05-04-2013, 05:44 PM
Fiz um recorte de dois textos bem simples que explicam de forma superficial um tema interessantíssimo. Assim, poderemos iniciar uma discução racional sobre o nosso papel na sociedade.
Fontes: http://ciencia.hsw.uol.com.br/selecao-natural4.htm
https://ssl.bbc.co.uk/labuk/articles/morality/
Segue abaixo:
____________________________
O biólogo evolutivo Richard Dawkins escreveu um livro chamado “O Gene Egoísta”, nos anos 70. Dawkins reordenou a evolução ao apontar que a seleção natural favorece a transmissão de genes e não do organismo em si. Assim que um organismo se reproduz com sucesso, a seleção natural deixa de se incomodar com o que acontece a seguir. Isso explica porque determinados traços estranhos continuam a existir - traços que parecem prejudicar os organismos, mas beneficiam os genes. Em algumas espécies de aranhas, a fêmea come o macho depois do acasalamento. No que tange à seleção natural, uma aranha macho que morre 30 segundos depois do acasalamento é tão bem sucedida quanto uma que vive.
Desde a publicação de “O Gene Egoísta”, a maioria dos biólogos concorda em que as idéias de Dawkins explicam muito, mas não respondem tudo sobre a seleção natural. Um dos principais obstáculos para a aceitação da hipótese é o altruísmo. Por que as pessoas (e muitas espécies animais) fariam algo bom pelos seus semelhantes, mesmo que quando isso não lhes oferece qualquer benefício direto? Pesquisas demonstram que esse comportamento é instintivo e aparece sem treinamento em bebês humanos. Também pode ser observado em algumas espécies de primatas. Então, por que a seleção natural favoreceria esse instinto de se ajudar aos outros?
Uma teoria que tenta explicar isso é a do parentesco. Pessoas aparentadas compartilham de muitos genes e ajuda mútua garantiria que alguns desses genes fossem transmitidos. Imagine duas famílias de seres humanos primitivos, ambas competindo pelas mesmas fontes de alimento. Uma delas conta com os alelos do altruísmo - seus membros se ajudam mutuamente na caça e compartilham do alimento obtido. A outra não os porta - seus integrantes caçam separadamente e cada um deles come apenas o que apanha. O grupo cooperativo tem maior probabilidade de conquistar sucesso reprodutivo, transmitindo os alelos do altruísmo.
Os biólogos também estão explorando um conceito conhecido comosuperorganismo. Trata-se basicamente de um organismo composto de muitos organismos menores. O superorganismo modelo é uma colônia de insetos. Em um formigueiro, apenas a rainha e alguns dos machos transmitirão genes à geração seguinte. Milhares de outras formigas dedicam suas vidas ao trabalho e à defesa do formigueiro sem que tenham qualquer chance de transmitir diretamente os seus genes, no entanto seu trabalho contribuiu para o sucesso da colônia. Em termos do “gene egoísta”, isso não faria muito sentido, mas se considerarmos a colônia de insetos como um único organismo composto de diversas partes menores (os insetos), tudo ganha sentido. Cada formiga trabalha para garantir o sucesso reprodutivo do formigueiro como um todo. Alguns cientistas acreditam que o conceito dos superorganismos pode ser usado para explicar certos aspectos da evolução humana.
A Teoria do Superorganismo humano desenvolve o conceito de que nós, como indivíduos, nos comportamos como se fôssemos parte de uma grande "superorganismo" quando organizados em grandes grupos sociais, como em cidades ou sociedades.
Essa nova teoria sugere que todas as ações morais são baseadas na necessidade fundamental para a sociedade de uma "polícia" a fim de manter o "superorganismo" funcionando corretamente, e que todos os grupos sociais humanos inadvertidamente desempenham o papel de "policial não oficial", fazendo julgamentos sobre como os outros se comportam.
Ação moral, de acordo com esta teoria, é impulsionada pela expectativa de punição se não realizarmos adequadamente nossos papéis dentro da "superorganismo" corretamente.
"Cada um de nós assume uma variedade de papéis nas grandes sociedades de que fazemos parte."
Estes variam dos nossos papéis profissionais no trabalho, para ser um bom pai, até ser o capitão do clube de xadrez local. Se fugirmos do trabalho, deixamos que nossos filhos correram a solta, ou trapacearmos em torneios, podemos esperar sermos punidos por outros membros do grupo social relevante. Esta pode ser diretamente, através de confronto ou de sanções, ou indiretamente, através de omitição ou exclusão.
Quer saibamos ou não, estamos constantemente confrontados com escolhas morais. Você deve manter a carteira que você acabou de encontrar na rua? Deve dizer para a pessoa no trem para tirar seus pés do assento? Ou deve reciclar o seu lixo?
Em uma escala maior, as sociedades têm de lidar com as novas questões morais o tempo todo. Tecnologia constante empurra para trás os limites do que é possível, levantando novos problemas e imprevistos que vão desde clonagem humana até cyber-bullying. A moralidade está em toda parte.
A moralidade tem sido objeto de muita pesquisa nos últimos anos, e a opinião científica em grande parte concluiu que nós, como seres humanos, não compreendemos corretamente as fontes de nossos próprios sentimentos morais, mesmo usando eles o tempo todo.
Por exemplo, podemos ler no jornal a respeito de alguém ser preso por ter relações sexuais com um animal. Nós achamos o ato completamente repugnante, mas podemos ter dificuldades para explicar o porquê. Ele apenas é.
Esta falta de entendimento é um fenômeno chamado "perplexidade moral".
___________________________________________________
É interessante observar a sociedade como um todo interligada ao comportamento moral individual.
Isso nos permite fazer questionamentos e chegar a certas conclusões.
Um sistema penal ineficiente seria a ausência de um regulador comportamental no grupo, causando o mal funcionamento do Superorganismo.
Também o relativismo moral (a idéia de que tudo deve ser permitido) poderia ser uma corrupção interna do organismo humano, como um vírus destruindo a célula base desse organismo, a família.
Devemos levar em conta também que a própria importância da liberdade de escolha individual é um questionamento moral. Um organismo onde a escolha do indivíduo é suprimida em prol de se manter a ordem no grupo (fim da individualidade) teria instalado o facismo, e por sua rigidez seria incapaz de evoluir.
Infelizmente todo bom material sobre o assunto encontra-se em Inglês, e é muita coisa para ser traduzida.
Porém, segue alguns links selecionados por mim para quem quiser continar a estudar o assunto:
Capturing the superorganism: a formal theory of group adaptation
http://eebb.msu.edu/_documents/GardnerGrafen2010-2.pdf
The Global Superorganism: an evolutionary-cybernetic model of the
emerging network society
http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/sum...1.1.11.290
O link do documento se encontra do lado esquerdo da página. Vale a pena navegar nos links colocados no site.
Fontes: http://ciencia.hsw.uol.com.br/selecao-natural4.htm
https://ssl.bbc.co.uk/labuk/articles/morality/
Segue abaixo:
____________________________
O biólogo evolutivo Richard Dawkins escreveu um livro chamado “O Gene Egoísta”, nos anos 70. Dawkins reordenou a evolução ao apontar que a seleção natural favorece a transmissão de genes e não do organismo em si. Assim que um organismo se reproduz com sucesso, a seleção natural deixa de se incomodar com o que acontece a seguir. Isso explica porque determinados traços estranhos continuam a existir - traços que parecem prejudicar os organismos, mas beneficiam os genes. Em algumas espécies de aranhas, a fêmea come o macho depois do acasalamento. No que tange à seleção natural, uma aranha macho que morre 30 segundos depois do acasalamento é tão bem sucedida quanto uma que vive.
Desde a publicação de “O Gene Egoísta”, a maioria dos biólogos concorda em que as idéias de Dawkins explicam muito, mas não respondem tudo sobre a seleção natural. Um dos principais obstáculos para a aceitação da hipótese é o altruísmo. Por que as pessoas (e muitas espécies animais) fariam algo bom pelos seus semelhantes, mesmo que quando isso não lhes oferece qualquer benefício direto? Pesquisas demonstram que esse comportamento é instintivo e aparece sem treinamento em bebês humanos. Também pode ser observado em algumas espécies de primatas. Então, por que a seleção natural favoreceria esse instinto de se ajudar aos outros?
Uma teoria que tenta explicar isso é a do parentesco. Pessoas aparentadas compartilham de muitos genes e ajuda mútua garantiria que alguns desses genes fossem transmitidos. Imagine duas famílias de seres humanos primitivos, ambas competindo pelas mesmas fontes de alimento. Uma delas conta com os alelos do altruísmo - seus membros se ajudam mutuamente na caça e compartilham do alimento obtido. A outra não os porta - seus integrantes caçam separadamente e cada um deles come apenas o que apanha. O grupo cooperativo tem maior probabilidade de conquistar sucesso reprodutivo, transmitindo os alelos do altruísmo.
Os biólogos também estão explorando um conceito conhecido comosuperorganismo. Trata-se basicamente de um organismo composto de muitos organismos menores. O superorganismo modelo é uma colônia de insetos. Em um formigueiro, apenas a rainha e alguns dos machos transmitirão genes à geração seguinte. Milhares de outras formigas dedicam suas vidas ao trabalho e à defesa do formigueiro sem que tenham qualquer chance de transmitir diretamente os seus genes, no entanto seu trabalho contribuiu para o sucesso da colônia. Em termos do “gene egoísta”, isso não faria muito sentido, mas se considerarmos a colônia de insetos como um único organismo composto de diversas partes menores (os insetos), tudo ganha sentido. Cada formiga trabalha para garantir o sucesso reprodutivo do formigueiro como um todo. Alguns cientistas acreditam que o conceito dos superorganismos pode ser usado para explicar certos aspectos da evolução humana.
A Teoria do Superorganismo humano desenvolve o conceito de que nós, como indivíduos, nos comportamos como se fôssemos parte de uma grande "superorganismo" quando organizados em grandes grupos sociais, como em cidades ou sociedades.
Essa nova teoria sugere que todas as ações morais são baseadas na necessidade fundamental para a sociedade de uma "polícia" a fim de manter o "superorganismo" funcionando corretamente, e que todos os grupos sociais humanos inadvertidamente desempenham o papel de "policial não oficial", fazendo julgamentos sobre como os outros se comportam.
Ação moral, de acordo com esta teoria, é impulsionada pela expectativa de punição se não realizarmos adequadamente nossos papéis dentro da "superorganismo" corretamente.
"Cada um de nós assume uma variedade de papéis nas grandes sociedades de que fazemos parte."
Estes variam dos nossos papéis profissionais no trabalho, para ser um bom pai, até ser o capitão do clube de xadrez local. Se fugirmos do trabalho, deixamos que nossos filhos correram a solta, ou trapacearmos em torneios, podemos esperar sermos punidos por outros membros do grupo social relevante. Esta pode ser diretamente, através de confronto ou de sanções, ou indiretamente, através de omitição ou exclusão.
Quer saibamos ou não, estamos constantemente confrontados com escolhas morais. Você deve manter a carteira que você acabou de encontrar na rua? Deve dizer para a pessoa no trem para tirar seus pés do assento? Ou deve reciclar o seu lixo?
Em uma escala maior, as sociedades têm de lidar com as novas questões morais o tempo todo. Tecnologia constante empurra para trás os limites do que é possível, levantando novos problemas e imprevistos que vão desde clonagem humana até cyber-bullying. A moralidade está em toda parte.
A moralidade tem sido objeto de muita pesquisa nos últimos anos, e a opinião científica em grande parte concluiu que nós, como seres humanos, não compreendemos corretamente as fontes de nossos próprios sentimentos morais, mesmo usando eles o tempo todo.
Por exemplo, podemos ler no jornal a respeito de alguém ser preso por ter relações sexuais com um animal. Nós achamos o ato completamente repugnante, mas podemos ter dificuldades para explicar o porquê. Ele apenas é.
Esta falta de entendimento é um fenômeno chamado "perplexidade moral".
___________________________________________________
É interessante observar a sociedade como um todo interligada ao comportamento moral individual.
Isso nos permite fazer questionamentos e chegar a certas conclusões.
Um sistema penal ineficiente seria a ausência de um regulador comportamental no grupo, causando o mal funcionamento do Superorganismo.
Também o relativismo moral (a idéia de que tudo deve ser permitido) poderia ser uma corrupção interna do organismo humano, como um vírus destruindo a célula base desse organismo, a família.
Devemos levar em conta também que a própria importância da liberdade de escolha individual é um questionamento moral. Um organismo onde a escolha do indivíduo é suprimida em prol de se manter a ordem no grupo (fim da individualidade) teria instalado o facismo, e por sua rigidez seria incapaz de evoluir.
Infelizmente todo bom material sobre o assunto encontra-se em Inglês, e é muita coisa para ser traduzida.
Porém, segue alguns links selecionados por mim para quem quiser continar a estudar o assunto:
Capturing the superorganism: a formal theory of group adaptation
http://eebb.msu.edu/_documents/GardnerGrafen2010-2.pdf
The Global Superorganism: an evolutionary-cybernetic model of the
emerging network society
http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/sum...1.1.11.290
O link do documento se encontra do lado esquerdo da página. Vale a pena navegar nos links colocados no site.