21-06-2014, 05:10 AM
(Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 21-06-2014, 05:12 AM por cabraman.)
1) NA VISÃO MASCULINA
Eles passarão. Nós ficaremos
Um espectro ronda as ruas de Porto Alegre — o espectro do ressentimento masculino. Todos nós, homens, estamos em aliança sagrada para exorcizar esse espectro nascido da massiva presença de australianos, holandeses e, que Deus nos perdoe, em breve argentinos na noite desta pujante metrópole regional.
>>>Leia a visão feminina da tomada de Porto Alegre por estrangeiros
Na última semana, eles invadiram a cidade por causa da Copa. Começaram então os boatos de que o pedigree internacional alterou o comportamento porto-alegrense. Conforme as primeiras informações que chegavam, eles eram caçados pelas amazonas gaúchas ao gritos de "aussie, aussie!", abatidos e beijados pelos bares da Cidade Baixa e do Moinhos. Tudo indicava que os séculos de boa nutrição, no caso holandês, e de uma rotina de esportes radicais, que é o que se faz na Austrália, produziram um diferencial competitivo com o qual o nosso fenótipo subnutrido e preguiçoso tem dificuldades de competir.
Leia todas as notícias sobre Copa 2014
Pelo Facebook e Twitter, onde opiniões imbecis e sensatas convivem sem proporção alguma, a indignação começou a brotar dos nossos egos feridos: "Malditos gringos!"; "Estão com as nossas mulheres"; "Caçadoras de cidadania"; "Australianos pegaram todas as nativas sem nenhum esforço" — exemplos do que deve ter aparecido na sua timeline nos últimos dias. Há outros comentários. Piores, quase doentes, dos quais vou poupar o estômago do leitor que chegou até aqui.
Mas seria verdade? E se fosse, qual o motivo do fetiche classe média por um romance internacional?
No final da tarde de quarta-feira, decidi investigar. Parte da resposta à segunda pergunta veio antes da primeira. Demografia, meu caro Malthus. A pista veio de Laura Schenkel, uma colega do jornal:
— Há mais mulheres do que homens em Porto Alegre.
Sério? Durante toda a minha adolescência elas eram miragens no meio de um vasto deserto. Os dados do IBGE confirmam a sensação de escassez: a capital gaúcha tem 46,39% de homens e 53,61% de mulheres. Os estrangeiros, em grande maioria homens, teriam apenas reequilibrado o sistema, pegando carona em um clima de festa, bebida e celebração. A Copa, afinal, está acontecendo.
CONTINUA ...
Eles passarão. Nós ficaremos
Um espectro ronda as ruas de Porto Alegre — o espectro do ressentimento masculino. Todos nós, homens, estamos em aliança sagrada para exorcizar esse espectro nascido da massiva presença de australianos, holandeses e, que Deus nos perdoe, em breve argentinos na noite desta pujante metrópole regional.
>>>Leia a visão feminina da tomada de Porto Alegre por estrangeiros
Na última semana, eles invadiram a cidade por causa da Copa. Começaram então os boatos de que o pedigree internacional alterou o comportamento porto-alegrense. Conforme as primeiras informações que chegavam, eles eram caçados pelas amazonas gaúchas ao gritos de "aussie, aussie!", abatidos e beijados pelos bares da Cidade Baixa e do Moinhos. Tudo indicava que os séculos de boa nutrição, no caso holandês, e de uma rotina de esportes radicais, que é o que se faz na Austrália, produziram um diferencial competitivo com o qual o nosso fenótipo subnutrido e preguiçoso tem dificuldades de competir.
Leia todas as notícias sobre Copa 2014
Pelo Facebook e Twitter, onde opiniões imbecis e sensatas convivem sem proporção alguma, a indignação começou a brotar dos nossos egos feridos: "Malditos gringos!"; "Estão com as nossas mulheres"; "Caçadoras de cidadania"; "Australianos pegaram todas as nativas sem nenhum esforço" — exemplos do que deve ter aparecido na sua timeline nos últimos dias. Há outros comentários. Piores, quase doentes, dos quais vou poupar o estômago do leitor que chegou até aqui.
Mas seria verdade? E se fosse, qual o motivo do fetiche classe média por um romance internacional?
No final da tarde de quarta-feira, decidi investigar. Parte da resposta à segunda pergunta veio antes da primeira. Demografia, meu caro Malthus. A pista veio de Laura Schenkel, uma colega do jornal:
— Há mais mulheres do que homens em Porto Alegre.
Sério? Durante toda a minha adolescência elas eram miragens no meio de um vasto deserto. Os dados do IBGE confirmam a sensação de escassez: a capital gaúcha tem 46,39% de homens e 53,61% de mulheres. Os estrangeiros, em grande maioria homens, teriam apenas reequilibrado o sistema, pegando carona em um clima de festa, bebida e celebração. A Copa, afinal, está acontecendo.
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