18-09-2014, 02:29 PM
Culpa de quem? Veja 10 conclusões de estudos sobre acidentes de moto
Há cerca de um ano foi divulgado um estudo sobre acidentes envolvendo motocicletas na Zona Oeste de São Paulo. Os dados mais relevantes, derivados da análise de pouco mais de 300 acidentes em um período de cerca dois meses, apontaram para um percentual expressivo de acidentados que não tinham habilitação (23%). Entre eles, 75% eram jovens com menos de 32 anos.
Outro índice importante da pesquisa patrocinada pela associação dos fabricantes de motos e bicicletas, a Abraciclo e realizada pela Universidade de São Paulo (USP) foi verificar que quase um em cada quatro acidentados havia consumido drogas ou álcool. Testes clínicos feitos no hospital de atendimento apontaram que 14% tinham drogas no sangue, sendo cocaína a mais frequente, e 7,1% apresentaram nível de álcool acima de 0,6 g/l – nível que configura crime de trânsito com pena de 6 meses a 3 anos de detenção, conforme a legislação.
É impossível refutar a realidade que estabelece os motociclistas como um grupo vulnerável nas ruas e estradas. Do mesmo modo é inegável que moto, scooter ou motoneta representam uma valiosa contribuição para a mobilidade pelo pequeno espaço que ocupam, agilidade e baixo custo, que lhes confere eficiência superior à de qualquer outro veículo. Motocicletas e congêneres conquistaram as ruas de todo o país e hoje ocupam um papel indispensável no âmbito do transporte individual, seja pelas deficiências crônicas no transporte público do Brasil, seja por terem se transformado em instrumentos de trabalho, não apenas de transporte.
O lado ruim desta inexorável escalada sobre duas rodas é problema de saúde pública decorrente dos acidentes com motos, e daí a importância da pesquisa coordenada por médicos da Faculdade de Medicina da USP, com a colaboração da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Estudar um problema é o primeiro passo para solucioná-lo, e pesquisar acidentes de motos não é novidade: muitos anos atrás, nos EUA, mais exatamente no final dos anos 1970, foi divulgado o "Hurt Report", cujo nome é uma homenagem ao engenheiro aeronáutico norte-americano que liderou a pesquisa, Hugh Harrison Hurt Jr., professor da University of Southern California.
Aplicando metodologia semelhante à de acidentes aéreos, algumas das conclusões do Hurt Report até hoje se refletem no uso da motocicleta. Exemplos consistentes foram a comprovação da efetividade do capacete como peça de segurança "número 1" para todos os motociclistas e a necessidade da aumentar a visibilidade, envergando trajes de cores claras e sempre com o farol aceso.
Extensa, meticulosa e detalhada, a pesquisa serviu também de exemplo para outros estudos subsequentes sobre acidentes com motos, como o Maids (estudo profundo sobre acidentes com motocicletas, na sigla em inglês), que, de 1999 a 2002, analisou mais de 900 casos ocorridos na França, Alemanha, Holanda, Espanha e Itália.
No estudo brasileiro há que se lamentar, como confirma Marcelo Rosa Rezende, médico do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas de SP e membro da equipe executiva que realizou o trabalho, que, passado um ano, não se tenha adotado nenhuma das recomendações decorrentes da análise.
Entre as sugestões estavam a criação de um banco de dados, uma espécie de “registro nacional dos acidentes de trânsito”, a segregação das motocicletas em vias que comportem tal medida e a melhoria do processo de habilitação, tanto teórico com prático.
De fato, o que se verifica na cidade de São Paulo não é apenas a indiferença ante as sugestões decorrentes do trabalho, mas também o contrário de uma das recomendações, uma vez que a Prefeitura aboliu as faixas exclusivas de motos, consideradas fundamentais para a segurança dos motociclistas pelos autores da pesquisa.
moto acidente avenida PaulistaJosé Eduardo Gonçalves, diretor-executivo da Abraciclo, sinaliza que algum progresso no âmbito da melhoria do sistema de habilitação para motociclistas está em andamento, lembrando que políticos e o Contran discutem, em Brasília, modificar o modo de concessão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), escalonando a habilitação de acordo com o tamanho da motocicleta e a experiência do candidato.
A complexidade do exame prático seria revista, para ser feito em vias abertas ao tráfego, corrigindo um vício do atual sistema, que atualmente concede a carteira com base na análise da capacidade do candidato em realizar um percurso (não uniformizado) onde se atesta controle da moto e equilíbrio em baixa velocidade, mas não a efetiva capacidade de condução em situação real, em ruas e avenidas.
Há cerca de um ano foi divulgado um estudo sobre acidentes envolvendo motocicletas na Zona Oeste de São Paulo. Os dados mais relevantes, derivados da análise de pouco mais de 300 acidentes em um período de cerca dois meses, apontaram para um percentual expressivo de acidentados que não tinham habilitação (23%). Entre eles, 75% eram jovens com menos de 32 anos.
Outro índice importante da pesquisa patrocinada pela associação dos fabricantes de motos e bicicletas, a Abraciclo e realizada pela Universidade de São Paulo (USP) foi verificar que quase um em cada quatro acidentados havia consumido drogas ou álcool. Testes clínicos feitos no hospital de atendimento apontaram que 14% tinham drogas no sangue, sendo cocaína a mais frequente, e 7,1% apresentaram nível de álcool acima de 0,6 g/l – nível que configura crime de trânsito com pena de 6 meses a 3 anos de detenção, conforme a legislação.
É impossível refutar a realidade que estabelece os motociclistas como um grupo vulnerável nas ruas e estradas. Do mesmo modo é inegável que moto, scooter ou motoneta representam uma valiosa contribuição para a mobilidade pelo pequeno espaço que ocupam, agilidade e baixo custo, que lhes confere eficiência superior à de qualquer outro veículo. Motocicletas e congêneres conquistaram as ruas de todo o país e hoje ocupam um papel indispensável no âmbito do transporte individual, seja pelas deficiências crônicas no transporte público do Brasil, seja por terem se transformado em instrumentos de trabalho, não apenas de transporte.
O lado ruim desta inexorável escalada sobre duas rodas é problema de saúde pública decorrente dos acidentes com motos, e daí a importância da pesquisa coordenada por médicos da Faculdade de Medicina da USP, com a colaboração da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Estudar um problema é o primeiro passo para solucioná-lo, e pesquisar acidentes de motos não é novidade: muitos anos atrás, nos EUA, mais exatamente no final dos anos 1970, foi divulgado o "Hurt Report", cujo nome é uma homenagem ao engenheiro aeronáutico norte-americano que liderou a pesquisa, Hugh Harrison Hurt Jr., professor da University of Southern California.
Aplicando metodologia semelhante à de acidentes aéreos, algumas das conclusões do Hurt Report até hoje se refletem no uso da motocicleta. Exemplos consistentes foram a comprovação da efetividade do capacete como peça de segurança "número 1" para todos os motociclistas e a necessidade da aumentar a visibilidade, envergando trajes de cores claras e sempre com o farol aceso.
Extensa, meticulosa e detalhada, a pesquisa serviu também de exemplo para outros estudos subsequentes sobre acidentes com motos, como o Maids (estudo profundo sobre acidentes com motocicletas, na sigla em inglês), que, de 1999 a 2002, analisou mais de 900 casos ocorridos na França, Alemanha, Holanda, Espanha e Itália.
No estudo brasileiro há que se lamentar, como confirma Marcelo Rosa Rezende, médico do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas de SP e membro da equipe executiva que realizou o trabalho, que, passado um ano, não se tenha adotado nenhuma das recomendações decorrentes da análise.
Entre as sugestões estavam a criação de um banco de dados, uma espécie de “registro nacional dos acidentes de trânsito”, a segregação das motocicletas em vias que comportem tal medida e a melhoria do processo de habilitação, tanto teórico com prático.
De fato, o que se verifica na cidade de São Paulo não é apenas a indiferença ante as sugestões decorrentes do trabalho, mas também o contrário de uma das recomendações, uma vez que a Prefeitura aboliu as faixas exclusivas de motos, consideradas fundamentais para a segurança dos motociclistas pelos autores da pesquisa.
moto acidente avenida PaulistaJosé Eduardo Gonçalves, diretor-executivo da Abraciclo, sinaliza que algum progresso no âmbito da melhoria do sistema de habilitação para motociclistas está em andamento, lembrando que políticos e o Contran discutem, em Brasília, modificar o modo de concessão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), escalonando a habilitação de acordo com o tamanho da motocicleta e a experiência do candidato.
A complexidade do exame prático seria revista, para ser feito em vias abertas ao tráfego, corrigindo um vício do atual sistema, que atualmente concede a carteira com base na análise da capacidade do candidato em realizar um percurso (não uniformizado) onde se atesta controle da moto e equilíbrio em baixa velocidade, mas não a efetiva capacidade de condução em situação real, em ruas e avenidas.