29-03-2015, 11:43 AM
(Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 29-03-2015, 05:19 PM por Rider.)
OS ANOS DE FORMAÇÃO DE VLADIMIR PUTIN
- dos arquivos da KGB da BBC.com
Qualquer um que queira entender [a cabeça de] Vladimir Putin hoje precisa conhecer a história do que lhe aconteceu numa noite dramática, na Alemanha Oriental, cerca de 25 anos atrás.
Era 5 de dezembro de 1989 em Dresden, poucas semanas após o Muro de Berlin ter caído. O comunismo da Alemanha Oriental estava morrendo, e o poder do povo parecia invencível.
Multidões invadiram a sede da Stasi [a Abin da Alemanha Oriental] em Dresden, que de repente se viu sem forças para impedir a invasão.
Então um grupo de pessoas decidiu que deveriam cruzar a rua e invadir uma mansão que servia de sede ao serviço secreto da URSS lá, a sede da KGB.
“A guarda no portão de entrada imediatamente correu para dentro da mansão”, lembra-se um dos participantes do grupo, Siegfried Dannath. “Mas logo em seguida apareceu um oficial, pequeno e agitado.”
“Ele disse ao grupo, ‘Nem ao menos pensem em invadir esse propriedade. Meus camaradas estão armados, e nós estamos autorizados a usar força letal numa emergência.’”
Ele conseguiu convencer o grupo a se afastar.
Mas o oficial sabia o quanto a situação continuava perigosa. Ele descreveu como mais tarde ele telefonou para o QG do Exército Vermelho solicitando uma unidade de tanques para proteção.
A resposta que ele recebeu foi devastadora:
”Não podemos fazer nada sem ordens de Moscou.”, a voz do outro lado da linha respondeu. “E MOSCOU ESTÁ SILENCIOSA.”
Aquela frase, “Moscou está silenciosa” assombrou os pensamentos daquele oficial para sempre. Temerário mas sem forças enquanto a Revolução avançava à volta dele, hoje ele é “Moscou” - o atual presidente da Rússia, Vladimir Putin.
“Eu acredito que essa é a chave para entender Putin”, declara seu biógrafo alemão, Boris Reitschuster. “Nós teríamos hoje um outro Putin e uma outra Rússia se não fosse sua estada em Berlin Oriental.”
A experiência alemã ensinou-lhe lições que ele jamais esqueceu, deu-lhe ideias para criar a sociedade ideal, e moldou suas ambições de forma a construir uma rede de amizades forte e riqueza pessoal.
Acima de tudo, essa experiência deixou-o ansioso com relação à fragilidade das elites políticas, e quão fácil elas podem ser derrubadas pelo povo.
Putin foi enviado a Dresden na metade dos anos 80 para seu primeiro posto como agente da KGB em território estrangeiro.
A República Democrática da Alemanha Oriental era, na época, o posto mais avançado da URSS na Guerra Fria, perto da Europa Ocidental, cheia de espiões e militares soviéticos.
Putin queria entrar na KGB desde a sua adolescência, inspirado nas histórias do serviço secreto no qual, ele se recorda, “o esforço de um homem poderia conseguir o que exércitos inteiros não conseguiam. Um único espião poderia decidir o destino de milhares.”
Inicialmente, porém, muito do trabalho em Dresden era chato.
Entre os documentos de Dresden temos, por exemplo, uma carta de Putin solicitando ajuda da Stasi para a instalação de uma linha telefônica para um informante.
E também foram encontrados documentos sobre encontros sociais entre agentes soviéticos e alemães, para celebrar os laços entre os dois países.
Mas se o serviço em si não era tão excitante assim, Putin e sua jovem família podiam ao menos curtir a boa vida na Alemanha Oriental.
A esposa de Putin na época, Ludmila, recorda que a vida na Alemanha Oriental era muito diferente da União Soviética. “As ruas eram limpas. Eles lavavam as janelas pelo menos uma vez por semana”, ela declarou numa entrevista publicada em 2000, como parte do livro ‘First Person’, um livro de entrevistas com o novo e então pouco conhecido presidente.
Os Putins moravam num conjunto especial de apartamentos tendo como vizinhos agentes da Stasi e da KGB, e mesmo assim Ludmila invejava o fato de que “os agentes alemães recebiam um salário maior do que o nosso, julgando pela forma como viviam. E claro que nós economizávamos para poder comprar um carro.” [Vocês conseguem imaginar o Putin dirigindo um Trabant??? Nem eu.]
Os alemães orientais tinham padrões de vida superiores que os soviéticos, e um antigo colega da KGB, Vladimir Usoltsev, descreveu como Putin passava horas vasculhando catálogos de compras, para se manter a par das últimas modas e tendências.
Ele também curtia a cerveja - mantendo um suprimento semanal da cerveja local, Radeberger - o que o deixou menos em forma do que as fotos liberadas pela propaganda oficial russa mostra agora.
A Alemanha Oriental se diferenciava da União Soviética em outro ponto também - ela possuía vários partidos políticos, mesmo que todos estivessem sobre firme controle dos comunistas.
“Ele desfrutou bastante desse pequeno paraíso”, diz Boris Reitschuster. A Alemanha Oriental, ele fala, “é o modelo ideal de política para ele. Ele reconstruiu parte do sistema alemão na Rússia.”
Mas no outono de 1989 esse paraíso se tornou o inferno da KGB. Nas ruas de Dresden, Putin observou o poder do povo emergir do nada.
No começo de outubro centenas de alemães orientais que solicitaram asilo político na embaixada da Alemanha Ocidental em Praga tiveram permissão para viajar para lá em trens selados. À medida que passavam por Dresden, multidões tentaram forçar sua passagem pelo cordão de segurança e embarcar nesses trens.
Wolfgang Berghofer, o prefeito de Dresden na época, disse que houve caos à medida que as forças de segurança praticamente tiveram que prender toda a população local [!] Muitos acreditavam que a violência seria inevitável.
“Um batalhão de tanques soviéticos estava parado em nossa cidade”, ele disse. “E os generais me disseram em alemão claro: se recebermos a ordem de Moscou, os tanques irão agir.”
Depois que o Muro de Berlin foi aberto, em 9 de Novembro, as massas se tornaram ousadas em todos os lugares - se aproximando das cidadelas da Stasi e da KGB em Dresden.
Putin pensou, sem sombra de dúvida, que os oficiais seniores da União Soviética - homens com quem ele socializava regularmente - iriam sem dúvida enviar os tanques.
Mas não: Moscou, sob a direção de Michail Gorbachev, “estava silenciosa”. O Exército Vermelho não se mexeu.
“Ninguém moveu um dedo para nos proteger.”
CONTINUA...

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