06-04-2020, 11:04 PM
(06-04-2020, 10:09 PM)Monarca Escreveu: Eu também conheço bastante o mercado de apostas esportivas; fui apresentado a ele pelo Smith há uns quatro anos.
No longo prazo, devo ter um prejuízo em torno de R$ 3.000,00, contando apenas o valor que eu investi inicialmente. Porém, ainda insisto em me profissionalizar. E a maior parte dessa profissionalização vem de aspectos emocionais, e não do conhecimento que temos sobre o mercado, do nosso método de trabalho, da nossa gestão de banca, etc. Eu já tive meses fantásticos, mas já coloquei tudo o que ganhei atuando de forma séria no mercado a perder em um único dia, porque não aceitei perder uma determinada quantia - e não foi só uma vez. Quis recuperar, perdi; botei mais, perdi... Enfim, uma hora o teorema da escada dá errado.
Em determinado ponto da sua trajetória você tem que decidir se você quer ser um apostador recreativo ou um apostador profissional. Não dá para atuar como um apostar recreativo, querendo se tornar um profissional; não dá para apostar sem estar vendo o jogo, não dá para apostar sem ter um método de trabalho, não dá para apostar sem ter gestão de banca e, acima de tudo isso, não dá para apostar sem controle emocional... se você quer ser um profissional, não dá. Por isso que a luta pela profissionalização é um processo constante de aceitação da perda, de aceitação de que nós somos os responsáveis em ser lucrativo ou não no longo prazo, que é o que interessa (ou deveria nos interessar). É comum perder uma aposta mesmo quando estamos certos; um jogo com "cheiro de gol" pode ser preenchido por vários lances de bolas na trave e belas defesas de um goleiro, e acabar no zero a zero.
Entre assumir que a sua atividade tem riscos e aceitar esses riscos há uma grande distância que envolve, principalmente, amadurecimento emocional. Quando operamos com base no pressuposto de que mais ou melhor análise cria condições para obter melhores resultados, mais variáveis de mercado juntamos ao nosso método de trabalho. E o que acontece depois? Voltamos a sentir-nos desiludidos e traídos pelos mercados por causa de algo que ainda não vimos ou não tomamos em consideração. Iremos sentir que não podemos confiar nos mercados; mas a realidade é que não podemos confiar é em nós próprios.
Essa abordagem de que para se evitar perdas e garantir ganhos consistentes deve se conhecer mais e mais sobre os mercados está errada. Nunca iremos aprender o suficiente para antecipar todas as formas possíveis como o mercado nos pode maltratar ou fazer com que percamos dinheiros. A realidade é que, se estamos com medo de errar ou de perder dinheiro, significa que nunca iremos aprender o suficiente para compensar os efeitos negativos que estes medos terão sobre a nossa capacidade de sermos objetivos e agirmos sem hesitação. Por outras palavras, não estaremos suficientemente confiantes face à incerteza constante. A menos que aprendamos a aceitar plenamente a hipótese de um resultado incerto, iremos tentar consciente ou subconscientemente evitar qualquer hipótese menos boa.
Daí que a maior parte dos nossos erros tem origem nas atitudes que assumimos perante o erro, a perda do dinheiro, a perda de uma oportunidade e a realização de um negócio menos vantajoso financeiramente do que o esperado. A profissionalização vai muito além da validação de um método de trabalho, da sua leitura de jogo e da sua gestão de banca, ela é acima de tudo uma questão de controle emocional, como eu disse anteriormente.
Os apostadores profissionais conseguem abrir uma posição sem a mais leve hesitação ou conflito e, precisamente, com a mesma liberdade e sem hesitação ou conflito, admitir que a mesma não está a funcionar e fechá-la - mesmo com perda - sem o mais leve desconforto emocional. Por outras palavras, os riscos inerentes às apostas não fazem com que os melhores apostadores percam a sua disciplina, concentração ou confiança. Se não conseguimos transacionar sem o mais leve desconforto emocional, então não aprendemos a aceitar os riscos. E seja qual for a medida em que não tenhamos aceitado o risco, é mesma medida em que iremos evitá-lo - e tentar evitar algo que é inevitável não dá bons resultados.
O mercado não têm qualquer poder sobre o modo como cada um de nós percepciona e interpreta as informações, nem nenhum controle sobre as decisões e ações que tomamos em resultado disso. Enfim, você precisa de um método de trabalho, e de uma gestão de banca para saber se esse método é ou não lucrativo no longo prazo; obviamente, você também precisa conhecer o mercado, as oscilações de odd's, se é mais vantajoso operar no primeiro ou segundo tempo, etc; e, sobretudo, você precisa aceitar a perda, o que é um processo interno de amadurecimento emocional, sem o qual você não conseguirá ser lucrativo no longo prazo, ainda que faça boas análises do mercado.
Eu erro muito, sou falho nesse processo e não vim aqui para pagar de sabichão, tudo o que eu disse aqui se aplica a mim e como eu tenho procurado moldar o meu comportamento. Nós somos gananciosos demais a ponto de querer tornar R$ 1000,00 em R$ 10000,00 no final do ano, e desprezamos o quanto margens pequenas de lucros podem impactar no longo prazo. Obter 3% em um mês nas apostas esportivas não é algo tão difícil, e apesar de ser uma taxa alta quando comparada à outros investimentos, nós a desprezamos. Ganhar um pouco a mais do que eu ganho hoje no meu cargo público não irá impactar de modo tão significativo a minha felicidade ou a falta dela, e isso tem me ajudado a abraçar o longo prazo.
@Monarca , achei interessante você ter dissertado sobre as apostas esportivas, principalmente se alguém tinha alguma dúvida sobre o assunto.
Mas acredito que esse não foi o tema do tópico, oque na verdade estou procurando são respostas sobre o quão prejudicial as apostas podem ser na vida do cidadão. Essa coisa toda que você falou de ser lucrativo no longo prazo, acredito realmente que é algo dedicado a poucos. Já tentei ser recreativo , ser profissional , métodos, gestão e sempre perdemos para nós mesmos, e a realidade que para encontrar alguém lucrativo no longo prazo é dificil.
Mas enfim, depois que o @Daredevil citou sobre Dopamina, eu lembrei que eu já tinha estudado sobre o assunto e resolvi dar uma outra estudada agora a noite e encontrei umas coisas bem interessantes sobre o assunto VICIO e me identifiquei com várias consequências que ele realmente causa.
E dando uma pesquisada sobre esse assunto, achei um video bem esclarecedor, fala sobre pornografia, mas ele cita os VICIOS como um todo.