Português

[Corpsegrinder]

Salve confrades!

Esses dias estava analisando algumas respostas dos confrades e lendo demais comentários em outras redes sociais e percebi que muita gente consegue escrever bem, sem enrolação e de forma clara e objetiva, não acho que seja meu caso e talvez outros confrades se indentifiquem com isso também. Sei que antes de aprender qualquer linguagem estrangeira é preciso se aperfeiçoar na sua lingua mãe.
Então, pensei em abrir este tópico para quem tiver dicas de como melhorar o português (seja na escrita, dicção, etc) já que a comunicação é essêncial para o convivio em sociedade. :

[Saoshyant]

Confrade, uma dica que dou é baixar a Suma Gramatical do Professor Carlos Nougué. Livro fantástico- que inclusive comprei. Outro detalhe é procurar aulas de português online, mas para auxiliar deixarei alguns links abaixo desse paragrafo.

Eis os links:

1. https://www.youtube.com/channel/UCWDFosi...T22UEIXKcw

2. https://www.youtube.com/channel/UCSdqr5r...fqMtl3WGLQ

3. https://www.youtube.com/watch?v=pLRX4x3n...gSzCG6ZVMh

4. https://www.youtube.com/playlist?list=PL...bIJBYbc2BO

É isso aí, o resto é esforço e motivação interior, que os crentes chamam de "fé" e os niilistas denominam "vontade" - nada de ficar vendo merda de vídeo motivacional de concurseiro ou de maromba, pois isso além de procrastinação e punhetação mental isso não passa de viadagem.

[Machado de Assis]

Olá, confrade!

O progresso no campo da linguagem verbal articulada [quer escrita, quer falada], como todo e qualquer tipo de evolução, demanda uma dada cota de esforço, treino, método, aplicação e avaliação constantes.

Eu estou de acordo contigo, no que respeita à necessidade de melhoria contínua da nossa capacidade de expressão, em todos os sentidos, sobretudo pela escrita e pela oralidade. Portanto, esta é uma empresa à qual me dedico todos os dias, sendo que ainda me encontro nesta senda que, em verdade, não é finita, a qual nós percorreremos sempre sem que a extinguemos, muito embora a cada passo dado sintamos aquela sensação gostosa de saber mais e melhor.

Como estou neste processo, mesmo que a duras penas, penso que posso colaborar com alguns apontamentos neste interessante post do confrade. Alguns deles, certamente, passarão como repetitivos, mas sempre vale a sua lembrança:


1) Leia MUITO, de preferência os bons livros [clássicos]:

A leitura constante te possibilitará o contato estreito com combinações de símbolos as mais variadas e diversas, ambientando-te às construções frasais mais sofisticadas, à adjetivação mais diversificada e ao emprego verbal mais adequado a cada tipo de situação sobre a qual se escreve, dentre outros benefícios. Nestes últimos, por exemplo, a leitura favorecerá uma escrita com o ritmo correto, mediante uma aplicação mais precisa das vírgulas ao longo do texto, o que faz toda a diferença no impacto que sua leitura provocará no leitor.


2) Aumente o seu vocabulário, qualitativa e quantitativamente:

Para uma boa escrita, fundamental se faz um bom manejo dos signos à disposição do escritor. Quanto maior o campo de manobra vocabular, melhor se dá a manipulação dos vocábulos por aquele que busca dar-lhes ordem e sentido para comunicar uma ideia.
Portanto, aumente o número de vocábulos em seu arsenal linguístico, e a partir disto cuide de selecionar os termos mais adequados para cada ideia representada, haja vista que vários termos podem representar uma mesma abstração, todavia cada um em um grau de acerto e precisão próprio.
Uma boa forma de alargar o círculo de seu vocabulário é estar sempre munido, ao escrever, de um bom dicionário de sinônimos; além de evitar aquela enfadonha repetição de termos ao longo do texto, a sua consulta permanente ainda viabiliza uma melhor combinação das palavras, mais harmônica e agradável de ler.


3) Escreva MUITO, e sempre:

Se a leitura e o aumento vocabular favorecem um maior e melhor repertório linguístico ao indivíduo, a sua pura e simples acumulação não faz, por si só, um bom escritor.
Da mesma maneira que um bom pianista precisa praticar a música em contato com o instrumento, o candidato à melhor escrita precisa manejar os signos trabalhados pela leitura, o que somente pode fazer, escrevendo.
Escreva partindo dos assuntos que mais domina e pelos quais sente afinidade, até que a pouco e pouco possa escrever sobre todo e qualquer assunto, se isto for necessário.


4) Estude a gramática da língua portuguesa:

A diferença entre escrever BEM e escrever “bem” está neste ponto. Obviamente, até mesmo pela falta de estímulo desde o ensino básico nas escolas brasileiras, o estudo da gramática não é devidamente encorajado, fazendo com que não nos empenhemos devidamente para este fim, sob o argumento de que é “uma coisa chata”. Todavia, para a boa escrita, se faz imprescindível o conhecimento robusto dos elementos que compõem a nossa língua.
Assim, o estudo da morfologia confere-nos a adequada classificação gramatical das palavras, processo este fundamental para uma correta fraseologia. Ou seja, catalogamo-las em classes como verbos, advérbios, adjetivos, pronomes, preposições, etc.
Outro estudo importante é o da sintaxe, que é o processo pelo qual, munidos das adequadas funções de cada classe gramatical, organizamos a disposição das palavras nas frases construídas, conferindo-lhes uma significação lógica.
Portanto, cada ramo ou parte da gramática deve ser estudado com minúcia, para uma boa expressão linguística.


Bom, em relação à linguagem verbal articulada escrita, eram estas dicas simples que gostaria de oferecer. Quanto à linguagem verbal articulada oral, algumas dicas já foram dadas neste tópico: http://legadorealista.com/fdb/showthread.php?tid=9996.

Espero ter ajudado. Bons estudos!

[Bean]

Uma confusão que o pessoal faz.

Quem lê muito escreve bem, errado.

Quem escreve bem escreve muito..

Quem lê muito lê bem.

Quem lê muito lê bem e quem escreve bem escreve muito.

[Machado de Assis]

Uma confusão que o pessoal faz.

Quem lê muito escreve bem, errado.

Quem escreve bem escreve muito..

Quem lê muito lê bem.

Quem lê muito lê bem e quem escreve bem escreve muito.

Concordo que ler muito não constitui todo o processo, mas compreende sim uma boa parte dele. O erro é estagnar nesta etapa e não procurar escrever, também.

Ler muito aumenta a probabilidade estatística de tomar contato com bons fraseólogos, fazendo com que nossa mente, poderosa que é, passe a apreender bons métodos de construções frasais, os quais reproduzimos depois ao escrever, mesmo que não o percebamos.

[Henry Volk]

É só não cair em conto de basbaques que basicamente tu consegue alcançar este âmbito. Também almejo alcançar um nível em nossa língua interessante, a ponto de tornar-se um escritor.

E basicamente tu tem de seguir todo o processo para se aprender uma língua -, como aprender sua gramática de ponto a ponto e tentar imitar a escrita de um escritor que tu admira.

O Olavo de Carvalho ensina isto, pesquise a respeito.

[Saoshyant]

Como já dizia um professor meu - que era até um oriental: "A questão não é ficar escrevendo que nem um louco, achando que com isso vai escrever bem, nem muito menos ficar lendo um monte de merda excessivamente - o que é diferente de ler muito - e achar que com isso irá se tornar um Hermann Hesse da vida. O segredo é só um: "Estudar, conversar menos e estudar mais ainda." O mal da maior parte dos brasileiros é ficar procurando atalhos, procurando dicas, procurando facilidades onde não existe. Se quer aprender algo, aprenda da forma correta, sem atalhos, pois de outro modo não se aprende nada, apenas se finge que aprende. Alguns Canais com aulas completas de Gramática estão aí em sítios da internet como o YouTube, fora os outros que existem em outros sítios virtuais. Gramáticas existem de monte, aconselho o uso das gramáticas mais antigas como a primeira edição da "Minigramática da Língua Portuguesa" de Domingos Paschoal Cegalla. A "Suma Gramatical" de Carlos Nougué é ótima, considero-a a gramática normativa que atualmente chega mais próxima da completude, mesmo que infelizmente, como o próprio Carlos Nougué comentou, ela siga o lixo do Novo Acordo Ortográfico. Uma dica é ler muito, ler muita literatura principalmente, de preferência começando pelos Clássicos da Literatura Ocidental como Hesíodo, Homero, os Três Trágicos Gregos, Virgílio, Plínio, Ovídio, Dante, Shakespeare, Cervantes, Camões, Goethe, Dostoiévski, C.S Lewis, Hermann Hesse, Fernando Pessoa, Machado de Assis e tantos outros grandes escritores. Vale também ler escritores mais atuais como Bukowski, Nelson Rodrigues, Jack Kerouac e literatura Realista - não me refiro à literatura usada pelo Movimento da Real, mas à literatura do movimento europeu dos séculos passados, denominado Realismo.

Não quero dizer que todas essas leituras irão fazer alguém escrever tão bem quanto ou melhor que um Dostoiévski, quero que isso fique bem claro. O que quero dizer é que a leitura de obras literárias expande o horizonte imaginativo e auxilia no aprendizado de diversos estilos de composição de textos e auxilia até mesmo na compreensão/interpretação de textos complexos - do próprio idioma é logicamente e até mesmo de outros idiomas próximos. Toda essa vantagem proveniente da leitura de textos literários, é dificilmente adquirida por meio da leitura de outros tipos de textos. Digo isso por experiência própria e por explicações que ouvi de profissionais da área - principalmente professores aposentados. Uma explicação que me foi dada sobre isso é que a leitura séria de textos literários - e não a leitura que muitos analfabetos funcionais que se formam em letras ou que hipsters homossexuais metidos a sabichões fazem - expande e educa a imaginação justamente por "beber de várias fontes", ou seja, por buscar conhecimentos de áreas alheias à poesia e prosa clássicas propriamente ditas. Grande exemplos dessa interdisciplinaridade da literatura é a literatura fantástica, que traz consigo muito conteúdo de história, religião comparada, gramática e linguística. Outro exemplo é a ficção científica que traz muito conteúdo das chamadas ciências naturais e formais, hoje chamadas de ciências exatas e biológicas.

Em suma é isso aí, o único segredo, se é que isso pode ser chamado de segredo, é ler muito, estudar muito gramática e testar o grau de evolução por meio de exercícios e elaboração de textos. Nada que em alguns meses, um ano ou dois anos não se aprenda. Para finalizar deixo aqui algumas curtas e acertavas reflexões do Professor Olavo de Carvalho sobre o tema:

1. https://www.youtube.com/watch?v=EYlz0I1x0yk

2. https://www.youtube.com/watch?v=JvSKxNxZTRg

3. https://www.youtube.com/watch?v=Qce77uIFwP0

4. https://www.youtube.com/watch?v=XGbFNMYVaQU

O resto é só vontade e trabalho - para poder ter dinheiro e montar a própria biblioteca, caso queira.

[Baralho]

Ler muito é importantíssimo pra uma boa escrita, pois ajuda a consolidar os padrões regidos pela norma culta gramatical.

Pode-se dizer, com certeza que, a leitura de muitos livros constitui a dieta principal de um bom escritor.

[RedFafnir]

Também tenho um pouco de dificuldade para escrever, mais na parte de organizar as ideias e escrevê-las. Sempre me pego repetindo coisas. Como por exemplo, repetindo uma palavra que não tem nem uma linha atrás que digitei ela. Mas o engraçado é que na parte de português, gramática, essas coisas, nunca tive problema, é mais com a organização das ideias e como encontrar as palavras na mente.

[PRUSET]

Tenho muita insegurança na escrita, passo "horas" analisando como ficaria melhor uma única frase que escrevo, e no fim sempre acho uma merda.

[Saoshyant]

É questão de forçar a mente no inicio confrade. Mas se mesmo assim não der certo é tentar de alguma forma desenvolver o gosto pela coisa.

[Baralho]

Um negócio é consumir livros com assuntos de interesse que, ao mesmo tempo que agrega conhecimento, enriquece o vocabulário. Mesmo livros técnico-didáticos atendem a esse método.

[Corpsegrinder]

Aos confrades que contribuiram para o tópico, muito obrigado. Venho trabalhando nisso junto com umas dicas do Olavo de Carvalho para melhorar meu português aprendendo Francês,

[PRUSET]

Alguém pode dar algumas dicas:
- sobre a organização de ideias em textos e;
- a realizar coerência entre parágrafos de forma eficiente;

[Monarca]

Alguém pode dar algumas dicas:
- sobre a organização de ideias em textos e;
- a realizar coerência entre parágrafos de forma eficiente;

No parágrafo, eu crio uma estrutura semelhante a dos silogismos:

Todo homem é mortal. (P)
Sócrates é homem. (P)
Então Sócrates é mortal. (I)

Nesta estrutura, temos duas premissas (P) - informações verdadeiras - e uma inferência (I) - algo que se pode concluir sobre as premissas.

Geralmente a inferência de um parágrafo é a uma parcela de algo que você defendeu anteriormente; e as premissas são as razões de sua tese (inferência) estar certa.

Por exemplo:

Tese: O aumento da violência está relacionada ao aumento do consumo de drogas.

Exemplo de parágrafo: "Dados recentes do instituto de pesquisa X apontam um significativo aumento do consumo de drogas entre adolescentes (P1). No mesmo período em que se realizou a pesquisa, também foi constatado um maior número de ocorrências criminais, realizadas por menores de idade, de acordo com a Polícia Civil do estado do Paraná (P2), o que indica que as duas práticas, muito provavelmente, não cresceram de forma autônoma, mas sim anexas (I)."

É mais ou menos assim, o parágrafo.

Veja que, agora, a sua "inferência" pode se tornar uma premissa e você pode progredir o texto.

"Soma-se, ainda, ao crescimento da criminalidade, motivada, principalmente, pelo consumo de drogas (P1), o aumento das taxas de evasão escolar. Somente no ano passado, 60% dos alunos matriculados no ensino médio da rede pública do estado, abandonaram as aulas; um número três vezes superior ao do ano retrasado (P2). Assim, pode-se concluir que... (I)."

E por aí vai.

[Monarca]

Matemática (raciocínio lógico) é muito importante para o seu Português.

[Corpsegrinder]

Obrigado pelas dicas Monarca, eu não tenho muito costume de escrever ainda, mas penso logo logo em fazer um blog ou qualquer outra coisa só pra ir postando algumas coisas que penso e reflito e ir exercitando minha gramática.

[Roland]

Leia o máximo que puder, a mente precisa de exercício. Treine a habilidade de escrita; pegue um assunto aleatório que vc domine e tente escrever a respeito dele, é um ótimo treino. Fazer redação é uma barbada e o pessoal se borra de medo.

Não descuide também da gramática. Costuma-se subestimar esse detalhe, e o resultado são aprovações recorde em concursos.

[PRUSET]

Don C., Monarca e Roland, agradeço pelas dicas, principalmente quanto à organização dos parágrafos.

Monarca, poderia escrever mais sobre a relação entre o raciocínio lógico e o português?

[Monarca]

Don C., Monarca e Roland, agradeço pelas dicas, principalmente quanto à organização dos parágrafos.

Monarca, poderia escrever mais sobre a relação entre o raciocínio lógico e o português?

Serei breve.

Um texto é um encadeamento de ideias e/ou acontecimentos. Em uma narrativa, um acontecimento A leva a um acontecimento B, e o B leva para o C, e assim sucessivamente. Em uma dissertação, um argumento (ideia) leva a uma comprovação de algo que já foi dito ou uma conclusão a respeito do que há de vir. Raciocinar logicamente é ter noção das semelhanças entre os acontecimentos e ideias, por mais mínimas que sejam. Muitas teorias científicas são "comprovadas" com experimentos que simulem a realidade (a atmosfera primitiva da terra, por exemplo).

No texto você vai progredir, comparar, demonstrar veracidade ou falsidade, etc. entre ideias e acontecimentos. Se você consegue enxergar a semelhança entre uma coisa e outra você interliga tudo.

Isto no português não parece ser tão claro. Na matemática é mais simples de ser entendido:

Ex. matemática: Se 3+3 é igual a 8, se 2+2 é igual a peixe, 7+7 é igual a...?

Você percebe a semelhança e progride.

Ex.: português:

Genival é analfabeto, e não pode se candidatar a um cargo público. Ele teve que trabalhar desde os 5 anos da idade, e foi instruído por pais também analfabetos.

e por aí vai...

Fique fazendo perguntas como "qual a consequência disso?", "por que isso está nestas condições?", "a que isso pode levar?", "o que este acontecimento tem de semelhante com o outro? há uma relação causa e efeito?"...

Enfim, mais ou menos isso aí.