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Fórum do Búfalo Desenvolvimento Pessoal Outros A solução para a escassez de água
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A solução para a escassez de água
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#1
25-10-2014, 08:11 PM
Comentário do IMB:

A partitura é sempre a mesma. Basta termos um ano em que o nível de chuvas está abaixo do esperado, e o governo já começa a emitir alertas lúgubres sobre como essa seca irá afetar de maneira pungente toda uma determinada região.

Curiosamente, se você observar o histórico dos discursos do governo, verá que todo e qualquer local do país está sempre vivenciando ou uma enchente catastrófica ou uma seca catastrófica. Em nenhum momento o governo diz que o país está vivenciando "a quantidade certa de chuvas".

Atualmente, para o governo federal, o país é visto como uma terra árida que oscila entre uma seca persistente e uma seca mais amena.

No estado de São Paulo, a empresa estatal responsável pela distribuição de água está aplicando, ainda que de forma velada, um racionamento. Já se diz abertamente que, "se as atuais condições persistirem", será necessário um racionamento mais intenso.

Se as atuais condições persistirem? Trata-se de uma suposição interessante. Por essa mesma lógica, durante a próxima temporada de chuvas poderíamos dizer, que "se essas condições persistirem, será necessária a construção de uma arca".

Condições climáticas nunca persistem. Elas mudam. E burocratas odeiam esse fato.
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#2
25-10-2014, 08:13 PM
por Murray N. Rothbard, sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Seria plausível supor que burocratas adoram secas. Um período de seca lhes confere poder, e não apenas sobre o uso agregado da água. Burocratas adoram saber que estão no controle até dos mínimos detalhas das vidas das pessoas. Sob um racionamento, eles ordenam às pessoas que tomem banhos mais curtos. Eles ordenam às pessoas que deem menos descargas. Eles tentam impor um profundo senso de culpa no cidadão que lava o carro ou que simplesmente rega suas plantas.

Secas podem transformar até mesmo o mais inocente e ingênuo funcionário público em um equivalente moral a um agente de Gestapo, que emite decretos, impõe multas e, no extremo, corta o próprio fornecimento de água — e tudo em nome do interesse público.

Secas tornam todas as pessoas dependentes do estado. Todos são obrigados a obedecer às suas ordens e a seguir suas leis, tipo, "Prédios de números pares podem utilizar um volume X de água entre 7 e 11h, e prédios de números impares podem utilizar esse mesmo volume entre 15 e 19h". Consequentemente, secas podem jogar um vizinho contra o outro, e transformar as pessoas em uma "classe de criminosos", que têm de se rebaixar a tomar banho escondidos para que ninguém perceba que ele está gastando uma quota de água superior àquela determinada pelo estado.

Esse comportamento estatal tem um nome: o ódio ao "consumismo". Ao passo que as pessoas querem ter opções sobre como gastar seu dinheiro, burocratas querem que elas sofram constantemente e estejam continuamente cientes de que estão utilizando um produto sobre o qual o estado está no controle; as pessoas não devem confiar no sistema de preços para balizar seu padrão de consumo, mas sim obedecer a regulamentações e restrições estatais.

Perceba que uma seca nunca termina oficialmente. Durante o auge da seca, os jornais ficam repletos de alertas lúgubres sobre uma iminente catástrofe. Porém, quando a seca é substituída por chuvas torrenciais — e isso invariavelmente ocorre —, não há nenhuma reportagem na imprensa falando algo do tipo "Graças a Deus a seca acabou. As pessoas agora podem consumir o tanto de água que estiverem dispostas a pagar."

Nunca. Eles nunca dizem isso. Eles preferem que carreguemos conosco aquela sensação de que a seca nunca de fato acabou, já que, afinal, ela pode voltar novamente.
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#3
25-10-2014, 08:15 PM
(continuação)

O cerne do problema aqui nada tem a ver com chuvas ou com a alteração de padrões meteorológicos. Com efeito, o tempo está em contínua mudança desde a alvorada do universo. O que realmente cria o problema da escassez de água é a propriedade estatal dos meios de produção, bem como o atual e totalmente irracional sistema utilizado, no qual os preços não se alteram independentemente da disponibilidade de água. Não há uma preocupação nem com lucros e nem com prejuízos. Logo, não há um verdadeiro cálculo econômico balizando as operações da estatal. Os preços são determinados pelo governo, de acordo com conveniências políticas e eleitorais; e não por indicadores extra-mercado.

Pense na diferença entre esse sistema estatal e um sistema de mercado. Diariamente, nós consumidores somos induzidos a consumir todos os tipos de bens de consumo imagináveis: desde carros, celulares, computadores e apetrechos eletrônicos até alface e mandioca. Há uma constante calibragem entre oferta e demanda. Se um produtor tentar precificar excessivamente um determinado produto para tentar aumentar seus lucros, outro empreendedor entrará em cena e, por causa de seus preços menores, irá se apropriar dos consumidores que o primeiro perdeu. A inovação está em todos os cantos, de modo que um aumento na oferta é continuamente necessário para atender a demanda. Caso contrário, o empreendedor vai à falência. Nenhum lucro é permanente. O lucro está continuamente ameaçado. No mundo atual, a ameaça pode surgir da noite para o dia.

Agora, pense na diferença entre esse mercado, no qual você é estimulado a consumir cada vez mais, e o mercado estatal de provisão de água. Neste mercado, o tema é sempre o mesmo: você está usando água em excesso.

Não é interessante? Dado que todos os recursos existentes no planeta são escassos — o que significa que o minério de ferro necessário para fabricar o aço dos automóveis também pode acabar, assim como todos os alimentos existentes —, por que há esse apelo por racionamento apenas no mercado de fornecimento de água? Simples: porque esse mercado não é de funcionamento livre. E isso nada tem a ver com o produto em questão. Se você duvida, vá ao supermercado ou à padaria mais perto de você e procure por uma garrafa de água. Haverá várias marcas à sua disposição, cada uma delas implorando para você consumi-la.

Já no mercado estatal de água, seus "produtores" exigem que você conserve e racione.

A propriedade e o gerenciamento estatais dos meios de produção são a principal razão desse comportamento. Privatize — privatize completamente — a oferta de água e você verá uma mudança imediata nesse padrão.

E o motivo é muito simples. Empresas privadas querem lucro. Se elas perceberem que seus reservatórios ficarão vazios em decorrência de uma seca, elas terão de fazer novos investimentos, caso contrário elas simplesmente não terão água para fornecer e, consequentemente, não terão receitas e nem lucros. Quanto mais alerta e voltada para o lucro essa empresa for, maior será sua antecipação nos investimentos necessários — ou seja, ela não deixará para investir apenas quando a seca se materializar.

(continua)
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#4
25-10-2014, 08:15 PM
(continuação)

No entanto, as pessoas imediatamente reagem a essa proposta dizendo que ela é maluca e insensível. "Rios, lagos, reservatórios e represas não podem ser propriedade privada! Os preços seriam extorsivos e os pobres seriam os mais prejudicados!"

É mesmo? Mais prejudicados do que simplesmente não terem água para usar? Isso é que é humanismo e amor aos pobres...

No que mais, em caso de aumento de preços em períodos de seca, não há por que dizer que os pobres seriam afetados. E o motivo é simples: maior preço gera menor demanda (não é esse o objetivo dos conservacionistas?). Se a tarifa de água subir, todas as pessoas irão reduzir seu consumo. Com um consumo reduzido, não há aumento na conta a ser efetivamente paga.

Ou seja, os pobres não serão afetados por um aumento nos preços porque preços altos estimulam a redução do consumo; e, ao serem estimulados a reduzir seu consumo, o valor final de sua conta não será aumentado.

Sim, haverá uma queda na qualidade de vida, pois eles estarão utilizando menos água pelo mesmo preço. Mas isso não é melhor do que uma total escassez do produto?

A total privatização da água é a melhor maneira para se evitar o desastre de um racionamento. E, creiam, racionamentos serão rotineiros porque não há incentivos significativos para se conservar a água em seu atual estado socializado. Uma transição para esse estado de coisas provavelmente será doloroso, dado que mais de um século de socialização da água terá de ser desfeito. Mas é certo que esse processo seria relativamente rápido em relação ao longo e exasperante sofrimento que o socialismo no mercado de água ainda irá gerar.

(continua)
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#5
25-10-2014, 08:19 PM
Conclusão

O governo, ao contrário do livre mercado, sempre vê o consumidor como algo aborrecedor. Ao passo que, no livre mercado, as empresas estão sempre ávidas por consumidores para os quais vender seus produtos, no setor público, o consumidor é apenas um irritante demandante, um usuário esbanjador de recursos escassos. No livre mercado, o consumidor é o rei, e os ofertantes estão sempre se esforçando para ganhar mais consumidores, com os quais poderão lucrar caso forneçam bons serviços. No setor público, cada consumidor é visto como alguém que está utilizando um bem em detrimento de outra pessoa. No livre mercado, todos os envolvidos em uma transação voluntária ganham, e as empresas estão sempre ávidas para oferecer seus produtos ao consumidor. No setor público, o consumidor é apenas uma chateação para os burocratas.

Seca é apenas outro nome para escassez. O governo é capaz de criar uma escassez de qualquer produto por meio de seu gerenciamento burocrático. Preços não respondem à lei da oferta e demanda, e uma total falta de investimento e inovação caracteriza o gerenciamento da água pelo governo. Aliás, esse mesmo padrão de comportamento pode ser observado nos Correios, na educação estatal, na saúde estatal, na segurança estatal, na justiça estatal e em todas as outras áreas em que o governo detém um monopólio. Não deveria ser surpresa nenhuma haver escassez de água.

Quando a água passar a ser fornecida por empresas operando em um ambiente concorrencial, batalhando para satisfazer os consumidores e com isso terem lucros, racionamentos serão coisas fictícias. No atual arranjo, as empresas estatais ganham mais poder quando fazem os consumidores sofrer. No livre mercado, tal arranjo é inconcebível.


Murray N. Rothbard (1926-1995) foi um decano da Escola Austríaca e o fundador do moderno libertarianismo. Também foi o vice-presidente acadêmico do Ludwig von Mises Institute e do Center for Libertarian Studies.



http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1953
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#6
25-10-2014, 08:21 PM
Para mais detalhes sobre como privatizar e gerar concorrência no setor de distribuição de água, veja este artigo:

Sobre as privatizações (final)

E depois este:

Privatize tudo
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Offline hannibal
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#7
26-10-2014, 07:53 AM
Sensacional, excelente texto me deu outra visão sobre o assunto.
Show ContentSpoiler:

"De fato, há uma paixão vigorosa e legítima pela igualdade que leva todos os homens a querer ser fortes e estimados.
Essa paixão tende a elevar os pequenos ao nível dos grandes; mas também existe no coração humano um gosto depravado pela igualdade, que leva os fracos a querer atrair os fortes a seu nível e que reduz os homens a preferir a igualdade na servidão à desigualdade na liberdade."

Alexis de Tocqueville, A Democracia na América.

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Offline Heron
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#8
26-10-2014, 08:56 AM (Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 26-10-2014, 08:57 AM por Heron.)
Concordo com o que foi dito acima.

Entretanto, é importante salientar que precisa ser uma concorrência verdadeira, diferente do que temos visto no Brasil. Precisamos que seja uma concorência mais do tipo de sistema celular do que do transporte aério. Não basta colocar duas empresas no mesmo mercado se elas combinam o preço entre si, como acontece com postos de gasolina.

No caso da água vai ser complicado porque o usuário teria que ter dois canos entrando na sua casa, vindo de dois sistemas de distribuição diferente, com dois medidores e duas contas para pagar. E se as duas companias forem controladas, por debaixo dos panos, pelo mesmo grupo ( coisa comum por aqui ), tudo isso seria inútil.
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Offline Meroplâncton
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#9
26-10-2014, 12:54 PM
(26-10-2014, 08:56 AM)Heron Escreveu: Concordo com o que foi dito acima.

Entretanto, é importante salientar que precisa ser uma concorrência verdadeira, diferente do que temos visto no Brasil. Precisamos que seja uma concorência mais do tipo de sistema celular do que do transporte aério. Não basta colocar duas empresas no mesmo mercado se elas combinam o preço entre si, como acontece com postos de gasolina.

No caso da água vai ser complicado porque o usuário teria que ter dois canos entrando na sua casa, vindo de dois sistemas de distribuição diferente, com dois medidores e duas contas para pagar. E se as duas companias forem controladas, por debaixo dos panos, pelo mesmo grupo ( coisa comum por aqui ), tudo isso seria inútil.

Isso não faz diferença nenhuma. Um monopólio não é necesariamente ruim a não ser que seja garantido através da violência, como é o monopólio do governo. ainda que não haja concorrentes, a simples POSSIBILIDADE de haver, ou seja, o mercado ser livre para que qualquer um possa oferecer aquele serviço, já tornaria tudo mais vantajoso ao consumidor. Afinal, se essas duas empresas hipóteticas combinarem os preços, terã lucros exorbitantes, tornando esse negócio rentável e altamente atraente para outros que buscariam competir nessa área, acabando então com esse "monopólio/cartel".

No mais, IMB estuprando, como sempre.
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#10
27-10-2014, 04:37 PM
Ah, como eu queria que a porcaria da empresa de água e esgoto daqui fosse privatizada...

Enquanto que uma empresa privada que fornece um produto/serviço sofre fiscalização e concorrência, uma empresa estatal se sente acima do bem e do mal e até pra levá-la à justiça é bem mais complicado. Mas vai colocar isso na cabeça de 99% dos brasileiros aos quais o PT ensinou a demonizar as privatizações...
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Offline SapoCaco
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#11
28-10-2014, 09:49 AM
Apesar de morar no Rio sou de Sp, o texto foi uma baboseira, agora foi a epoca da estiagem, nunca chove la no meio do ano, passei esse fim de semana la e so choveu, la sempre tem racionamento, muita gente pra pouca agua e nao tem mais onde construir represas, se privatizarem vai faltar agua do mesmo jeito quando nao chover.
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#12
28-10-2014, 12:51 PM
Hum, não sei não, tratamento de água e esgotamento sanitário sempre foi o calcanhar de Aquiles do HUE-BR talvez por ser um sistema caro que não dê lucro nem votos. De qualquer forma melhor ter concorrência que monopólio, se bem que vai ser difícil ter mais de 2 fornecedores no mesmo local.
Na grande SP há anos existe um racionamento velado de água, como foi dito não tem pra todo mundo. O que mudou é que era 2 dias sim e 1 dia não, agora é 1 sim e 1 não.
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Offline Gekko
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#13
01-11-2014, 10:52 AM
(28-10-2014, 09:49 AM)SapoCaco Escreveu: Apesar de morar no Rio sou de Sp, o texto foi uma baboseira, agora foi a epoca da estiagem, nunca chove la no meio do ano, passei esse fim de semana la e so choveu, la sempre tem racionamento, muita gente pra pouca agua e nao tem mais onde construir represas, se privatizarem vai faltar agua do mesmo jeito quando nao chover.


Empresas públicas desviam verbas, fazem pouco caso de problemas de vazamento (o que gera um desperdício muitas vezes monstruoso), são geridas por pessoas que são indicadas por motivos políticos e não técnicos, não são cobradas pelo Estado já que fazem parte dele, etc. Em um caso assim, até o monopólio privado seria vantajoso, pois ao menos uma empresa privada é mais eficiente na gestão dos recursos e investimentos, pois visa o lucro, sem contar que ela ficaria submissa a uma agência reguladora, enquanto que a empresa pública se sente acima do bem e do mal. Não sei se é o caso aí, mas aqui onde moro a cia de águas e esgotos deixa vazamentos ocorrerem por semanas até serem consertados, fazem buracos no asfaltos e depois tapam feito o cu deles, cobram tarifas altas e nem sempre tem água, todo mundo necessita ter reservatórios em casa se não quiser ficar na mão e ainda por cima fornecem água com teor de nitrato acima do permitido.

Enquanto isso, a cia de energia, que é um monopólio privado, tem tarifa mais acessível, faz os reparos rapidamente e leva multa se não prestar o serviço direito. Quando era estatal, um fio partido era motivo para 3 dias sem energia, comerciantes perdiam mercadorias perecíveis que necessitavam de refrigeração, pessoas perdiam alimentos em casa, todo mundo precisava ter lamparinas e velas em casa para iluminação noturna, uma vez que os blackouts eram frequentes, escolas ficavam sem aula à noite por falta de energia, etc.

Uma empresa privada de água poderia investir mais em impermeabilização de reservatórios, eficiência na distribuição, entre outras medidas.
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#14
12-11-2014, 01:58 PM
10 mitos sobre a crise hídrica em São Paulo

Fonte: http://fakeclimate.wordpress.com/2014/11...sao-paulo/

Gostaria de desmistificar alguns pontos sobre a crise hídrica em SP, assunto que tangencia minhas pesquisas acadêmicas.

1- “Não choveu e por isso está faltando água”. Essa conclusão é cientificamente problemática. Existem períodos chuvosos e de estiagem, descritos estatisticamente. É natural que isso ocorra. A base de dados de São Paulo possibilita análises precisas desde o século XIX e projeções anteriores a partir de cálculos matemáticos. Um sistema de abastecimento eficiente precisa ser projetado seguindo essas previsões (ex: estiagens que ocorram a cada cem anos).

2- “É por causa do aquecimento global”. Existem poucos estudos verdadeiramente confiáveis em São Paulo. De qualquer forma, o problema aqui parece ser de escala de grandeza. A não ser que estejamos realmente vivendo uma catástrofe global repentina (que não parece ser o caso esse ano), a mudança nos padrões de chuva não atingem porcentagens tão grandes capazes de secar vários reservatórios de um ano para o outro. Mais estudadas são as mudanças climáticas locais por causa de ocupação urbana desordenada. Isso é concreto e pode trazer mudanças radicais. Aqui o problema é outro: as represas do sistema Cantareira estão longe demais do núcleo urbano adensado de SP para sentir efeitos como de ilha de calor. A escala do território é muito maior.

3- “Não choveu nas Represas”. Isso é uma simplificação grosseira. O volume do reservatório depende de vários fluxos, incluindo a chuva sobre o espelho d’água das represas. A chuva em regiões de cabeceira, por exemplo, pode recarregar o lençol freático e assim aumentar o volume de água dos rios. O processo é muito mais complexo.

4- “As próximas chuvas farão que o sistema volte ao normal”. Isso já é mais difícil de prever, mas tudo indica que a recuperação pode levar décadas. Como sabemos, quando o fundo do lago fica exposto (e seco), ele se torna permeável. Assim a água que voltar atingir esses lugares percola (infiltra) para o lençol freático, antes de criar uma camada impermeável. Se eu fosse usar minha intuição e conhecimento, diria que São Paulo tem duas opções a curto-médio prazo: (a) usar fontes alternativas de abastecimento antes que possa voltar a contar com as represas; (b) ter uma redução drástica em sua economia para que haja diminuição de consumo (há relação direta entre movimento econômico e consumo de água).

5- “Não existe outras fontes de abastecimento que não as represas atuais”. Essa afirmação é duplamente mentirosa. Primeiro porque sempre se pode construir represas em lugares mais e mais distantes (sobretudo em um país com esse recurso abundante como o Brasil) e transportar a água por bombeamento. O problema parece ser de ordem econômica já como o custo da água bombeada de longe sairia muito caro. Outra mentira é que não podemos usar água subterrânea. Não consigo entender o impedimento técnico disso. O Estado de São Paulo tem ampla reserva de água subterrânea (como o chamado aquífero Guarani), de onde é possível tirar água, sobretudo em momentos de crise. Novamente, o problema é custo de trazer essa água de longe que afetaria os lucros da Sabesp.
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Offline Bean
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#15
12-11-2014, 01:59 PM
6- “O aquífero Guaraní é um reservatório subterrâneo”. A ideia de que o aquífero é um bolsão d’água, como um vazio preenchido pelo líquido, é ridiculamente equivocada. Não existe bolsão, em nenhum lugar no mundo. O aquífero é simplesmente água subterrânea diluída no solo. O aquífero Guaraní, nem é mesmo um só, mas descontínuo. Como uma camada profunda do lençol freático. Em todo caso, países como a Holanda acham o uso dessas águas tão bom que parte da produção superficial (reservatórios etc) é reinserida no solo e retirada novamente (!). Isso porque as propriedades químicas do líquido são, potencialmente, excelentes.

7- “Precisamos economizar água”. Outra simplificação. Os grandes consumidores (indústrias ou grandes estabelecimentos, por exemplo) e a perda de água por falta de manutenção do sistema representam os maiores gastos. Infelizmente os números oficiais parecem camuflados. A seguinte conta nunca fecha: consumo total = esgoto total + perda + água gasta em irrigação. Estima-se que as perdas estejam entre 30% e 40%. Ou seja, essa quantidade vaza na tubulação antes de atingir os consumidores. Água tratada e perdida. Para usar novamente o exemplo Holandês (que estudei), lá essas perdas são virtualmente 0%. Os índices elevados não são normais e são resultados de décadas de maximização de lucros da Sabesp ao custo de uma manutenção precária da rede.

8- “Não há racionamento”. O governo está fazendo a mídia e a população de boba. Em lugares pobres o racionamento já acontece há meses, dia sim, dia não (ou mesmo todo dia). É interessante notar que, historicamente, as populações pobres são as que sempre sentem mais esses efeitos (cito, por exemplo, as constantes interrupções no fornecimento de água no começo do século XX nos bairros operários das várzeas, como o Pari). A história se repete.

9- “É necessário implantar o racionamento”. Essa afirmação é bem perigosa porque coloca vidas em risco. Já como praticamente todas as construções na cidade têm grandes caixas d’água, o racionamento apenas ataca o problema das perdas da rede (vazamentos). É tudo que a Sabesp quer: em momentos de crise fazer racionamento e reduzir as perdas; sem diminuição de consumo, sem aumentar o controle de vazamentos. O custo disso? A saúde pública. A mesma trinca por onde a água vaza, se não houver pressão dentro do cano, se transformará em um ponto de entrada de poluentes do lençol freático nojento da cidade. Estaremos bebendo, sem saber água poluída, porque a poluição entrou pela rede urbana. Por isso que agências de saúde internacionais exigem pressão mínima dentro dos canos de abastecimento.

10- “Precisamos confiar na Sabesp nesse momento”. A Sabesp é gerida para maximizar lucros dos acionistas. Não está preocupada, em essência, em entregar um serviço de qualidade (exemplos são vários: a negligência no saneamento que polui o Rio Tietê, o uso de tecnologia obsoleta de tratamento de água com doses cavalares de cloro e, além, da crise no abastecimento decorrente dos pequenos investimentos no aumento do sistema de captação). A Sabesp é apenas herdeira de um sistema que já teve várias outras concessionárias: Cantareira Águas e Esgotos, RAE, SAEC etc. A empresa tem hoje uma concessão de abastecimento e saneamento. Acredito que é o momento de discutir a cassação dessa outorga, uma vez que as obrigações não foram cumpridas. Além, é claro, de uma nova administração no Governo do Estado, ao menos preocupada em entregar serviços público e não lucros para meia dúzia apenas.

Enfim, se eu pudesse resumir minhas conclusões: a crise no abastecimento não é natural, mas sim resultado de uma gestão voltada para a maximização de lucros da concessionária e de um Governo incompetente. Simples assim, ou talvez, infelizmente, nem tanto.

Gabriel Kogan
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Todos os projetos,investimentos nunca serão suficientes se a nossa cultura que é a do gafanhoto perdurar. Tive a oportunidade e o privilégio de em minha carreira profissional ter no currículo empresas multi,com culturas europeias/EUA que me deram uma base muito legal de economia,do uso sustentável de recursos,etc. E hoje administrando alguns predios aqui no Rio,implemento reaproveitamento de agua da chuva( sistema de calhas/telhado) ,reutilizando nas torres de ar condicionando, Placa solares,utilizando essa energia em bombas e areas comuns..além da economia através do consumo consciente.
Mais como disse,o povo só mudará quando o recurso faltar como estamos vendo mais fortemente em São Paulo...e a cultura do aprender na base da porrada. Isso me lembra a lei do cinto de segurança,que só vingou quando virou multa!
No mais confrade Bufálo o texto é excelente de verdade,parabéns!
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Offline Gekko
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(12-11-2014, 02:15 PM)Legiao Escreveu: Todos os projetos,investimentos nunca serão suficientes se a nossa cultura que é a do gafanhoto perdurar. Tive a oportunidade e o privilégio de em minha carreira profissional ter no currículo empresas multi,com culturas europeias/EUA que me deram uma base muito legal de economia,do uso sustentável de recursos,etc. E hoje administrando alguns predios aqui no Rio,implemento reaproveitamento de agua da chuva( sistema de calhas/telhado) ,reutilizando nas torres de ar condicionando, Placa solares,utilizando essa energia em bombas e areas comuns..além da economia através do consumo consciente.
Mais como disse,o povo só mudará quando o recurso faltar como estamos vendo mais fortemente em São Paulo...e a cultura do aprender na base da porrada. Isso me lembra a lei do cinto de segurança,que só vingou quando virou multa!
No mais confrade Bufálo o texto é excelente de verdade,parabéns!


Nas regiões mais secas do Nordeste, já é cultural ter cisterna para armazenamento de água da chuva, captada pelo telhado da própria casa. Acredito que implantar um sistema assim em uma grande cidade seja um tanto mais caro, mas ainda assim exequível. Apesar de não acabar com o problema, ameniza bastante.

[Imagem: Agua-no-Semiarido-Governo-desiste-de-can...ternas.jpg]
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#18
15-11-2014, 12:04 PM
(15-11-2014, 09:13 AM)Gekko Escreveu:
(12-11-2014, 02:15 PM)Legiao Escreveu: Todos os projetos,investimentos nunca serão suficientes se a nossa cultura que é a do gafanhoto perdurar. Tive a oportunidade e o privilégio de em minha carreira profissional ter no currículo empresas multi,com culturas europeias/EUA que me deram uma base muito legal de economia,do uso sustentável de recursos,etc. E hoje administrando alguns predios aqui no Rio,implemento reaproveitamento de agua da chuva( sistema de calhas/telhado) ,reutilizando nas torres de ar condicionando, Placa solares,utilizando essa energia em bombas e areas comuns..além da economia através do consumo consciente.
Mais como disse,o povo só mudará quando o recurso faltar como estamos vendo mais fortemente em São Paulo...e a cultura do aprender na base da porrada. Isso me lembra a lei do cinto de segurança,que só vingou quando virou multa!
No mais confrade Bufálo o texto é excelente de verdade,parabéns!


Nas regiões mais secas do Nordeste, já é cultural ter cisterna para armazenamento de água da chuva, captada pelo telhado da própria casa. Acredito que implantar um sistema assim em uma grande cidade seja um tanto mais caro, mas ainda assim exequível. Apesar de não acabar com o problema, ameniza bastante.

[Imagem: Agua-no-Semiarido-Governo-desiste-de-can...ternas.jpg]

Já existe a muitos anos em SP a lei das piscininhas, onde obriga o construtor de um empreendimento de médio porte a construir um reservatório subterrâneo para armazenar a chuva durante 1 hora antes de escoá-la para amenizar as enchentes. Muitos fazem tratamento e reuso da água. Em 1 hora de chuva pra uns 10.000m2 é muita água captada, da ordem de uns 50.000 litros.
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