03-01-2018, 02:38 AM
(Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 03-01-2018, 02:46 AM por Remy LeBeau.)
Estamos diante de um rito de batismo!
A muito custo, após internalizar a Real e a exercê-la no dia-a-dia, o subconsciente passa a nos alertar de fatos e situações que passavam despercebidas por outrora. Alpinistas e vampiros sociais, os quais transitavam em nossas vidas, e lá estavam apenas para sugar qualquer êxito nosso. Afinal, quem nunca passou por alguma situação de vitória pessoal, em que todos os nossos amigos estavam lá para brindar e comemorar? "Você é o fodão! O melhor. Parabéns, mas não se esqueça da gente aqui, hein?". Porém, logo em seguida, quando ocorria aquela estagnação e uma derrocada subsequente, procurávamos essas amizades: "Pessoal, tá foda aqui, tô passando por uma pior", e sequer nos davam atenção. Ignoravam os nossos apelos. Nos davam as costas. Não se importavam com o nosso bem-estar, quando nós nos importavamos com os deles.
Eventualmente, viravamos um mero acessório. Deveríamos aguentar todas as lamúrias alheias, mas as nossas não podiam ser manifestadas. Eramos procurados quando nos levantavamos e voltavamos ao ritmo de vitória. Quando perdíamos, caíamos no ostracismo.
Faz parte. É complicado. A vida não é um conto de fadas em que devemos dizer "sim" para tudo e a todos. Na verdade, a maior parte do tempo temos é que dizer "não", e isto não decorre de uma obrigação, mas de uma legítima defesa de nossos interesses particulares. Caso contrário, perderemos o protagonismo de nossa própria vida, para virar um mero personagem secundário da vida dos outros, e deixaremos de viver a nossa própria vida, apenas para agradar terceiros e viver a vida alheia.
Vamos lá. Recordar é viver.
Antes o rolê era divertido. Caro, mas, divertido, com muita risada, companheirismo e bom papo. Em que pesem às derrotas eventuais, todo mundo estava no mesmo barco, cada um rindo de sua desgraça particular. Só que era apenas isso. Não havia progresso. Não havia evolução. Todos se reuniam periodicamente, e faziam a mesma coisa, com os mesmos resultados. Ninguém está ali para ajudar o outro. Ninguém está ali para motivar o outro. E ninguém está lá para crescer em grupo, mas sim para rir da desgraça do outro, e verificar se os mesmos continuam igualmente fodidos, para diminuir aquela sensação de culpa por ter fracassado em algo. "Eu sou um bosta, mas não posso admitir que os meus colegas deixem de ser. Todos nós devemos ser um bosta." Esse é o mote, só que nós não sabíamos.
Ora, por que beber para esquecer algo? Para encontrar forças em lidar com a realidade? Aí entram as considerações particulares.
"Eu não quero beber só na derrota. Eu quero me levantar, vencer, e aí sim comemorar o meu progresso, bebendo."
Eis que cai a ficha. Estávamos em um rolê com fracassados, cujo único propósito era viver uma vida miserável, mas tentando tirar um sorriso do próprio rosto e dos outros, além de invejar qualquer tipo de sucesso individual, especialmente quando este derivou de algum tipo de esforço.
Aí o rolê começa a ficar "estranho". Perde a graça e começa a ficar repetitivo. A diversão diminui, e os pormenores começam a pesar: "Porra tá caro." "Porra, tá foda, a gente só bebe." "Porra, olha lá, a gente se fodeu de volta e tá todo mundo conformado." "Porra, estão rindo de mim, de volta." "Porra, eu só venho aqui para rir com os caras, da minha própria desgraça e da desgraçada alheia".
Tempo é uma mercadoria. Não podemos nos dar ao luxo de perdê-lo com porcaria, ou investimentos sem retorno.
Aí começam os migués:
"Ah valeu, hoje eu já tenho compromisso."
"Fodeu, fera, pintou um imprevisto aqui."
"Tô sem grana, não vai dar". (Mentira, tenho mais dinheiro que você seu baladeiro, vagabundo, arrogante do caralho, que trabalha só pra sustentar o seu vício na noitada).
Daqui a pouco, você é cortado do rolê ("Aquele bosta tá sempre ocupado, pau no cu dele."), ou, você mesmo pede a conta e sai. Aí vira a pauta das resenhas: "Olha lá, só trabalha". "Olha lá abandonou os esquemas." "Pra que guardar dinheiro, tem que curtir a vida!!". "Fulano é muito caxias/carola/nerdão".
Estranhamente, ao contrário do passado, você já não liga mais. Tacou o foda-se, e nem precisou se esforçar. Saiu no automático. Já não se importa com o que pensam e falam, pois já sabe que o rolê não vai dar em nada. Já está em outra barca, com outras pessoas, outro ritmo. Até esqueceu as "amizades", pois não sente sequer falta dessas companhias do passado. Pelo contrário, um momento de solidão passa a ser mais valorizado do que aquelas reuniões periódicas.
É o momento em que nós acordamos.
Como o gado que estava em fila, indo em direção ao abate. De alguma forma (Real), conseguimos sair da fila, romper as barreiras e escapar do abate. Em um primeiro momento, tentamos avisar os demais do fatídico final. Tentamos até ajudar, mostrando como sair, indicando a saída ou oferecendo ajuda. Entretanto, o gado não quer. É o estilo de vida deles. É o que desejam. É apenas aquilo que sabem fazer, e já estão conformados.
Então não há nada mais que possa ser feito. O antigo laço de amizade deve ser rompido. Momento este em que seguimos a nossa vida, assistindo a derrocada dos demais e o seu respectivo abate.
Parece um discurso fatalista ou negativist, é verdade, e com toques de um humor bem fraco, mas na verdade é uma alegoria criada para mostrar que este é um rito de passagem. Passagem esta, representada na internalização da Real em nossas vidas, e, agora, deverá ser aplicada em nosso contexto social, filtrando as pessoas que se aproximam da gente, e nos afastando de antigas companhias que nunca agregaram em nossa vida, ou na própria amizade desenvolvida, e estavam lá apenas para nos atrapalhar e sabotar. O rompimento, portanto, acaba sendo necessário.
Esse é o momento, em que com as ferramentas em punho dadas pela Real, devemos decidir se queremos viver a nossa vida, e ser o protagonista dela, ou, se continuaremos a viver a vida dos outros.
Por outro lado, com esse crivo analítico desenvolvido e o respectivo amadurecimento, aprendemos a valorizar as verdadeiras companhias que surgem em nossas vidas. Companhias que trazem um senso de união maior, de coesão e que agregam algo à nossa individualidade e para até mesmo o laço de amizade gerada. Pessoas que contam com você, e com quem você pode contar, já que se importam de verdade contigo, independente da vitória ou da derrota de um dia-a-dia.
A muito custo, após internalizar a Real e a exercê-la no dia-a-dia, o subconsciente passa a nos alertar de fatos e situações que passavam despercebidas por outrora. Alpinistas e vampiros sociais, os quais transitavam em nossas vidas, e lá estavam apenas para sugar qualquer êxito nosso. Afinal, quem nunca passou por alguma situação de vitória pessoal, em que todos os nossos amigos estavam lá para brindar e comemorar? "Você é o fodão! O melhor. Parabéns, mas não se esqueça da gente aqui, hein?". Porém, logo em seguida, quando ocorria aquela estagnação e uma derrocada subsequente, procurávamos essas amizades: "Pessoal, tá foda aqui, tô passando por uma pior", e sequer nos davam atenção. Ignoravam os nossos apelos. Nos davam as costas. Não se importavam com o nosso bem-estar, quando nós nos importavamos com os deles.
Eventualmente, viravamos um mero acessório. Deveríamos aguentar todas as lamúrias alheias, mas as nossas não podiam ser manifestadas. Eramos procurados quando nos levantavamos e voltavamos ao ritmo de vitória. Quando perdíamos, caíamos no ostracismo.
Faz parte. É complicado. A vida não é um conto de fadas em que devemos dizer "sim" para tudo e a todos. Na verdade, a maior parte do tempo temos é que dizer "não", e isto não decorre de uma obrigação, mas de uma legítima defesa de nossos interesses particulares. Caso contrário, perderemos o protagonismo de nossa própria vida, para virar um mero personagem secundário da vida dos outros, e deixaremos de viver a nossa própria vida, apenas para agradar terceiros e viver a vida alheia.
Vamos lá. Recordar é viver.
Antes o rolê era divertido. Caro, mas, divertido, com muita risada, companheirismo e bom papo. Em que pesem às derrotas eventuais, todo mundo estava no mesmo barco, cada um rindo de sua desgraça particular. Só que era apenas isso. Não havia progresso. Não havia evolução. Todos se reuniam periodicamente, e faziam a mesma coisa, com os mesmos resultados. Ninguém está ali para ajudar o outro. Ninguém está ali para motivar o outro. E ninguém está lá para crescer em grupo, mas sim para rir da desgraça do outro, e verificar se os mesmos continuam igualmente fodidos, para diminuir aquela sensação de culpa por ter fracassado em algo. "Eu sou um bosta, mas não posso admitir que os meus colegas deixem de ser. Todos nós devemos ser um bosta." Esse é o mote, só que nós não sabíamos.
Ora, por que beber para esquecer algo? Para encontrar forças em lidar com a realidade? Aí entram as considerações particulares.
"Eu não quero beber só na derrota. Eu quero me levantar, vencer, e aí sim comemorar o meu progresso, bebendo."
Eis que cai a ficha. Estávamos em um rolê com fracassados, cujo único propósito era viver uma vida miserável, mas tentando tirar um sorriso do próprio rosto e dos outros, além de invejar qualquer tipo de sucesso individual, especialmente quando este derivou de algum tipo de esforço.
Aí o rolê começa a ficar "estranho". Perde a graça e começa a ficar repetitivo. A diversão diminui, e os pormenores começam a pesar: "Porra tá caro." "Porra, tá foda, a gente só bebe." "Porra, olha lá, a gente se fodeu de volta e tá todo mundo conformado." "Porra, estão rindo de mim, de volta." "Porra, eu só venho aqui para rir com os caras, da minha própria desgraça e da desgraçada alheia".
Tempo é uma mercadoria. Não podemos nos dar ao luxo de perdê-lo com porcaria, ou investimentos sem retorno.
Aí começam os migués:
"Ah valeu, hoje eu já tenho compromisso."
"Fodeu, fera, pintou um imprevisto aqui."
"Tô sem grana, não vai dar". (Mentira, tenho mais dinheiro que você seu baladeiro, vagabundo, arrogante do caralho, que trabalha só pra sustentar o seu vício na noitada).
Daqui a pouco, você é cortado do rolê ("Aquele bosta tá sempre ocupado, pau no cu dele."), ou, você mesmo pede a conta e sai. Aí vira a pauta das resenhas: "Olha lá, só trabalha". "Olha lá abandonou os esquemas." "Pra que guardar dinheiro, tem que curtir a vida!!". "Fulano é muito caxias/carola/nerdão".
Estranhamente, ao contrário do passado, você já não liga mais. Tacou o foda-se, e nem precisou se esforçar. Saiu no automático. Já não se importa com o que pensam e falam, pois já sabe que o rolê não vai dar em nada. Já está em outra barca, com outras pessoas, outro ritmo. Até esqueceu as "amizades", pois não sente sequer falta dessas companhias do passado. Pelo contrário, um momento de solidão passa a ser mais valorizado do que aquelas reuniões periódicas.
É o momento em que nós acordamos.
Como o gado que estava em fila, indo em direção ao abate. De alguma forma (Real), conseguimos sair da fila, romper as barreiras e escapar do abate. Em um primeiro momento, tentamos avisar os demais do fatídico final. Tentamos até ajudar, mostrando como sair, indicando a saída ou oferecendo ajuda. Entretanto, o gado não quer. É o estilo de vida deles. É o que desejam. É apenas aquilo que sabem fazer, e já estão conformados.
Então não há nada mais que possa ser feito. O antigo laço de amizade deve ser rompido. Momento este em que seguimos a nossa vida, assistindo a derrocada dos demais e o seu respectivo abate.
Parece um discurso fatalista ou negativist, é verdade, e com toques de um humor bem fraco, mas na verdade é uma alegoria criada para mostrar que este é um rito de passagem. Passagem esta, representada na internalização da Real em nossas vidas, e, agora, deverá ser aplicada em nosso contexto social, filtrando as pessoas que se aproximam da gente, e nos afastando de antigas companhias que nunca agregaram em nossa vida, ou na própria amizade desenvolvida, e estavam lá apenas para nos atrapalhar e sabotar. O rompimento, portanto, acaba sendo necessário.
Esse é o momento, em que com as ferramentas em punho dadas pela Real, devemos decidir se queremos viver a nossa vida, e ser o protagonista dela, ou, se continuaremos a viver a vida dos outros.
Por outro lado, com esse crivo analítico desenvolvido e o respectivo amadurecimento, aprendemos a valorizar as verdadeiras companhias que surgem em nossas vidas. Companhias que trazem um senso de união maior, de coesão e que agregam algo à nossa individualidade e para até mesmo o laço de amizade gerada. Pessoas que contam com você, e com quem você pode contar, já que se importam de verdade contigo, independente da vitória ou da derrota de um dia-a-dia.