19-12-2012, 05:41 PM
"Se as mulheres fossem as líderes mundiais, não teríamos mais guerras, só um bando de países que se recusariam a falar um com o outro."
Será mesmo?
Reproduzo abaixo a carta de uma leitora do Daily Mail da Inglaterra, sobre sua experiência de montar uma empresa composta somente de mulheres:
Briguinhas por bolsas e choro nos banheiros. Quando essa produtora lançou uma companhia de TV “só para mulheres”, ela pensou que diria adeus aos conflitos no trabalho...
- por Samantha Brick
Em um dos cantos estava Alice, uma mulher forte e independente de 27 anos que sempre dizia o que queria, não importando o quanto machucasse os outros. No outro canto, estava Sarah, uma mulher de trinta e tantos anos que conseguia defender a si mesma momentaneamente – para depois explodir em choro e correr para o banheiro.
A briga durou horas, alimentada por espectadoras tomando partido de uma ou de outra, e jogando mais lenha na fogueira. De vez em quando alguma das garotas entrava na briga, tanto atacando quanto se espremendo defensivamente no banheiro. Isso parece mais uma cena de um show do tipo Big Brother, mas a verdade é bem mais prosaica: trata-se somente de uma manhã normal no escritório.
Essas mulheres venenosas deveriam, supostamente, ser empregadas talentosas que eu descobri para atingir o meu sonho utópico – uma companhia só com mulheres que trabalhariam felizes e harmoniosamente, sem a presença dos homens.
Foi um ideal que rapidamente se quebrou frente à realidade: briguinhas constantes, hormônios à flor da pele, drama, luta por atenção e uma rivalidade através das roupas [fashion rivalry] tão dura que literalmente destruiu minha equipe.
Quando eu li outro dia que Sienna Miller disse que não existe essa coisa de “Irmandade” (Sisterhood), eu sabia o que ela queria dizer.
Eu posso entender porque as pessoas acreditam que as mulheres se ajudam – com os homens no poder tanto no trabalho quanto na política, faz sentido que nós, mulheres, nos ajudemos.
Na verdade, existiu uma época em que eu acreditei na Sisterhood – mas isso foi antes que mulheres em guerra levassem à minha ruína emocional e financeira.
Cinco anos atrás, eu estava trabalhando como uma produtora executiva, fazendo shows para canais como a MTV, morando em Los Angeles. Soa como o emprego dos sonhos e seria – se eu fosse homem.
Trabalhar na TV é notoriamente difícil para as mulheres. Existe uma rede poderosa entre os homens, a camada de marzipã (ou glass ceiling) é ainda mais robusta, e a maioria dos chefes são misóginos.
Gradualmente, o que começou como um sonho – “não seria ótimo se não houvesse homens onde eu trabalho?” - se tornou um conceito excitante.
Eu decidi criar a primeira produtora somente com mulheres, onde mulheres inteligentes, espertas, orientadas à carreira poderiam trabalhar harmoniosamente, livres da fanfarronice dos homens.
Pensando agora, eu deveria ter aprendido com os erros do meu passado – no colegial eu sofri bullying de um bando de garotas irritantes boca-suja, portanto eu sabia o quão desagradáveis as mulheres podem se tornar.
E trabalhando na TV, eu encontrei legiões de mulheres supercompetitivas, “batedoras de porta” que fariam qualquer coisa para estarem no topo. Mas eu dizia a mim mesma, que, com as mulheres certas, o trabalho poderia ser maravilhoso.
Então, em abril de 2005, eu deixei meu emprego, coloquei minha casa na hipoteca – conseguindo algo próximo de 100.000 libras (aproximadamente 350.000 reais), e comecei a me pagar mensalmente só 700 libras para conseguir erguer o meu sonho. Tendo trabalhado arduamente por 12 anos na área, eu tinha muita experiência e uma boa reputação. O que poderia dar errado?
Escolhendo minhas batalhas
Eu organizei uma equipe com sete membros e montei um escritório em Richmond upon Thames, Surrey. Apesar das mulheres que entrevistei ficarem entusiasmadas com o conceito, elas mesmo assim insistiram em receber altos salários. Muito justo, eu pensei na época – elas são profissionais, e muitas delas são talentosas, e eu já havia trabalhado com elas antes.
Mas, em uma semana, dois grupos haviam sido criados: aquelas que já haviam trabalhado antes juntas e aquelas que estavam produzindo “novas ideias”.
O ponto culminante de muitos dias era a hora em que algumas eram convidadas para o almoço ou uma parada para o café – e outras não eram. Nada explícito era dito; mas a rejeição era óbvia.
Quando nós íamos todas juntas ao bar após o trabalho, as divisões se mantinham, vistas claramente de acordo com quem se sentava em que posição da mesa e quem tinha um comportamento civilizado (ou não) com quem.
A moda foi um grande divisor, mas nesse campo de batalha era cada uma por si. Apesar de soar como um tremendo clichê, o que cada uma vestia se tornou uma fonte inesgotável de comentários passivo-agressivos, desde frases maldosas sobre como algumas exageravam nas roupas, até os “méritos” do bronzeamento artificial de outras.
Eu sempre me sentia triste com qualquer uma que aparecia, ingenuamente, com um novo conjunto no escritório, porque todas iriam elogiar o vestido na cara da garota – e depois criticá-la rispidamente assim que ela estivesse longe. Isso acontecia com todas, sem exceções.
Minha segunda-em-comando, Sarah, a gerente geral, mostrou o quanto conhecer moda importava quando ela procurou por uma assistente e se recusou a contratar a mais bem-qualificada da seleção porque ela não sabia distinguir um Missoni de um Marc Jacobs. E a garota iria somente fazer café e realizar pequenas tarefas. Mas eu não desafiei a decisão de não contratar a moça porque eu criei uma política de escolher minhas batalhas com cuidado.
O escritório parecia um desfile da moda de Milão, mas com a competitividade de uma edição da Miss Mundo – e os golpes baixos de uma briga na lama.
Uma briguinha dessas terminou uma amizade quando Sarah e nossa jovem pesquisadora de desenvolvimento receberam, ambas, o mesmo presente de Natal – uma bolsa Chloe Paddington de 900 libras.
Quando elas apareceram com o mesmo modelo de bolsa no escritório, foi como um duelo ao pôr-do-sol. Elas fizeram força pra se cumprimentarem, mas o relacionamento nunca se recuperou, à custa da minha companhia.
Outra ocasião, quando duas garotas da equipe compraram o mesmo jeans, uma declarou: “Ele cai melhor em mim, já que eu visto 46 e ela 48.”
Não demorou muito para o escritório ficar dividido entre as mulheres que usavam maquiagem e as que não usavam. Comentários das primeiras eram coisas como “será que elas não sabem o que é creme?” ou “será que algum dia elas já usaram escova para cabelo?”, enquanto a turma que não usava maquiagem era da mesma forma sarcástica, com comentários (pelas costas, claro) do tipo “o pessoal no ônibus deve achar que ela é uma puta”, ou “ela parece uma drogada”.
A obsessão [ ou deveríamos dizer competitividade?] com a aparência significava que toda a equipe estava permanentemente de dieta. Se eu comprasse um sanduíche de atum para o almoço, ou ouvia pelas costas comentários que eu estava gorda como uma porca – mesmo que o meu manequim seja 48.
Duas das garotas mais magras costumavam falar sobre a garota mais gorda: “eu me mataria se ficasse tão gorda assim.” Uma das assistentes teve sua revanche contra elas ao fingir comprar, por semanas, comida livre de gordura... quando na verdade era a comida normal, com gordura trans.
As empregadas consideravam aceitável faltar ao trabalho para fazerem tratamentos de beleza – e não compensavam depois. Uma garota chegava constantemente atrasada, porque ela estava pintando os cabelos, e quando eu mencionei isso ela explodiu ultrajada. Mas, de certo modo, ela tinha razão; a maioria chegava tarde mesmo e respondiam “essa é a hora que meu trem passa”, se eu apontasse o relógio, indicando o atraso.
Vendo as coisas agora, eu percebo que deveria ter sido mais severa. Meu idealismo foi o motivo da minha queda, já que eu tentei ver o melhor nas pessoas – eu estava convencida de que elas iriam se comportar do jeito que fossem tratadas, portanto eu tratava todas bem.
Comentários sarcásticos
Se eu tivesse sido mais cínica, eu teria sido mais bem-sucedida.
Eu normalmente ficava fora do escritório tentando conseguir contratos, enquanto lá, o trabalho ficava em segundo plano. Primeiro, havia as conversas sobe compras, namorados e dietas – oh, e comentários sarcásticos das minhas duas pesquisadoras de desenvolvimento, que ficavam afiando suas garras de acrílico contra outra garota da equipe, Natasha.
Seis meses depois da criação da companhia, as tensões chegaram ao máximo quando uma das pesquisadoras pegou o laptop da Natasha e se recusou a devolvê-lo. Nesse dia eu fui forçada a cancelar meus compromissos e voltar para o escritório para tentar resolver a questão.
Apesar de Sarah, minha gerente geral, estar presente, ela se recusou a se envolver porque ela não queria bancar a “policial má”.
Mesmo estando no comando, ela tinha medo do que iam falar dela – era como se, num ambiente só de mulheres, elas não conseguissem se manter uma atitude profissional.
Logo, discussões se tornaram uma rotina. Começavam com frases sarcásticas entre duas pessoas e logo, quando as outras entravam na discussão, emoção e raiva crescia até o ponto de explodir em gritos e xingamentos, que sempre deixava alguém chorando.
Então, o grupo de amigas da garota ofendida iria consolá-la no banheiro, deixando o outro grupo no escritório. Após isso, ambos iriam falar mal um do outro – e nenhum trabalho iria ser feito.
Chegou um ponto em que tive de escrever um manual para o staff sobre como ser educada uma com as outras. O principal conselho era ser respeitável com todas e tratar as pessoas igualmente bem – e marcar recados apropriadamente, sendo eles para mim ou para qualquer outra das garotas do grupo.
Eu também disse que não haveria mais críticas e fofocas no escritório. Mas, apesar de que todas que leram disserem ter adorado a ideia, não fez diferença alguma.
Muitas eram agressivas, defensivas, ou ambos. A mais agressiva escondia um mar de inseguranças com sua natureza expansiva, te colocando pra baixo de uma forma tão doce e dissimulada que você não percebia o que tinha acontecido até muito tempo depois do fato.
Corações Quebrados
Elas escondiam suas intenções em frases floreadas – uma delas disse para a outra docemente: “eu não quero parecer uma babaca, mas simplesmente não suporto ficar na mesma sala e respirar o mesmo ar que você.”
Mas a maior força não eram os egos, eram os hormônios. Quando uma das mulheres começou o tratamento para fertilização in vitro (IVF), ela soltava sua raiva sem avisos e sem desculpas.
Quando uma das garotas estava de TPM (o que, num escritório formado só por mulheres, significava que sempre havia alguém de TPM) o comportamento irritado de uma delas passava rapidamente para as outras, como se por osmose.
Os hormônios vinham em segundo lugar nas desculpas para faltas e mau humor, somente perdendo para problemas na vida amorosa. Quando uma delas terminou com seu namorado, ela me disse, em termos diretos, que eu deveria ser ‘super-compreensiva e sensível em relação a ela no trabalho’ – via e-mail. Uma verdadeira rainha do drama, o chororô durou por uma semana.
Naturalmente, as inimigas dela no escritório se deliciaram com o seu coração partido.
Outra garota, que tinha dois relacionamentos ao mesmo tempo, frequentemente pressionava todo mundo no escritório sobre o que dizer para cada um dos namorados, caso eles ligassem para o escritório.
Outra das garotas tinha um apetite sexual voraz, e, num ambiente só de mulheres, não via problemas em falar em voz alta detalhes das suas sessões de maratona sexual. Eu recebia queixas constantes sobre a linguagem crua que ela usava.
Eu ainda consigo me lembrar do nome de todos os namorados das garotas da minha equipe, já que eles interferiam direto no trabalho.
Apesar de tudo isso, a empresa estava prosperando.
Nós conseguimos a produção de dois programas, um para a ITV e uma série com a Living TV, portanto eu pude abrir um novo escritório em West London.
Mas isso gerou outra briga com a Sarah quando ela descobriu que estava pagando estacionamento, enquanto uma das garotas tinha conseguido uma vaga de graça no prédio.
Durante um bate-boca entre elas, Sarah disse que ela havia passado por cima da sua autoridade, enquanto a outra disse que ela era ‘difícil’. As duas nunca mais voltaram a se falar.
Os efeitos da falta de testosterona na empresa foram ainda mais evidentes quando eu contratei temporariamente dois diretores para trabalhar numa série (os operadores de câmera eram normalmente homens devido ao peso do equipamento). A equipe ficou surpreendentemente mais quieta, trabalhou melhor e reclamou menos – parcialmente porque elas estavam muito ocupadas flertando com os diretores.
Duas das garotas começaram a dar em cima de um dos diretores abertamente – mesmo sabendo [i][ou exatamente porque sabiam?] que ele já tinha uma namorada. Sua namorada não teve com competir com tanto flerte, e acabou sendo substituída por uma das garotas.
Quando nós tínhamos reuniões com homens, o staff se tornava feroz, cada uma delas tentando provar que era a mais sedutora na sala. Com um encarregado do Canal 4, uma delas disse “veja isso!”, e então ela colocou as mãos dentro do sutiã e torceu o bico dos seios. Tanto eu quanto o encarregado ficamos sem saber o que falar.
Nesse clima, eu não tinha coragem de contratar nenhum homem por causa da distração gerada e, pior ainda, as brigas que eles poderiam gerar. Eu odeio o quanto isso soa como estereótipo, mas essa é a verdade.
E mesmo que eu ainda sustente o conceito de excluir os homens como empregados – devido a todas as facilidades que eles têm na TV – se eu fosse começar tudo novamente, eu definitivamente empregaria homens. Na verdade, eu empregaria somente homens.
Fazendo cerca de meio milhão de libras no nosso primeiro ano deveria significar lucro, mas todo o lucro foi engolido devido aos altos salários e aos erros de contabilidade da equipe. E aí, quando começamos a ter problemas no fluxo de caixa, Sarah pediu licença de um mês. Ela também confessou que vinha fugindo de ligações de pessoas que estavam esperando pagamento, desse jeito arruinando a reputação da firma.
Nessa altura eu estava viajando constantemente entre os EUA e a Inglaterra, lidando com uma equipe em frangalhos em Londres e produtoras aparvalhadas em Los Angeles.
A minha gerente geral tinha sumido do mapa, as contas não estavam sendo pagas e a tensão no escritório era palpável.
Tentando colocar mais dinheiro no negócio, eu vendi meus dois carros, mas era tarde demais e o escritório abriu falência em 2007, menos de dois anos após ter sido aberto.
Apesar de que eu não irei me absolver da culpa, eu acredito que o escritório foi arruinado pela inveja constante e briga interna de uma equipe composta só de mulheres. O egoísmo e as inseguranças delas levaram minha empresa à bancarrota. Quando eu precisei da assim chamada Sisterhood, podem acreditar, ela não estava lá.
Fonte: http://www.dailymail.co.uk/femail/articl...lict-.html
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Acho que nem preciso comentar nada, né confrades?
Será mesmo?
Reproduzo abaixo a carta de uma leitora do Daily Mail da Inglaterra, sobre sua experiência de montar uma empresa composta somente de mulheres:
Briguinhas por bolsas e choro nos banheiros. Quando essa produtora lançou uma companhia de TV “só para mulheres”, ela pensou que diria adeus aos conflitos no trabalho...
- por Samantha Brick
Em um dos cantos estava Alice, uma mulher forte e independente de 27 anos que sempre dizia o que queria, não importando o quanto machucasse os outros. No outro canto, estava Sarah, uma mulher de trinta e tantos anos que conseguia defender a si mesma momentaneamente – para depois explodir em choro e correr para o banheiro.
A briga durou horas, alimentada por espectadoras tomando partido de uma ou de outra, e jogando mais lenha na fogueira. De vez em quando alguma das garotas entrava na briga, tanto atacando quanto se espremendo defensivamente no banheiro. Isso parece mais uma cena de um show do tipo Big Brother, mas a verdade é bem mais prosaica: trata-se somente de uma manhã normal no escritório.
Essas mulheres venenosas deveriam, supostamente, ser empregadas talentosas que eu descobri para atingir o meu sonho utópico – uma companhia só com mulheres que trabalhariam felizes e harmoniosamente, sem a presença dos homens.
Foi um ideal que rapidamente se quebrou frente à realidade: briguinhas constantes, hormônios à flor da pele, drama, luta por atenção e uma rivalidade através das roupas [fashion rivalry] tão dura que literalmente destruiu minha equipe.
Quando eu li outro dia que Sienna Miller disse que não existe essa coisa de “Irmandade” (Sisterhood), eu sabia o que ela queria dizer.
Eu posso entender porque as pessoas acreditam que as mulheres se ajudam – com os homens no poder tanto no trabalho quanto na política, faz sentido que nós, mulheres, nos ajudemos.
Na verdade, existiu uma época em que eu acreditei na Sisterhood – mas isso foi antes que mulheres em guerra levassem à minha ruína emocional e financeira.
Cinco anos atrás, eu estava trabalhando como uma produtora executiva, fazendo shows para canais como a MTV, morando em Los Angeles. Soa como o emprego dos sonhos e seria – se eu fosse homem.
Trabalhar na TV é notoriamente difícil para as mulheres. Existe uma rede poderosa entre os homens, a camada de marzipã (ou glass ceiling) é ainda mais robusta, e a maioria dos chefes são misóginos.
Gradualmente, o que começou como um sonho – “não seria ótimo se não houvesse homens onde eu trabalho?” - se tornou um conceito excitante.
Eu decidi criar a primeira produtora somente com mulheres, onde mulheres inteligentes, espertas, orientadas à carreira poderiam trabalhar harmoniosamente, livres da fanfarronice dos homens.
Pensando agora, eu deveria ter aprendido com os erros do meu passado – no colegial eu sofri bullying de um bando de garotas irritantes boca-suja, portanto eu sabia o quão desagradáveis as mulheres podem se tornar.
E trabalhando na TV, eu encontrei legiões de mulheres supercompetitivas, “batedoras de porta” que fariam qualquer coisa para estarem no topo. Mas eu dizia a mim mesma, que, com as mulheres certas, o trabalho poderia ser maravilhoso.
Então, em abril de 2005, eu deixei meu emprego, coloquei minha casa na hipoteca – conseguindo algo próximo de 100.000 libras (aproximadamente 350.000 reais), e comecei a me pagar mensalmente só 700 libras para conseguir erguer o meu sonho. Tendo trabalhado arduamente por 12 anos na área, eu tinha muita experiência e uma boa reputação. O que poderia dar errado?
Escolhendo minhas batalhas
Eu organizei uma equipe com sete membros e montei um escritório em Richmond upon Thames, Surrey. Apesar das mulheres que entrevistei ficarem entusiasmadas com o conceito, elas mesmo assim insistiram em receber altos salários. Muito justo, eu pensei na época – elas são profissionais, e muitas delas são talentosas, e eu já havia trabalhado com elas antes.
Mas, em uma semana, dois grupos haviam sido criados: aquelas que já haviam trabalhado antes juntas e aquelas que estavam produzindo “novas ideias”.
O ponto culminante de muitos dias era a hora em que algumas eram convidadas para o almoço ou uma parada para o café – e outras não eram. Nada explícito era dito; mas a rejeição era óbvia.
Quando nós íamos todas juntas ao bar após o trabalho, as divisões se mantinham, vistas claramente de acordo com quem se sentava em que posição da mesa e quem tinha um comportamento civilizado (ou não) com quem.
A moda foi um grande divisor, mas nesse campo de batalha era cada uma por si. Apesar de soar como um tremendo clichê, o que cada uma vestia se tornou uma fonte inesgotável de comentários passivo-agressivos, desde frases maldosas sobre como algumas exageravam nas roupas, até os “méritos” do bronzeamento artificial de outras.
Eu sempre me sentia triste com qualquer uma que aparecia, ingenuamente, com um novo conjunto no escritório, porque todas iriam elogiar o vestido na cara da garota – e depois criticá-la rispidamente assim que ela estivesse longe. Isso acontecia com todas, sem exceções.
Minha segunda-em-comando, Sarah, a gerente geral, mostrou o quanto conhecer moda importava quando ela procurou por uma assistente e se recusou a contratar a mais bem-qualificada da seleção porque ela não sabia distinguir um Missoni de um Marc Jacobs. E a garota iria somente fazer café e realizar pequenas tarefas. Mas eu não desafiei a decisão de não contratar a moça porque eu criei uma política de escolher minhas batalhas com cuidado.
O escritório parecia um desfile da moda de Milão, mas com a competitividade de uma edição da Miss Mundo – e os golpes baixos de uma briga na lama.
Uma briguinha dessas terminou uma amizade quando Sarah e nossa jovem pesquisadora de desenvolvimento receberam, ambas, o mesmo presente de Natal – uma bolsa Chloe Paddington de 900 libras.
Quando elas apareceram com o mesmo modelo de bolsa no escritório, foi como um duelo ao pôr-do-sol. Elas fizeram força pra se cumprimentarem, mas o relacionamento nunca se recuperou, à custa da minha companhia.
Outra ocasião, quando duas garotas da equipe compraram o mesmo jeans, uma declarou: “Ele cai melhor em mim, já que eu visto 46 e ela 48.”
Não demorou muito para o escritório ficar dividido entre as mulheres que usavam maquiagem e as que não usavam. Comentários das primeiras eram coisas como “será que elas não sabem o que é creme?” ou “será que algum dia elas já usaram escova para cabelo?”, enquanto a turma que não usava maquiagem era da mesma forma sarcástica, com comentários (pelas costas, claro) do tipo “o pessoal no ônibus deve achar que ela é uma puta”, ou “ela parece uma drogada”.
A obsessão [ ou deveríamos dizer competitividade?] com a aparência significava que toda a equipe estava permanentemente de dieta. Se eu comprasse um sanduíche de atum para o almoço, ou ouvia pelas costas comentários que eu estava gorda como uma porca – mesmo que o meu manequim seja 48.
Duas das garotas mais magras costumavam falar sobre a garota mais gorda: “eu me mataria se ficasse tão gorda assim.” Uma das assistentes teve sua revanche contra elas ao fingir comprar, por semanas, comida livre de gordura... quando na verdade era a comida normal, com gordura trans.
As empregadas consideravam aceitável faltar ao trabalho para fazerem tratamentos de beleza – e não compensavam depois. Uma garota chegava constantemente atrasada, porque ela estava pintando os cabelos, e quando eu mencionei isso ela explodiu ultrajada. Mas, de certo modo, ela tinha razão; a maioria chegava tarde mesmo e respondiam “essa é a hora que meu trem passa”, se eu apontasse o relógio, indicando o atraso.
Vendo as coisas agora, eu percebo que deveria ter sido mais severa. Meu idealismo foi o motivo da minha queda, já que eu tentei ver o melhor nas pessoas – eu estava convencida de que elas iriam se comportar do jeito que fossem tratadas, portanto eu tratava todas bem.
Comentários sarcásticos
Se eu tivesse sido mais cínica, eu teria sido mais bem-sucedida.
Eu normalmente ficava fora do escritório tentando conseguir contratos, enquanto lá, o trabalho ficava em segundo plano. Primeiro, havia as conversas sobe compras, namorados e dietas – oh, e comentários sarcásticos das minhas duas pesquisadoras de desenvolvimento, que ficavam afiando suas garras de acrílico contra outra garota da equipe, Natasha.
Seis meses depois da criação da companhia, as tensões chegaram ao máximo quando uma das pesquisadoras pegou o laptop da Natasha e se recusou a devolvê-lo. Nesse dia eu fui forçada a cancelar meus compromissos e voltar para o escritório para tentar resolver a questão.
Apesar de Sarah, minha gerente geral, estar presente, ela se recusou a se envolver porque ela não queria bancar a “policial má”.
Mesmo estando no comando, ela tinha medo do que iam falar dela – era como se, num ambiente só de mulheres, elas não conseguissem se manter uma atitude profissional.
Logo, discussões se tornaram uma rotina. Começavam com frases sarcásticas entre duas pessoas e logo, quando as outras entravam na discussão, emoção e raiva crescia até o ponto de explodir em gritos e xingamentos, que sempre deixava alguém chorando.
Então, o grupo de amigas da garota ofendida iria consolá-la no banheiro, deixando o outro grupo no escritório. Após isso, ambos iriam falar mal um do outro – e nenhum trabalho iria ser feito.
Chegou um ponto em que tive de escrever um manual para o staff sobre como ser educada uma com as outras. O principal conselho era ser respeitável com todas e tratar as pessoas igualmente bem – e marcar recados apropriadamente, sendo eles para mim ou para qualquer outra das garotas do grupo.
Eu também disse que não haveria mais críticas e fofocas no escritório. Mas, apesar de que todas que leram disserem ter adorado a ideia, não fez diferença alguma.
Muitas eram agressivas, defensivas, ou ambos. A mais agressiva escondia um mar de inseguranças com sua natureza expansiva, te colocando pra baixo de uma forma tão doce e dissimulada que você não percebia o que tinha acontecido até muito tempo depois do fato.
Corações Quebrados
Elas escondiam suas intenções em frases floreadas – uma delas disse para a outra docemente: “eu não quero parecer uma babaca, mas simplesmente não suporto ficar na mesma sala e respirar o mesmo ar que você.”
Mas a maior força não eram os egos, eram os hormônios. Quando uma das mulheres começou o tratamento para fertilização in vitro (IVF), ela soltava sua raiva sem avisos e sem desculpas.
Quando uma das garotas estava de TPM (o que, num escritório formado só por mulheres, significava que sempre havia alguém de TPM) o comportamento irritado de uma delas passava rapidamente para as outras, como se por osmose.
Os hormônios vinham em segundo lugar nas desculpas para faltas e mau humor, somente perdendo para problemas na vida amorosa. Quando uma delas terminou com seu namorado, ela me disse, em termos diretos, que eu deveria ser ‘super-compreensiva e sensível em relação a ela no trabalho’ – via e-mail. Uma verdadeira rainha do drama, o chororô durou por uma semana.
Naturalmente, as inimigas dela no escritório se deliciaram com o seu coração partido.
Outra garota, que tinha dois relacionamentos ao mesmo tempo, frequentemente pressionava todo mundo no escritório sobre o que dizer para cada um dos namorados, caso eles ligassem para o escritório.
Outra das garotas tinha um apetite sexual voraz, e, num ambiente só de mulheres, não via problemas em falar em voz alta detalhes das suas sessões de maratona sexual. Eu recebia queixas constantes sobre a linguagem crua que ela usava.
Eu ainda consigo me lembrar do nome de todos os namorados das garotas da minha equipe, já que eles interferiam direto no trabalho.
Apesar de tudo isso, a empresa estava prosperando.
Nós conseguimos a produção de dois programas, um para a ITV e uma série com a Living TV, portanto eu pude abrir um novo escritório em West London.
Mas isso gerou outra briga com a Sarah quando ela descobriu que estava pagando estacionamento, enquanto uma das garotas tinha conseguido uma vaga de graça no prédio.
Durante um bate-boca entre elas, Sarah disse que ela havia passado por cima da sua autoridade, enquanto a outra disse que ela era ‘difícil’. As duas nunca mais voltaram a se falar.
Os efeitos da falta de testosterona na empresa foram ainda mais evidentes quando eu contratei temporariamente dois diretores para trabalhar numa série (os operadores de câmera eram normalmente homens devido ao peso do equipamento). A equipe ficou surpreendentemente mais quieta, trabalhou melhor e reclamou menos – parcialmente porque elas estavam muito ocupadas flertando com os diretores.
Duas das garotas começaram a dar em cima de um dos diretores abertamente – mesmo sabendo [i][ou exatamente porque sabiam?] que ele já tinha uma namorada. Sua namorada não teve com competir com tanto flerte, e acabou sendo substituída por uma das garotas.
Quando nós tínhamos reuniões com homens, o staff se tornava feroz, cada uma delas tentando provar que era a mais sedutora na sala. Com um encarregado do Canal 4, uma delas disse “veja isso!”, e então ela colocou as mãos dentro do sutiã e torceu o bico dos seios. Tanto eu quanto o encarregado ficamos sem saber o que falar.
Nesse clima, eu não tinha coragem de contratar nenhum homem por causa da distração gerada e, pior ainda, as brigas que eles poderiam gerar. Eu odeio o quanto isso soa como estereótipo, mas essa é a verdade.
E mesmo que eu ainda sustente o conceito de excluir os homens como empregados – devido a todas as facilidades que eles têm na TV – se eu fosse começar tudo novamente, eu definitivamente empregaria homens. Na verdade, eu empregaria somente homens.
Fazendo cerca de meio milhão de libras no nosso primeiro ano deveria significar lucro, mas todo o lucro foi engolido devido aos altos salários e aos erros de contabilidade da equipe. E aí, quando começamos a ter problemas no fluxo de caixa, Sarah pediu licença de um mês. Ela também confessou que vinha fugindo de ligações de pessoas que estavam esperando pagamento, desse jeito arruinando a reputação da firma.
Nessa altura eu estava viajando constantemente entre os EUA e a Inglaterra, lidando com uma equipe em frangalhos em Londres e produtoras aparvalhadas em Los Angeles.
A minha gerente geral tinha sumido do mapa, as contas não estavam sendo pagas e a tensão no escritório era palpável.
Tentando colocar mais dinheiro no negócio, eu vendi meus dois carros, mas era tarde demais e o escritório abriu falência em 2007, menos de dois anos após ter sido aberto.
Apesar de que eu não irei me absolver da culpa, eu acredito que o escritório foi arruinado pela inveja constante e briga interna de uma equipe composta só de mulheres. O egoísmo e as inseguranças delas levaram minha empresa à bancarrota. Quando eu precisei da assim chamada Sisterhood, podem acreditar, ela não estava lá.
Fonte: http://www.dailymail.co.uk/femail/articl...lict-.html
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