16-05-2015, 06:01 PM
(Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 16-05-2015, 06:51 PM por Búfalo.)
(04-05-2015, 02:59 AM)Teophilo Escreveu: É contraditório defender princípios morais conservadores e ao mesmo tempo desejar fazer tatuagens. Explico:
Não é uma questão de julgamento pessoal o uso de tatuagens, tanto por homens quanto por mulheres. O que se deve levar em conta é o quanto o uso de tatuagens pode ser considerado um bom e comum costume ou não dentro de uma sociedade de moldes conservadores.
Vejam que em uma sociedade sã os homens médios devem se guiar e ter sempre como modelos os homens mais sábios e mais virtuosos dentre eles, e estes não fariam tatuagens, já que isso não é considerado um bom costume acerca do ornato exterior das pessoas.
Não interessa, portanto, a opinião de cada um sobre tatuagem. Mas interessa saber se tatuar é costume proveniente de princípios conservadores.
Não é uma questão de julgamento individual entendem? A discussão gira em torno de tentar esclarecer se a tatuagem pode ser adotada como costume bom e comum para uma sociedade que pretende ser ou se diz ser conservadora.
E a meu ver mesmo as tatuagens que simbolizem algo bom e honesto não deveriam ser tidas como de bom e comum costume. E se um ou outro as faz entendo o fato como incomum e de caráter isolado e individual que jamais deveria se tornar algo recorrente entre as pessoas.
São Tomás de Aquino falando sobre ornatos do corpo diz: "As coisas exteriores, em si mesmas, de que o homem usa não são matéria de nenhum vício, que só existe em quem as emprega imoderadamente. Ora, essa imoderação pode dar–se de dois modos, – Primeiro, relativamente ao costume daqueles com quem convivemos, E por isso diz Agostinho: Os delitos contra os costumes locais devemos evitá–los segundo a diversidade desses costumes; pois, o pacto social estabelecido numa cidade ou num povo, pelo uso ou pela lei, não poderia ser infringido pelo capricho de um cidadão ou de um estrangeiro. Há deformidade em toda parte, que esteja em desacordo com o todo. – De outro modo, pode haver imoderaçâo, no uso das referidas coisas, pelo afeto desordenado de quem usa delas; donde vem que às vezes usamos dos ornatos exteriores com sensualidade, quer estejamos de acordo, quer em desacordo com os costumes daqueles com quem convivemos. E por isso diz Agostinho: Não devemos usar de nada com paixão; pois, esta, não somente abusa com nequícia do costume daqueles com quem vivemos, mas ainda, transgredindo–lhes muitas vezes os limites, manifesta. com flagiciosa erupção, a sua torpeza, que se ocultava nos hábitos graves do claustro." (Mais em: http://permanencia.org.br/drupal/node/4380)
Entendo pelos ensinamentos de São Tomás que, como nos ornatos exteriores em geral, no uso de tatuagens também pode estar oculto uma imoderação, tanto por aqueles que vão contra um costume considerado comum e bom, quanto por aqueles que fazem tatuagens para a sensualidade ou por afeto desordenado. E um agravante da tatuagem em relação aos outros ornatos exteriores é seu caráter quase que permanente para o corpo.
Tem que se prestar atenção sempre porque o que mais há é um "liberalismo moral" justificado pelo direito pessoal do uso do livre-arbítrio. Não poucas vezes se contraria os bons costumes e as modéstias sociais ideais em nome do livre desejo individual. E é exatamente aí que está a contradição daqueles que defendem princípios morais conservadores e ao mesmo tempo desejam ou fazem algo que contraria estes mesmos princípios, com a justificativa da liberdade pessoal.
O "liberalismo" nos costumes os rompe com os princípios de ordem moral. Já o relativismo dos princípios morais, pouco a pouco, tende a tornar aquilo que deve ser considerado incomum e isolado como bom e comum costume social.
Minha conclusão, portanto, é que um conservador de fato ou pretenso jamais deveria querer fazer tatuagem. Podem até haver conservadores tatuados, que se decidiram pelos princípios tempos depois de já terem feito tatuagens. Porém é contraditório conservadores não tatuados desejar fazê-las ou mesmo conservadores tatuados desejarem fazer outras.
Pra quem interessar tem uma resposta a questão semelhante a debatida aqui nesse link da Montfort: http://www.montfort.org.br/old/action.ph...tion=print
Acho que depois desse comentario do Teophilo, com citações do São Tomás, não há mais o que acrescentar.
O "católico conservador" deveria saber disso...