26-10-2017, 03:44 PM
Aproveitando, deixo o texto de um ex colega de profissão, de Salvador, sobre a realidade no Bradesco (TEXTO EXTENSO, GRIFOS MEUS):
Contexto: O cargo de GEN (gerente executivo de negócios) seria o equivalente ao de um superintendente, com responsabilidades sobre as operações de crédito de um conjunto de agências. Ou seja, o cara é um dos responsáveis pelo grande bolo do lucro do banco. No entando, a responsabilidade não corresponde ao retorno oferecido pelo banco, como pode se ver.
Salvador, 08 de junho de 2012
Apenas mais um ex-funcionário
Senhores, bom dia!
Me chamo Tiago Carvalho de Burgos, e utilizo deste instrumento para relatar algumas situações, que não conseguem ultrapassar a densa barreira criada pelos “donos” da instituição, que aparam, perfumam e formatam de forma a que determinadas situações ocorridas na rede parecerem aceitáveis.
Meu antigo código funcional era 6.133.886 e no dia 08/06/2012 tive minha homologação, até esta data foram 10 anos de serviços, onde passei por todas as funções de uma agência de varejo, solidificando em mim uma cultura que primava por conhecimento, reciprocidade e desafios.
Minha ultima atuação foi a de GEN na gerencia regional Salvador recôncavo (4565), subordinada a diretoria regional Bahia (4658).
Mesmo em um cenário favorável na carreira, decidi junto com minha família uma mudança drástica.
Troco uma função de GEN por uma de técnico Bancário na CAIXA.
Hoje esta remuneração é de R$ 1.785,00 (hum mil setecentos e oitenta e cinco reais)
A primeira pergunta que fica é, o que levou um GEN a aceitar começar tudo de novo em outro banco? E a resposta é, SALÁRIO !
Como é de conhecimento desta mesa, o piso de um gerente de contas PJ na CAIXA é de R$ 8.700,00 (oito mil e setecentos reais), mesmo sendo promovido e colhendo os acertos sindicais em 4 anos a minha remuneração não chegaria ao patamar aplicado a um gerente de contas PJ.
Em meu ultimo contra cheque(holerite) o vencimento bruto não ultrapassava R$ 5.100,00 (cinco mil e cem reais), embora entenda que a remuneração não seja o principal componente em uma relação empregatícia, a diferença aplicada entre um GEN e um gerente de conta no próprio Bradesco, em muitas vezes foi desfavorável a este ex funcionário.
Esta perversidade salarial que encontramos na instituição está impregnada nos seus FEUDOS, e com seus donos absolutos que blindam seus protegidos deixando para o restante da base uma politica salarial amarga.
Entretanto existem excelentes profissionais que entendem seu papel transitório nas funções e sua importância de preparar os futuros dirigentes desta instituição.
Mesmo estes excelentes profissionais, tem que realizar um verdadeiro esforço hercúleo, para convencer o RH que seu critério de analise é solido e baseado na meritocracia (parabéns aqui a aos diretores Aquilino e Alex e aos regionais Gilson, Sandro, Walter e Carlos).
Quando esta muralha é vencida, caímos no poço financeiro das “promoções”.
Esta visão não é so minha, mas de muitos empregados comprometidos que após uma promoção, recebem liquido o estrondoso valor de R$ 300,00 (trezentos reais) (quando recebem aumento), e que só verão outra promoção novamente quando ocorrer a mudança de junção (não computo aqui os acordos sindicais).
Lembro que muitos destes funcionários ainda estão na fase do acumulo material e são a base financeira da família.
Esta realidade financeira acarreta um desconforto, onde estes profissionais não conseguem proporcionar uma evolução material satisfatória a seus tutelados, e mesmo sendo fieis a instituição Bradesco, ficam seduzidos pela concorrência, que batem as portas da instituição atrás de excelentes profissionais com uma remuneração bem abaixo da realidade do mercado.
Estes profissionais hoje são desejados, já que foram moldados sob grande calor e pressão, sem espaço para lamentações. O Bradesco hoje prepara estas joias para serem expostas em outras vitrines, ganhando muitas vezes apenas R$ 1.000,00 (hum mil reais) a mais que no Bradesco.
Não existe novidades nesta lamentações, já é sabido a muito tempo este êxodo, no entanto em muitas vezes tratam estes ex funcionários, como mercenários, traidores e sempre tentam desqualificar quem toma uma atitude desta.
Sei que entrar no detalhe de cada situação é impossível dada ao gigantismo da estrutura da instituição, e como disse no primeiro paragrafo, quando ocorrem os questionamentos a indústria da beleza formata a situação.
Muitos dos ex-funcionários apresentam questionamentos muito próximos, mas dois sempre estão nas listas, baixa remuneração e a falta de comissionamentos, não sou favorável ao comissionamento desde que os prestadores de serviço cumprissem a sua parte. Mas a relação junto aos prestadores de serviço nas agências está podre (...) com poucas exceções a produção de consórcios, seguros de vida, seguros auto, previdência e o BILHETINHO é realizada exclusivamente pelo FUNCIONÁRIO do Bradesco.
Esta relação parasitaria dos concessionários para com os funcionários tem gerado uma simbiose cancerígena, onde os tiradores de pedido já acertam os valores e a forma de pagamento, em muitos casos estes mesmo concessionários blindam a entrada de um novo prestador, criando assim uma mecânica corrupta para quem deseje entrar e galgar maiores remunerações junto a BVP.
Sempre é questionado nas reuniões com o presidente por gerentes de outras praças, se os prestadores de serviço também são tiradores de pedido, adivinhem a resposta?
Não considero este tipo de pratica ética, mas é ético em um ação de consórcio promovida pelo banco, o concessionário ser remunerado por tal, sendo que a produção é feita pelos funcionários do banco?
É justo que nas campanhas do Sou + Bilhete alguns tiradores de pedidos empanturrarem-se de propostas simplesmente para digitação? Grande trabalho este, 100 caracteres digitados e dinheiro fácil.
Os seguros de vida que muitas vezes são negociados exclusivamente pelos gerentes, que conhecem mais do produto que os concessionários, sendo que a área exclusive, inunda os tiradores de pedido com os bilhetes AP da vida, e, ainda recebem pressão para que seja vendido o Multi Plano (comissão muito melhor).
Mas este tipo de insatisfação não chega a esta mesa.
Sei que decisões já foram tomadas para coibir esta prática, como a retirada das ações comerciais nas agências, a proibição de presentes etc, no entanto estas ações são de difícil acompanhamento e de pouca eficácia.
Uma ferramenta simples é quando de uma ação comercial, a venda de uma proposta já seja bloqueada para repasse, precisando que o Gerente da Agencia envie para a BVP que esta não deve ter o repasse bloqueado, pois foi oriunda de uma prospecção pelo concessionário, blindando assim o pagamento desnecessário aos parasitas do Bradesco, e aumentando as receitas com serviços neste ano de spreads esmagados.
Uma solução deste nível, não ira trazer o conforto financeiro que os funcionários desejam, mas a retirada da remuneração dos concessionários parasitas, ira trazer o sentido de justiça, e hoje na rede de varejo esta justiça será amplamente aceita.
Mas toda a rede deve ser instruída e cobrar do seu gerente, caso não exista a cobrança, alguém pode estar ganhando mais que um tapinha nas costas.
Esta decisão será bem vista para os funcionários da ultima geração, que ainda tem o sentido de compromisso, mas a nova geração a que determinam “Y” não se sujeitará a cultura imposta hoje no Bradesco, pois tem a necessidade imediata de reconhecimento material e pessoal, mesmo hoje com o Bradesco estando em uma velocidade nunca antes vista, as contra partidas oferecidas não estarão aos níveis destes anseios.
Caso o Feudo RH continue com suas premissas engessadas e tentando vender somente a carreira fechada, estarão conduzindo o banco para o abismo. O Bradesco é uma empresa de serviço, e quem presta o serviço são pessoas, e não existe uma valorização das pessoas no Bradesco (aspecto salarial).
Infelizmente hoje o funcionário do Bradesco é visto como uma despesa, e seu crescimento material é um peso que deve ser contido nos balanços trimestrais, afinal de contas se o banco é uma empresa de serviço e o serviço é prestado por pessoas, como não valorizar o funcionário?
Existem muitas situações que poderiam ser apontadas e melhoradas, mas certamente estarão sendo colocadas nas mesas dos senhores, aparadas, formatadas e perfumadas.
Deixo nesta casa muitos momentos de dor, glorias e superações, que estão impregnadas em meu ser, sempre terei orgulho em dizer que fiz parte destas fileiras e que fiz parte de momentos decisivos nas vidas das pessoas, porque possuía um dos sobrenomes mais fortes do Brasil, ali eu era simplesmente Tiago do Bradesco, e aquilo me bastava.
Hoje estarei caminhando em direção a um céu azul, mas em minhas veia sempre estará o vermelho desta casa.
Sendo assim deixo aos senhores triplos e fraternais abraços e mais uma vez obrigado pela maravilhosa jornada.
Contexto: O cargo de GEN (gerente executivo de negócios) seria o equivalente ao de um superintendente, com responsabilidades sobre as operações de crédito de um conjunto de agências. Ou seja, o cara é um dos responsáveis pelo grande bolo do lucro do banco. No entando, a responsabilidade não corresponde ao retorno oferecido pelo banco, como pode se ver.
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Salvador, 08 de junho de 2012
Apenas mais um ex-funcionário
Senhores, bom dia!
Me chamo Tiago Carvalho de Burgos, e utilizo deste instrumento para relatar algumas situações, que não conseguem ultrapassar a densa barreira criada pelos “donos” da instituição, que aparam, perfumam e formatam de forma a que determinadas situações ocorridas na rede parecerem aceitáveis.
Meu antigo código funcional era 6.133.886 e no dia 08/06/2012 tive minha homologação, até esta data foram 10 anos de serviços, onde passei por todas as funções de uma agência de varejo, solidificando em mim uma cultura que primava por conhecimento, reciprocidade e desafios.
Minha ultima atuação foi a de GEN na gerencia regional Salvador recôncavo (4565), subordinada a diretoria regional Bahia (4658).
Mesmo em um cenário favorável na carreira, decidi junto com minha família uma mudança drástica.
Troco uma função de GEN por uma de técnico Bancário na CAIXA.
Hoje esta remuneração é de R$ 1.785,00 (hum mil setecentos e oitenta e cinco reais)
A primeira pergunta que fica é, o que levou um GEN a aceitar começar tudo de novo em outro banco? E a resposta é, SALÁRIO !
Como é de conhecimento desta mesa, o piso de um gerente de contas PJ na CAIXA é de R$ 8.700,00 (oito mil e setecentos reais), mesmo sendo promovido e colhendo os acertos sindicais em 4 anos a minha remuneração não chegaria ao patamar aplicado a um gerente de contas PJ.
Em meu ultimo contra cheque(holerite) o vencimento bruto não ultrapassava R$ 5.100,00 (cinco mil e cem reais), embora entenda que a remuneração não seja o principal componente em uma relação empregatícia, a diferença aplicada entre um GEN e um gerente de conta no próprio Bradesco, em muitas vezes foi desfavorável a este ex funcionário.
Esta perversidade salarial que encontramos na instituição está impregnada nos seus FEUDOS, e com seus donos absolutos que blindam seus protegidos deixando para o restante da base uma politica salarial amarga.
Entretanto existem excelentes profissionais que entendem seu papel transitório nas funções e sua importância de preparar os futuros dirigentes desta instituição.
Mesmo estes excelentes profissionais, tem que realizar um verdadeiro esforço hercúleo, para convencer o RH que seu critério de analise é solido e baseado na meritocracia (parabéns aqui a aos diretores Aquilino e Alex e aos regionais Gilson, Sandro, Walter e Carlos).
Quando esta muralha é vencida, caímos no poço financeiro das “promoções”.
Esta visão não é so minha, mas de muitos empregados comprometidos que após uma promoção, recebem liquido o estrondoso valor de R$ 300,00 (trezentos reais) (quando recebem aumento), e que só verão outra promoção novamente quando ocorrer a mudança de junção (não computo aqui os acordos sindicais).
Lembro que muitos destes funcionários ainda estão na fase do acumulo material e são a base financeira da família.
Esta realidade financeira acarreta um desconforto, onde estes profissionais não conseguem proporcionar uma evolução material satisfatória a seus tutelados, e mesmo sendo fieis a instituição Bradesco, ficam seduzidos pela concorrência, que batem as portas da instituição atrás de excelentes profissionais com uma remuneração bem abaixo da realidade do mercado.
Estes profissionais hoje são desejados, já que foram moldados sob grande calor e pressão, sem espaço para lamentações. O Bradesco hoje prepara estas joias para serem expostas em outras vitrines, ganhando muitas vezes apenas R$ 1.000,00 (hum mil reais) a mais que no Bradesco.
Não existe novidades nesta lamentações, já é sabido a muito tempo este êxodo, no entanto em muitas vezes tratam estes ex funcionários, como mercenários, traidores e sempre tentam desqualificar quem toma uma atitude desta.
Sei que entrar no detalhe de cada situação é impossível dada ao gigantismo da estrutura da instituição, e como disse no primeiro paragrafo, quando ocorrem os questionamentos a indústria da beleza formata a situação.
Muitos dos ex-funcionários apresentam questionamentos muito próximos, mas dois sempre estão nas listas, baixa remuneração e a falta de comissionamentos, não sou favorável ao comissionamento desde que os prestadores de serviço cumprissem a sua parte. Mas a relação junto aos prestadores de serviço nas agências está podre (...) com poucas exceções a produção de consórcios, seguros de vida, seguros auto, previdência e o BILHETINHO é realizada exclusivamente pelo FUNCIONÁRIO do Bradesco.
Esta relação parasitaria dos concessionários para com os funcionários tem gerado uma simbiose cancerígena, onde os tiradores de pedido já acertam os valores e a forma de pagamento, em muitos casos estes mesmo concessionários blindam a entrada de um novo prestador, criando assim uma mecânica corrupta para quem deseje entrar e galgar maiores remunerações junto a BVP.
Sempre é questionado nas reuniões com o presidente por gerentes de outras praças, se os prestadores de serviço também são tiradores de pedido, adivinhem a resposta?
Não considero este tipo de pratica ética, mas é ético em um ação de consórcio promovida pelo banco, o concessionário ser remunerado por tal, sendo que a produção é feita pelos funcionários do banco?
É justo que nas campanhas do Sou + Bilhete alguns tiradores de pedidos empanturrarem-se de propostas simplesmente para digitação? Grande trabalho este, 100 caracteres digitados e dinheiro fácil.
Os seguros de vida que muitas vezes são negociados exclusivamente pelos gerentes, que conhecem mais do produto que os concessionários, sendo que a área exclusive, inunda os tiradores de pedido com os bilhetes AP da vida, e, ainda recebem pressão para que seja vendido o Multi Plano (comissão muito melhor).
Mas este tipo de insatisfação não chega a esta mesa.
Sei que decisões já foram tomadas para coibir esta prática, como a retirada das ações comerciais nas agências, a proibição de presentes etc, no entanto estas ações são de difícil acompanhamento e de pouca eficácia.
Uma ferramenta simples é quando de uma ação comercial, a venda de uma proposta já seja bloqueada para repasse, precisando que o Gerente da Agencia envie para a BVP que esta não deve ter o repasse bloqueado, pois foi oriunda de uma prospecção pelo concessionário, blindando assim o pagamento desnecessário aos parasitas do Bradesco, e aumentando as receitas com serviços neste ano de spreads esmagados.
Uma solução deste nível, não ira trazer o conforto financeiro que os funcionários desejam, mas a retirada da remuneração dos concessionários parasitas, ira trazer o sentido de justiça, e hoje na rede de varejo esta justiça será amplamente aceita.
Mas toda a rede deve ser instruída e cobrar do seu gerente, caso não exista a cobrança, alguém pode estar ganhando mais que um tapinha nas costas.
Esta decisão será bem vista para os funcionários da ultima geração, que ainda tem o sentido de compromisso, mas a nova geração a que determinam “Y” não se sujeitará a cultura imposta hoje no Bradesco, pois tem a necessidade imediata de reconhecimento material e pessoal, mesmo hoje com o Bradesco estando em uma velocidade nunca antes vista, as contra partidas oferecidas não estarão aos níveis destes anseios.
Caso o Feudo RH continue com suas premissas engessadas e tentando vender somente a carreira fechada, estarão conduzindo o banco para o abismo. O Bradesco é uma empresa de serviço, e quem presta o serviço são pessoas, e não existe uma valorização das pessoas no Bradesco (aspecto salarial).
Infelizmente hoje o funcionário do Bradesco é visto como uma despesa, e seu crescimento material é um peso que deve ser contido nos balanços trimestrais, afinal de contas se o banco é uma empresa de serviço e o serviço é prestado por pessoas, como não valorizar o funcionário?
Existem muitas situações que poderiam ser apontadas e melhoradas, mas certamente estarão sendo colocadas nas mesas dos senhores, aparadas, formatadas e perfumadas.
Deixo nesta casa muitos momentos de dor, glorias e superações, que estão impregnadas em meu ser, sempre terei orgulho em dizer que fiz parte destas fileiras e que fiz parte de momentos decisivos nas vidas das pessoas, porque possuía um dos sobrenomes mais fortes do Brasil, ali eu era simplesmente Tiago do Bradesco, e aquilo me bastava.
Hoje estarei caminhando em direção a um céu azul, mas em minhas veia sempre estará o vermelho desta casa.
Sendo assim deixo aos senhores triplos e fraternais abraços e mais uma vez obrigado pela maravilhosa jornada.