05-01-2014, 09:44 PM
Domingo, 5 Janeiro 2014 18:34
Escrito por Olavo de Carvalho
Até hoje ninguém respondeu satisfatoriamente – nem responderá jamais – à minha observação de que o socialismo-comunismo é a fusão de poder político e poder econômico, portanto um acréscimo formidável dos meios de controle social e opressão. Já ouvi tudo quanto é xingamento quando digo isso, mas nenhuma refutação.
Também ninguém responderá à constatação de Hans-Hermann Hoppe de que a passagem das antigas monarquias para o republicanismo democrático trouxe a deterioração da vida social, o aumento exponencial da criminalidade e a escalada sem fim do intervencionismo estatal.
Não há um só advogado da democracia contra o socialismo que não esteja consciente de defender nada mais que um mal menor. Alguns, no fundo, reconhecem até que o mal menor é apenas um caminho mais longo para o mal maior.
Isso coloca-os numa posição de desvantagem no confronto com os socialistas e comunistas, que não têm satisfações a prestar à realidade histórica e que em geral são mesmo psicopatas insensíveis a quaisquer escrúpulos de consciência. Mas em todo caso é melhor falar com um freio na boca do que não falar de maneira alguma.
O problema, no fundo, é que tanto a democracia quanto o socialismo são filhos da mentalidade revolucionária, isto é: ambos consistem essencialmente em fazer promessas que não podem cumprir.
Ambos rejeitam categoricamente a antiga noção de que o curso das coisas depende de fatores incontroláveis e proclamam que "o homem" deve tomar nas mãos o seu próprio destino – esquecendo que, na prática, isso invariavelmente resulta em que alguns poucos homens passarão a decidir o destino dos outros.
Em grande parte, o crescimento dos meios de opressão não depende de nenhuma escolha política, mas do simples progresso da ciência e da técnica.
O grampo generalizado que tanto escandaliza o público, os aviões teleguiados com câmeras que vasculham o interior das casas, os simples arquivos eletrônicos de informações que colocam todos à mercê da chantagem governamental são avanços técnicos formidáveis, cuja criação custou tão caro que só o Estado poderia financiá-los, o que faz do cidadão a vítima inerme da aliança inevitável entre conhecimento científico e poder, transmutando em piada macabra a promessa iluminista de que a ciência libertaria a humanidade da opressão e das trevas.
Nenhum desses processos, que superam infinitamente as mais loucas ambições de poder absoluto de Hitler e Stálin, depende de uma adesão ideológica ao socialismo ou à democracia capitalista.
Onde quer que haja um Estado, ele tem a seu serviço as tecnologias mais caras e a própria complexidade crescente da administração pública o forçará a utilizá-las mais dia, menos dia.
Por toda parte continua a cumprir-se assim, mesmo depois da extinção dos dois grandes regimes totalitários, a profecia de Jacob Burckhardt, enunciada no umbral do século 20: "A autoridade reerguerá a cabeça, e será uma cabeça temível."
Mais claramente ainda, é o progresso mesmo da tecnologia que viabiliza o controle do fluxo de informações, reduzindo a massa popular a um estado de ignorância por vezes completa do real estado de coisas. Com ou sem este nome, a censura, a supressão dos fatos indesejáveis, tornou-se a rotina da grande mídia internacional democrática como outrora o foi na URSS e ainda é no comunismo chinês.
Dificilmente a KGB terá algum dia empreendido uma "operação abafa" tão vasta e bem sucedida quanto a ocultação dos documentos falsos de Barack Hussein Obama pela mídia americana ou o completo sumiço do Foro de São Paulo, por nada menos que dezesseis anos, nos jornais e canais de televisão do Brasil.
Enquanto a humanidade não entender que aqueles que a estimulam a "tomar nas mãos as rédeas do seu próprio destino" estão somente sugerindo que ela entregue essas rédeas nas mãos deles, as perspectivas da liberdade no mundo continuarão se estreitando cada vez mais, e a própria liberdade de percebê-lo será exercida por um número cada vez menor de pessoas.
***
Amigos e leitores perguntam-me sobre as próximas eleições. Elas não me interessam de maneira alguma. Por meio do funcionalismo público e da rede de "movimentos sociais", o PT e os partidos de esquerda seus aliados controlam o Estado, não somente o governo.
Qualquer não-nazipestista que seja eleito presidente terá de dançar conforme a música ou sofrer o destino de Fernando Collor de Mello.Eleger um presidente não é prioridade.
A prioridade é criar uma militância e um esquema de poder, fora do governo, para dar sustentação a um presidente antipetista no governo quando for possível e conveniente elegê-lo. Um presidente que tem somente o apoio do eleitorado difuso, sem uma militância organizada por perto, pronta para o que der e vier, é um pato de barro sentado num estande de tiro.
***
Uma pesquisa recente mostrou que só oito por cento dos estudantes do ensino fundamental adquirem os conhecimentos adequados. Pois bem: enquanto existir um Ministério da Educação essas coisas continuarão acontecendo.
A idéia de que a educação é incumbência do Estado, e não da sociedade, é uma das mais destrutivas que já passaram pela cabeça humana.
http://www.dcomercio.com.br/2014/01/05/u...duas-notas
Escrito por Olavo de Carvalho
Até hoje ninguém respondeu satisfatoriamente – nem responderá jamais – à minha observação de que o socialismo-comunismo é a fusão de poder político e poder econômico, portanto um acréscimo formidável dos meios de controle social e opressão. Já ouvi tudo quanto é xingamento quando digo isso, mas nenhuma refutação.
Também ninguém responderá à constatação de Hans-Hermann Hoppe de que a passagem das antigas monarquias para o republicanismo democrático trouxe a deterioração da vida social, o aumento exponencial da criminalidade e a escalada sem fim do intervencionismo estatal.
Não há um só advogado da democracia contra o socialismo que não esteja consciente de defender nada mais que um mal menor. Alguns, no fundo, reconhecem até que o mal menor é apenas um caminho mais longo para o mal maior.
Isso coloca-os numa posição de desvantagem no confronto com os socialistas e comunistas, que não têm satisfações a prestar à realidade histórica e que em geral são mesmo psicopatas insensíveis a quaisquer escrúpulos de consciência. Mas em todo caso é melhor falar com um freio na boca do que não falar de maneira alguma.
O problema, no fundo, é que tanto a democracia quanto o socialismo são filhos da mentalidade revolucionária, isto é: ambos consistem essencialmente em fazer promessas que não podem cumprir.
Ambos rejeitam categoricamente a antiga noção de que o curso das coisas depende de fatores incontroláveis e proclamam que "o homem" deve tomar nas mãos o seu próprio destino – esquecendo que, na prática, isso invariavelmente resulta em que alguns poucos homens passarão a decidir o destino dos outros.
Em grande parte, o crescimento dos meios de opressão não depende de nenhuma escolha política, mas do simples progresso da ciência e da técnica.
O grampo generalizado que tanto escandaliza o público, os aviões teleguiados com câmeras que vasculham o interior das casas, os simples arquivos eletrônicos de informações que colocam todos à mercê da chantagem governamental são avanços técnicos formidáveis, cuja criação custou tão caro que só o Estado poderia financiá-los, o que faz do cidadão a vítima inerme da aliança inevitável entre conhecimento científico e poder, transmutando em piada macabra a promessa iluminista de que a ciência libertaria a humanidade da opressão e das trevas.
Nenhum desses processos, que superam infinitamente as mais loucas ambições de poder absoluto de Hitler e Stálin, depende de uma adesão ideológica ao socialismo ou à democracia capitalista.
Onde quer que haja um Estado, ele tem a seu serviço as tecnologias mais caras e a própria complexidade crescente da administração pública o forçará a utilizá-las mais dia, menos dia.
Por toda parte continua a cumprir-se assim, mesmo depois da extinção dos dois grandes regimes totalitários, a profecia de Jacob Burckhardt, enunciada no umbral do século 20: "A autoridade reerguerá a cabeça, e será uma cabeça temível."
Mais claramente ainda, é o progresso mesmo da tecnologia que viabiliza o controle do fluxo de informações, reduzindo a massa popular a um estado de ignorância por vezes completa do real estado de coisas. Com ou sem este nome, a censura, a supressão dos fatos indesejáveis, tornou-se a rotina da grande mídia internacional democrática como outrora o foi na URSS e ainda é no comunismo chinês.
Dificilmente a KGB terá algum dia empreendido uma "operação abafa" tão vasta e bem sucedida quanto a ocultação dos documentos falsos de Barack Hussein Obama pela mídia americana ou o completo sumiço do Foro de São Paulo, por nada menos que dezesseis anos, nos jornais e canais de televisão do Brasil.
Enquanto a humanidade não entender que aqueles que a estimulam a "tomar nas mãos as rédeas do seu próprio destino" estão somente sugerindo que ela entregue essas rédeas nas mãos deles, as perspectivas da liberdade no mundo continuarão se estreitando cada vez mais, e a própria liberdade de percebê-lo será exercida por um número cada vez menor de pessoas.
***
Amigos e leitores perguntam-me sobre as próximas eleições. Elas não me interessam de maneira alguma. Por meio do funcionalismo público e da rede de "movimentos sociais", o PT e os partidos de esquerda seus aliados controlam o Estado, não somente o governo.
Qualquer não-nazipestista que seja eleito presidente terá de dançar conforme a música ou sofrer o destino de Fernando Collor de Mello.Eleger um presidente não é prioridade.
A prioridade é criar uma militância e um esquema de poder, fora do governo, para dar sustentação a um presidente antipetista no governo quando for possível e conveniente elegê-lo. Um presidente que tem somente o apoio do eleitorado difuso, sem uma militância organizada por perto, pronta para o que der e vier, é um pato de barro sentado num estande de tiro.
***
Uma pesquisa recente mostrou que só oito por cento dos estudantes do ensino fundamental adquirem os conhecimentos adequados. Pois bem: enquanto existir um Ministério da Educação essas coisas continuarão acontecendo.
A idéia de que a educação é incumbência do Estado, e não da sociedade, é uma das mais destrutivas que já passaram pela cabeça humana.
http://www.dcomercio.com.br/2014/01/05/u...duas-notas