13-11-2015, 03:16 PM
(Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 13-11-2015, 03:16 PM por Dumont.)
Citar:Economia 101 - parte 4 - ICC: Índice de Confiança do Consumidor
Toda última terça-feira de cada mês é disponibilizado publicamente o relatório do Índice de Confiança do Consumidor. Apesar disso, pessoas em Wall Street e no mundo dos negócios em geral tentam prever os números desse relatório, pois são um grande medidor de saúde da economia e em geral estão correlacionados ao crescimento do PIB.
Mas o que é o Índice de Confiança do Consumidor? É o resultado de uma pesquisa feita com cerca de cinco mil cidadãos, analizado por uma organização sem fins lucrativos de confiança, chamada Conference Board*. O objetivo do índice é captar os sentimentos e opiniões do cidadão médio a respeito da situção presente e futura da economia do país.
As perguntas feitas pela pesquisa focam nas opiniões dos entrevistados sobre condições de trabalho presentes e futuras e qual a prospecção de salário que cada pessoa tem para o próximo semestre. A Conference Board então analiza as amostras e extrai daí uma média que representa a sensação geral dos cidadãos sobre o futuro da economia. Assim como o IPC, o ICC também tem um ano-base como ponto de referência, que é o ano de 1985, e uma pontuação base de 100 pontos. Em fevereiro de 2009, por exemplo, o relatório do ICC teve uma pontução 25, ou seja, uma queda de 75 pontos em relação ao ano-base.
Mas qual a importância disso?
O índice é importante porque, historicamente, as expectativas do consumidor a respeito da economia sempre refletiram com bastante precisão o desempenho da economia no curto prazo. Se o consumidor está confiante no futuro da economia e acha que as coisas estão andando bem, ele tende a consumir mais bens e serviços, e como consequência acaba aquecendo a economia ainda mais. Por outro lado, se houver um clima de pessimismo entre os consumidores, sem muitas esperanças de crescimento para o futuro, os consumidores tentam economizar mais e cortam gastos, e isso significa que a demanda por bens e serviços vai encolher no geral, "esfriando" a economia.
O ICC é um relatório que tem uma taxa de precisão relativamente alta sobre os hábitos de consumo das pessoas, e isso faz com que o ICC tenha um forte impacto nas decisões de empresas e negócios sempre que o índice é atualizado. Se a confiança está em baixa, a demanda vai ser menor, e isso pode significar demissões de milhares de pessoas**, mas se a confiança está em alta, a indústria pode aumentar o nível de produção para se manter em dia com a possível demanda que haverá no futuro próximo, e isso implica geração de empregos e mais gente sendo contratada.
O que faz do ICC interessante é que não é um relatório baseado em achismos e conjunturas de economistas, mas sim na opinião dos cinco mil entrevistados aleatóriamente a cada mês, e essas opiniões refletem muito melhor a sensação geral dos cidadãos. Se, por exemplo, o preço da gasolina aumentou apenas 2%, mas a mídia em geral fica fazendo um grande alarde sem motivos, a opinião dos consumidores em geral pode ser influenciada e o ICC pode perder muitos pontos, mesmo se esses 2% no aumento não signifiquem muita coisa quando analisados de um ponto de vista econômico mais sério. Resumindo, o ICC diz que, se alguma coisa assusta o consumidor ou aumenta a confiança dele na economia, essa coisa é importante, independentemente de ela ter impactos reais na economia.
*No Brasil eu deixo a vocês como exemplo a Fecomercio, que faz essas pesquisas em São Paulo. www.fecomercio.com.br/Estudos/icc
** N.T.: No Brasil e em países que têm leis trabalhistas mais rígidas, nós vemos de vez em quando, por exemplo no setor industrial, as empresas dando "férias coletivas", pois demitir o peão custaria muito caro.
Citar:A thoroughly noble anything is an unlikely product of natural selection, because in the competition among genes for representation in the next generation, noble guys tend to finish last.Steven Pinker - The Blank Slate