20-02-2013, 12:02 AM
A terapeuta que inspirou a personagem de Helen Hunt no filme "As Sessões" vive em Berkeley, na Califórnia, com o marido, um ex-paciente.
Aos 68, Cheryl Cohen Greene continua o trabalho que iniciou há 30 anos: atender clientes com impotência, ejaculação precoce ou limitações que dificultam o sexo. Em seu livro, "As Sessões: Minha Vida como Terapeuta do Sexo", que chega esta semana às livrarias brasileiras, ela conta que teve mais de 900 parceiros sexuais.
À Folha, Greene diz como ajuda seus clientes e como entrou na profissão, que muitos consideram prostituição. "Ir a uma prostituta é como ir a um restaurante, escolher no cardápio e ser servido pelos funcionários, que esperam que você volte. Ter sessões com a terapeuta sexual substituta é como ir a uma escola de culinária: você descobre onde achar ingredientes, aprende receitas e sai fazendo pratos por conta própria."
Folha - Como você se tornou "terapeuta sexual substituta?"
Cherryl Cohen Greene - No início dos anos 1970 eu morava na Califórnia, no centro da revolução de costumes nos EUA. Ganhava um dinheiro como modelo-vivo, posando nua, quando soube desse trabalho. Conversei com meu marido na época. Vivíamos um casamento aberto, eu já tinha tido vários parceiros sexuais e ele também. Ele apoiou minha decisão.
O que é preciso fazer para ser esse tipo de terapeuta?
Um curso. Tem quem ache que só por ser bonita e ter tido muitos parceiros pode oferecer o tratamento. Mas ajudamos pessoas que têm dificuldades --não conseguem ter ereção ou orgasmo, nunca fizeram sexo. Precisam de alguém aberto, amoroso e sensível em quem confiem para aprender a superar.
Como é feito o trabalho?
São oito sessões, em cada uma há experiências diferentes, não só sexuais. Ajudo a pessoa a relaxar. Ao tocar um cliente pela primeira vez não quero que pense na ereção. O ponto é fazer com que se conheça e se abra ao prazer.
Há protocolo dessa terapia?
Sim. Foi desenvolvido pelo casal Master e Johnson. Trabalhamos com um terapeuta convencional, que não tem contato físico com o paciente (prefiro chamar de cliente).
É o terapeuta convencional que nos indica. Após a sessão, fazemos um relatório para esse terapeuta.
Na primeira sessão ensino o cliente a relaxar e massageio seu corpo inteiro. Na seguinte, o cliente me massageia e eu o conduzo, mostrando do que gosto ou não. Depois vem o exercício com o espelho, a pessoa se olha nua. Daí começam carícias mais íntimas, ensino a manter a ereção por mais tempo, a penetrar uma mulher de forma mais prazerosa para ela.
Como você encara o sexo sem envolvimento afetivo?
Tudo o que é consensual entre adultos é válido. O lindo do meu trabalho é que você não precisa se apaixonar, mas tem que se tornar íntimo da pessoa e respeitá-la. E é lindo saber que 85% conseguem uma vida sexual satisfatória depois das sessões.
Como evita que o cliente se apaixone por você?
Conto detalhes da minha vida privada a ele, digo que sou casada e feliz. Isso já diminui as expectativas.
E se você se apaixonar?
Já aconteceu. Estou casada com ele há 32 anos. Bob me procurou depois que terminaram as sessões. Na segunda vez que saímos já fizemos sexo fora do "consultório".
O que ele acha desse trabalho?
Eu nem me apaixonaria se ele não aprovasse o que faço. Quando lhe perguntam, ele diz que sabe o que fiz por ele e o que posso fazer para melhorar a vida de outros.
É outro casamento aberto?
Não. O amor é uma coisa, o trabalho é outra. Guio o cliente, ensino. Faz parte da terapia eu mesma ter orgasmo. Muitos precisam saber que são capazes de fazer isso. Para mim, termina ali.
Você ainda trabalha?
Tenho três clientes. Quando comecei, atendia dez por semana. Vivemos uma onda conservadora, há menos gente fazendo. Espero que com o filme e o livro mais gente se interesse pelo trabalho.
Fonte
Aos 68, Cheryl Cohen Greene continua o trabalho que iniciou há 30 anos: atender clientes com impotência, ejaculação precoce ou limitações que dificultam o sexo. Em seu livro, "As Sessões: Minha Vida como Terapeuta do Sexo", que chega esta semana às livrarias brasileiras, ela conta que teve mais de 900 parceiros sexuais.
À Folha, Greene diz como ajuda seus clientes e como entrou na profissão, que muitos consideram prostituição. "Ir a uma prostituta é como ir a um restaurante, escolher no cardápio e ser servido pelos funcionários, que esperam que você volte. Ter sessões com a terapeuta sexual substituta é como ir a uma escola de culinária: você descobre onde achar ingredientes, aprende receitas e sai fazendo pratos por conta própria."
Folha - Como você se tornou "terapeuta sexual substituta?"
Cherryl Cohen Greene - No início dos anos 1970 eu morava na Califórnia, no centro da revolução de costumes nos EUA. Ganhava um dinheiro como modelo-vivo, posando nua, quando soube desse trabalho. Conversei com meu marido na época. Vivíamos um casamento aberto, eu já tinha tido vários parceiros sexuais e ele também. Ele apoiou minha decisão.
O que é preciso fazer para ser esse tipo de terapeuta?
Um curso. Tem quem ache que só por ser bonita e ter tido muitos parceiros pode oferecer o tratamento. Mas ajudamos pessoas que têm dificuldades --não conseguem ter ereção ou orgasmo, nunca fizeram sexo. Precisam de alguém aberto, amoroso e sensível em quem confiem para aprender a superar.
Como é feito o trabalho?
São oito sessões, em cada uma há experiências diferentes, não só sexuais. Ajudo a pessoa a relaxar. Ao tocar um cliente pela primeira vez não quero que pense na ereção. O ponto é fazer com que se conheça e se abra ao prazer.
Há protocolo dessa terapia?
Sim. Foi desenvolvido pelo casal Master e Johnson. Trabalhamos com um terapeuta convencional, que não tem contato físico com o paciente (prefiro chamar de cliente).
É o terapeuta convencional que nos indica. Após a sessão, fazemos um relatório para esse terapeuta.
Na primeira sessão ensino o cliente a relaxar e massageio seu corpo inteiro. Na seguinte, o cliente me massageia e eu o conduzo, mostrando do que gosto ou não. Depois vem o exercício com o espelho, a pessoa se olha nua. Daí começam carícias mais íntimas, ensino a manter a ereção por mais tempo, a penetrar uma mulher de forma mais prazerosa para ela.
Como você encara o sexo sem envolvimento afetivo?
Tudo o que é consensual entre adultos é válido. O lindo do meu trabalho é que você não precisa se apaixonar, mas tem que se tornar íntimo da pessoa e respeitá-la. E é lindo saber que 85% conseguem uma vida sexual satisfatória depois das sessões.
Como evita que o cliente se apaixone por você?
Conto detalhes da minha vida privada a ele, digo que sou casada e feliz. Isso já diminui as expectativas.
E se você se apaixonar?
Já aconteceu. Estou casada com ele há 32 anos. Bob me procurou depois que terminaram as sessões. Na segunda vez que saímos já fizemos sexo fora do "consultório".
O que ele acha desse trabalho?
Eu nem me apaixonaria se ele não aprovasse o que faço. Quando lhe perguntam, ele diz que sabe o que fiz por ele e o que posso fazer para melhorar a vida de outros.
É outro casamento aberto?
Não. O amor é uma coisa, o trabalho é outra. Guio o cliente, ensino. Faz parte da terapia eu mesma ter orgasmo. Muitos precisam saber que são capazes de fazer isso. Para mim, termina ali.
Você ainda trabalha?
Tenho três clientes. Quando comecei, atendia dez por semana. Vivemos uma onda conservadora, há menos gente fazendo. Espero que com o filme e o livro mais gente se interesse pelo trabalho.
Fonte
Não há sabedoria que não seja poder.