15-04-2016, 01:28 PM
Fala confrades blz?
Após algumas conversas com alguns confrades sobre o assunto, decidi postar este tópico. Antes de tudo, esse tópico não tem nenhuma finalidade religiosa, nem quero com ele me exaltar como boa pessoa nem nada do tipo ok? O objetivo desse relato é apenas pra contar como tem sido a experiência, coisas que eu observei até agora, casos escabrosos e o que essa experiência tem mudado diretamente na minha vida interior. Esclarecido isso vamos ao relato em si.
Há quase 2 meses comecei a participar de um projeto social encabeçado por alguns jovens da minha igreja, atualmente somos cerca de 12 pessoas. Uma vez na semana, nos reunimos, preparamos marmitas de excelente qualidade (comida boa mesmo, nada de sopa), levamos roupas, calçados, lençóis que recebemos de doações, e saímos sempre a noite, retornando por volta da 00:30 1h da manhã. Fazemos um trajeto grande, e onde enxergamos um mendigo nós paramos, geralmente fazemos 45-50 marmitas, ou seja, temos contato com esse número de pessoas toda semana.
O intuito do nosso projeto é resgatar esses moradores de rua e reintegrá-los a sociedade e principalmente as respectivas famílias. Já conseguimos tirar um senhor na casa dos 40 anos da rua, ele está num centro de recuperação aqui do RJ, e em breve iremos tentar levá-lo a sua família.
Feito as considerações preliminares, algumas coisas que eu tenho observado.
Motivos gerais que os levaram pra rua
Na maioria dos casos que detectei até agora, o principal motivo são brigas familiares. Uns expulsos de casa por serem alcolátras, outros porque não se davam bem com irmãs, outros por causa de drogas e por aí vai. O que percebi é que 80% são homens, 20% mulheres. Os homens são maioria esmagadora nas ruas, pelo menos aqui onde fazemos o trabalho. Muitos até vindos de outros estados do país e que chegaram aqui das maneiras mais loucas possíveis.
Teve um caso curioso de um cara que estava sentado na rua, com mochila, bem vestido, com celular, e fomos perguntar o que ele estava fazendo ali. Ele não era morador de rua, mas tinha brigado com a mulher e a mesma mandou ele pra fora de casa, ele veio de outro bairro bem distante e parou ali, ficando o dia todo sem comer. Nem sei o que se sucedeu com o sujeito.
A ética e a camaradagem das ruas
Outra coisa que tem me chamado muito a atenção é a ética e a camaradagem que eles possuem. Se alguém eventualmente já comeu em algum lugar, eles não aceitam a marmita alegando que se aceitarem outra pessoa que ainda não comeu vai ficar sem. Cada um tem seu espaço e suas coisas e ninguém mexe no que não é seu. Sempre informam onde há outras pessoas pra gente encontrar.
Há uma senhora que vou chamar de Maria, que fica numa praça, e por ser bem idosa e ter dificuldades de locomoção, fica sentada sempre na mesma cadeira. Alguns caras costumam ficar nessa mesma praça, e eles possuem um imenso respeito por essa senhora, tem um cara que não sai de lá porque diz que fica ali pra proteger a dona Maria (seja em qual situação o homem estiver, ele não perde o instinto protetor). Achei essa atitude muito foda
Mulheres
Como eu disse elas são minoria até agora pelo que vi, e de 20, 5 ficam sozinhas, das 5, 4 são idosas. As outras 15 sempre estão abrigadas na sombra de algum homem. É isso mesmo que você leu, na rua não existe feminazinha fazendo textão contra macho opressor não. Elas sabem que na companhia de um homem terão muito menos chances de sofrer algum tipo de covardia, e menos chance de passar fome, pois a maioria dos caras catam latinhas ou papelão pra vender e comprar algo pra comer. (Pensei até numa cura pra feminazis: deixar 1 semana na rua pra ver se a misandria não some)
Então juvena chorão, você que fica reclamando nos fóruns por não pegar mulher ou que fica o dia todo pensando em planos mirabolantes pra pegar mulher: até mendigo tem mulher, de tão simples que elas são. Eles não têm carro, casa, nem são bombados, são apenas homens, caras extremamente viris (quer mais virilidade do que sobreviver na rua?) que não ficam de mimimi e que as mulheres enxergam neles um protetor. Talvez você esteja pensando agora ”Ah, Mente, mas são mulheres feias e acabadas” de fato são, mas percebam que o nível da mulher é proporcional ao desenvolvimento do cara? Se queres uma top, seja top já dizia o SK. Estou dizendo que esses caras não correm atrás de mulher, mulher é a última prioridade do cara que tá na rua, ele tá atrás de comida, de não levar uma facada, de ter um lugar pra ficar, a mulher chega como consequência na vida deles, querendo a proteção que eles podem oferecer.
Mudanças que essa experiência estão provocando na minha vida
Eu resumi bastante coisa pra não ficar um tópico extenso, poderia citar diversas histórias que ouvi nesses quase 2 meses que são extremamente tocantes. Todos nós aqui sabemos (tirando alguns juvenis) que a real é do homem para o homem, que devemos buscar nosso desenvolvimento pessoal. Nessa busca tendemos a focar em nós e esquecermos dos outros, alguns acabam se tornando egoístas, outros perdem a afeição natural, etc.
Eu também era até antes da real, extremamente individualista, queria saber do meu e ponto, tinha pouquíssima paciência pra ouvir pessoas e era um pouco anti-social.
Acontece que nesses 2 meses eu tenho refletido muito sobre a vida, interiormente eu me sinto muito bem, na verdade bem pra CARALHO nunca tinha imaginado que a sensação de ajudar pessoas que não podem te oferecer nada em troca, seria tão boa e forte. É uma parada que não dá pra descrever, só vivendo isso pra entender na prática. Tenho encarado a vida com muito mais vigor, com muito mais vontade de vencer, com muito mais gratidão pelo que tenho. As vezes estamos tão envolvidos querendo evoluir, crescer, ganhar dinheiro, fazer aquele curso, ter aquele carro que vivemos numa espiral de insatisfação (que até certo ponto é benéfico) mas que em demasia nos tira a capacidade de agradecer por tudo o que temos, por mais simples que seja. Ao ver o cara na rua agradecendo por um simples prato de comida como se fosse uma barra de ouro, eu percebi que tenho muitos motivos para ser grato a Deus pelo que tenho.
Tenho me tornando mais sociável, mais tolerante, tenho exercitado mais a arte de ouvir as pessoas, seus problemas, me interesso mais pela vida deles, e meu círculo de amizade tem crescido por causa disso. Pessoas que antes não se aproximavam pelo fato de eu nunca ter dado abertura, agora chegam até mim, até confessam uma adimiração e respeito que eu nem sabia que tinha dessas pessoas.
Enfim, esse relato não tem como intenção de meter a real em ninguém, não quero que você saia agora aí da cadeira e vá dar esmola pro primeiro mendigo que encontrar. É apenas pra compartilhar com vocês uma experiência, mostrar como ajudar pessoas pode fazer bem pra você, e se você se sentir estimulado, faça alguma experiência e comente ou poste se já faz algo que envolva caridade.
Tendo algum caso de maior relevância pra esse tópico, eu postarei aqui pra contar. É isso aí confrades!
Força e Honra!
Após algumas conversas com alguns confrades sobre o assunto, decidi postar este tópico. Antes de tudo, esse tópico não tem nenhuma finalidade religiosa, nem quero com ele me exaltar como boa pessoa nem nada do tipo ok? O objetivo desse relato é apenas pra contar como tem sido a experiência, coisas que eu observei até agora, casos escabrosos e o que essa experiência tem mudado diretamente na minha vida interior. Esclarecido isso vamos ao relato em si.
Há quase 2 meses comecei a participar de um projeto social encabeçado por alguns jovens da minha igreja, atualmente somos cerca de 12 pessoas. Uma vez na semana, nos reunimos, preparamos marmitas de excelente qualidade (comida boa mesmo, nada de sopa), levamos roupas, calçados, lençóis que recebemos de doações, e saímos sempre a noite, retornando por volta da 00:30 1h da manhã. Fazemos um trajeto grande, e onde enxergamos um mendigo nós paramos, geralmente fazemos 45-50 marmitas, ou seja, temos contato com esse número de pessoas toda semana.
O intuito do nosso projeto é resgatar esses moradores de rua e reintegrá-los a sociedade e principalmente as respectivas famílias. Já conseguimos tirar um senhor na casa dos 40 anos da rua, ele está num centro de recuperação aqui do RJ, e em breve iremos tentar levá-lo a sua família.
Feito as considerações preliminares, algumas coisas que eu tenho observado.
Motivos gerais que os levaram pra rua
Na maioria dos casos que detectei até agora, o principal motivo são brigas familiares. Uns expulsos de casa por serem alcolátras, outros porque não se davam bem com irmãs, outros por causa de drogas e por aí vai. O que percebi é que 80% são homens, 20% mulheres. Os homens são maioria esmagadora nas ruas, pelo menos aqui onde fazemos o trabalho. Muitos até vindos de outros estados do país e que chegaram aqui das maneiras mais loucas possíveis.
Teve um caso curioso de um cara que estava sentado na rua, com mochila, bem vestido, com celular, e fomos perguntar o que ele estava fazendo ali. Ele não era morador de rua, mas tinha brigado com a mulher e a mesma mandou ele pra fora de casa, ele veio de outro bairro bem distante e parou ali, ficando o dia todo sem comer. Nem sei o que se sucedeu com o sujeito.
A ética e a camaradagem das ruas
Outra coisa que tem me chamado muito a atenção é a ética e a camaradagem que eles possuem. Se alguém eventualmente já comeu em algum lugar, eles não aceitam a marmita alegando que se aceitarem outra pessoa que ainda não comeu vai ficar sem. Cada um tem seu espaço e suas coisas e ninguém mexe no que não é seu. Sempre informam onde há outras pessoas pra gente encontrar.
Há uma senhora que vou chamar de Maria, que fica numa praça, e por ser bem idosa e ter dificuldades de locomoção, fica sentada sempre na mesma cadeira. Alguns caras costumam ficar nessa mesma praça, e eles possuem um imenso respeito por essa senhora, tem um cara que não sai de lá porque diz que fica ali pra proteger a dona Maria (seja em qual situação o homem estiver, ele não perde o instinto protetor). Achei essa atitude muito foda
Mulheres
Como eu disse elas são minoria até agora pelo que vi, e de 20, 5 ficam sozinhas, das 5, 4 são idosas. As outras 15 sempre estão abrigadas na sombra de algum homem. É isso mesmo que você leu, na rua não existe feminazinha fazendo textão contra macho opressor não. Elas sabem que na companhia de um homem terão muito menos chances de sofrer algum tipo de covardia, e menos chance de passar fome, pois a maioria dos caras catam latinhas ou papelão pra vender e comprar algo pra comer. (Pensei até numa cura pra feminazis: deixar 1 semana na rua pra ver se a misandria não some)
Então juvena chorão, você que fica reclamando nos fóruns por não pegar mulher ou que fica o dia todo pensando em planos mirabolantes pra pegar mulher: até mendigo tem mulher, de tão simples que elas são. Eles não têm carro, casa, nem são bombados, são apenas homens, caras extremamente viris (quer mais virilidade do que sobreviver na rua?) que não ficam de mimimi e que as mulheres enxergam neles um protetor. Talvez você esteja pensando agora ”Ah, Mente, mas são mulheres feias e acabadas” de fato são, mas percebam que o nível da mulher é proporcional ao desenvolvimento do cara? Se queres uma top, seja top já dizia o SK. Estou dizendo que esses caras não correm atrás de mulher, mulher é a última prioridade do cara que tá na rua, ele tá atrás de comida, de não levar uma facada, de ter um lugar pra ficar, a mulher chega como consequência na vida deles, querendo a proteção que eles podem oferecer.
Mudanças que essa experiência estão provocando na minha vida
Eu resumi bastante coisa pra não ficar um tópico extenso, poderia citar diversas histórias que ouvi nesses quase 2 meses que são extremamente tocantes. Todos nós aqui sabemos (tirando alguns juvenis) que a real é do homem para o homem, que devemos buscar nosso desenvolvimento pessoal. Nessa busca tendemos a focar em nós e esquecermos dos outros, alguns acabam se tornando egoístas, outros perdem a afeição natural, etc.
Eu também era até antes da real, extremamente individualista, queria saber do meu e ponto, tinha pouquíssima paciência pra ouvir pessoas e era um pouco anti-social.
Acontece que nesses 2 meses eu tenho refletido muito sobre a vida, interiormente eu me sinto muito bem, na verdade bem pra CARALHO nunca tinha imaginado que a sensação de ajudar pessoas que não podem te oferecer nada em troca, seria tão boa e forte. É uma parada que não dá pra descrever, só vivendo isso pra entender na prática. Tenho encarado a vida com muito mais vigor, com muito mais vontade de vencer, com muito mais gratidão pelo que tenho. As vezes estamos tão envolvidos querendo evoluir, crescer, ganhar dinheiro, fazer aquele curso, ter aquele carro que vivemos numa espiral de insatisfação (que até certo ponto é benéfico) mas que em demasia nos tira a capacidade de agradecer por tudo o que temos, por mais simples que seja. Ao ver o cara na rua agradecendo por um simples prato de comida como se fosse uma barra de ouro, eu percebi que tenho muitos motivos para ser grato a Deus pelo que tenho.
Tenho me tornando mais sociável, mais tolerante, tenho exercitado mais a arte de ouvir as pessoas, seus problemas, me interesso mais pela vida deles, e meu círculo de amizade tem crescido por causa disso. Pessoas que antes não se aproximavam pelo fato de eu nunca ter dado abertura, agora chegam até mim, até confessam uma adimiração e respeito que eu nem sabia que tinha dessas pessoas.
Enfim, esse relato não tem como intenção de meter a real em ninguém, não quero que você saia agora aí da cadeira e vá dar esmola pro primeiro mendigo que encontrar. É apenas pra compartilhar com vocês uma experiência, mostrar como ajudar pessoas pode fazer bem pra você, e se você se sentir estimulado, faça alguma experiência e comente ou poste se já faz algo que envolva caridade.
Tendo algum caso de maior relevância pra esse tópico, eu postarei aqui pra contar. É isso aí confrades!
Força e Honra!