08-09-2013, 08:19 PM
Caros confrades, o tópico é longo mas trata de algo que julgo ser muito importante: Nossa qualidade de vida e bem-estar, é algo que comecei a me interessar a uns anos: Dieta. Pode ser algo bem revolucionário, mas pros Gdrs será bem tranquilo lidar com isso, assim como as outras informações da Real, é um conhecimento que eu acho válido. Boa leitura!
DIETA (http://lowcarb-paleo.blogspot.com.br/201...tente.html)
“Uma coisa é certa: nossos ancestrais não comiam 3 refeições todos os dias. Muito menos faziam lanches. Muito menos comiam a cada 3 horas, como mandam os nutricionistas.
Nas palavras de um paleontólogo citado por Robb Wolf, nossos ancestrais comiam tudo que podiam, quando podiam, e, de preferência, o pedaço de carne mais gorda que pudessem encontrar.
Os principais autores do moderno movimento de dieta paleolítica falam, em seus livros e blogues, sobre jejum intermitente. Quando eu li estes livros, eu ainda achava que TODAS as pessoas poderiam perder peso facilmente se apenas cortassem os carboidratos, de modo que confesso ter desdenhado este conceito do jejum como algo bizarro e desnecessário.
Mas, como já expus na postagem anterior, a vivência me ensinou que as coisas não são tão simples. O meu set point ficou em um valor confortável, cerca de 2 Kg acima do mínimo que atingi fazendo low carb - um peso que venho mantendo estável há cerca de um ano, sem esforço e comendo à vontade (low carb e páleo, naturalmente). Mas e quanto às pessoas que fazem tudo certo e atingem um platô de peso bem acima de suas expectativas? E àquelas que atingem um peso adequado, mas que vêem seu peso lentamente subir, os quilos voltando aos pouquinhos, mesmo com a dieta bem cuidada?
Há algum tempo havia escutado um excelente podcast de um autor que escreve sobre jejum intermitente: Brad Pilon. Comprei o seu livro, Eat Stop Eat ("coma, pare, coma"). Agradável surpresa! Um livro com forte embasamento científico e repleto de referências bibliográficas.
Uma das minhas grandes preocupações com o jejum intermitente é a possibilidade de perda de massa magra. Em julho de 2012, respondi da seguinte forma a um leitor que questionou sobre o assunto:
[estou familiarizado com o conceito de] "intermittent fasting", os períodos intermitentes de jejum. A ideia faz sentido do ponto de vista evolutivo. O problema é a falta de estudos prospectivos e randomizados. Do ponto de vista fisiológico, não me parece a melhor abordagem, pois ao passar fome o corpo entra em um estado de conservação de energia, diminuindo o gasto metabólico basal e dificultando a perda de gordura. Ao mesmo tempo, há estudos sobre jejum que demonstram que 30% da perda de peso inicial é de massa muscular, ou seja, aquilo que não queremos perder.
Brad Pilon me convenceu (da única forma possível, com montes de estudos científicos), que eu estava errado. Há inúmeros estudos que demonstram que, desde que a pessoa pratique musculação, não há perda de massa magra, nem redução da taxa metabólica. A redução da taxa metabólica existe, mas ocorre na restrição calórica crônica e prolongada, não em jejuns intermitentes curtos.
Antes que eu continue, uma advertência: esta abordagem é para adultos saudáveis. Não está indicada para pessoas pessoas em uso de determinadas medicações, especialmente para diabéticos em tratamento medicamentoso ou em uso de insulina (risco de vida).
O que é o jejum intermitente proposto pelo autor? É abster-se de comida (ou de qualquer coisa calórica) por cerca de 24 horas. Os líquidos não-calóricos estão liberados - água, chá. O autor propõe que os jejuns sejam praticados uma ou 2 vezes por semana.
Há grande flexibilidade. Os estudos mostram que os benefícios já ocorrem com 16 horas, de modo que não há rigidez. Um dia o jejum pode ser 17 horas, outro dia 22 horas, outro dia 26. O período de 24 horas foi escolhido por praticidade - a pessoa, por exemplo, almoça, não janta, não toma café no dia seguinte, e almoça novamente 24 horas depois. Em outras palavras, passa 24 horas em jejum, mas não fica nenhum dia sem comer.
Alguns conceitos-chave desenvolvidos por Pilon
• Só existem dois estados metabólicos possíveis: alimentado ("fed") ou "em jejum" ("fasted").
o Simples assim. Enquanto estamos no estado alimentado, o corpo está no modo armazenamento; e no estado de jejum, usa as reservas;
o Nossos antepassados mantinham um equilíbrio entre os dois estados;
o No nosso estilo de vida atual, passamos no mínimo 2/3 do tempo no estado alimentado, comendo a cada 3 horas, o que impede o uso das reservas de gordura
• A insulina é reduzida com low carb, mas nunca fica tão baixa quanto em jejum.
• O metabolismo não desacelera com jejuns curtos.
o Na verdade ele pode até mesmo aumentar!! O incrível é que, do ponto de vista evolutivo, isto é óbvio: quando estamos com fome, precisamos ter energia para ir à luta e caçar algum animal ou achar umas raízes - se desacelerássemos, nossa falta de comida só pioraria, e morreríamos. Isto é diferente da fome crônica, na qual desaceleramos para não morrer.
o Neste estudo, observa-se um aumento do metabolismo basal com jejum de até 72 horas - são TRÊS dias sem comer. Neste outro estudo, voluntários que praticaram jejum intermitente em dias alternados por 22 dias não apresentaram nenhuma redução de seu metabolismo
o A lista de estudo citados pelo autor é longa, e para mim não resta dúvida: assunto encerrado.
• O metabolismo não depende muito do que você come ou deixa de comer, e sim de sua quantidade de massa magra (músculo):
• Jejuns curtos (24h) não afetam a cognição e o funcionamento do cérebro
• A restrição calórica, quando associada à musculação ("resistance training"), não leva à perda de massa muscular
• Benefícios metabólicos do jejum intermitente incluem todos os benefício de uma dieta low carb (melhora da síndrome metabólica e da inflamação crônica).
A Fome
Mas, e a fome? Brad Pilon nos diz que a fome verdadeira é algo difícil de explicar, e que provavelmente nenhum de nós jamais experimentou. Nós sentimos a angústia de não poder comer na hora que desejamos ou o desapontamento de não poder comer aquilo que desejamos, mas Fome, mesmo, é reservada para aqueles que passam semanas sem poder comer direito e não têm certeza se e quando poderão comer novamente. A maioria das pessoas já sente fome ou irritação quando passa cerca de 3 horas sem comer. Mas, neste momento, metabolicamente falando, você ainda está no estado "alimentado", ou seja, seu corpo ainda estão processando os alimentos consumidos na última refeição. Há ainda energia não utilizada oriunda da última vez que você comeu, e você já está com fome. Como isso é possível?
Provavelmente, o que chamamos de fome é em verdade uma reação aprendida à uma combinação de pistas metabólicas, sociais e ambientais. Em outras palavras, a forma com que comemos todos os dias "ensina" ao nosso corpo quando (a que horas) esperar por comida, e mesmo que tipos de comida esperar.
Diretamente do livro: "de minha experiência pessoal com jejum, posso lhe dizer que você se acostuma com a sensação de não comer, e não se preocupar com o que você comerá na próxima refeição. Torna-se mais fácil com o tempo, à medida que seu corpo se acostuma com a sensação de estar com o estômago realmente vazio."
"Não tenho certeza se isso se deve a uma maior facilidade em alternar entre o estado alimentado e o estado de jejum, ou se se trata simplesmente de acostumar-se ao estômago vazio, ou por você desaprender seus hábitos típicos."
"Outra possibilidade é que, ao aprender a verdade sobre o jejum, você consiga se livrar da culpa que costumava ter quando imaginava que estava fazendo algo prejudicial à saúde se não comesse a cada poucas horas. Qualquer que seja o motivo, com a prática vai ficando mais fácil. E mesmo quando você sente fome durante o jejum, a sensação de fome normalmente não dura mais do que alguns minutos".
MINHA EXPERIÊNCIA
Sempre gostei de comer, e fazer jejum para mim era uma coisa bizarra. Mas, pelo bem da ciência (e parar perder os quilos ganhos com a última experiência), li o livro e fiz o teste.
Na primeira vez, me programei para a apenas 16 horas sem comer, ou seja, jantei às 20h, e a próxima refeição seria apenas o almoço. É recomendável sempre usar a noite para ocupar a parte mais difícil de seu jejum - são 8 horas de jejum dormindo. A barriga roncou na hora do café, mas tudo bem.
2 dias depois, minha primeira experiência com 24 horas - janta até janta. Muita fome à tarde - mas, como dizia o autor, esperando uns minutos, passava
3 dias depois, mais uma experiência - surpresa: foi fácil!! De fato, os hábitos começam a se desconstruir. E a sensação de liberdade é incrível - simplesmente não comer, e sentir-se bem.
E o peso? Diminuindo de forma dramática.
Talvez o mais incrível na verdade seja a perspectiva de olhar o mundo ao seu redor nos dias em que se está em jejum - e dar-se conta de como as pessoas comem - O TEMPO TODO. Depois de algumas semanas de prática, coisas que antes me aterrorizavam, como perder o almoço e ter que ir para o consultório sem almoçar, simplesmente viram um pretexto para transformar aquele dia em um dia de jejum intermitente - aproveitar o ensejo e comer só na manhã seguinte - libertador! Eu, que costumava levar castanhas no bolso em viagens de avião, por medo de ficar algumas horas sem comer, agora achei a solução mais simples de todas.
Se você lê inglês, compre o livro. Se não lê, bem, o livro inteiro é apenas para lhe convencer, através de sólido embasamento científico, de que a prática faz bem e não tem riscos (para pessoas saudáveis), pois o jejum intermitente em si é de uma simplicidade total.
Uma das qualidade das dietas low carb é a grande redução da fome. Assim, quem faz low carb tem uma GRANDE vantagem em adotar a estratégia do jejum intermitente sobre quem não faz.
Se você atingiu um platô na perda de peso, ou simplesmente quer acelerar o processo, faça uma tentativa. Mas não esqueça de fazer musculação também, para não perder massa magra!”
DIETA GRACIE(graciemag)
O ano era 1996, Carlos Gracie Jr. começava um artigo da seguinte maneira. “Hoje em dia muito tem se falado sobre dietas. Existem as mais diversas possíveis, algumas receitadas para combater doenças, obesidade e até para melhorar o rendimento do organismo em atividades físicas”.
Muitos anos depois, o panorama não é muito diferente, e os habitantes do planeta parecem cada vez mais conscientes sobre aquilo que põem para dentro do seu corpo. Só que nem sempre foi assim.
Foi depois de sofrer com fortes enxaquecas – capazes de o deixar trancado no quarto por horas –, pleuras e até mesmo gota que grande mestre Carlos Gracie se deu conta de que algo tinha de mudar. Nas palavras do filósofo Hipócrates estava a primeira dica: “Faça da alimentação o seu remédio”.
Com fome de conhecimento, Carlos passou a ler cada vez mais sobre o assunto e durante anos a fio foi compilando todo o aprendizado para desenvolver aquela que seria consagrada como a Dieta Gracie. Os problemas de saúde ficaram para trás e o outrora jovem debilitado tornou-se um homem atlético.
O próximo passo então era comprovar a eficiência do método, e para isso, ninguém melhor do que a própria prole para testar as descobertas. Carlos Gracie incutiu nos filhos, sobrinhos e netos a necessidade de escutar o corpo e a ele oferecer alimentos que sirvam somente para seu benefício.
Aos poucos, o biótipo da família foi sendo alterado e os descendentes do Mestre cresciam cada vez mais do que os seus 1,60m e 63kg. De fato, conforme Carlos Gracie, “A alimentação saudável modificou uma família inteira”.
Mas afinal, do que se trata a Dieta Gracie? Ela consiste em não envenenar o corpo, não deixá-lo doente e estabelecer uma combinação adequada dos alimentos. O objetivo principal é manter o pH das refeições o mais neutro possível, equilibrando as substâncias através da combinação certa.
A combinação idealizada por grande mestre Carlos é global e supre os problemas de todos. Trata-se, principalmente, de não misturar: cereais entre si, gordura com açúcar, e alimentos ácidos com nenhum outro tipo. Fazer refeições com intervalos de, no mínimo, quatro horas, voltando a se alimentar somente quando o estômago estiver vazio.
“Nosso corpo é uma máquina cujo óleo é o sangue. Se o sangue estiver puro a máquina trabalha bem”, diz Carlos Gracie Jr. “O objetivo de meu pai era manter os lutadores da família bem, ou seja, livres de qualquer doença que por ventura pudessem surgir e inviabilizar um possível combate”.
A inclusão das frutas como parte fundamental da alimentação também pode ser creditada ao grande mestre. “Cerca de 30 anos atrás as pessoas entravam na minha casa e viam aquela dispensa cheia de frutas e verduras. Todos achavam estranho, pois para a cultura da época fruta não passava de sobremesa, enquanto que para nossa família correspondia a 50% do regime nutricional”.
Pai de 21 filhos e avô de mais de 50 netos, o patriarca dos Gracie teve, curiosamente, no irmão Helio a melhor defesa de sua tese. Adepto ferrenho da Dieta, grande mestre Helio sempre esbanjou saúde. “Quando ninguém falava em nutrição meu pai percebeu a validade de cortar a carne vermelha antes das lutas de tio Helio”, lembra Reila Gracie.
A comprovação de que ele estava certo não demorou a acontecer: em 1955, Helio lutou com Waldemar Santana durante 3h40m ininterruptamente. Vale lembrar que em 1955, Helio Gracie já estava com 42 anos, enquanto Waldemar não havia completado 24.
Resumir, portanto, a ciência de grande mestre Carlos a uma simples dieta é diminuir muito sua obra.
Carlos completa: “Todos devem dosar o trabalho com alimentação. Nós despertávamos isso em nossos alunos e estes influenciavam outras pessoas. Daí o aparecimento de restaurantes naturais, casas de suco e toda uma onda de alimentação natural provocada por nós. Vejo o meu pai como grande precursor da alimentação natural aqui no Brasil”.
HIGIENISMO(super interessante)
Vida e saúde são palavras que deveriam aparecer sempre associadas. Infelizmente, isso nem sempre acontece. Neste exato momento, milhões de pessoas, no mundo inteiro, padecem de algum tipo de doença. Às vezes, a enfermidade é crítica; aparece do dia para a noite. Às vezes, é crônica; acompanha o paciente por anos. Seja como for, as doenças nos roubam o vigor – quando não a própria vida – e se escondem atrás de um sem-número de nomes catalogados pela medicina. Pasme: são cerca de 35 000 rótulos para males que vão da simples dor de barriga a processos cancerígenos graves.
Infortúnio? Não é bem assim. Pelo menos para os adeptos do Higienismo, um movimento criado nos Estados Unidos em 1830, inspirado nos ideais gregos de saúde física e mental. Quando o assunto é doença, os higienistas afrontam o senso comum. A causa das enfermidades, segundo eles, não são exclusivamente agentes externos como micróbios, bactérias e vírus – como prega a medicina oficial. Elas resultariam, sim, de desarranjos provocados por alimentação inadequada e estilo de vida marcado por hábitos que seriam contrários à natureza humana, como o uso do álcool, do cigarro, os excessos sexuais, repouso insuficiente e desequilíbrio emocional.
Para os higienistas, as 35 000 doenças resumem-se a apenas uma – a toxemia. Segundo a teoria, trata-se de uma intoxicação celular do organismo ou do envenenamento do sangue por excesso de toxinas. Ao cumprir as suas funções, o corpo humano produziria uma pequena quantidade de substâncias tóxicas que seria perfeitamente suportada e, em muitos casos, poderia até ser estimulante. O problema apareceria quando essas toxinas ultrapassam certo limite. Neste caso, teria início uma “crise de eliminação”, a tradução higienista para a palavra doença.
Quase desconhecida no Brasil, mas razoavelmente difundida nos Estados Unidos, onde é denominada Natural Hygiene (Higiene Natural), a escola higienista foi fundada por um grupo de médicos, biólogos e fisiólogos insatisfeitos com a prática médica do século XIX. Existem hoje no mundo cerca de 300 000 adeptos da doutrina. Seus métodos de tratamento caminham na contramão da medicina alopática. Quando o paciente apresenta um quadro anormal de saúde, um médico tradicional, na maioria das vezes, receita um medicamento para debelar o mal. Já o higienista não prescreve remédio algum, nem qualquer recurso considerado invasivo, sejam vacinas, soros ou cirurgias. Para ele, sintomas de doença – febre, gripe ou inflamação – são sempre um processo natural de eliminação de toxinas, que cessa mediante a purificação do organismo.
“A idéia não é nova”, diz o higienista Igal Flint, membro da Sociedade Americana de Higiene Natural. “Já existia na Grécia antiga, há pelo menos 2 700 anos.” A doutrina apóia-se na concepção de que o sintoma da enfermidade já é o próprio processo de cura, e o remédio, ao entrar na circulação sangüínea, faz o papel de vilão ao impedir a eliminação das toxinas. Resultado: a inofensiva gripe de hoje, ao ser sufocada pela ação de medicamentos, cedo ou tarde pode abalar o sistema imunológico do organismo e abrir campo para doenças degenerativas ou crônicas como câncer, artrite, osteoporose... enfim, um daqueles 35 000 nomes.
O médico higienista americano J. H. Tilden considerava que a toxemia resultava principalmente de putrefações intestinais advindas de um fenômeno não familiar à maioria das pessoas: a má combinação bioquímica dos alimentos (veja box na página 76). Isso causaria má digestão ou prisão de ventre, pontos de partida para outras complicações. A teoria higienista sustenta que certos alimentos, para serem processados, requisitam suco gástrico alcalino e outros, suco gástrico ácido. Quando reunidos eles provocariam a neutralização do meio digestivo, prejudicando a assimilação dos nutrientes e a eliminação dos resíduos. Estaria aí a senha de acesso para a toxemia. Os resíduos, que deveriam ser expelidos pelas fezes num prazo máximo de 24 horas, ficariam retidos no interior do cólon. E acabariam sendo parcialmente reabsorvidos pela corrente sangüínea, gerando a toxemia.
Não é uma boa notícia para a culinária nacional. Pelo critério da combinação higienista, arroz com feijão é uma mistura indigesta. O arroz, um amido (carboidrato), seria melhor digerido em ambiente alcalino, enquanto o feijão, uma proteína, demandaria um ambiente ácido. Separados, o arroz consome duas horas na digestão; o feijão, mais de três. Juntos, podem levar até seis horas para serem digeridos. Um típico prato brasileiro – arroz, feijão, bife, salada de alface com tomate e fruta de sobremesa –, embora agradável às papilas gustativas, gera, segundo o Higienismo, um desarranjo em cadeia. Isso explicaria a indisposição, o cansaço, a sonolência e a lentidão no raciocínio que a maioria das pessoas sente após o almoço. Além de provocar o consumo extra de reservas energéticas do corpo no processo digestivo, a mistura representaria uma porta aberta para a toxemia.
A combinação bioquímica foi estudada pela primeira vez pelo fisiologista russo Ivan Pavlov, que a relatou em 1902 no seu livro The Work of the Digestive Glands (O Funcionamento das Glândulas Digestivas). Em 1907, William Howard Hay avançou a pesquisa, a partir de um caso pessoal. Ele contraíra a Doença de Bright – passou a sofrer de pressão alta e problemas cardíacos. E decidiu experimentar em si mesmo uma dieta à base de alimentos sem manipulação industrial. Para surpresa de seus médicos, os sintomas desapareceram três meses depois. “O corpo não passa de uma síntese do que penetra nele sob a forma de alimentos ou bebidas”, escreveu Hay na obra A New Health Era (A Nova Era da Saúde). Mais adiante foi o higienista Herbert Shelton (veja quadro nesta página) quem aprimorou o método da combinação, apresentando-o de maneira abrangente no clássico Food Combining Made Easy (Um Jeito Simples de Combinar Alimentos), publicado em 1951.
Curiosamente, os seguidores do Higienismo num estágio mais avançado fazem pouco uso do sistema de combinação. Isso porque ingerem somente o que classificam como “alimento específico da espécie humana”, ou seja, frutas, verduras, legumes, grãos germinados, nozes, raízes e sementes. Seu cardápio limita-se a dois ou três itens, de preferência da mesma categoria e não cozidos. “É o estágio mais elevado do Higienismo, em que a pessoa come apenas alimentos crus e não há nem por que ter fogão em casa”, diz Tadeu Viscardi, diretor administrativo do spa Maria Bonita, do Rio de Janeiro, o primeiro do Brasil a empregar a dieta higienista em programas de emagrecimento e reeducação alimentar. Um higienista autêntico descarta as comidas industrializadas, os amidos refinados, os alimentos cozidos (à exceção de legumes levemente “abafados” no vapor e raízes) e as carnes e seus derivados. Açúcar, farinha branca e tudo o que advier desses produtos, como pães, massas, bolos, tortas e outros quitutes? Nem pensar.
Temas como esse consomem dezenas de páginas do livro Toxemia Explained, The True Interpretation of Cause of Disease (Toxemia Explicada, a Verdadeira Interpretação da Causa da Doença), de Tilden, editado pela primeira vez em 1926. O manual, reverenciado pelos higienistas, está repleto de espetadas no conceito tradicional de que doenças são causadas por agentes externos. A cada uma delas, claro, corresponde uma contra-estocada da medicina oficial. “Gostaria de saber em que escola de medicina séria se estuda essa teoria. Com certeza, em nenhuma”, diz Alfredo Halpern, professor de Endocrinologia na Universidade de São Paulo e integrante das equipes médicas do Hospital das Clínicas de São Paulo e do Hospital Albert Einstein. “Os hábitos de vida e os alimentos são importantes para a saúde, mas não há fundamento na teoria médica de que alimentos não possam ser misturados nem que se deva evitar remédios no tratamento das doenças.” A fórmula higienista também não empolga a maioria dos nutricionistas. “Qualquer dieta que exclua um grupo ou um tipo de alimento é inadequada”, diz Maria Aparecida Larino, nutricionista do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
A verdade é que, desde que surgiu, o Higienismo é visto com reservas pela comunidade científica. Shelton, ph.D. em Anatomia, Fisiologia e Bioquímica e autor de 40 obras cultuadas no mundo higienista chegou a amargar um mês de cadeia por suas idéias heterodoxas. Segundo Arlindo Fiorentin, diretor do Instituto Ortobio, do Rio de Janeiro, Shelton auxiliou mais de 50 000 pessoas a curar-se de doenças diversas sem o uso de medicamentos – só por meio de dieta, jejum e outros recursos higienistas para restabelecer a saúde. Do outro lado do Atlântico, o francês Albert Mosséri, discípulo de Shelton, também teve que enfrentar o combate da academia médica: sua clínica em Paris foi fechada e ele impedido de exercer a atividade até que a Justiça lhe garantiu o direito de atuar livremente.
Hoje, com o culto do corpo e a expansão das dietas, muitos médicos e nutricionistas até poderiam endossar o regime higienista, por julgá-lo bem intencionado, exceto talvez por ousadias como o veto a alimentos cozidos e, principalmente, às carnes. Mas o centro da polêmica continua sendo o poder terapêutico da dieta higienista. O que, segundo os adeptos da doutrina, é confirmado pelo registro de casos.
Um deles, o do paulistano Nairo Garcia dos Santos, 56 anos. Durante dez anos, Santos conviveu com um câncer de pele que o levou à mesa de cirurgia várias vezes, sem que o mal regredisse. Em maio do ano passado, orientado pelo higienista Igal Flint, ele adotou um regime quase que exclusivamente à base de frutas, legumes e verduras. Teria, assim, superado a doença. “Em menos de um mês, não havia mais nenhuma escara de câncer em meu rosto, peito e costas”, diz Santos.
A história do contador Carlos Antônio de Freitas, 58 anos, também chama a atenção. No último dia 20 de março, afirma Freitas, médicos do Instituto do Coração de São Paulo (Incor) comunicaram-lhe que tinha apenas três meses de vida. Diabético, Freitas equilibrava 102 kg em 1,73 m de altura, tinha pressão arterial de 28 por 18, taxas estratosféricas de triglicérides e de colesterol e seu pâncreas fraquejava. Teria sido salvo por uma dieta radicalíssima receitada por Fernando Travi, presidente da Sociedade Brasileira de Higienismo e Biogenia (Travi é autor do artigo “Vacina assassina”, publicado na Super de outubro).
Há casos em que o Higienismo prescreve não o alimento, mas a ausência dele. O jejum é empregado pelos higienistas como recurso terapêutico em situações em que o organismo não se encontra em condições de digerir o alimento e precisa eliminar toxinas mais rapidamente. Foi assim que a terapeuta corporal Maria Isabel Frias, 41 anos, adepta do regime higienista há oito, teria se livrado de uma infecção urinária dois anos atrás, quando se encontrava no sexto mês de gravidez. Para não prejudicar o bebê, ela jogou fora os antibióticos receitados por sua médica e, orientada por um higienista, mergulhou num jejum de 48 horas. “No final, a dor parou e um novo exame deu negativo”, diz Maria Isabel, referindo-se ao número de leucócitos presentes em seu organismo, altíssimo no exame anterior. O jejum teria funcionado como uma espécie de faxina geral no interior do corpo de Maria Isabel. Ao privar-se de alimento sólido e receber apenas água, o organismo teria eliminado as placas negras, como é chamada a matéria mórbida incrustada nas paredes do cólon, oriunda de más digestões. Mas nem só de comida dita “natural” e de jejuns vive o Higienismo. A filosofia sustenta que o homem, para gozar de saúde plena, precisa incorporar à sua vida banhos de sol, exercícios, repouso adequado, respirar ar puro, beber água limpa, abster-se de vícios e cultivar o pensamento positivo. Afinal, os higienistas afirmam trabalhar com as energias do indivíduo. E elas abrangeriam também a sua vida mental. A Hipócrates, o grego considerado o pai da Medicina, que há quase 30 séculos baseava-se no ideal de “mente sã, corpo são”, atribui-se a frase: “É a natureza que cura as doenças”.
DIETA (http://lowcarb-paleo.blogspot.com.br/201...tente.html)
“Uma coisa é certa: nossos ancestrais não comiam 3 refeições todos os dias. Muito menos faziam lanches. Muito menos comiam a cada 3 horas, como mandam os nutricionistas.
Nas palavras de um paleontólogo citado por Robb Wolf, nossos ancestrais comiam tudo que podiam, quando podiam, e, de preferência, o pedaço de carne mais gorda que pudessem encontrar.
Os principais autores do moderno movimento de dieta paleolítica falam, em seus livros e blogues, sobre jejum intermitente. Quando eu li estes livros, eu ainda achava que TODAS as pessoas poderiam perder peso facilmente se apenas cortassem os carboidratos, de modo que confesso ter desdenhado este conceito do jejum como algo bizarro e desnecessário.
Mas, como já expus na postagem anterior, a vivência me ensinou que as coisas não são tão simples. O meu set point ficou em um valor confortável, cerca de 2 Kg acima do mínimo que atingi fazendo low carb - um peso que venho mantendo estável há cerca de um ano, sem esforço e comendo à vontade (low carb e páleo, naturalmente). Mas e quanto às pessoas que fazem tudo certo e atingem um platô de peso bem acima de suas expectativas? E àquelas que atingem um peso adequado, mas que vêem seu peso lentamente subir, os quilos voltando aos pouquinhos, mesmo com a dieta bem cuidada?
Há algum tempo havia escutado um excelente podcast de um autor que escreve sobre jejum intermitente: Brad Pilon. Comprei o seu livro, Eat Stop Eat ("coma, pare, coma"). Agradável surpresa! Um livro com forte embasamento científico e repleto de referências bibliográficas.
Uma das minhas grandes preocupações com o jejum intermitente é a possibilidade de perda de massa magra. Em julho de 2012, respondi da seguinte forma a um leitor que questionou sobre o assunto:
[estou familiarizado com o conceito de] "intermittent fasting", os períodos intermitentes de jejum. A ideia faz sentido do ponto de vista evolutivo. O problema é a falta de estudos prospectivos e randomizados. Do ponto de vista fisiológico, não me parece a melhor abordagem, pois ao passar fome o corpo entra em um estado de conservação de energia, diminuindo o gasto metabólico basal e dificultando a perda de gordura. Ao mesmo tempo, há estudos sobre jejum que demonstram que 30% da perda de peso inicial é de massa muscular, ou seja, aquilo que não queremos perder.
Brad Pilon me convenceu (da única forma possível, com montes de estudos científicos), que eu estava errado. Há inúmeros estudos que demonstram que, desde que a pessoa pratique musculação, não há perda de massa magra, nem redução da taxa metabólica. A redução da taxa metabólica existe, mas ocorre na restrição calórica crônica e prolongada, não em jejuns intermitentes curtos.
Antes que eu continue, uma advertência: esta abordagem é para adultos saudáveis. Não está indicada para pessoas pessoas em uso de determinadas medicações, especialmente para diabéticos em tratamento medicamentoso ou em uso de insulina (risco de vida).
O que é o jejum intermitente proposto pelo autor? É abster-se de comida (ou de qualquer coisa calórica) por cerca de 24 horas. Os líquidos não-calóricos estão liberados - água, chá. O autor propõe que os jejuns sejam praticados uma ou 2 vezes por semana.
Há grande flexibilidade. Os estudos mostram que os benefícios já ocorrem com 16 horas, de modo que não há rigidez. Um dia o jejum pode ser 17 horas, outro dia 22 horas, outro dia 26. O período de 24 horas foi escolhido por praticidade - a pessoa, por exemplo, almoça, não janta, não toma café no dia seguinte, e almoça novamente 24 horas depois. Em outras palavras, passa 24 horas em jejum, mas não fica nenhum dia sem comer.
Alguns conceitos-chave desenvolvidos por Pilon
• Só existem dois estados metabólicos possíveis: alimentado ("fed") ou "em jejum" ("fasted").
o Simples assim. Enquanto estamos no estado alimentado, o corpo está no modo armazenamento; e no estado de jejum, usa as reservas;
o Nossos antepassados mantinham um equilíbrio entre os dois estados;
o No nosso estilo de vida atual, passamos no mínimo 2/3 do tempo no estado alimentado, comendo a cada 3 horas, o que impede o uso das reservas de gordura
• A insulina é reduzida com low carb, mas nunca fica tão baixa quanto em jejum.
• O metabolismo não desacelera com jejuns curtos.
o Na verdade ele pode até mesmo aumentar!! O incrível é que, do ponto de vista evolutivo, isto é óbvio: quando estamos com fome, precisamos ter energia para ir à luta e caçar algum animal ou achar umas raízes - se desacelerássemos, nossa falta de comida só pioraria, e morreríamos. Isto é diferente da fome crônica, na qual desaceleramos para não morrer.
o Neste estudo, observa-se um aumento do metabolismo basal com jejum de até 72 horas - são TRÊS dias sem comer. Neste outro estudo, voluntários que praticaram jejum intermitente em dias alternados por 22 dias não apresentaram nenhuma redução de seu metabolismo
o A lista de estudo citados pelo autor é longa, e para mim não resta dúvida: assunto encerrado.
• O metabolismo não depende muito do que você come ou deixa de comer, e sim de sua quantidade de massa magra (músculo):
• Jejuns curtos (24h) não afetam a cognição e o funcionamento do cérebro
• A restrição calórica, quando associada à musculação ("resistance training"), não leva à perda de massa muscular
• Benefícios metabólicos do jejum intermitente incluem todos os benefício de uma dieta low carb (melhora da síndrome metabólica e da inflamação crônica).
A Fome
Mas, e a fome? Brad Pilon nos diz que a fome verdadeira é algo difícil de explicar, e que provavelmente nenhum de nós jamais experimentou. Nós sentimos a angústia de não poder comer na hora que desejamos ou o desapontamento de não poder comer aquilo que desejamos, mas Fome, mesmo, é reservada para aqueles que passam semanas sem poder comer direito e não têm certeza se e quando poderão comer novamente. A maioria das pessoas já sente fome ou irritação quando passa cerca de 3 horas sem comer. Mas, neste momento, metabolicamente falando, você ainda está no estado "alimentado", ou seja, seu corpo ainda estão processando os alimentos consumidos na última refeição. Há ainda energia não utilizada oriunda da última vez que você comeu, e você já está com fome. Como isso é possível?
Provavelmente, o que chamamos de fome é em verdade uma reação aprendida à uma combinação de pistas metabólicas, sociais e ambientais. Em outras palavras, a forma com que comemos todos os dias "ensina" ao nosso corpo quando (a que horas) esperar por comida, e mesmo que tipos de comida esperar.
Diretamente do livro: "de minha experiência pessoal com jejum, posso lhe dizer que você se acostuma com a sensação de não comer, e não se preocupar com o que você comerá na próxima refeição. Torna-se mais fácil com o tempo, à medida que seu corpo se acostuma com a sensação de estar com o estômago realmente vazio."
"Não tenho certeza se isso se deve a uma maior facilidade em alternar entre o estado alimentado e o estado de jejum, ou se se trata simplesmente de acostumar-se ao estômago vazio, ou por você desaprender seus hábitos típicos."
"Outra possibilidade é que, ao aprender a verdade sobre o jejum, você consiga se livrar da culpa que costumava ter quando imaginava que estava fazendo algo prejudicial à saúde se não comesse a cada poucas horas. Qualquer que seja o motivo, com a prática vai ficando mais fácil. E mesmo quando você sente fome durante o jejum, a sensação de fome normalmente não dura mais do que alguns minutos".
MINHA EXPERIÊNCIA
Sempre gostei de comer, e fazer jejum para mim era uma coisa bizarra. Mas, pelo bem da ciência (e parar perder os quilos ganhos com a última experiência), li o livro e fiz o teste.
Na primeira vez, me programei para a apenas 16 horas sem comer, ou seja, jantei às 20h, e a próxima refeição seria apenas o almoço. É recomendável sempre usar a noite para ocupar a parte mais difícil de seu jejum - são 8 horas de jejum dormindo. A barriga roncou na hora do café, mas tudo bem.
2 dias depois, minha primeira experiência com 24 horas - janta até janta. Muita fome à tarde - mas, como dizia o autor, esperando uns minutos, passava
3 dias depois, mais uma experiência - surpresa: foi fácil!! De fato, os hábitos começam a se desconstruir. E a sensação de liberdade é incrível - simplesmente não comer, e sentir-se bem.
E o peso? Diminuindo de forma dramática.
Talvez o mais incrível na verdade seja a perspectiva de olhar o mundo ao seu redor nos dias em que se está em jejum - e dar-se conta de como as pessoas comem - O TEMPO TODO. Depois de algumas semanas de prática, coisas que antes me aterrorizavam, como perder o almoço e ter que ir para o consultório sem almoçar, simplesmente viram um pretexto para transformar aquele dia em um dia de jejum intermitente - aproveitar o ensejo e comer só na manhã seguinte - libertador! Eu, que costumava levar castanhas no bolso em viagens de avião, por medo de ficar algumas horas sem comer, agora achei a solução mais simples de todas.
Se você lê inglês, compre o livro. Se não lê, bem, o livro inteiro é apenas para lhe convencer, através de sólido embasamento científico, de que a prática faz bem e não tem riscos (para pessoas saudáveis), pois o jejum intermitente em si é de uma simplicidade total.
Uma das qualidade das dietas low carb é a grande redução da fome. Assim, quem faz low carb tem uma GRANDE vantagem em adotar a estratégia do jejum intermitente sobre quem não faz.
Se você atingiu um platô na perda de peso, ou simplesmente quer acelerar o processo, faça uma tentativa. Mas não esqueça de fazer musculação também, para não perder massa magra!”
DIETA GRACIE(graciemag)
O ano era 1996, Carlos Gracie Jr. começava um artigo da seguinte maneira. “Hoje em dia muito tem se falado sobre dietas. Existem as mais diversas possíveis, algumas receitadas para combater doenças, obesidade e até para melhorar o rendimento do organismo em atividades físicas”.
Muitos anos depois, o panorama não é muito diferente, e os habitantes do planeta parecem cada vez mais conscientes sobre aquilo que põem para dentro do seu corpo. Só que nem sempre foi assim.
Foi depois de sofrer com fortes enxaquecas – capazes de o deixar trancado no quarto por horas –, pleuras e até mesmo gota que grande mestre Carlos Gracie se deu conta de que algo tinha de mudar. Nas palavras do filósofo Hipócrates estava a primeira dica: “Faça da alimentação o seu remédio”.
Com fome de conhecimento, Carlos passou a ler cada vez mais sobre o assunto e durante anos a fio foi compilando todo o aprendizado para desenvolver aquela que seria consagrada como a Dieta Gracie. Os problemas de saúde ficaram para trás e o outrora jovem debilitado tornou-se um homem atlético.
O próximo passo então era comprovar a eficiência do método, e para isso, ninguém melhor do que a própria prole para testar as descobertas. Carlos Gracie incutiu nos filhos, sobrinhos e netos a necessidade de escutar o corpo e a ele oferecer alimentos que sirvam somente para seu benefício.
Aos poucos, o biótipo da família foi sendo alterado e os descendentes do Mestre cresciam cada vez mais do que os seus 1,60m e 63kg. De fato, conforme Carlos Gracie, “A alimentação saudável modificou uma família inteira”.
Mas afinal, do que se trata a Dieta Gracie? Ela consiste em não envenenar o corpo, não deixá-lo doente e estabelecer uma combinação adequada dos alimentos. O objetivo principal é manter o pH das refeições o mais neutro possível, equilibrando as substâncias através da combinação certa.
A combinação idealizada por grande mestre Carlos é global e supre os problemas de todos. Trata-se, principalmente, de não misturar: cereais entre si, gordura com açúcar, e alimentos ácidos com nenhum outro tipo. Fazer refeições com intervalos de, no mínimo, quatro horas, voltando a se alimentar somente quando o estômago estiver vazio.
“Nosso corpo é uma máquina cujo óleo é o sangue. Se o sangue estiver puro a máquina trabalha bem”, diz Carlos Gracie Jr. “O objetivo de meu pai era manter os lutadores da família bem, ou seja, livres de qualquer doença que por ventura pudessem surgir e inviabilizar um possível combate”.
A inclusão das frutas como parte fundamental da alimentação também pode ser creditada ao grande mestre. “Cerca de 30 anos atrás as pessoas entravam na minha casa e viam aquela dispensa cheia de frutas e verduras. Todos achavam estranho, pois para a cultura da época fruta não passava de sobremesa, enquanto que para nossa família correspondia a 50% do regime nutricional”.
Pai de 21 filhos e avô de mais de 50 netos, o patriarca dos Gracie teve, curiosamente, no irmão Helio a melhor defesa de sua tese. Adepto ferrenho da Dieta, grande mestre Helio sempre esbanjou saúde. “Quando ninguém falava em nutrição meu pai percebeu a validade de cortar a carne vermelha antes das lutas de tio Helio”, lembra Reila Gracie.
A comprovação de que ele estava certo não demorou a acontecer: em 1955, Helio lutou com Waldemar Santana durante 3h40m ininterruptamente. Vale lembrar que em 1955, Helio Gracie já estava com 42 anos, enquanto Waldemar não havia completado 24.
Resumir, portanto, a ciência de grande mestre Carlos a uma simples dieta é diminuir muito sua obra.
Carlos completa: “Todos devem dosar o trabalho com alimentação. Nós despertávamos isso em nossos alunos e estes influenciavam outras pessoas. Daí o aparecimento de restaurantes naturais, casas de suco e toda uma onda de alimentação natural provocada por nós. Vejo o meu pai como grande precursor da alimentação natural aqui no Brasil”.
HIGIENISMO(super interessante)
Vida e saúde são palavras que deveriam aparecer sempre associadas. Infelizmente, isso nem sempre acontece. Neste exato momento, milhões de pessoas, no mundo inteiro, padecem de algum tipo de doença. Às vezes, a enfermidade é crítica; aparece do dia para a noite. Às vezes, é crônica; acompanha o paciente por anos. Seja como for, as doenças nos roubam o vigor – quando não a própria vida – e se escondem atrás de um sem-número de nomes catalogados pela medicina. Pasme: são cerca de 35 000 rótulos para males que vão da simples dor de barriga a processos cancerígenos graves.
Infortúnio? Não é bem assim. Pelo menos para os adeptos do Higienismo, um movimento criado nos Estados Unidos em 1830, inspirado nos ideais gregos de saúde física e mental. Quando o assunto é doença, os higienistas afrontam o senso comum. A causa das enfermidades, segundo eles, não são exclusivamente agentes externos como micróbios, bactérias e vírus – como prega a medicina oficial. Elas resultariam, sim, de desarranjos provocados por alimentação inadequada e estilo de vida marcado por hábitos que seriam contrários à natureza humana, como o uso do álcool, do cigarro, os excessos sexuais, repouso insuficiente e desequilíbrio emocional.
Para os higienistas, as 35 000 doenças resumem-se a apenas uma – a toxemia. Segundo a teoria, trata-se de uma intoxicação celular do organismo ou do envenenamento do sangue por excesso de toxinas. Ao cumprir as suas funções, o corpo humano produziria uma pequena quantidade de substâncias tóxicas que seria perfeitamente suportada e, em muitos casos, poderia até ser estimulante. O problema apareceria quando essas toxinas ultrapassam certo limite. Neste caso, teria início uma “crise de eliminação”, a tradução higienista para a palavra doença.
Quase desconhecida no Brasil, mas razoavelmente difundida nos Estados Unidos, onde é denominada Natural Hygiene (Higiene Natural), a escola higienista foi fundada por um grupo de médicos, biólogos e fisiólogos insatisfeitos com a prática médica do século XIX. Existem hoje no mundo cerca de 300 000 adeptos da doutrina. Seus métodos de tratamento caminham na contramão da medicina alopática. Quando o paciente apresenta um quadro anormal de saúde, um médico tradicional, na maioria das vezes, receita um medicamento para debelar o mal. Já o higienista não prescreve remédio algum, nem qualquer recurso considerado invasivo, sejam vacinas, soros ou cirurgias. Para ele, sintomas de doença – febre, gripe ou inflamação – são sempre um processo natural de eliminação de toxinas, que cessa mediante a purificação do organismo.
“A idéia não é nova”, diz o higienista Igal Flint, membro da Sociedade Americana de Higiene Natural. “Já existia na Grécia antiga, há pelo menos 2 700 anos.” A doutrina apóia-se na concepção de que o sintoma da enfermidade já é o próprio processo de cura, e o remédio, ao entrar na circulação sangüínea, faz o papel de vilão ao impedir a eliminação das toxinas. Resultado: a inofensiva gripe de hoje, ao ser sufocada pela ação de medicamentos, cedo ou tarde pode abalar o sistema imunológico do organismo e abrir campo para doenças degenerativas ou crônicas como câncer, artrite, osteoporose... enfim, um daqueles 35 000 nomes.
O médico higienista americano J. H. Tilden considerava que a toxemia resultava principalmente de putrefações intestinais advindas de um fenômeno não familiar à maioria das pessoas: a má combinação bioquímica dos alimentos (veja box na página 76). Isso causaria má digestão ou prisão de ventre, pontos de partida para outras complicações. A teoria higienista sustenta que certos alimentos, para serem processados, requisitam suco gástrico alcalino e outros, suco gástrico ácido. Quando reunidos eles provocariam a neutralização do meio digestivo, prejudicando a assimilação dos nutrientes e a eliminação dos resíduos. Estaria aí a senha de acesso para a toxemia. Os resíduos, que deveriam ser expelidos pelas fezes num prazo máximo de 24 horas, ficariam retidos no interior do cólon. E acabariam sendo parcialmente reabsorvidos pela corrente sangüínea, gerando a toxemia.
Não é uma boa notícia para a culinária nacional. Pelo critério da combinação higienista, arroz com feijão é uma mistura indigesta. O arroz, um amido (carboidrato), seria melhor digerido em ambiente alcalino, enquanto o feijão, uma proteína, demandaria um ambiente ácido. Separados, o arroz consome duas horas na digestão; o feijão, mais de três. Juntos, podem levar até seis horas para serem digeridos. Um típico prato brasileiro – arroz, feijão, bife, salada de alface com tomate e fruta de sobremesa –, embora agradável às papilas gustativas, gera, segundo o Higienismo, um desarranjo em cadeia. Isso explicaria a indisposição, o cansaço, a sonolência e a lentidão no raciocínio que a maioria das pessoas sente após o almoço. Além de provocar o consumo extra de reservas energéticas do corpo no processo digestivo, a mistura representaria uma porta aberta para a toxemia.
A combinação bioquímica foi estudada pela primeira vez pelo fisiologista russo Ivan Pavlov, que a relatou em 1902 no seu livro The Work of the Digestive Glands (O Funcionamento das Glândulas Digestivas). Em 1907, William Howard Hay avançou a pesquisa, a partir de um caso pessoal. Ele contraíra a Doença de Bright – passou a sofrer de pressão alta e problemas cardíacos. E decidiu experimentar em si mesmo uma dieta à base de alimentos sem manipulação industrial. Para surpresa de seus médicos, os sintomas desapareceram três meses depois. “O corpo não passa de uma síntese do que penetra nele sob a forma de alimentos ou bebidas”, escreveu Hay na obra A New Health Era (A Nova Era da Saúde). Mais adiante foi o higienista Herbert Shelton (veja quadro nesta página) quem aprimorou o método da combinação, apresentando-o de maneira abrangente no clássico Food Combining Made Easy (Um Jeito Simples de Combinar Alimentos), publicado em 1951.
Curiosamente, os seguidores do Higienismo num estágio mais avançado fazem pouco uso do sistema de combinação. Isso porque ingerem somente o que classificam como “alimento específico da espécie humana”, ou seja, frutas, verduras, legumes, grãos germinados, nozes, raízes e sementes. Seu cardápio limita-se a dois ou três itens, de preferência da mesma categoria e não cozidos. “É o estágio mais elevado do Higienismo, em que a pessoa come apenas alimentos crus e não há nem por que ter fogão em casa”, diz Tadeu Viscardi, diretor administrativo do spa Maria Bonita, do Rio de Janeiro, o primeiro do Brasil a empregar a dieta higienista em programas de emagrecimento e reeducação alimentar. Um higienista autêntico descarta as comidas industrializadas, os amidos refinados, os alimentos cozidos (à exceção de legumes levemente “abafados” no vapor e raízes) e as carnes e seus derivados. Açúcar, farinha branca e tudo o que advier desses produtos, como pães, massas, bolos, tortas e outros quitutes? Nem pensar.
Temas como esse consomem dezenas de páginas do livro Toxemia Explained, The True Interpretation of Cause of Disease (Toxemia Explicada, a Verdadeira Interpretação da Causa da Doença), de Tilden, editado pela primeira vez em 1926. O manual, reverenciado pelos higienistas, está repleto de espetadas no conceito tradicional de que doenças são causadas por agentes externos. A cada uma delas, claro, corresponde uma contra-estocada da medicina oficial. “Gostaria de saber em que escola de medicina séria se estuda essa teoria. Com certeza, em nenhuma”, diz Alfredo Halpern, professor de Endocrinologia na Universidade de São Paulo e integrante das equipes médicas do Hospital das Clínicas de São Paulo e do Hospital Albert Einstein. “Os hábitos de vida e os alimentos são importantes para a saúde, mas não há fundamento na teoria médica de que alimentos não possam ser misturados nem que se deva evitar remédios no tratamento das doenças.” A fórmula higienista também não empolga a maioria dos nutricionistas. “Qualquer dieta que exclua um grupo ou um tipo de alimento é inadequada”, diz Maria Aparecida Larino, nutricionista do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
A verdade é que, desde que surgiu, o Higienismo é visto com reservas pela comunidade científica. Shelton, ph.D. em Anatomia, Fisiologia e Bioquímica e autor de 40 obras cultuadas no mundo higienista chegou a amargar um mês de cadeia por suas idéias heterodoxas. Segundo Arlindo Fiorentin, diretor do Instituto Ortobio, do Rio de Janeiro, Shelton auxiliou mais de 50 000 pessoas a curar-se de doenças diversas sem o uso de medicamentos – só por meio de dieta, jejum e outros recursos higienistas para restabelecer a saúde. Do outro lado do Atlântico, o francês Albert Mosséri, discípulo de Shelton, também teve que enfrentar o combate da academia médica: sua clínica em Paris foi fechada e ele impedido de exercer a atividade até que a Justiça lhe garantiu o direito de atuar livremente.
Hoje, com o culto do corpo e a expansão das dietas, muitos médicos e nutricionistas até poderiam endossar o regime higienista, por julgá-lo bem intencionado, exceto talvez por ousadias como o veto a alimentos cozidos e, principalmente, às carnes. Mas o centro da polêmica continua sendo o poder terapêutico da dieta higienista. O que, segundo os adeptos da doutrina, é confirmado pelo registro de casos.
Um deles, o do paulistano Nairo Garcia dos Santos, 56 anos. Durante dez anos, Santos conviveu com um câncer de pele que o levou à mesa de cirurgia várias vezes, sem que o mal regredisse. Em maio do ano passado, orientado pelo higienista Igal Flint, ele adotou um regime quase que exclusivamente à base de frutas, legumes e verduras. Teria, assim, superado a doença. “Em menos de um mês, não havia mais nenhuma escara de câncer em meu rosto, peito e costas”, diz Santos.
A história do contador Carlos Antônio de Freitas, 58 anos, também chama a atenção. No último dia 20 de março, afirma Freitas, médicos do Instituto do Coração de São Paulo (Incor) comunicaram-lhe que tinha apenas três meses de vida. Diabético, Freitas equilibrava 102 kg em 1,73 m de altura, tinha pressão arterial de 28 por 18, taxas estratosféricas de triglicérides e de colesterol e seu pâncreas fraquejava. Teria sido salvo por uma dieta radicalíssima receitada por Fernando Travi, presidente da Sociedade Brasileira de Higienismo e Biogenia (Travi é autor do artigo “Vacina assassina”, publicado na Super de outubro).
Há casos em que o Higienismo prescreve não o alimento, mas a ausência dele. O jejum é empregado pelos higienistas como recurso terapêutico em situações em que o organismo não se encontra em condições de digerir o alimento e precisa eliminar toxinas mais rapidamente. Foi assim que a terapeuta corporal Maria Isabel Frias, 41 anos, adepta do regime higienista há oito, teria se livrado de uma infecção urinária dois anos atrás, quando se encontrava no sexto mês de gravidez. Para não prejudicar o bebê, ela jogou fora os antibióticos receitados por sua médica e, orientada por um higienista, mergulhou num jejum de 48 horas. “No final, a dor parou e um novo exame deu negativo”, diz Maria Isabel, referindo-se ao número de leucócitos presentes em seu organismo, altíssimo no exame anterior. O jejum teria funcionado como uma espécie de faxina geral no interior do corpo de Maria Isabel. Ao privar-se de alimento sólido e receber apenas água, o organismo teria eliminado as placas negras, como é chamada a matéria mórbida incrustada nas paredes do cólon, oriunda de más digestões. Mas nem só de comida dita “natural” e de jejuns vive o Higienismo. A filosofia sustenta que o homem, para gozar de saúde plena, precisa incorporar à sua vida banhos de sol, exercícios, repouso adequado, respirar ar puro, beber água limpa, abster-se de vícios e cultivar o pensamento positivo. Afinal, os higienistas afirmam trabalhar com as energias do indivíduo. E elas abrangeriam também a sua vida mental. A Hipócrates, o grego considerado o pai da Medicina, que há quase 30 séculos baseava-se no ideal de “mente sã, corpo são”, atribui-se a frase: “É a natureza que cura as doenças”.
"Para vencer , é necessário objetivo e metas, além de força de vontade, tudo começa na mente, é preciso ver-se vencendo e superando cada nível, mantendo sempre atividade constante, cada homem sabe o caminho que deve seguir, e só se enxerga obstáculos quando se tira os olhos do objetivo final"