• Início
  • Portal
  • Pesquisar
  • Membros
  • Novas Respostas
  • Respostas de Hoje
  • Painel de Controle
  • Ajuda
Olá visitante!  Entrar   Registrar-se
Login
Nome de usuário
Senha: Senha Perdida?
 
Fórum do Búfalo Mulheres/Feminazismo/Relacionamentos Geralzão da Real Antropologia da Vagina.
  • 0 votos - 0 Média
  • 1
  • 2
  • 3
  • 4
  • 5
Modos de Tópico
Antropologia da Vagina.
Offline AKRAME
Real Fásica
***
Mensagens: 867
Tópicos: 51
Curtido: 2 vezes em 2 posts
Posts que curtiu: 0
Registrado: Sep 2013
#1
17-11-2013, 02:04 PM
A teoria antropológica da vagina

O título acima faz referência a um dos livros de Esther Vilar, escritora de dupla cidadania, filha de argentinos, nascida em 1935, em Buenos Aires, tendo como nome de família Esther Margareta Katzen. Ela casou-se com um médico alemão, do qual se separou e com ele mesmo voltou a casar.
Vilar andou pelo mundo. Foi vendedora, operária, balconista, tradutora, secretária, formou-se médica e tornou-se (ufa!) escritora, isso num tempo em que a mulher era escrava, pelo menos segundo a conversa mole oficial.
Cansada do “papo furado” na divisão e usufruto dos chamados papéis sociais, que sempre colocaram a mulher na condição de vítima, Vilar preferiu rasgar o verbo e colocar a nu o jogo de cena.

A respeito do livro Sexo Polígamo as resenhas apareceram em Paris, Hamburgo, Londres, Nova York. Mas a que estampou a revista Der Abend, de Berlim, foi dura: “Com o seu best-seller, Esther Vilar mandou para o matadouro a mais sagrada das vacas”.

A versão original do livro saiu com o título Das polygame geschlecht, das recht des mannes auf zwei frauen, Munique, 1974.

Jornalista, seres supercompensados

A primeira pergunta que precisa ser respondida quando se lê um livro desse molde é se os seus termos se aplicam em alguma medida à vida presente. Valerá a pena expor ao leitor um catatau de linhas apenas para realçar a beleza de um raciocínio vanguardista mas já perdido e sem significado?

Lidos e relidos, os livros de Esther Vilar ainda são um soco na boca do estômago mental disso que chamamos mundo moderno.

Até mesmo nosso noticiário de televisão é de um atraso mental desesperador.

Esther Vilar transmite a impressão de ter viajado no tempo e acompanhado o noticiário e programas sobre violência da televisão brasileira nos dias de hoje, só faltou arriscar o nome de algum desses apresentadores tipo “deita-nos a imagem que eu chuto do estúdio”.

Jornalistas, diz ela, são seres que tentam "supercompensar" o sentimento de culpa diante das pobres e frágeis mulheres.

O diálogo impossível
Os livros de Esther Vilar começam sempre com um pequeno trecho de uma cena como num roteiro de cinema.
No livro Sexo Polígamo, a primeira cena é simples e direta:

Cenário:
Sol, mar, praia deserta, um homem, uma mulher.
Diálogo:
Homem: o que você tem, querida? Está tão quieta...
Mulher: Nada
Homem: Diz logo...
Mulher: Não sei se você vai compreender...
Homem: Compreender o quê?
Mulher: Quero deixar você
Homem: Tens outro?
Mulher: Sim
Homem: Tem certeza de que o ama?
Mulher: Não posso mais viver sem ele...
Homem: (abraçando-a) Que maravilhoso...
Mulher: Como?
Homem: Eu disse maravilhoso, fica com ele.
Mulher: Você fica alegre?
Homem: Por que não haveria de ficar feliz?
Mulher: Não me amas mais?
Homem: Eu te amo e quero que sejas feliz. Esperava outra coisa?

O diálogo acima é mais do que improvável. Nosso conceito de amar é tomar posse, reter, prender, chega-se a matar em nome de um sentimento vendido no mercado romântico como sublime.

Vilar começa o “Sexo polígamo” com uma série de perguntas, chegando ao auge na página 9, onde questiona: “Como é possível que ainda existam tantos desentendimentos a respeito de um fenômeno que quase todo homem adulto já experimentou, pelo menos uma vez na vida, que várias gerações de psicanalistas já pesquisaram a fundo e que tem sido o tema preferido de escritores, compositores e artistas? Que é o amor?”

Amor ao próximo mata o tesão

Três rotas de ação movem as linhas de força daquilo que chamamos amor, diz Vilar. Autoconservação, o cuidado de alguém consigo mesmo, reprodução e proteção à cria. Os dois últimos são, sempre, desferidos em direção ao meio social, resultando desse bem-bolado parceiros sexuais e objetos de proteção. A mulher e os filhos são facilmente apresentados em qualquer pedido de paternidade como “objetos de proteção”.

Os intertítulos a seguir são os pontos que Esther Vilar cobre ao longo do primeiro capítulo: O que é um objeto de proteção? Amor ao próximo. Que é um parceiro sexual? Amor de conveniência. Todos os impulsos são manipuláveis. E fecha o tomo com uma pequena e sugestiva indicação: “Quando o amor entre um homem e uma mulher tiver sido alterado, sendo transformado em amor ao próximo, algo ou alguém deve ter ferido artificialmente um princípio intacto da natureza. Quem teria o poder de realizá-la? (ou seja, de manipular o sentimento de amor de um pelo outro para tirar proveito desse amor em nome de algo exterior ao relacionamento).

Artimanha, atrair impulsos

Vilar então mergulha em Amor e poder, título do segundo capítulo. Está lá, na página 25: “Quem (numa relação) souber colocar-se sempre na posição inicial mais favorável – e conseguir atrair os impulsos sociais da parte contrária sem comprometer-se – será o parceiro dominador”.

Segue-se uma sequência de argumentos em torno da existência ou da ausência de força como instrumento de obtenção de poder.

Fica esclarecido, assim, que a violência masculina tem um contexto, que não é justificada nem enaltecida, ao contrário, Vilar condena qualquer ação violenta num relacionamento.

Esther Vilar dá andamento à narrativa cobrindo o primeiro deles: “o poder do mais fraco”. Em resumo, a mulher se torna uma “mulher fictícia” para fazer crer ao parceiro que ela é frágil e tola, carente de proteção. “Tudo dependerá de exagerar, tanto quanto possível, a diferença de forças já existente entre protetor e protegido”.

Homem ama quando sente-se aceito

Parece pouco mas é bom parar e pensar enquanto acompanhamos o livro. Esse fenômeno, o apaixonamento masculino, ocorre num momento de extrema fragilização do homem, por que é ele que se expõe para empreender a conquista. E de cara já temos um problemão: para amar, o homem precisa sentir-se aceito. Para amar, a mulher precisa sentir-se conquistada, arrebatada, encantada.

Parodiando Carl Sagan, é o caminho perfeito para uma desgraça.

O tópico seguinte aprofunda o primeiro, chama-se o “poder do mais tolo”.

O trecho, a seguir, está na página 30: “o ponto mais alto da luta feminina pelo instinto masculino de proteção à cria é, todavia, sua inferioridade intelectual. A diferença de forças somente seria insuficiente para transformar uma mulher em objeto de proteção de um determinado homem. Apesar de todos os esforços, ao confrontar-se com ele, não pareceria mais necessitada de proteção do que um chinês ao lado de um sueco – o que não é suficiente para conceder a um adulto o gozo dos privilégios de uma criança”.

O trecho a seguir, já na página 31, deveria fazer pensar aqueles que já têm pronto o argumento de que Esther Vilar falava de um passado que não voltará nunca mais.

Mulher serve ao exército?

Depois de lembrar que nas sociedades antigas o trabalho exigia muito esforço físico, fator que teria tornado o homem mais inteligente, por se ver obrigado a lidar com a sobrevivência em termos práticos, Vilar diz: “Nos países industrializados estão reduzidos ao mínimo os trabalhos que ainda exigem esforço físico e que seriam demasiado pesados para a mulher.

A gravidez pode ser evitada, a família tornou-se muito pequena (atenção, Vilar escreveu isso em 1971) em outras palavras, hoje em dia qualquer mulher poderá sustentar sua família como o homem o faz, e pela competição com outros encarregados do sustento do lar, tornar-se tão capaz como exige a igualdade entre os sexos. As gravidezes também não seriam justificativa suficiente para poupar a mulher do serviço militar”.

Não existe mulher burra

Vilar diz que as feministas se enganaram ao julgar as demais mulheres ingênuas. “Apesar dos velhos tempos já terem passado, o monopólio do busto e da vagina permite à mulher a escolha de seu próprio nível intelectual. A mulher é tola porque quer, o homem é inteligente porque precisa” (página 33, 2º parágrafo).

Homens e mulheres podem odiar a ideia de que tudo o que aprenderam com pai e mãe pode e deve ser algo a ser paulatinamente descartado, por que fruto dos inevitáveis primeiros enganos da vida. Sócrates, o filósofo, dizia a seus alunos e interpeladores que aprender era desaprender (o que se aprendeu com os pais).

Homens são manipulados a vida toda

Os seguintes tópicos dão sequência ao livro O Sexo polígamo: “o par ideal”, que diz com todas as letras que a noção de casal com um homem perfeito é uma invenção feminina, “a adoção”, que estabelece um conceito de falsidade na relação que o homem tem com qualquer mulher, à medida que se vê obrigado a “adotar” uma mulher que acaba sendo “uma mulher imaginária, meio objeto de proteção, meio parceiro sexual, meio criança, meio mulher”. Tudo isso para ter direito a sexo, nada mais.

Os tópicos seguintes são: “o poder do mais frio”, “os pais não têm autoridade”, “a fraqueza do amante”, “o sexo mais fraco e o sexo mais forte”, onde sobram lascas e espetadas na igreja e nos cultos sacralizadores do sexo feminino, em Karl Marx e Lenin, os quais encerram o capítulo 2.

Adiante, entramos, a partir da página 55, capítulo 3, na “síndrome paterna”, como se forma, como transita entre ações de adoção e ambiguidades incestuosas (“o homem que possui uma mulher infantil sabe que algo está errado, mas não identificará facilmente a falha”) para desembocar, então, nas “causas da poligamia masculina”, razão de ser do livro, é válido lembrar a esta altura, que o nome do livro ficou dito e explícito linhas atrás, mas a paciência do querido leitor não sei onde andará na ocasião.

Mulher postiça, poligamia autorizada

Um homem que se vê obrigado a viver com uma mulher postiça terá sempre ímpetos de procurar uma amante. Encontrada a amante, esta também manobra para ser protegida, vira filha. E lá vai o homem em busca de nova amante, o ciclo nunca se fecha.

Na página 65, Esther Vilar dá uma pequena aula sobre os vários tipos de poligamia, com até mesmo uma breve noção de sexo virtual, acreditem: “A poligamia simultânea é a verdadeira poligamia: o homem possui várias mulheres e deseja guardá-las todas. Poligamia sucessiva é a poligamia temporária; o homem possui duas mulheres, mas espera poder livrar-se de uma delas. Poligamia esporádica é a poligamia eventual. Poligamia simbólica é a satisfação do instinto sexual, com ausência de parceiro. O homem que se encontrar em boa situação econômica escolherá a poligamia simultânea ou a sucessiva, pois geralmente não dá valor à poligamia esporádica, nem a simbólica”.

Qual é a importância da poligamia? Já deveria ser óbvio a esta altura, é a forma de o homem manter sua saúde mental, pois são as relações poligâmicas que deixam claros os contrastes de sentimentos e desejos, nem sempre de modo muito consciente, o que faz do homem um elaborador de mentiras a título de explicação (nos casos em que é flagrado, aliás, há uma música de Ed Motta que diz, “uma mulher nunca se deixa apanhar (flagrar), só quando quer”).

Damos um pulo e vamos para às últimas páginas do livro, 133, 2º parágrafo. Aqui temos um libelo: “As mulheres levam à confusão os sentimentos dos homens: parecem adultas e comportam-se como crianças, exigem paixão e se conservam frias, falam em carinho e buscam proteção. Aniquilam o amor de ambos...” finalmente, na página 134, fechamos o livro com as últimas linhas: “Enquanto as mulheres continuarem a imitar crianças, enquanto se deixarem proteger sem que tenham motivos para isso, os homens continuarão a ter direito a várias mulheres... As verdadeiras vítimas de sua poligamia, como já foi dito, são, aliás, eles mesmos”.

Resulta da leitura dos textos de Esther Vilar a noção de que o amor sempre foi um produto elaborado, o que não está muito longe da verdade. Alguns, os apressados de sempre, dirão que a culpa é do mercado, da modernidade eletrônica, da nossa herança machista, do excesso ou da falta de religião, enfim aquele ramerrão rastaquera que não desce dois milímetros abaixo da superfície.

Lucas Echimenco.
[+]
  •
Procurar
Responder
Offline Mishkin
doubleplusgood
**
Mensagens: 180
Tópicos: 6
Curtido: 0 vezes em 0 posts
Posts que curtiu: 0
Registrado: Jun 2013
#2
17-11-2013, 03:11 PM
Não sabia que Villar tinha outros livros.

Até hoje a noite estarei postando um versão em pdf pros confrades.
[+]
  •
Procurar
Responder
Offline Mishkin
doubleplusgood
**
Mensagens: 180
Tópicos: 6
Curtido: 0 vezes em 0 posts
Posts que curtiu: 0
Registrado: Jun 2013
#3
17-11-2013, 05:32 PM
Eis o livro:
https://drive.google.com/file/d/0BwGfomw...sp=sharing
[+]
  •
Procurar
Responder
Offline Rider
Geopolítico da Real
***
Mensagens: 1,085
Tópicos: 19
Curtido: 6 vezes em 6 posts
Posts que curtiu: 0
Registrado: Apr 2012
#4
17-11-2013, 07:23 PM
Pra quem quise também achei a versão scanneada do origianal em pdf.

http://www.4shared.com/office/jpxKFeIh/E...olgamo.htm
[+]
  •
Procurar
Responder
Offline cabraman
Veterano
***
Mensagens: 5,488
Tópicos: 118
Curtido: 36 vezes em 32 posts
Posts que curtiu: 2
Registrado: Aug 2013
#5
17-11-2013, 07:53 PM
Quando ela diz que não existe mulher burra, ela tem razão?
[+]
  •
Procurar
Responder
Offline Tiago Sorine
Beta Esclarecido
***
Mensagens: 4,860
Tópicos: 84
Curtido: 22 vezes em 16 posts
Posts que curtiu: 0
Registrado: Jul 2012
#6
17-11-2013, 07:54 PM
Essa Esther Vilar é foda!!
[+]
  •
Procurar
Responder


Possíveis Tópicos Relacionados...
Tópico: Autor Respostas: Visualizações: Última Mensagem
  Mulher que nasceu sem vagina busca um homem de caráter Harry Balls 26 14,230 12-05-2014, 01:38 AM
Última Mensagem: Bob
  [Relato pessoal nº 01] - O poder da vagina Sargento 20 27,243 17-11-2013, 01:58 PM
Última Mensagem: cabraman

Facebook   Twitter  


usuários a ver este tópico:
1 Visitante(s)

  •  
  • Voltar ao Topo  
  • Modo Leve (Arquivo)  
Theme © 2014 iAndrew
Suportado Por MyBB, © 2002-2025 MyBB Group.
Modo Linear
Modo listagem
Ver Vista de Impressão
Subscrever este tópico
Adicionar Pesquisa para esse tópico
Enviar tópico para um amigo