11-03-2019, 01:10 AM
(Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 11-03-2019, 01:15 AM por Velho Gonçalves.)
O único aspecto ruim da religião, principalmente em relação ao cristianismo, é a falta de humildade em relação ao conhecimento das coisas e das causas. Os conhecimentos científicos podem ser corroborados com a religião cristã, fato! Uma coisa não afeta a outra. Porém, fico triste (ainda mais por eu já ter sido cristão... e por ter tendências de voltar a ser um dia), ao ver que diversos amigos meus que são evangélicos acreditam em coisas como: o objetivo da ciência é comprovar que Deus não existe, e etc...
Veja bem pessoal; o cristão fervoroso, aquele que vai semanalmente aos cultos e recolhe o dizimo ao fim do mês, geralmente, possui respostas prontas e satisfatórias (para ele, pelo menos) na ponta da língua. Respostas essas que dizem respeito aos grandes mistérios da vida e do universo. Essas respostas os limitam em relação à capacidade daquilo que eu gosto de chamar de “Wander”, que nada mais é do que o espanto natural que o homem possui frente às coisas desconhecidas; aquilo que faz uma criança ser uma criança! (Por curiosidade, qual a fase da vida na qual aprendemos mais coisas? Não é justamente aquela na qual sabemos menos?).
O nosso crescimento (mental e espiritual) consiste-se no preenchimento do vácuo criado pela distância entre nosso saber e a realidade das coisas. Então, quando um indivíduo religioso – cristão – compreende a maior parte da filosofia de “sua igreja”, geralmente entra em um estado de satisfação e segurança mental, de tal forma, que ele não se permite realizar novos questionamentos sobre a vida: ele acha que já sabe a resposta! Tudo passa a ser a inquestionável vontade de Deus: consegui emprego, Deus preparou; perdi o emprego, Deus permitiu. E assim vai tocando a vida, se "confortando".
Aqui vou citar Nietzsche e seu conceito do “além do Homem”, mas não sem fazer uma advertência! Eu não sou ateu, de maneira nenhuma o seria; e, consequentemente, creio que esse conceito pode ser utilizado fora de um contexto de ateísmo. De forma resumida, quando Nietzsche – usando o martelo – quebrou convicções ao escrever o livro “Crepúsculo dos ídolos”, ele não quis simplesmente “matar Deus”, como é sempre dito. O que ele propôs, justamente, foi dizer ao homem que tomasse cuidado com o conforto provisório que certas crenças (os ídolos) trazem. O conforto sossega e mantém a pessoa na zona de conforto, porque no fim das contas, não importa o que aconteça, a pessoa dirá: não tem problema, aconteça o que acontecer, Deus ajudará. Logo, o problema que eu reconheço nas religiões, principalmente na cristã, é a utilização de Deus como uma “extensão do nosso braço para o alcance de coisas difíceis”. Uma muleta metafísica, como diria o Professor Clovis de Barros Filho.
É neste ponto que eu acho que a teoria do Além do Homem pode ser utilizada até mesmo por pessoas religiosas (isso pode soar absurdo para filósofos). Creio que o cristão deve seguir a Deus, primeiramente, por reverencia e por amor à obra da Cruz, e pela gratidão relacionada ao sacrifício feito por cristo, que nos permitirá – crendo nele – ver a face de Deus um dia. Tal reverencia e tal gratidão é refletida no comportamento honrado e ético de um homem que vive sua vida em prol de sua família e em prol do bem da sociedade. Esse comportamento, por consequência, o aproximará de Deus e fará com que ele, por misericórdia, passe a fornecer as ajudas necessárias e de acordo com a vontade dele. Ao homem cabe a evolução, o estudo e o desenvolvimento; e não a entrega de sua vida, de forma integral, descontrolada e covarde, às vontades divinas.
(Obs: não sou filósofo nem estudante de religião. O que escrevi acima deve ser lido com ares de conversa de boteco. Se eu falei merda em algum conceito, podem corrigir por favor).