19-07-2014, 01:52 PM
(Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 19-07-2014, 02:01 PM por Búfalo.)
Como aqui no fórum, tem sido publicado textos com idéias marxistas até no Canal (como este e este), para o seu desenvolvimento intelectual (e pessoal), publicarei uma série de textos do economista austríaco, Ludwig von Mises, sobre a Ação Humana.
[Continua]
Citar:Ação Humana - Um Tratado de Economia
Capítulo I. O agente homem
PRIMEIRA PARTE
AÇÃO HUMANA
I. O AGENTE HOMEM[1]
1. Ação propositada e reação animal
Ação humana é comportamento propositado. Também podemos dizer: ação é a vontade posta em funcionamento, transformada em força motriz; é procurar alcançar fins e objetivos; é a significativa resposta do ego aos estímulos e às condições do seu meio ambiente; é o ajustamento consciente ao estado do universo que lhe determina a vida. Estas paráfrases podem esclarecer a definição dada e prevenir possíveis equívocos. Mas a própria definição é adequada e não necessita de complemento ou comentário.
Comportamento consciente ou propositado contrasta acentuadamente com comportamento inconsciente, isto é, os reflexos e as respostas involuntárias das células e nervos do corpo aos estímulos. As pessoas têm uma tendência para acreditar que as fronteiras entre comportamento consciente e a reação involuntária das forças que operam no corpo humano são mais ou menos indefinidas. Isto é correto apenas na medida em que, às vezes, não é fácil estabelecer se um determinado comportamento deve ser considerado voluntário ou involuntário. Entretanto, a distinção entre consciência e inconsciência é bastante nítida e pode ser bem determinada.
O comportamento inconsciente dos órgãos e células do organismo, para o nosso ego, é um dado como qualquer outro do mundo exterior. O homem, ao agir, tem que levar tudo em conta: tanto o que se passa no seu próprio corpo quanto outros dados externos, como por exemplo, as condições meteorológicas ou as atitudes de seus vizinhos. Existe, é claro, certa margem dentro da qual o comportamento propositado pode neutralizar o funcionamento do organismo. Se torna factível, dentro de certos limites, manter o corpo sob controle. Às vezes o homem pode conseguir, pela sua força de vontade, superar a doença, compensar insuficiências inatas ou adquiridas de sua constituição física, ou suprimir reflexos. Até onde isto seja possível, estende-se o campo de ação propositada. Se um homem se abstém de controlar reações involuntárias de suas células e centros nervosos, embora pudesse fazê-lo, seu comportamento, do nosso ponto de vista, é propositado.
[1] A expressão acting man é freqüente em toda esta obra de Ludwig von Mises. Por seu poder de síntese - que facilita a sintaxe sem trair a semântica - preferimos traduzi-la literalmente por "agente homem", em vez de utilizar as formas "homem em ação" ou "homem que age" como fizeram as traduções francesa e espanhola (N.'I'.)
[Continua]