04-05-2015, 06:59 PM
Somente o Ócio Não Basta — para o homem de intelecto, é preciso um excedente de força
Nossa vida prática, real, quando as paixões não a agitam, é tediosa e monótona; quando a agitam, torna-se dolorosa. Por isso só são felizes aqueles que houverem recebido como patrimônio uma soma de inteligência que excede a medida que o serviço de sua vontade reclama. Porque assim podem levar, além de sua vida efetiva, uma vida intelectual que os ocupa e diverte sem dor, podendo mantê-la vivaz e atarefada. O simples ócio, isto é, a inteligência desocupada a serviço da vontade, não basta; é preciso um excedente de força, pois apenas isso nos torna aptos para uma ocupação puramente espiritual que não esteja a serviço da vontade. Pelo contrário, "o ócio sem os estudos é morte e sepultura do homem vivo". (Sêneca, Epistulae, 82)]. Na medida desse excedente, a vida intelectual que existe ao lado da vida real apresentaria inumeráveis gradações, desde os trabalhos do colecionador que descreve os insetos, os pássaros, os minerais, as moedas, até as mais elevadas produções da poesia e da filosofia. Uma vida intelectual como esta protege não só contra o tédio, mas também contra suas perniciosas consequências. Resguarda, com efeito, contra as más companhias e contra os numerosos perigos, as desgraças, as perdições e as extravagâncias a que se está exposto ao buscar sua felicidade apenas no mundo externo. Quanto a mim, por exemplo, minha filosofia nunca me faz ganhar nada, mas me poupou de muitas perdas.
FONTE:
https://www.facebook.com/pages/Arthur-Sc...9147746227
Arthur Schopenhauer
Nossa vida prática, real, quando as paixões não a agitam, é tediosa e monótona; quando a agitam, torna-se dolorosa. Por isso só são felizes aqueles que houverem recebido como patrimônio uma soma de inteligência que excede a medida que o serviço de sua vontade reclama. Porque assim podem levar, além de sua vida efetiva, uma vida intelectual que os ocupa e diverte sem dor, podendo mantê-la vivaz e atarefada. O simples ócio, isto é, a inteligência desocupada a serviço da vontade, não basta; é preciso um excedente de força, pois apenas isso nos torna aptos para uma ocupação puramente espiritual que não esteja a serviço da vontade. Pelo contrário, "o ócio sem os estudos é morte e sepultura do homem vivo". (Sêneca, Epistulae, 82)]. Na medida desse excedente, a vida intelectual que existe ao lado da vida real apresentaria inumeráveis gradações, desde os trabalhos do colecionador que descreve os insetos, os pássaros, os minerais, as moedas, até as mais elevadas produções da poesia e da filosofia. Uma vida intelectual como esta protege não só contra o tédio, mas também contra suas perniciosas consequências. Resguarda, com efeito, contra as más companhias e contra os numerosos perigos, as desgraças, as perdições e as extravagâncias a que se está exposto ao buscar sua felicidade apenas no mundo externo. Quanto a mim, por exemplo, minha filosofia nunca me faz ganhar nada, mas me poupou de muitas perdas.
FONTE:
https://www.facebook.com/pages/Arthur-Sc...9147746227
Arthur Schopenhauer