22-12-2015, 12:15 PM
(Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 22-12-2015, 09:41 PM por Mercúrio.)
Saudações confrades, venho aqui tentar descrever um pouco da felicidade que julgo ser indescritível nesse momento, mas vou fazer esse esforço. Em maio deste ano, após ter saído de um emprego, fui convidado a dar aulas particulares para um garoto de 12 anos de idade, que havia repetido de série no ano passado e que tem dificuldades de concentração (o tal do TDAH).
A partir de então, todos os dias da semana eu ficaria 1 hora na casa dele para tentar ensiná-lo todas as disciplinas do currículo e aumentar suas notas. Foi uma loucura de certo modo, pois não tenho nenhuma qualificação para lecionar, mas como eu só fui ter dificuldades na escola no ensino médio, tenho um bom conhecimento da maioria das disciplinas, estava precisando de dinheiro e como ele morava perto, ou seja eu não me deslocaria muito e trabalharia poucas horas, eu aceitei.
No primeiro dia, percebi que ele tinha muita dificuldade com português, errava tudo o que você possa imaginar, não obedecia às minhas ordens e era muitas vezes mal educado, cada dia era uma batalha fazer ele prestar atenção nas explicações. Muitas vezes eu pensei em desistir, e você deve se perguntar porque não o fiz, simples, eu estava aprendendo muito com isso: aprendi a lidar com a personalidade desafiadora dele e a falar num tom em que fosse mais respeitável, colocando condições para que ele fizesse o que eu queria, uma forma de aplicar o que NA diz sobre as mulheres (grande parte do que ele diz pode ser estendido para pessoas que são subordinadas a você). Exemplo: “ Só irei embora quando você fizer todos esses exercícios”. Parece algo simples e bobo mas se falado de forma séria surte muito efeito.
Com o passar do tempo, fui aprendendo a lidar com ele, e no segundo bimestre as notas melhoraram, o que foi gratificante, mas no terceiro as notas caíram um pouco, e tivemos uma surpresa: ele tirou uma nota muito baixa em uma das disciplinas, caindo pela metade o rendimento, algo que me assustou muito, mas depois descobrimos que foi um erro da escola, que tirou alguns pontos dele por não ter computado uma avaliação. Ainda assim, essa nota e outras foram abaixo do esperado, e por alguns momentos pensei em desistir, achava que não conseguiria atingir o meu objetivo, que era fazer o aluno passar de ano, mas me sentiria mal em deixar na mão os pais dele, que confiavam em mim.
Sendo assim, continuei com o meu trabalho, mesmo o dinheiro não sendo grandes coisas eu sabia que tinha um dever a cumprir. Aumentamos o tempo de aula em alguns dias, principalmente nas disciplinas que ele estava com as notas baixas, e tivemos aulas em certos fins de semana também. Resultado: ele ficou de prova final em algumas disciplinas, o que já era esperado devido ao mau rendimento, mas ficamos satisfeitos por terem sido apenas nas disciplinas em que ele já estava mal, e mesmo assim se recuperou a ponto de precisar tirar menos de 5 em todas as 4 provas finais em que ficou.
Depois das últimas duas semanas de um intenso trabalho de revisão e muitos exercícios, veio a recompensa, algo que dinheiro nenhum no mundo pode pagar: o pai dele me ligou hoje mais cedo, emocionado, agradecendo por tudo eu fiz nos últimos oito meses, e que eu fui de grande importância para que ele conseguisse passar de ano. Assim, eu percebi que todo o sofrimento que passamos, todo tempo que tive que falar em um tom mais alto e me desgastar para que ele prestasse atenção e focasse nos estudos, tudo aquilo teve um significado muito maior do que eu poderia imaginar. Sim, meus amigos, eu fui tomado por uma felicidade genuína quando atentei ao fato de que, por todo aquele tempo, eu estava sendo útil para alguém e ajudando no desenvolvimento de um jovem. Felicidade essa que sinceramente não me lembro de ter sentido antes, nem mesmo quando passei no vestibular. Ele hoje está mais disciplinado, e a mudança mais notável foi na escrita: ele já não erra os absurdos de antes como trocar o /am/ por /ão/ no final dos verbos e, simplificando, já não escreve mais como fala.
Portanto, peço a você que está lendo essa frustrada tentativa de expressar emoções em palavras, que não fique se lamentando pelos cantos e busque fazer a diferença na vida de alguém, seja essa pessoa seu pai, sua mãe, irmão, tio, avó, vizinho, amigo, mendigo da porta da igreja, quem quer que seja, pois a verdadeira felicidade reside na caridade e no amor ao próximo, fazer as coisas do pelo simples prazer de ver o outro feliz. Não existe tal coisa como a “virtude do egoísmo”, o que fiz claro foi por dinheiro também, mas eu bem poderia ter largado tudo aquilo e ter buscado um emprego que me pagasse o triplo, mas eu sentia que tinha um dever a cumprir. Hoje eu vejo a recompensa de todo o trabalho desenvolvido e sempre que eu me sentir mal, vou ler esse texto e tentar resgatar um pouco do que sinto no exato momento em que escrevo esse texto. A felicidade não é continua, é momentânea e, nesse momento, eu posso dizer: sou feliz.
A partir de então, todos os dias da semana eu ficaria 1 hora na casa dele para tentar ensiná-lo todas as disciplinas do currículo e aumentar suas notas. Foi uma loucura de certo modo, pois não tenho nenhuma qualificação para lecionar, mas como eu só fui ter dificuldades na escola no ensino médio, tenho um bom conhecimento da maioria das disciplinas, estava precisando de dinheiro e como ele morava perto, ou seja eu não me deslocaria muito e trabalharia poucas horas, eu aceitei.
No primeiro dia, percebi que ele tinha muita dificuldade com português, errava tudo o que você possa imaginar, não obedecia às minhas ordens e era muitas vezes mal educado, cada dia era uma batalha fazer ele prestar atenção nas explicações. Muitas vezes eu pensei em desistir, e você deve se perguntar porque não o fiz, simples, eu estava aprendendo muito com isso: aprendi a lidar com a personalidade desafiadora dele e a falar num tom em que fosse mais respeitável, colocando condições para que ele fizesse o que eu queria, uma forma de aplicar o que NA diz sobre as mulheres (grande parte do que ele diz pode ser estendido para pessoas que são subordinadas a você). Exemplo: “ Só irei embora quando você fizer todos esses exercícios”. Parece algo simples e bobo mas se falado de forma séria surte muito efeito.
Com o passar do tempo, fui aprendendo a lidar com ele, e no segundo bimestre as notas melhoraram, o que foi gratificante, mas no terceiro as notas caíram um pouco, e tivemos uma surpresa: ele tirou uma nota muito baixa em uma das disciplinas, caindo pela metade o rendimento, algo que me assustou muito, mas depois descobrimos que foi um erro da escola, que tirou alguns pontos dele por não ter computado uma avaliação. Ainda assim, essa nota e outras foram abaixo do esperado, e por alguns momentos pensei em desistir, achava que não conseguiria atingir o meu objetivo, que era fazer o aluno passar de ano, mas me sentiria mal em deixar na mão os pais dele, que confiavam em mim.
Sendo assim, continuei com o meu trabalho, mesmo o dinheiro não sendo grandes coisas eu sabia que tinha um dever a cumprir. Aumentamos o tempo de aula em alguns dias, principalmente nas disciplinas que ele estava com as notas baixas, e tivemos aulas em certos fins de semana também. Resultado: ele ficou de prova final em algumas disciplinas, o que já era esperado devido ao mau rendimento, mas ficamos satisfeitos por terem sido apenas nas disciplinas em que ele já estava mal, e mesmo assim se recuperou a ponto de precisar tirar menos de 5 em todas as 4 provas finais em que ficou.
Depois das últimas duas semanas de um intenso trabalho de revisão e muitos exercícios, veio a recompensa, algo que dinheiro nenhum no mundo pode pagar: o pai dele me ligou hoje mais cedo, emocionado, agradecendo por tudo eu fiz nos últimos oito meses, e que eu fui de grande importância para que ele conseguisse passar de ano. Assim, eu percebi que todo o sofrimento que passamos, todo tempo que tive que falar em um tom mais alto e me desgastar para que ele prestasse atenção e focasse nos estudos, tudo aquilo teve um significado muito maior do que eu poderia imaginar. Sim, meus amigos, eu fui tomado por uma felicidade genuína quando atentei ao fato de que, por todo aquele tempo, eu estava sendo útil para alguém e ajudando no desenvolvimento de um jovem. Felicidade essa que sinceramente não me lembro de ter sentido antes, nem mesmo quando passei no vestibular. Ele hoje está mais disciplinado, e a mudança mais notável foi na escrita: ele já não erra os absurdos de antes como trocar o /am/ por /ão/ no final dos verbos e, simplificando, já não escreve mais como fala.
Portanto, peço a você que está lendo essa frustrada tentativa de expressar emoções em palavras, que não fique se lamentando pelos cantos e busque fazer a diferença na vida de alguém, seja essa pessoa seu pai, sua mãe, irmão, tio, avó, vizinho, amigo, mendigo da porta da igreja, quem quer que seja, pois a verdadeira felicidade reside na caridade e no amor ao próximo, fazer as coisas do pelo simples prazer de ver o outro feliz. Não existe tal coisa como a “virtude do egoísmo”, o que fiz claro foi por dinheiro também, mas eu bem poderia ter largado tudo aquilo e ter buscado um emprego que me pagasse o triplo, mas eu sentia que tinha um dever a cumprir. Hoje eu vejo a recompensa de todo o trabalho desenvolvido e sempre que eu me sentir mal, vou ler esse texto e tentar resgatar um pouco do que sinto no exato momento em que escrevo esse texto. A felicidade não é continua, é momentânea e, nesse momento, eu posso dizer: sou feliz.