29-03-2020, 09:37 PM
Texto muito bom publicado no Instituto Mises Brasil:
É impossível fechar negócios não-essenciais sem afetar os essenciais
![[Imagem: 3233.png]](https://cdn.mises.org.br/images/articles_thumbs/3233.png)
Como todos já sabem — e, principalmente, vivenciam —, em decorrência do surto de Covid-19, vários prefeitos e governadores ao redor do país ordenaram o fechamento de todos os empreendimentos tidos como "não-essenciais".
Os exemplos mais famosos de negócios tidos como não-essenciais são restaurantes, bares, cafés, cinemas, boates, lojas, academias, shoppings e outros negócios.
Na prática, são todos os empreendimentos que não são tidos como "cruciais à nossa sobrevivência".
Quem desobedecer e abrir seu comércio está sujeito a multas, perda de alvará e, em última instância, cadeia.
Mas aí começa a encrenca.
Como já era de se esperar, políticos e burocratas, aparentemente, não fazem a mais mínima ideia de como funcionam as cadeias de produção e suprimento de uma economia de mercado: mesmo no curto prazo, fechar todas as atividades supostamente não-essenciais significa um enorme risco para a continuidade das próprias atividades essenciais.
Vários dos empreendimentos listados como não-cruciais para a vida humana são, com efeito, integrantes da cadeia de suprimentos daqueles outros empreendimentos tidos como cruciais para a vida humana.
Hospitais, por exemplo, não podem permanecer funcionais sem toda uma cadeia de suprimentos minimamente funcional. E os trabalhadores dos hospitais podem precisar de recorrer a serviços não-essenciais para se manterem sãos.
Se, por exemplo, a peça de um aparelho de ar-condicionado do hospital quebra, ou, igualmente ruim, se qualquer peça de qualquer equipamento hospitalar (e todos eles são cruciais) tem de ser reposta, de onde elas virão? O comércio de manutenção e reparação de ar condicionado, de motores, de refrigeradores e de demais equipamentos e máquinas está fechado por ordens de prefeitos e governadores. Ordenar uma peça nova para as poucas fábricas que ainda estão operando não é viável (por causa do fator tempo). E as distribuidoras não necessariamente estão estocadas. Dependendo da peça, ela pode estar em falta. E aí o hospital tem de parar suas atividades. E em meio a um surto.
Se ocorre uma pane em algum computador ou equipamento eletrônicos dos hospitais, nada pode ser feito, pois as oficiais de consertos também estão fechadas.
O comércio de locação de caçambas para a remoção de detritos também está fechado.
E todo o setor de serviços voltados para o necessário relaxamento e distração das equipes médicas, que são seres humanos como nós e que estão intensamente sob pressão, também está abolido. A rotina dessas pessoas é hospital-casa-hospital, sem nada mais com o que se distrair.
E piora: se o celular de algum deles estragar (o que é perfeitamente factível), não há o que fazer, pois as lojas de consertos de celulares (assim com as de conserto de televisores, computadores e similares) também estão fechadas. Ou seja, o médico nem sequer conseguirá se comunicar.
Se o carro estragar, as oficinas estão fechadas. Ele terá de ir táxi ou Uber. Mas se o motorista estiver contaminado, há risco de transmissão, pois um médico não entrará no veículo com trajes de hospital (luvas e máscaras).
E há também as coisas que aparentemente são mais triviais, mas são igualmente importantes. Por exemplo: lojas que vendem importantes equipamentos elétricos e eletrônicos estão fechadas (assim como quase todas as fábricas). Se hospitais, médicos ou meros mortais precisarem de algo movido a eletricidade (quase que tudo, hoje em dia), eles até podem conseguir por delivery, mas nem todas possuem esse sistema. Um hospital até consegue com alguma facilidade, mas médicos e demais pessoas físicas em suas casas, não.
Mas isso ainda não é nada. O próprio transporte de cargas nas estradas está comprometido.
https://mises.org.br/article/3233/politi...essenciais
É impossível fechar negócios não-essenciais sem afetar os essenciais
![[Imagem: 3233.png]](https://cdn.mises.org.br/images/articles_thumbs/3233.png)
Como todos já sabem — e, principalmente, vivenciam —, em decorrência do surto de Covid-19, vários prefeitos e governadores ao redor do país ordenaram o fechamento de todos os empreendimentos tidos como "não-essenciais".
Os exemplos mais famosos de negócios tidos como não-essenciais são restaurantes, bares, cafés, cinemas, boates, lojas, academias, shoppings e outros negócios.
Na prática, são todos os empreendimentos que não são tidos como "cruciais à nossa sobrevivência".
Quem desobedecer e abrir seu comércio está sujeito a multas, perda de alvará e, em última instância, cadeia.
Mas aí começa a encrenca.
Como já era de se esperar, políticos e burocratas, aparentemente, não fazem a mais mínima ideia de como funcionam as cadeias de produção e suprimento de uma economia de mercado: mesmo no curto prazo, fechar todas as atividades supostamente não-essenciais significa um enorme risco para a continuidade das próprias atividades essenciais.
Vários dos empreendimentos listados como não-cruciais para a vida humana são, com efeito, integrantes da cadeia de suprimentos daqueles outros empreendimentos tidos como cruciais para a vida humana.
Hospitais, por exemplo, não podem permanecer funcionais sem toda uma cadeia de suprimentos minimamente funcional. E os trabalhadores dos hospitais podem precisar de recorrer a serviços não-essenciais para se manterem sãos.
Se, por exemplo, a peça de um aparelho de ar-condicionado do hospital quebra, ou, igualmente ruim, se qualquer peça de qualquer equipamento hospitalar (e todos eles são cruciais) tem de ser reposta, de onde elas virão? O comércio de manutenção e reparação de ar condicionado, de motores, de refrigeradores e de demais equipamentos e máquinas está fechado por ordens de prefeitos e governadores. Ordenar uma peça nova para as poucas fábricas que ainda estão operando não é viável (por causa do fator tempo). E as distribuidoras não necessariamente estão estocadas. Dependendo da peça, ela pode estar em falta. E aí o hospital tem de parar suas atividades. E em meio a um surto.
Se ocorre uma pane em algum computador ou equipamento eletrônicos dos hospitais, nada pode ser feito, pois as oficiais de consertos também estão fechadas.
O comércio de locação de caçambas para a remoção de detritos também está fechado.
E todo o setor de serviços voltados para o necessário relaxamento e distração das equipes médicas, que são seres humanos como nós e que estão intensamente sob pressão, também está abolido. A rotina dessas pessoas é hospital-casa-hospital, sem nada mais com o que se distrair.
E piora: se o celular de algum deles estragar (o que é perfeitamente factível), não há o que fazer, pois as lojas de consertos de celulares (assim com as de conserto de televisores, computadores e similares) também estão fechadas. Ou seja, o médico nem sequer conseguirá se comunicar.
Se o carro estragar, as oficinas estão fechadas. Ele terá de ir táxi ou Uber. Mas se o motorista estiver contaminado, há risco de transmissão, pois um médico não entrará no veículo com trajes de hospital (luvas e máscaras).
E há também as coisas que aparentemente são mais triviais, mas são igualmente importantes. Por exemplo: lojas que vendem importantes equipamentos elétricos e eletrônicos estão fechadas (assim como quase todas as fábricas). Se hospitais, médicos ou meros mortais precisarem de algo movido a eletricidade (quase que tudo, hoje em dia), eles até podem conseguir por delivery, mas nem todas possuem esse sistema. Um hospital até consegue com alguma facilidade, mas médicos e demais pessoas físicas em suas casas, não.
Mas isso ainda não é nada. O próprio transporte de cargas nas estradas está comprometido.
https://mises.org.br/article/3233/politi...essenciais