13-09-2013, 09:16 AM
A atriz e professora de história Danielle Anatólio comenta a polêmica envolvendo a música Trepadeira, do rapper paulistano Emicida
Por Danielle Anatólio, do Blogueiras Negras
Assim como o RACISTA se justifica dizendo: ”eu peço desculpas, foi apenas um comentário infeliz” (Fala de Micheline Borges) o MACHISTA se explica dizendo ”é apenas uma música, é ficção e poesia” (Fala de Emicida ao justificar a música Trepadeira).
Micheline é uma jornalista que disse: ”Me perdoem se for preconceito, mas essas médicas cubanas têm uma cara de empregada doméstica” e Emicida é um rapper, eu disse rapper, que fez uma música cheia de violência contra a mulher negra: “essa nega é trepadeira, devia era levar uma surra de espada de São Jorge’’
Ambos se justificaram pelos atos de racismo e machismo que cometaram, mas aqui neste texto quero me ater ao segundo caso, o de Emicida.
Poesia? Música? Arte??? Não há poesia, teatro, música, dança ou arte alguma que justifique o preconceito e violência contra o outro. Eu, em meus trabalhos artísticos, tenho enorme cuidado e respeito no que proponho, faço, penso e represento, isso porque estou fazendo também para o outro e porque sei que naquele momento, em cena, eu sou referência.
Uma letra que diz ”Dei todo amor, tratei como flor, mas no fim era uma trepadeira. Mamãe olhou e me disse: isso aí é igual trevo de três folhas, quer comer, come, mas não dá sorte. Devia era levar uma surra de espada de São Jorge” para mim é, sim, violenta, agressiva, desrespeitosa para com a mulher, especialmente porque nesta letra, segundo as característica que o músico expressa, é uma mulher negra.
Outro dia na escola em que trabalho uma aluna apanhou dos colegas (meninas e meninos) por que foi taxada e considerada “TREPADEIRA”. Isso por que ela teve maturidade e independência ao assumir que transou com um rapaz e depois não quis continuar a relação com ele, iniciando nova relação com outra pessoa.
Música como esta de Emicida só contribui para este tipo de mentalidade e desvalorização da mulher. Ela é tão machista quanto algumas de Zeca Pagodinho, por exemplo, Faixa Amarela: ” Eu quero presentear a minha linda donzela, não é prata nem é outro, é uma coisa bem singela. Mas se ela vacilar, vou dar um castigo nela, Vou lhe dar uma banda de frente, Quebrar cinco dentes e quatro costelas’’ e tão racista quanto a música de Tiririca: “Essa nega fede, fede de lascar. Bicha fedorenta, fede mais que gambá”.
Fonte: http://revistaforum.com.br/blog/2013/09/...masculino/
Por Danielle Anatólio, do Blogueiras Negras
Assim como o RACISTA se justifica dizendo: ”eu peço desculpas, foi apenas um comentário infeliz” (Fala de Micheline Borges) o MACHISTA se explica dizendo ”é apenas uma música, é ficção e poesia” (Fala de Emicida ao justificar a música Trepadeira).
Micheline é uma jornalista que disse: ”Me perdoem se for preconceito, mas essas médicas cubanas têm uma cara de empregada doméstica” e Emicida é um rapper, eu disse rapper, que fez uma música cheia de violência contra a mulher negra: “essa nega é trepadeira, devia era levar uma surra de espada de São Jorge’’
Ambos se justificaram pelos atos de racismo e machismo que cometaram, mas aqui neste texto quero me ater ao segundo caso, o de Emicida.
Poesia? Música? Arte??? Não há poesia, teatro, música, dança ou arte alguma que justifique o preconceito e violência contra o outro. Eu, em meus trabalhos artísticos, tenho enorme cuidado e respeito no que proponho, faço, penso e represento, isso porque estou fazendo também para o outro e porque sei que naquele momento, em cena, eu sou referência.
Uma letra que diz ”Dei todo amor, tratei como flor, mas no fim era uma trepadeira. Mamãe olhou e me disse: isso aí é igual trevo de três folhas, quer comer, come, mas não dá sorte. Devia era levar uma surra de espada de São Jorge” para mim é, sim, violenta, agressiva, desrespeitosa para com a mulher, especialmente porque nesta letra, segundo as característica que o músico expressa, é uma mulher negra.
Outro dia na escola em que trabalho uma aluna apanhou dos colegas (meninas e meninos) por que foi taxada e considerada “TREPADEIRA”. Isso por que ela teve maturidade e independência ao assumir que transou com um rapaz e depois não quis continuar a relação com ele, iniciando nova relação com outra pessoa.
Música como esta de Emicida só contribui para este tipo de mentalidade e desvalorização da mulher. Ela é tão machista quanto algumas de Zeca Pagodinho, por exemplo, Faixa Amarela: ” Eu quero presentear a minha linda donzela, não é prata nem é outro, é uma coisa bem singela. Mas se ela vacilar, vou dar um castigo nela, Vou lhe dar uma banda de frente, Quebrar cinco dentes e quatro costelas’’ e tão racista quanto a música de Tiririca: “Essa nega fede, fede de lascar. Bicha fedorenta, fede mais que gambá”.
Fonte: http://revistaforum.com.br/blog/2013/09/...masculino/