Diários de Bicicleta

[barãozin]

Pois bem, um relato diferente pra esse fórum. Com uns mais chegados eu comentei que fiz ano passado uma longa viagem de bicicleta, saindo de SP e chegando até as plagas catarinenses. Lembro que alguns até comentaram pra postar isso no fórum, que seria legal e td mais e quem sabe incentivaria alguns a fazerem maluquices legais semelhantes. Como tava enrolado acabei esquecendo. Mas hj, na paradera e fumaça do cachimbo voando, pensei "pq não"? Então, vamo pra um diário rápido da viagem. 

Resumidamente, tava a tempos querendo fazer uma viagem dessas e então durante as férias de julho, sem nada que me segurasse, arrumei a tralha e fui embora. Como descer a serra até o litoral de SP de bike é proibido e a outra opção seria dar uma volta do caraio e eu não tinha tanto tempo assim, saí da cidade que tava morando na época e fui até Praia Grande no bus e no dia seguinte de manhã, parti na bicicleta rumo ao Vale do Ribeira.

Uma rápida descrição do equipamento que levei: a bagagem eu levei algumas mudas de roupa pro frio (tava um frio do caraio em julho passado) e tava preparado para dormir no meio do mato caso necessário (tinha rede, lona e cobertor, pq saco de dormir é pra playboy!) fui no estilão "mulambiker" msm, tanto pra não chamar atenção da bandidagem - que era uma das minhas preocupações em Praia Grande - e pra economizar tb. Sovinagem em primeiro lugar, sempre. A bicicleta foi uma caloi de aço antiga que comprei de um cara no Olx, pra aguentar o tranco da viagem e o peso q ia em cima dela (quadro de alumínio msm sendo bem mais leve, não dura nada na minha mão rs). Tirei a ferrugem e a tinta fudida q tinha, repintei de spray msm e ficou bom demais. Pra carregar a bagagem amarrei uns sacos no bagageiro da bicicleta, ferramentas guardadas numa bolsa presa ao quadro (sei fazer boa parte das manutenções básicas de uma bicicleta, então se tivesse algum enrosco no caminho saberia me virar). Equipamento de proteção: só luvas, pra proteger do roçamento da mão no guidão. Pedalei de chinelão msm e boné de vereador, no melhor estilo mulambiker (pra desesperos de uns avançadistas que acham que vc pra dar uma volta no quarteirão tem q meter até armadura). Basicamente esse é o equip da bike:

Show ContentMulambiker:

Assim sendo, saí cedinho de Praia Grande (Com o cu na mão, confesso, pq lá é cheio de bandido) e comecei a minha jornada!

Continuação no próximo post...

[barãozin]

Nas primeiras horas não teve muita coisa, porque basicamente pedalei pela rodovia que liga o litoral até Pedro de Toledo, então era basicamente um retão que se estendia por 70km, as vezes cruzando algum rio para fazer alguma diferença na paisagem. Depois de algumas horas pedalando, chego na saída de Peruíbe, olho pro lado pra ver um treco e pimba! Tomo o primeiro (e único, graças a Deus) capote da viagem.   

Show ContentNo caminho tinha uma ponte, tinha uma ponte no meio do caminho:

A sorte que machuquei pouco, basicamente uma raladura no joelho e o susto (já tava safo por causa de quedas anteriores), senão teria que abortar tudo logo de cara, o q seria uma grande porcaria. Até Pedro de Toledo, o 1º objetivo da viagem, foi tudo tranquilo e de tardinha já tava estabelecido numa pequena pousadinha perto do centro (como é cidade pequena tudo é perto centro msm...)

Show ContentPedro de Toledo, de noite:

O centrinho "raiz" de cidade pequena, com sua pracinha


Estação abandonada do tempo que ainda existia transporte ferroviário no BR


Barãozin was here

Só fiz minha jantinha usando o meu fogareiro a álcool chinês que comprei especialmente pra essa brincadeira (muito bom por sinal, recomendo quem quiser comprar) já deixei as tralhas no jeito e ia me preparando psicologicamente pro primeiro desafio da viagem: pegar a Estrada da Banana (ou Despraiado) sentido Iguape (fiz exatamente esta rota aqui). Estradinha de terra que segundo meus "recons" preliminares, tinha algumas subidas meio fortes, mas que era bem mantida e pelo jeito não me traria maiores problemas além de decidir quais seriam os melhores locais pra tirar fotos. Ledo engano...

Prossegue no próximo post.

[Astuto]

Top, gosto de pedalar também! Aguardando o restante do relato.

[barãozin]

O batismo de fogo.

Seguindo minha programação, sai cedinho, naquele friozinho gostoso, mas animado pq tinha uns 90 e poucos km de pedal. Sendo os 40 primeiros na terra e numa estrada bem bonita. Ia começar as minhas férias! Hora de relaxar... 

...bosta nenhuma. O começo foi muito tranquilo, a estradinha era realmente bem mantida e a paisagem com suas vilinhas pelo caminho bem bacanas. Porém, como uns dias antes choveu um pouco, o lameiro começou a surgir... E piorar!

E pra deixar tudo legal, começaram as subidas. Então, como a relação da minha bike não era nada adequada pra subida e eu tava bem pesado, lá vou empurrar bicicleta pirambeira acima (com lama!). Basicamente, foi um "cosplay" de Jesus Cristo levando a cruz pro calvário, mas no momento era tudo festa.

Show ContentSpoiler:

Bela paisagem e estrada relativamente boa. Se fosse assim o caminho todo...


Mas pra que ser fácil! Aqui é ROOTS! Tem que ter GALHARDIA pra subir essa porra toda! Não parece na foto, mas isso é íngreme pra dedéu.


Alguma dúvida do porque do nome "Estrada da Banana"? Sim, tudo isso aí verde na foto são bananeiras!

Horas subindo e entendendo na pele um tantinho do quanto Jesus sofreu na cruz, começa a decida! Quase dei um grito de alegria! Mas alegria de bobo dura pouco. A decida, íngreme demais e enlameada, era basicamente um convite ao suicídio se fosse descer aquilo tudo na bike. Até tentei, mas na primeira curva pensei que ia conhecer São Pedro de perto e ter como sepultura um pé de banana! Melhor deixar pra lá e ir no mais seguro, a pé (e mão no freio da bike, pq se bobeasse ela ia sozinha pirambeira abaixo...). E assim foi por boa parte do dia, as vezes dava pra pedalar uns metros qdo ficava mais plano e meio seco a estrada, mas no geral foi um empurra bike (mas com belas paisagens ao redor e com aquele ar cheiroso de interiorzão, pra deixar a carga menos sofrida)

Show ContentHell's Highway:

Boa parte do caminho tava nesse naipe aí


Tinha muitas dessas pontes pelo caminho, pelas minhas pesquisas parece que foram construídas durante o governo do Maluf, seria uma rodovia isso aí mas não virou e as pontes ficaram...


...porém, em cada ponte tinham paisagens estilo essa, na sua maioria.

E horas e horas nisso e pedalando as vezes pra quebrar a monotonia, já tava chegando ao fim da tarde e com mais atoleiros malditos pela frente eu já tava contemplando a ideia de parar em algum sítio abandonado pelo caminho (tinha alguns) e fazer meu pouso por lá. Mas, quebrado, com frio e todo sujo de lama, eu tava muito mais afim de um belo banho quente e uma caminha macia pra jogar a carcaça em cima. Já ia dar umas 5 da tarde quando eu dou de cara com o final da estrada!

Show ContentA town too far:

Aí acho que já tava começando a crescer barba, com 5 quilos a menos e já desenvolvendo o tal "olhar de mil jardas"

Chegando nessa encruzilhada pensei, que fazer? Faltavam uns 50 km pra Iguape, numa pista sem acostamento praticamente e já ficando escuro. Porém, a altimetria mostrava que grande parte do caminho era plano pra descida (com poucas subidas) e o banho quente me chamava com mais vontade do que uma mulher cheia de tesão. Sem falar que essa encruzilhada tinha um pessoal meio estranho, então voto vencido, botei a iluminação na bike, tirei o máximo de lama da bicicleta pra não moer ela, botei mais um casaco (já tava esfriando), fechei a cara e encarnei o Eddie Merckx rumo a Iguape.

Não sei daonde tirei disposição e força pra pedalar os próximos 50km, pois já tinha chego nessa encruzilhada bastante cansado. Acho que misturou o desafio e a adrenalina de fazer algo que nunca tinha feito, que era pedalar podre de cansado numa pista perigosa de noite. E assim fui indo, escurecendo cada vez mais, só mato ao redor, carros passando a menos de 1 metro de vc a mais de 100 por hora e muitas vezes só tendo o "nhec nhec" da corrente já seca pra quebrar a monotonia.

E lá pelas 9 da noite, chego em Iguape! Acho que nunca fiquei tão feliz ao ver uma placa de "bem vindo" de cidade quanto fiquei com aquela ali...

Show ContentMission Acomplished, porra:

Depois de uma parada dessas vc fica com a testosterona a mil. Acho que se passasse uma mulher perto nessa hora ela engravidava só com o cheiro do meu suor!

... e a primeira coisa que fiz foi chegar no posto que tinha logo na entrada da cidade, catar um litro e meio de água, virar quase tudo num gole só (já tava sem água a algumas horas) feito um ogro e depois de recomposto, perguntar pro dono do posto onde tinha uma pousada pra eu descansar (sorte que tinha uma quase do lado do posto). Chegando lá, faço meu check-in enquanto conto o que fiz no dia pro dono da pousada (é tão louco o qto todo mundo te olha quase como um super homem quando vc conta o q vc acabou de fazer) e aí que percebo o frio que tava e começo a tremer feito vara verde na frente do cara, haha (acho q também de emoção)

O cara, q tb era ciclista e devia ter sacado q eu tava quase sem energia, perguntou se eu gostava de feijoada e me falou pra esperar um pouco. 5 minutos depois, o cara me volta com uma bela feijoada que a esposa dele tinha acabado de fazer. Agradeci o presente feliz da vida e comi aquilo feito um peão de obra!

Já com a energia reposta, tomo um banho pra tirar a lama e o suor do corpo, descarrego a bike e vou puxar minha merecida soneca, feliz com a missão cumprida e pela minha capacidade de superar esse desafio espinhento.

Continuo no próximo post. Acho que amanhã consigo dar prosseguimento a isso aqui.

[Diamante]

- O bom dessas viagens estradeiras é que o cara conhece um pá de gente e paisagens bacanas. Desafios, entre outros. Principalmente em estradas secundárias.

- Essas cidades me lembram de várias que conheci entre os anos de 2010 a 2014 quando era mais viajante. Hoje em dia estou mais parado que o progresso do BR. Rs.

- No aguardo da continuação do Rally.

[Spectro]

Viagem mitica.
Queria ter tempo e ousadia para uma aventura dessas.
Bem arriscado essa parada, os bandidos levarem suas coisas.
Bom que deu tudo certo.
No aguardo dessa mitica viagem.

[Diamante]

- Lembro quando cheguei aqui em meados de 2015 que o Barão já vinha com esse projeto. Enfim, ele fez. Rs

[Astuto]

Muito bom, espero um dia conseguir fazer uma viajem dessas!

[Libertador]

Estou acompanhando o relato e gostando muito.

Aventuras como essas que dão gosto à vida. Quando ficarmos velhos e formos lembrar do que fizemos durante a vida, quase ninguém lembra saudosamente dos 25 anos trabalhando todo dia no mesmo emprego, chegando as 7 e voltando as 18 horas pra casa em um transito infernal, o que realmente marca a gente e nos faz lembrar com orgulho são aventuras malucas como essas.

No aguardo dos próximos capítulos e parabéns pela coragem! E que inspire mais realistas a se arriscarem e saírem das zonas de conforto. (Ouviu Diamante?  )

[Fernando_R1]

Muito bom confrade!
Deu quantos kms essa empreitada?

Com esses pneus descendo estrada de lama deve ter sido apavorante ...

Aguardando a parte 2

[Diamante]

Show ContentSpoiler:

Estou acompanhando o relato e gostando muito.

Aventuras como essas que dão gosto à vida. Quando ficarmos velhos e formos lembrar do que fizemos durante a vida, quase ninguém lembra saudosamente dos 25 anos trabalhando todo dia no mesmo emprego, chegando as 7 e voltando as 18 horas pra casa em um transito infernal, o que realmente marca a gente e nos faz lembrar com orgulho são aventuras malucas como essas.

No aguardo dos próximos capítulos e parabéns pela coragem! E que inspire mais realistas a se arriscarem e saírem das zonas de conforto. (Ouviu Diamante?  )

[barãozin]

Muito bom confrade!
Deu quantos kms essa empreitada?

Com esses pneus descendo estrada de lama deve ter sido apavorante ...

Aguardando a parte 2

Quase mil quilômetros, mais ou menos.

Entendi o significado de "cu na mão" naquela ladeira 

[barãozin]

Vamo prosseguir com isso então.

No terceiro dia foi apenas um descanso, porque eu tava quebrado por causa do dia anterior. E meu equipamento tinha mais lama que tudo. Então, pedi autorização pro dono da pousadinha pra usar a mangueira pra tirar a terra da bike e lavar minhas roupas q estavam todas sujas. Basicamente passei até o meio dia arrancando terra das minhas coisas, e ainda tive que correr atrás de sapatas de freios novas, pq a terra comeu as que eu tava usando. No mais, passei o dia passeando pra espairecer e mais de boa pq o próximo dia não teria subidas malucas, mas tudo bem planinho e seria uma pedalada bem gostosa.

Show ContentAssim que eu gosto, pedalando e relaxaaando:

Mais um centrinho raiz, cheio dos prédios históricos relativamente bem conservados


Toda cidadezinha raiz tem que ter sua imponente igreja matriz, no caso o Santuário Senhor Bom Jesus de Iguape


O pequeno Cristo Redentor que tem num dos morros que circulam a cidade


E além dessa ponte, meu objetivo para o outro dia!

[Rooster]

Esse esquema de andar feito um "mulambiker" é muito importante. Numa viagem como essa você está vulnerável, pois não tem muito como se defender caso queiram dar um "guento" na tua bike, celular, dinheiro, etc. De carro ou moto a gente ainda tem como dar fuga, mas de bicicleta a coisa complica. Parecer "dingão", pra não chamar muita atenção, é uma boa estratégia!

[barãozin]

4º dia, hora de ir. Um frio de lascar, um pouco macerado pelo 2º dia mas q se lasque! Bora!

Comecei a pedalar e não deu não, tive que meter casaco, blusa, touca, luvas, pq tava um frio de foder! Já tava perdendo a sensibilidade das mãos e pra puxar o freio era um sofrimento, pois como ele é de metal o bicho tava quase formando gelo... Já mais agasalhado, continuo pedalando até sair de Iguape e cair em Ilha Comprida, para uns 60km pedalando na areia da praia (tinha uma pistinha do lado da areia, mas que graça teria?)

Porém como o vento contra tava congelante, pedalei um tempo pela pistinha ao lado da praia pra não cair congelado na beira da praia e até pra curtir a paisagem, pois tinha umas casinhas bem bonitas no caminho e o cenário ao redor era bem bucólico, lá pelas 9 o sol veio de vez e já parti pra areia (quase me afundando num ribeirãozinho que dividia a pista da praia rs)

Show ContentSpoiler:

Na friaca de manhã e com essa cena na minha frente, pensei até que tava pedalando na Europa.


Basicamente, os próximos 40km seriam nessa paisagem deserta. O mar de um lado, e umas duninhas do outro. E umas casinhas abandonadas pelo caminho pra quebrar a monotonia.


É muito doido pedalar por quase uma hora sem ver nada vivo além de gaivotas. Parece que você tá naqueles filmes pós apocalípticos.


E pra melhorar o clima post-apoc, tinha um bocado dessas casas de veraneio abandonadas pelo caminho. A vontade que dava era de "desapropriar" uma dessas e pegar pra mim. Deve ser uma delícia morra num trem desses.


Mais uma abandonada, pena que alguns caras que devem acampar nelas estragam a casa toda e deixam tudo zuado dentro. Talvez um dia eu encarne o Mad Max, faça esse caminho a pé e até durma numa delas. Se achar água potável em alguma das casas abandonadas periga até eu ficar uns dias pra me desligar do mundo

A pedalada tava boa, mesmo que um pouquinho pesada pras pernas devido ao próprio peso da bike e os pneus finos que afundavam na areia se eu não mantivesse uma certa velocidade. Mas tava muito gostoso. Pouca presença humana, o mar quebrando a menos de 10 metros de você, o clima que eu mais gosto que é aquele solzinho em dia frio... Tava bão demais e a vontade que dava era parar a bike em alguma das casinhas abandonadas e ficar por lá msm.

Show ContentSpoiler:

Hora do almoço e convenientemente achei essa palhocinha pra ser meu pouso.


Melhor cama que essa não há.


Os cãofrades querendo um pedaço do meu almoço.

Depois de comer algo, continuei logo pra poder encerrar o dia em Cananéia pra descansar bem pro próximo dia (infelizmente não parei lá porque eu não queria ficar muito apertado no meu planejamento...), então mais um pouco já tinha terminado a parte de areia e catei uma pistinha miserável com areia fofa até a balsa que fazia a ligação Ilha Comprida-Cananéia, com direito até a uma corrida maluca pra chegar a tempo na balsa que tava saindo (ainda bem que os caras me esperaram).

Show ContentSpoiler:

Adeus, Ilha Comprida


Aportando em Cananéia


Como cheguei era nem 1 da tarde, tava dando uma descansada na praça e caçando alguma pousada pra ficar


O bonito Beira Mar de Cananéia. Uma pena que não pude ficar mais. Talvez no futuro eu faça o Circuito Lagamar e como ele não é tão comprido assim, faça ele com bastante calma e até fique um ou dois dias em cada cidade, pra poder passear mais. Dica aí pra quem quiser um roteiro interessante e pouco explorado.

Como terminei o dia cedo, basicamente cacei uma pousadinha (consegui uma bem bacana por 40 reais!), me instalei lá, fui até um posto de gasolina pedir pro cara deixar eu bater uma água na bike pra tirar a areia que tava comendo ela - o frentista mt bacana liberou de pronto - e fui comprar umas coisas pra comer e aproveitando pra dar uma volta rápida na cidade. Pra comemorar eu resolvi tomar uma latinha de cerveja e descobri que quando se faz esforços pesados por tempo prolongado basicamente vc perde toda a resistência ao álcool e uma simples lata de cerveja já te deixa meio doidão.

Dia encerrado, fui dormir cedo pq o dia ia começar lá pelas 5 da manhã. Queria pegar estrada o quanto antes porque no dia seguinte ia partir pra Estrada do Mandira (uns 50km de estrada de terra) e o plano era encarar a temida Trilha do Telégrafo, que corta a mata Atlântica na divisa entre SP e PR, então meu planejamento já era dormir no Paraná no dia seguinte.

Continuo na próxima postagem.

[barãozin]

Esse esquema de andar feito um "mulambiker" é muito importante. Numa viagem como essa você está vulnerável, pois não tem muito como se defender caso queiram dar um "guento" na tua bike, celular, dinheiro, etc. De carro ou moto a gente ainda tem como dar fuga, mas de bicicleta a coisa complica. Parecer "dingão", pra não chamar muita atenção, é uma boa estratégia!

Se é. Esses sacos de ráfia fazendo a vez de alforge e a bicicleta relativamente simples espantam qualquer pretendente a bandido que queira encher o saco.

(e o facão tava entocado com fácil acesso no caso de emergência)

[Spectro]

Como voce fez esse planejamento previo? Teve algum tipo de estudo antes? Se baseou em alguem que seguiu esse roteiro?

[barãozin]

Então, foi basicamente uns 2 anos de planejamento (não precisava disso tudo, claro, mas era o tempo que eu tinha pra fazer mesmo). Basicamente segui um plano: fazer uma viagem de bike longa. Primeiro, li bastante relato de caras que tinham feito viagens de bike, especialmente o Antigão, que foi uma das minhas maiores inspirações pra isso e andou basicamente metade do caminho que eu pretendia fazer. Tb fui lendo sobre acampamento, o equipamento que outros caras levavam pra viajar (tanto brasileiro qto gringo) e testando também algumas coisas. 

Por fim, uns meses antes eu fiquei mais no google maps estudando o caminho, especialmente a parte de São Paulo e o trecho do Paraná, que iam ser muita parte por estrada de terra. E aí fui caçando relatos de caras que já tinham ido antes pelo Wikiloc e pelos blogs de cicloturismo, jipeiros, etc.

E claro, tb deixei o planejamento aberto e com outras rotas como foi o caso da próxima parte e do trechinho entre o Paraná e SC, em que pretendia fazer um trajeto totalmente diferente mas optei por outro por causa da lama e no fim ficou muito legal tb.

A parte física eu já tava acostumado a andar uns 40km por dia de bicicleta, então não seria nenhuma novidade passar muito tempo pedalando. E claro, se eu ficasse quebrado demais eu pararia no caminho e descansaria (o que fiz algumas vezes, afinal é férias e não competição, se tivesse com pressa ia de ônibus).

[Legiao]

Então, foi basicamente uns 2 anos de planejamento (não precisava disso tudo, claro, mas era o tempo que eu tinha pra fazer mesmo). Basicamente segui um plano: fazer uma viagem de bike longa. Primeiro, li bastante relato de caras que tinham feito viagens de bike, especialmente o Antigão, que foi uma das minhas maiores inspirações pra isso e andou basicamente metade do caminho que eu pretendia fazer. Tb fui lendo sobre acampamento, o equipamento que outros caras levavam pra viajar (tanto brasileiro qto gringo) e testando também algumas coisas. 

Por fim, uns meses antes eu fiquei mais no google maps estudando o caminho, especialmente a parte de São Paulo e o trecho do Paraná, que iam ser muita parte por estrada de terra. E aí fui caçando relatos de caras que já tinham ido antes pelo Wikiloc e pelos blogs de cicloturismo, jipeiros, etc.

E claro, tb deixei o planejamento aberto e com outras rotas como foi o caso da próxima parte e do trechinho entre o Paraná e SC, em que pretendia fazer um trajeto totalmente diferente mas optei por outro por causa da lama e no fim ficou muito legal tb.

A parte física eu já tava acostumado a andar uns 40km por dia de bicicleta, então não seria nenhuma novidade passar muito tempo pedalando. E claro, se eu ficasse quebrado demais eu pararia no caminho e descansaria (o que fiz algumas vezes, afinal é férias e não competição, se tivesse com pressa ia de ônibus).

Parabéns Barão. Eu mesmo recentemente passei a fazer trilha e rapel,tipo de atividade que nunca me despertou nenhuma atenção maior. Sempre malhando dentro de academia fechada. Buscar coisas novas para nossas vidas faz toda diferença!

[BillPaiva]

Li tudo como se fosse um livro, e o desejo de começar sair mais de casa e fazer algo diferente e gigante, hoje nao tenho muito tempo livre e o que tenho acabo ficando em casa. Este tipo de relato e motivador para nos fazer refletir sobre nossas vidas. 

Aguardando ansiosamente os próximos capítulos