04-10-2011, 11:51 PM
(Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 04-10-2011, 11:55 PM por Mandrake.)
Observação e Compreensão dos Defeitos - A Morte do Ego
Parte I â Considerações sobre a compreensão
1. Compreensão não é suficiente
A morte do eu requer compreensão e súplica. A compreensão não é tudo mas é imprescindÃvel. O sistema krishnamurtiano de compreensão integral é imprescindÃvel mas incompleto. Não se consegue a morte do eu somente por meio da compreensão. O eu não desaparece espontaneamente após ser compreendido. Há necessidade de súplica à Mãe Divina e da continuidade da não-identificação.
2. O que é compreender
Compreender um defeito é, entre outras coisas, discernir seus danos e falsidades. Os eus causam prejuÃzos fÃsicos e espirituais, além de distorcer a realidade.
A visão dos eus é subjetiva, o que equivale e a dizer que é falsa. O desejo transfigura o objeto, conferindo-lhe valor positivo ou negativo. Tomados pela luxúria, não vemos o sexo e a mulher tal como são.
A distorção da realidade por um eu pode ser compreendida em diferentes nÃveis de profundidade. Quanto mais profunda a compreensão, maior a compreensão do defeito. O mesmo vale para os danos que o mesmo ocasiona em nossa vida.
Compreender um defeito é, ainda, compreender seu ponto de vista, sua idiossincrassia. à também descobrir todos os seus detalhes, modus operandi, justificativas e múltiplas formas de manifestação através dos cinco centros.
Para maior esclarecimento: compreender um defeito é reunir todas as informações possÃveis a respeito do mesmo, observando-o com clareza cada vez maior. Quanto mais informações descobertas, mais profunda será a compreensão. As informaçòes estão em nós mesmos e em nós temos que buscá-las. As informações estão em nossa conduta, em nossos movimentos, hábitos, pensamentos, sentimentos, desejos, vontades, instintos etc.
Há dois meios para compreender: a observação direta e a reflexão a posteriori. A reflexão deve estar rigorosamente atrelada a fatos observados e jamais extrapolá-los. Extrapolar os fatos é teorizar sobre o defeito. A observação é a coleta de detalhes. A reflexão e a observação se enriquecem mutuamente. A reflexão, quando aperfeiçoada, se transforma em meditação por exigir relaxamento, concentração e desligamento sensorial sem perda da consciência.
3. Medidas para enxergar o novo
Tomados por um desejo violento, nos observamos mas não vemos nada porque a consciência está subjetivada pela percepção distorcida do objeto. Em tal estado lamentável, convém observar a subjetividade, coletando dados. Se a percepção pura e direta não revelar nada, podemos fazer uma reflexão intelectual, no inÃcio, até que nossa consciência (atenção) esteja treinada para perceber diretamente, sem recorrer à análise intelectual.
No inÃcio, podemos tecer análises intelectuais durante a observação, desde que não sejam devaneiantes. Com o amadurecer da prática observacional, tais análises são abandonadas e passamos à observação pura, que é o que interessa. A observação do ego desenvolve, pelo exercÃcio, a percepção instintiva das verdades cósmicas.
4. Substituir a resistência pela não-identificação e súplica
Não adianta opor desejo contra desejo. O desejo de não fornicar, ainda que seja nobre, não anula o desejo de fornicar. O correto é combater o desejo com compreensão e súplica. A compreensão não advém da entrega hedônica, a qual se dá por meio da identificação da essência com o desejo. O que resulta em compreensão é a observação e análise realizados desde fora (sem identificação, ou seja, tratando o desejo como um elemento estranho a ser estudado e conhecido, tal como fazemos com inimigos).
Quando afirmei, em outras ocasiões, que não se deve resistir ao desejo, estou dizendo que não devemos opor desejo contra desejo mas não estou afirmando que devemos nos identificar com o desejo atormentador para satisfazê-lo. A satisfação não enfraquece o desejo, o fortifica. A resistência ao desejo igualmente o fortifica por represar a libido. A observação/reflexão sem resistência mas, ao mesmo tempo, sem identificação e acompanhada por súplica, não permite que o eu se satisfaça e o enfraquece.
Portanto, se nos vermos possessos por um desejo, não há recurso além de nos separarmos do mesmo e coletar detalhes, construindo lentamente uma compreensão baseada somente em fatos observados e não em conjeturas.
Dito de outra maneira, poderÃamos explicar este ponto assim: não adianta opor força contra força ou simplesmente esforçar-se intensamente sem estratégia. O esforço correto é o que dá resultados e não o simples esforço bruto.
5. Compreender até a aversão
O desejo não nos deixa gratuitamente, assim porque sim, após ter sido compreendido. Necessita ser expulso com o látego da vontade, como Nietszche indicou. Saberemos que um desejo foi compreendido quando sentirmos aversão pelo mesmo e não o suportarmos mais dentro de nós. A vergonha imensa por sermos portadores de tamanha anomalia ridicularizante indica que chegou o momento de expulsá-la de nosso interior. A intensidade da súplica aumenta e o desejo de erradicar a abominação interior se torna insuportável.
6. A sensorialidade do desejo
A mulher desejada emite um conjunto de vibrações que se convertem em sensações agradáveis ao serem captadas pelos nossos órgãos dos sentidos. O desejo de possuÃ-la é o desejo de desfrutar o mais profundamente possÃvel de suas sensações.
A visão do corpo feminino, a audição da voz, a tactibilidade da pele, dos órgãos etc. são sensações que se associam proporcionando o prazer. A presença e o contato femininos são agradáveis aos sentidos do homem. A origem da luxúria é sensorial e por isso se utiliza a palavra âsensualâ para designar o erotismo.
O conjunto de vibrações luminosas, sonoras, de solidez e odorÃferas constitui um código único, inconfundÃvel, por meio do qual reconhecemos a mulher desejada e a diferenciamos das demais.
7. A sensação de fornicar
No órgão sexual concentra-se especialmente a sensação tátil, sendo o ponto mais sensÃvel do corpo humano. Por meio dele obtemos a sensação prazeirosa do esperma sendo expelido. O apego a esta sensação é que nos torna escravos da fornicação. O viciado em masturbar-se ou em fornicar está viciado na sensação prazeirosa de expelir o sêmen.
8. O reforço sensorial da mente luxuriosa
A simples visão das formas atraentes de uma mulher evoca a recordação de inúmeras sensações agradáveis que nos impelem a conquistá-la. A vontade condicionada à obtenção destas sensações agradáveis é o desejo luxurioso. Embora esteja na mente (pensamentos e imagens) e corresponda a uma forma mental, o desejo tem sua origem e reforço nas sensações. As sensações são o impacto qualitativo em nosso psiquismo das vibrações emanadas pela mulher. O apego às sensações agradáveis distorce nossa percepção da mulher.
Quando descobrimos as sensações agradáveis que uma mulher provoca em nós, compreendemos um pouco mais o desejo que temos por ela.
9. O tormento da insatisfação
O que atormenta e impele à satisfação é a manifestação emocional do desejo. à uma tortura psicológica que somente nos deixa quando o satisfazemos. Apesar disso, seu embasamento (e não sua origem) é mental. Se não lembramos, não desejamos.
E ao vermos ou ouvirmos o objeto do nosso desejo, nos recordamos e passamos a desejar. No esquecimento não se manifesta o desejo.
10. O desejo é o apego às sensações
Quando nos apegamos a um conjunto de sensações, a percepção do objeto que as origina se torna subjetiva porque não há neutralidade, já que elas passam a ser âagradáveisâ. Desejar uma mulher não é mais do que desejar as sensações agradáveis de sua presença.
A compreensão dos diferentes tipos de apego a estas sensações auxilia na compreensão do defeito correspondente.
11. O desejo de fornicar é sentido mais fortemente no órgão sexual
Embora a luxúria tenha uma origem mental e esteja na mente, o impulso de fornicar normalmente (mas não sempre) é mais fortemente sentido no centro sexual. Após vários dias de abstinência, a mÃnima recordação luxuriosa desencadeia a inconfundÃvel sensação do âmorboâ. E, mesmo na ausência de pensamentos luxuriosos, paira no órgão sexual um resÃduo desta sensação impulsionante e compulsiva que nos impele a fornicar. Não é suficiente, portanto, a aplicar a morte nos pensamentos luxuriosos, necessitamos inadiavelmente aplicar a morte nas manifestações morbosas no centro sexual.
Embora se manifestem na mente e na emoção, a luxúria tem o sexo como tônica e deve ser observada, estudada e dissolvida em sua forma puramente genital.
As sensações morbosas genitais apresentam múltiplas nuances qualitativas não conceituáveis (âsaboresâ) mas acessÃveis diretamente ao sentido silencioso da auto-observação. Captá-las é aprofundar na compreensão dos vÃcios luxuriosos.
12. Angústias são sentidas no centro emocional
Angústias, tristezas, ciúmes, saudades, raiva, ódio, inveja etc. são sentidas mais fortemente no centro emocional, o que significa que este centro é a tônica destes defeitos, os quais ainda assim se manifestam nos outros dois cérebros. A auto-observação, o estudo e a aplicação da morte sobre estes defeitos não devem negligenciar este centro.
As múltiplas nuances qualitativas e não-descritÃveis de tais emoções inferiores ao serem detectadas aumentam a compreensão dos referidos defeitos.
13. O medo e a gula são sentidos mais fortemente no centro instintivo
O medo e a gula apresentam o centro instintivo como tônica. Apresentam também manifestações mentais, motrizes, emocionais e até sexuais, mas é sob a forma de manifestações instintivas que percebemos mais violentamente seus impulsos. A observação, o estudo e a morte devem penetrar principalmente esta forma de manifestação para vencê-los, sem abandonar as formas correspondentes aos demais centros, obviamente.
A detecção consciente das várias manifestações instintivas dos citados defeitos aprofundará a compreensão dos mesmos. Estas manifestações podem ser alterações nos batimentos cardÃacos, no ritmo respiratório, na pressão arterial, no funcionamento das glândulas sudorÃparas, das glândulas salivares, nos movimentos peristálticos, no estado qualitativo sentido no estômago, nas contrações e espasmos de fome, nos tremores, bocejos etc. Ao percebermos conscientemente os detalhes das formas de manifestações instintivas destes defeitos, aprofundamos a compreensão dos mesmos.
14. Começa-se a exercitar a compreensão pelo estudo do centro intelectual
Por uma questão didática e estratégica, começamos a exercitar a auto-observação e a compreensão pelo centro intelectual, estudando os pensamentos e buscando a silenciosa recordação de si, somente passando ao centro emocional após estarmos mais ou menos bem exercitados neste nÃvel. Depois passamos ao motor e por fim ao instintivo e sexual.
Esta ordem facilita a aprendizagem do uso da consciência. Quem houver aprendido a observar eficientemente os pensamentos que atrapalham o estado de alerta natural, poderá começar a observar as emoções que os acompanham ou que as situações exteriores desencadeiam. E assim por diante...
Parte II - Considerações sobre auto-observação
1. Os três cérebros e os cinco centros
Os cinco centros da máquina humana se associam formando três cérebros distintos: o cérebro intelectual, o cérebro emocional e o cérebro motor-instintivo-sexual. O terceiro cérebro resulta da combinação dos três centros responsáveis pela ação.
Embora pareça estranho, o coração e o sistemas a ele relacionados pela emoção constituem um segundo cérebro no homem, motivo pelo qual uma pessoa pode ter a chamada morte cerebral ou encefálica mas ainda assim continuar com o coração respondendo e administrando o seu sistema. Há ainda um terceiro cérebro, o motor-instintivo-sexual, que possui relativa autonomia para administrar suas funções. Por isso é que se diz que o ser humano não possui somente um cérebro e sim três.
2. O que é observar o centro intelectual?
à prestar atenção no que se passa em nossa cabeça. Você estará observando o seu centro intelectual quando detectar, por meio da atenção introspectiva, em que está pensando, lembrando, raciocinando ou imaginando. Um problema amoroso, por exemplo, poderá disparar a mente, fazendo com que o apaixonado analise sua situação, raciocine, lembre-se de fatos, tente encontrar soluções etc. São funções do centro intelectual a análise, a memória, a conceituação, a descrição, a imaginação. Um filósofo é alguém que educou o seu centro intelectual para funcione com lógica rigorosa. Um asceta meditador é alguém que aprendeu a pará-lo. O mentor intelectual de crimes é alguém que o educou e treinou para satisfação do ego.
3. O que é observar o centro emocional?
à o ato de prestar atenção no coração e detectar o teor dos sentimentos que o estão invadindo. As emoções podem ser boas ou más. Pelo coração passam milhares de emoções que são prejudiciais em sua maioria mas são de difÃcil descrição. Entretanto, a consciência pode registrar não-conceituavelmente o âsaborâ de cada emoção.
4. O que é observar o centro motor
à o ato de prestar atenção nos movimentos de todo o corpo, e não somente dos braços e pernas. Todos os movimentos musculares não-instintivos são funcionamento do centro motor: do rosto, da cabeça, do tronco, da lÃngua, da boca e dos olhos. Formas de andar, comer, sentar-se, olhar e posicionar-se em pé, etc. são expressões do centro motor. Olhando estas expressões podemos descobrir muitos detalhes de defeitos.
5. O que é observar o centro instintivo
à prestar atenção nas funções corporais espontâneas destinadas à preservação da saúde, da vida e da espécie.
Parece haver muitas dúvidas entres os irmãos gnósticos de várias tendências a respeito dessa modalidade de expressão do ego. São manifestações instintivas do ego: tremores, arrepios na pele, arrepios no cabelo, diarréia, vômitos, salivação, taquicardia, amolecimento das pernas, náuseas, tosses, espirros, bocejos, prurido, dores etc. As doenças psicossomáticas também são manifestações dos egos por este centro. O medo, a luxúria ou a raiva podem provocar tremores, suores e taquicardia. O nervosismo provoca diarréia. A gula promove intensa salivação; uma mulher muito excitada em um romance erótico poderá ficar com as pernas âbambasâ; o terror arrepia os cabelos... Tudo isso são manifestações do centro instintivo que podem ser observadas diretamente. Os egos provocam alterações nas funções corporais instintivas que precisam ser observadas e descobertas para que a compreensão se aprofunde. Quanto mais manifestações instintivas de um dado defeito descobrirmos em nós, tanto mais compreensão teremos a respeito do mesmo.
Se procurarmos sinceramente por manifestações instintivas de um defeito qualquer, poderemos descobrir várias e enriquecer a compreensão. Basta observarmos o que se passa com o corpo.
6. O que é observar o centro sexual?
à prestar atenção nas alterações que ocorrem no órgão genital e também na infinitude de âsabores morbososâ. A atenção poderá captar sensações, nem sempre descritÃveis ou conceituáveis, emanadas da região sexual.
7. Como detectar os egos?
Simplesmente observando nosso comportamento através dos centros e verificando o que está sendo prejudicial ou indesejável, do ponto de vista do desenvolvimento espiritual. São caracterÃsticas fundamentais dos defeitos: prejudicar a nós mesmos ou ao próximo e violentar o livre arbÃtrio da vontade. As manifestações dos centros que não forem prejudiciais não são defeitos. Ou seja: nem toda manifestação dos centros provém do Ego mas somente aquelas que causam dano, ainda que pequeno.
Os defeitos se manifestam através dos cinco centros (três cérebros) e somente podem ser descobertos observando-se as cinco formas respectivas de manifestação de cada um destes centros.
8. Dimorfismo sexual nos centros
O dimorfismo sexual se exprime através dos centros, o que significa que existem algumas formas de pensar, sentir e agir tipicamente masculinas e outras tipicamente femininas. A masculinidade é uma forma de expressão do ego através destes cinco centros. Como diz Schopenhauer, quanto mais masculino for um homem, mais feminina será a mulher que irá atrair e vice-versa. Se você quiser atrair mulheres altamente femininas, deverá ressaltar a masculinidade em seus centros: falar, andar, vestir-se, olhar, sentar, mover-se, posicionar-se etc. como um homem. Entretanto, nenhum homem existente será masculino a ponto de erradicar totalmente de si os traços femininos, visto que na origem somos andróginos, pois resultamos de um coito, que é a fusão de dois pólos. O aspecto feminino do homem, a anima de Jung, é que lhe permite compreender a mulher, relacionar-se com ela e manter o contato psicológico, mas preservará a heterossexualidade somente se subordinar-se ao aspecto masculino, que é o que deve comandar o homem. Caso contrário, a anima se torna um demônio que joga o homem nas mãos do animus feminino para ser torturado emocionalmente.
A masculinidade e a feminilidade possuem aspectos superiores e inferiores. Portanto, nem sempre o machão é uma pessoa ruim como pressupõe o senso comum. Se você desenvolver uma masculinidade negativa, atrairá para si muitos problemas. Terá uma vida curta, muitos inimigos desnecessários etc.
Existem sentimentos de homem, tais como o furor da batalha, o gosto pela liderança ou o furor do sexo selvagem, mas eles podem nos destruir se não forem aperfeiçoados pela morte do ego.
O pensamento do macho deve ser concentrado, cuidadoso, penetrante e profundo, sem obstruir a atenção e sem causar devaneios. O pensamento da fêmea deve ser abrangente, receptivo e também, como diz Kant, agradável e belo. Isso não é preconceito e nem misoginia, mas sim respeito à diferença.
Instintos de macho e instintos de fêmea são diferentes e não os descreverei aqui porque todo mundo já deve ter sentido na pele o efeito destas diferenças. A sexualidade de machos e fêmeas também se distinguem muito bem. Descrevi exaustivamente essas diferenças em meus textos anteriores.
9. O objeto da observação de si
Quando se diz que devemos observar o nosso ego, isso significa que devemos observar as cinco categorias em que se divide nosso comportamento. Cada uma das cinco categorias pertencem a um dos cinco centros. Portanto, observar a si mesmo é observar o que se passa em nossa cabeça, em nosso coração e plexo solar, e também observar os nossos movimentos, processos corporais instintivos e o que se passa no órgão sexual. Observar algo é acompanhá-lo conscientemente para coletar informações.
10. O sentido da auto-observação
A observação do ego é possivel devido à existência de um sentido latente no ser humano que lhe permite perceber seu próprio psiquismo e processos corporais internos. Esta observação de si mesmo corresponde, parcialmente, ao que alguns autores denominam âsinestesiaâ, com âsâ, que é a capacidade de perceber cores que estão psicologicamente associadas a sons, ao que outros denominam âcinestesiaâ, com âcâ, que é a capacidade de perceber os movimentos e posição de partes do corpo, ao âtactus internusâ, mencionado por CÃcero, e ao que chamam de âclarividênciaâ, que é a capacidade de ver na luz astral. De fato, a percepção e identificação direta dos próprios pensamentos marca o começo do exercÃcio de uma forma rudimentar de clarividência, a qual pode ser ainda mais desenvolvida com a meditação. Em sua forma completa, culminará no nascimento da faculdade chamada âpercepção instintiva das verdades cósmicasâ.
De todas as maneiras, esteja desenvolvido ou não, é este sentido que permite começar e aprofundar a compreensão dos defeitos.
Parte III - Considerações sobre os detalhes do Ego.
1. A morte em marcha foi explicada pelo V.M. Rabolú
Segundo o V.M. Rabolú, o ego somente morre se aplicarmos a morte em marcha sobre os seus detalhes, suas manifestações diminutas e sutis. A auto-observação deve revelar manifestações pequenas e sutis dos defeitos, suas múltiplas facetas, ao invés e ater-se à s manifestações maiores. Sobre cada faceta sutil deve-se aplicar a morte em marcha, à qual consiste em suplicar à Mãe Divina pela dissolução das mesmas imediatamente após descobrÃ-las (V.M. RABOLÃ, 1995; V.M. RABOLÃ, 2000). Este é o marco fundamental da obra do V.M. Rabolú, o qual tornou a morte do ego muito mais compreensÃvel ao estudantado.
2. Os detalhes são descobertos nos centros
Para descoberta dos detalhes, o foco da atenção (o "holofote da consciência" de Baars) deve estar direcionado aos cinco centros (três cérebros). Isso significa que a atenção é posta sobre nós mesmos, porém em esferas bem especÃficas de nossa própria pessoa, as quais foram explicadas há pouco. Se o foco da atenção não for posto sobre os cinco centros, nada será descoberto. Esta é uma das razões pelas quais muitas pessoas tentam se auto-observar mas nada descobrem. Se o foco não estiver sobre os cinco centros, estará posto no nada, sobre um hipotético "ego" imaginário e abstrato, o que inutilizará a tentativa. O ego a ser verdadeiramente observado é o ego real e concreto, o qual será encontrado somente nos centros da máquina.
3. A expectativa durante a vigilância
Durante a correta auto-observação, a expectativa é a de encontrar nesses cinco centros toda e qualquer manifestação leve e sutil dos egos, sejam elas boas ou más em aparência. à um estado de alerta contÃnuo, semelhante ao das sentinelas nas guerras, que vigiam e reagem ao menor sinal da presença do inimigo.
Quando direcionamos o holofote da consciência apenas às manifestações grandes e violentas dos egos, estas nos distraem e os detalhes passam desapercebidos.
4. A mente agitada impede a observação
A observação dos detalhes nos centros estará impedida se o observador se mantiver pensando. Um relativo silencio mental é indispensável. Como poderemos observar algo se estivermos pensando em mil coisas? Observar não é pensar, é prestar atenção com o intuito de descobrir e compreender, de enxergar o novo.
5. Rompendo a identificação conosco mesmos
Ao buscarmos os detalhes nos centros para aplicar-lhes a morte em marcha, deve haver uma separação entre observador e observado: nós (a essência ou alma) olhamos a nós mesmos (os egos) desde fora, sem identificação. Isso significa que nossa pessoa se divide e que nossa essência, que é o observador que presta atenção, se separa do Ego, que é a pessoa a ser observada, e passa a vigiá-lo à espreita das mÃnimas aparições de caracterÃsticas indesejáveis nos centros. Em outras palavras: observamos a nossa própria pessoa como se fosse uma pessoa estranha, focando a atenção especificamente nos cinco centros da mesma e esperando os detalhes que aparecerão a qualquer momento. Tudo isso sem esforços no sentido de reprimÃ-los mas sim no sentido de enxergá-los e compreendê-los. Esta prática, aplicada com rigor e disciplina, resolve todos os problemas de compreensão dos defeitos.
Referências:
V.M. RABOLà (1995). A Ãguia Rebelde (Waldemar Francisco Wagner, trad.). São Paulo: Movimento Gnóstico Cristão Universal do Brasil na Nova Ordem.
V.M. RABOLà (2000). Hercólubus ou Planeta Vermelho (C. Volkenborn, trad.). Belo Horizonte: Millenium.