gângster.)
Tópico de altíssimo nível, Parabens ao autor. Acho que ele deveria ser fixado.
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Offline Héracles
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20-09-2016, 01:12 PM (Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 20-09-2016, 01:14 PM por Héracles.)
Grande Don. Reflexão fantástica, escrita de uma forma cristalina e lúcida. Parabéns pelo grande tópico. Todos devim ler isso. Realmente fica difícil argumentar alguma coisa, uma vez que os pontos abordados foram muito bem delineados e esclarecidos.

Eu já havia comentado sobre esse fenômenos em outro tópicos. Sobre essa dissonância congnitiva que faz com que o realista jovem se sinta ainda mais frustrado que antes da real. Seu mundo mental se expande, mas o mundo real continua parado, inerte. Isso lhe causa profundas angustias e revolta, pois na sua mente ele deveria ser visto como foda por todos, mas não fez nada de material para isso acontecer, e a discrepância entre realidade e imaginação se acentua até um ponto de ruptura, onde o sujeito ou se revolta, ou se mata duma vez.

Acredito que a expansão mental potencializa e muito as vidas não vividas se o sujeito não por a mão na massa. Pode ser algo prejudicial ter muito conhecimento enclausurado em um vida inerte. Por isso eu digo e repito, a real é na rua.

Parabéns mais uma vez. Fuckyeah
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Offline Baralho
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20-09-2016, 03:11 PM (Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 20-09-2016, 03:13 PM por Baralho.)
(19-09-2016, 10:45 PM)Don Clericuzio Escreveu:
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(19-09-2016, 09:15 PM)Baralho Escreveu: Belo tópico.

Começando mais ou menos pelo fim, poderia comentar que:

>No exemplo 1, tá correto, ainda se pode fazer uma melhoria no desenvolvimento de aparência com academia, esportes, como falado, lógico ajustado ás condições, tanto financeira quanto especialmente de idade, que vão limitar a consecução desse objetivo.

>No ex. 2, um pequeno adendo é que não tem como ajustar razoavelmente á realidade com aquela meta do passado, pois além dos condicionantes falados, com suas discrepâncias, tem o aspecto legal até, então aí um ajuste de expectativas se impõe de modo sem muita margem de 'negociação'.

>No ex. 3, talvez também não concordemos 100%, pois o neófito do exemplo, pensava ter conhecido a Real, mas dado seu 'vazio' e noção de 'desenvolvimento pessoal', de fato ainda precisa avançar muito pra entender o que é proposto como desenvolvimento na Real (que não tem necessariamente obrigação com mudança de estado civil).

Bem, agora falando do início (primeiro post do tópico) de fato, as lembranças de situações em que poderíamos ter escolhido diferente, e em tese, seguir um caminho mais próspero, só são benéficas se nos servirem de aprendizado mesmo.

Como reminiscência não ajudam, pois não servirão como novos objetivos, uma vez que estes tb são ajustados ás situações novas, contemporâneas que se apresentam como resultado das escolhas já consolidadas.

Somente travam nosso caminhar, e nisso talvez, os confrades que tem maior tempo e experiência (por logicamente terem tido mais situações de escolha e decisão) tenham uma percepção diferente dos mais novos, tratando-se do último parágrafo desse post.

Novamente parabéns pelo tópico, que pode ajudar até pra que outros tópicos aqui do fórum não fiquem por demasia extensos sem necessidade.

Eu tencionava exatamente isso, que cada um tivesse sua própria apreciação acerca dos casos propostos. Não há uma forma certa, há formas de trabalhar e reverter a frustração, quaisquer sejam os caminhos que se tomem para tanto.

Então, nesse exemplo 3 não houve discordância e nem concordância entre nós, pois apenas apresentei um caso. A avaliação sobre ele caberia a cada qual, tal como o confrade fez.

No que disse após, concordo com tudo. A atenção focada em um passado imodificável não nos conta de nada. O que conta é a análise deste passado, mas distantes emocionalmente dele, para apreciá-lo no máximo de lições que ele nos oferece.

De resto, fiquei satisfeito pela sua participação.

Entendido.

Não é por acaso que o exemplo 3 é tão recorrente no fórum, e decorre muito da falta de assimilação do que É o desenvolvimento balizado pelos conhecimentos realísticos.

E, reiterando, ótimo tópico, e que sirva pra que outros tópicos repetitivos não sejam tão frequentes e extensos aqui no fórum.
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Offline Machado de Assis
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#14
21-09-2016, 11:17 AM
(16-09-2016, 08:42 PM)PRAGAKHAM Escreveu: Se vc deixou de acreditar nas expectativas dos outros , não sendo a sua, vc ja tem metade da real implantada no teu ser! E seco amargo, sem sal, sem doce, sem alegria, sem sem dor, e apenas algo transparente que a vida lhe deu autenticando seu propio ser.

Concordo. As expectativas que criamos em razão de outras pessoas são tão prejudiciais quanto aquela que criamos sobre nós mesmos, quando estas são superdimensionadas por nós mesmos.

Num primeiro momento os sintomas são bem estes, mesmo. Você atinge essa transparência que te permite enxergar para além de onde enxergava. Mas, com o tempo, e com as expectativas ajustadas, a alegria e a doçura podem voltar à vida, mas desta vez de uma forma mais real, mais viva e, logo, mais durável.
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Offline Machado de Assis
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#15
21-09-2016, 11:22 AM
(20-09-2016, 07:44 AM)G â n g s t e r Escreveu: Tópico de altíssimo nível, Parabens ao autor. Acho que ele deveria ser fixado.

Grato pela observação bondosa, confrade!

(20-09-2016, 01:12 PM)Héracles Escreveu: Grande Don. Reflexão fantástica, escrita de uma forma cristalina e lúcida. Parabéns pelo grande tópico. Todos devim ler isso. Realmente fica difícil argumentar alguma coisa, uma vez que os pontos abordados foram muito bem delineados e esclarecidos.

Eu já havia comentado sobre esse fenômenos em outro tópicos. Sobre essa dissonância congnitiva que faz com que o realista jovem se sinta ainda mais frustrado que antes da real. Seu mundo mental se expande, mas o mundo real continua parado, inerte. Isso lhe causa profundas angustias e revolta, pois na sua mente ele deveria ser visto como foda por todos, mas não fez nada de material para isso acontecer, e a discrepância entre realidade e imaginação se acentua até um ponto de ruptura, onde o sujeito ou se revolta, ou se mata duma vez.

Acredito que a expansão mental potencializa e muito as vidas não vividas se o sujeito não por a mão na massa. Pode ser algo prejudicial ter muito conhecimento enclausurado em um vida inerte. Por isso eu digo e repito, a real é na rua.

Parabéns mais uma vez. Fuckyeah

Grato, confrade, pela sua intervenção sempre contundente!

Só tenho a concordar com o que escreveu, acerca deste problema que, muitas vezes, o neófito na Real acaba criando para si mesmo. Não saber lidar com as próprias frustrações, convertendo-as em força, é um obstáculo de dimensões quase intransponíveis, para aqueles que flertam com o real desenvolvimento pessoal.

Agradecido, mais uma vez, pela consideração elogiosa feita por tão nobre confrade.
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21-09-2016, 11:25 AM (Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 21-09-2016, 11:27 AM por Machado de Assis.)
(20-09-2016, 03:11 PM)Baralho Escreveu:
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(19-09-2016, 10:45 PM)Don Clericuzio Escreveu: [spoiler]
(19-09-2016, 09:15 PM)Baralho Escreveu: Belo tópico.

Começando mais ou menos pelo fim, poderia comentar que:

>No exemplo 1, tá correto, ainda se pode fazer uma melhoria no desenvolvimento de aparência com academia, esportes, como falado, lógico ajustado ás condições, tanto financeira quanto especialmente de idade, que vão limitar a consecução desse objetivo.

>No ex. 2, um pequeno adendo é que não tem como ajustar razoavelmente á realidade com aquela meta do passado, pois além dos condicionantes falados, com suas discrepâncias, tem o aspecto legal até, então aí um ajuste de expectativas se impõe de modo sem muita margem de 'negociação'.

>No ex. 3, talvez também não concordemos 100%, pois o neófito do exemplo, pensava ter conhecido a Real, mas dado seu 'vazio' e noção de 'desenvolvimento pessoal', de fato ainda precisa avançar muito pra entender o que é proposto como desenvolvimento na Real (que não tem necessariamente obrigação com mudança de estado civil).

Bem, agora falando do início (primeiro post do tópico) de fato, as lembranças de situações em que poderíamos ter escolhido diferente, e em tese, seguir um caminho mais próspero, só são benéficas se nos servirem de aprendizado mesmo.

Como reminiscência não ajudam, pois não servirão como novos objetivos, uma vez que estes tb são ajustados ás situações novas, contemporâneas que se apresentam como resultado das escolhas já consolidadas.

Somente travam nosso caminhar, e nisso talvez, os confrades que tem maior tempo e experiência (por logicamente terem tido mais situações de escolha e decisão) tenham uma percepção diferente dos mais novos, tratando-se do último parágrafo desse post.

Novamente parabéns pelo tópico, que pode ajudar até pra que outros tópicos aqui do fórum não fiquem por demasia extensos sem necessidade.

Eu tencionava exatamente isso, que cada um tivesse sua própria apreciação acerca dos casos propostos. Não há uma forma certa, há formas de trabalhar e reverter a frustração, quaisquer sejam os caminhos que se tomem para tanto.

Então, nesse exemplo 3 não houve discordância e nem concordância entre nós, pois apenas apresentei um caso. A avaliação sobre ele caberia a cada qual, tal como o confrade fez.

No que disse após, concordo com tudo. A atenção focada em um passado imodificável não nos conta de nada. O que conta é a análise deste passado, mas distantes emocionalmente dele, para apreciá-lo no máximo de lições que ele nos oferece.

De resto, fiquei satisfeito pela sua participação.

Entendido.

Não é por acaso que o exemplo 3 é tão recorrente no fórum, e decorre muito da falta de assimilação do que É o desenvolvimento balizado pelos conhecimentos realísticos.

E, reiterando, ótimo tópico, e que sirva pra que outros tópicos repetitivos não sejam tão frequentes e extensos aqui no fórum.

Grato, confrade!

Gostaria que ele servisse para que se pensasse sobre a própria vida, sobre o peso das frustrações em todas as nossas deliberações e ações, para que se busque meios de convertê-las em força, em nosso próprio benefício. Somente assim nos será possível o real desenvolvimento pessoal, em seu tamanho, forma, traços e caminhos adequados e possíveis.
"Trata de saborear a vida; e fica sabendo, que a pior filosofia é a do choramingas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas. O ofício delas é não parar nunca; acomoda-te com a lei, e trata de aproveitá-la." - Trecho de Memórias Póstumas de Brás Cubas
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Offline Roland
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#17
21-09-2016, 11:49 AM
A correria dos últimos dias me fez ler o tópico só agora.

Tenho isto a dizer: Excelente! Essa a palavra para definir (que pretensão) o texto elaborado por vc, Don. Já o cumprimento pela brilhante exposição e pelo português irretocável, dá gosto de ler.

A reflexão é profunda e muito apropriada. As vidas não-vividas explicam por que filmes de ação fazem tanto sucesso, por exemplo: gostaríamos de ser o Sniper americano, gostaríamos de ser o Rambo, o Statham. Claro, sujeitos fortes, poderosos, que fazem o que querem e conquistam de tudo. Baitas vidas não-vividas.

O problema é que a realidade não costuma corresponder aos nossos desejos internos. Eu, por exemplo, tenho várias vidas não-vividas, onde sou mais alto, mais forte, mais cabeludo, mais satisfeito afetiva e sexualmente, etc.. Aí vêm os questionamentos do tipo "E se..?". A vida-vivida acaba se mostrando cinza, em certa medida. Não esqueçamos também de que a grama do vizinho sempre parecerá mais verde.

É certo que há os privilegiados, como o Messi. Mas o fato de não vivermos as vidas romantizadas que habitam nosso pensamento não nos torna menos especiais. Cada um tem suas habilidades, seus talentos, e pode crescer muito se utilizá-los adequadamente. O erro não é acalentar as vidas não-vividas; errado é não buscá-las quando possíveis, e/ou não desenvolver os potenciais da vida-vivida.

Recentemente abordei essa situação com o Don: que gostaria de estar, a essa altura, com a vida melhor estruturada, melhor financeiramente, mais independente, mais forte, e por aí vai. Naquele instante me esqueci de olhar para trás e enxergar toda a trilha percorrida, os abismos transpostos, os inimigos superados e as vitórias conquistadas. Quando tive (recuperei) a consciência disso tudo, me senti afortunado.

Fico feliz e lisonjeado por ter e estar novamente debatendo o assunto com o amigo Don (a quem agradeço) e entre os demais membros desta confraria. É enriquecedor.
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Offline Bean
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#18
21-09-2016, 12:51 PM (Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 21-09-2016, 12:54 PM por Bean.)
Apesar de achar uma frescura sem tamanha essa frustação, ainda mais dos exemplos citados acima, e achar que com uns tapa na cara e uma boa esfregada da "vida como ela é" na cara resolva, achar que essa frustação é fruto de uma viadagem, falta de masculinidade, virilidade, e principalmente pela pessoa não olhar para si mesmo, ver suas conquistas(obviamente quando tem, quem não tem se fudeu), seu trabalho, e a melhora de vida que teve, suas experiencias...etc, etc, etc... achar que essa frustação é falta de amadurecimento, falta de socos da vida e principalmente superação.

Achar que essas frustrações são apenas choros querendo atenção, enfim, entendo perfeitamente, pois todos ou passamos ou vamos passar por uma situação dessa, afinal somos o que há de melhor na natureza, o Homem.

O que falta em TODOS esses casos e na esmagadora vida de TODOS é um sentido, simples assim, um sentido para sua vida, um sentido para suas realizações, um sentido para suas conquistas, e principalmente para suas derrotas, fracassos e frustações.

E encarar de frente, que você é fruto da suas escolhas, você é o que você conseguiu ser, você é os resultados de suas ações, você e mais ninguém possui controle da sua vida, você é exatamente aquilo que deveria ser, você é o único responsável pela sua vida e mais ninguém, você é aquilo que conseguiu ser.
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Offline Machado de Assis
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#19
23-09-2016, 01:47 PM
(21-09-2016, 11:49 AM)Roland Escreveu:
Show ContentSpoiler:
A correria dos últimos dias me fez ler o tópico só agora.

Tenho isto a dizer: Excelente! Essa a palavra para definir (que pretensão) o texto elaborado por vc, Don. Já o cumprimento pela brilhante exposição e pelo português irretocável, dá gosto de ler.

A reflexão é profunda e muito apropriada. As vidas não-vividas explicam por que filmes de ação fazem tanto sucesso, por exemplo: gostaríamos de ser o Sniper americano, gostaríamos de ser o Rambo, o Statham. Claro, sujeitos fortes, poderosos, que fazem o que querem e conquistam de tudo. Baitas vidas não-vividas.

O problema é que a realidade não costuma corresponder aos nossos desejos internos. Eu, por exemplo, tenho várias vidas não-vividas, onde sou mais alto, mais forte, mais cabeludo, mais satisfeito afetiva e sexualmente, etc.. Aí vêm os questionamentos do tipo "E se..?". A vida-vivida acaba se mostrando cinza, em certa medida. Não esqueçamos também de que a grama do vizinho sempre parecerá mais verde.

É certo que há os privilegiados, como o Messi. Mas o fato de não vivermos as vidas romantizadas que habitam nosso pensamento não nos torna menos especiais. Cada um tem suas habilidades, seus talentos, e pode crescer muito se utilizá-los adequadamente. O erro não é acalentar as vidas não-vividas; errado é não buscá-las quando possíveis, e/ou não desenvolver os potenciais da vida-vivida.

Recentemente abordei essa situação com o Don: que gostaria de estar, a essa altura, com a vida melhor estruturada, melhor financeiramente, mais independente, mais forte, e por aí vai. Naquele instante me esqueci de olhar para trás e enxergar toda a trilha percorrida, os abismos transpostos, os inimigos superados e as vitórias conquistadas. Quando tive (recuperei) a consciência disso tudo, me senti afortunado.

Fico feliz e lisonjeado por ter e estar novamente debatendo o assunto com o amigo Don (a quem agradeço) e entre os demais membros desta confraria. É enriquecedor.

Meu nobre Roland, suas palavras muito me felicitaram, por perceber a ressonância positiva que esta reflexão conjunta nos provocou.

Também, muito bom ler suas ideias que, como sempre, são bastante lúcidas e pertinentes. Nada a acrescentar, se não o meu endosso em suas palavras.

Sou eu quem agradeço a participação!

Abraço.
"Trata de saborear a vida; e fica sabendo, que a pior filosofia é a do choramingas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas. O ofício delas é não parar nunca; acomoda-te com a lei, e trata de aproveitá-la." - Trecho de Memórias Póstumas de Brás Cubas
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Offline Machado de Assis
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#20
23-09-2016, 01:53 PM
(21-09-2016, 12:51 PM)Bean Escreveu:
Show ContentSpoiler:
Apesar de achar uma frescura sem tamanha essa frustação, ainda mais dos exemplos citados acima, e achar que com uns tapa na cara e uma boa esfregada da "vida como ela é" na cara resolva, achar que essa frustação é fruto de uma viadagem, falta de masculinidade, virilidade, e principalmente pela pessoa não olhar para si mesmo, ver suas conquistas(obviamente quando tem, quem não tem se fudeu), seu trabalho, e a melhora de vida que teve, suas experiencias...etc, etc, etc... achar que essa frustação é falta de amadurecimento, falta de socos da vida e principalmente superação.

Achar que essas frustrações são apenas choros querendo atenção, enfim, entendo perfeitamente, pois todos ou passamos ou vamos passar por uma situação dessa, afinal somos o que há de melhor na natureza, o Homem.

O que falta em TODOS esses casos e na esmagadora vida de TODOS é um sentido, simples assim, um sentido para sua vida, um sentido para suas realizações, um sentido para suas conquistas, e principalmente para suas derrotas, fracassos e frustações.

E encarar de frente, que você é fruto da suas escolhas, você é o que você conseguiu ser, você é os resultados de suas ações, você e mais ninguém possui controle da sua vida, você é exatamente aquilo que deveria ser, você é o único responsável pela sua vida e mais ninguém, você é aquilo que conseguiu ser.

Concordo com a conclusão a que chegou. Um ponto fundamental que faz desandar o desenvolvimento pessoal sob o impacto das frustrações é a ausência de algo que confira sentido a este desenvolvimento, à vida como um todo.

E a proposta apresentada para lidar com isso também me pareceu bem eficaz, enfrentar as consequência das próprias escolhas e preparar para fazer melhores escolhas dali em ditante. Isso aí.

Agradeço também a contribuição oferecida.
"Trata de saborear a vida; e fica sabendo, que a pior filosofia é a do choramingas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas. O ofício delas é não parar nunca; acomoda-te com a lei, e trata de aproveitá-la." - Trecho de Memórias Póstumas de Brás Cubas
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