04-06-2013, 10:45 PM
Algumas feministas mais jovens estão rejeitando o cavalheirismo e execram os favores masculinos. Será?!
Fazer favores para uma mulher é errado? Então nós da Real estamos certos? Somos feministas?
Afff... :
Eis o texto:
Simpático à causa feminazi, Barack Obama, viveu seu dia de “brucutu” há algumas semanas. Seu pecado: elogiar uma mulher. Na posse da nova procuradora-geral, Kamala Harris, Obama não resistiu e soltou o galanteio: “É, de longe, a mais bela procuradora-geral”.
Harris sorriu, lisonjeada, mas o presidente virou alvo das feministas. Pasmem, senhores, mas o cavalheirismo deixou de ser unanimidade.
O homem gentil é gentil com homens e mulheres, e o cavalheiro, apenas com as mulheres. Obama seria capaz de fazer a mesura se fosse um procurador bonitão? Eis a questão.
O termo machismo ou sexismo benevolente foi utilizado pela primeira vez em 1996 pela dupla de psicólogos norte-americanos Peter Glick e Susan Fiske, mas voltou à baila nos últimos anos a partir de novos estudos dedicados inteiramente ao tema em vários países. Em dois dos trabalhos mais conhecidos, a pesquisadora alemã Julia Becker, da Universidade de Marburg, e sua colega Janet Swim, da Universidade da Pensilvânia, tentam demonstrar como ações masculinas à primeira vista inofensivas, como abrir portas, carregar sacolas ou pagar a conta no restaurante, podem esconder a noção subliminar da mulher fraca e incapaz.
Obviamente, a reação mais feroz partiu dos homens. Artigos com títulos como “As feministas querem matar o cavalheirismo” pipocaram na internet em diversos idiomas. Até mulheres fizeram o contraponto e apontaram certo exagero na teoria. Neste caso, tratou-se de uma crítica conectada ao conservadorismo.
Qual é exatamente a linha a não ser cruzada? Por que o outrora simpático cavalheirismo seria, no fundo, prejudicial às mulheres? No Brasil, uma das vozes de destaque na oposição ferrenha às mesuras masculinas é a da psicanalista Regina Navarro Lins, autora de artigos ácidos contra um suposto excesso de rapapés dos homens no momento de fazer a corte. No recente “O cavalheirismo é nocivo às mulheres”, Navarro Lins questiona: “Que tipo de homem deseja proteger uma mulher? Certamente, não seria um que a vê como uma igual, que a encara como um par. Mas aquele que se sente superior a ela”.
Pode até soar absurdo para os homens, mas o discurso da psicanalista ecoa entre jovens mulheres interessadas em temas feministas. “O cavalheirismo é uma forma de submissão mais eficaz encontrada pelo patriarcado machista. Funciona melhor que o machismo literal. O sexismo benevolente é muito mais sutil e cotidiano”, dispara Bianca Andrade, estudante de Psicologia de 22 anos, moradora de Natal, Rio Grande do Norte. “Para que abrir uma porta que eu sou capaz de abrir sozinha? É um romantismo falso, relacionado à ideia de que a mulher necessita de um homem para sobreviver.”
“De que adianta ajudar com as compras, se não ajuda a lavar a louça? Abrir a porta, mas não fazer a faxina?”, provoca a socióloga Tica Moreno, 29 anos, integrante da Marcha Mundial de Mulheres. Para o movimento, o cavalheiro seria a outra face do agressor, assim como seria uma forma disfarçada de machismo. “Ser cavalheiro não significa que o cara será gente boa, mesmo porque o cavalheirismo acontece no espaço público e a violência, no privado.”
A psicóloga alemã Julia Becker reforça a controversa ideia de que o cavalheiro, como o médico e o monstro, pode esconder com amabilidades um alter ego tenebroso. “Homens que endossam o sexismo hostil também podem endossar o benevolente. Se uma mulher decide confrontar o machismo, ela provavelmente está sujeita a experimentar o hostil”, defende. Becker enumera outros insuspeitos efeitos adversos do cavalheirismo: prejudica a performance cognitiva feminina, faz a mulher esperar pelo príncipe encantado em vez de perseguir os próprios objetivos, aumenta a crença de que a sociedade é justa, desmotiva as mulheres a se engajar em ações pela igualdade entre gêneros.
“O principal problema do machismo benevolente é que as mulheres são tratadas como criaturas maravilhosas, mas também como incompetentes”, explica a psicóloga. Ela refuta com veemência as acusações de que o feminazismo pretenda matar o cavalheirismo. “Esses argumentos também são machistas. O romance sem cavalheirismo, que subordina as mulheres ao homem, pode levar a um relacionamento muito mais satisfatório.” Pergunto se seu marido não reclama de ela rejeitar o tratamento cavalheiro, e ela responde: “Atualmente, meu marido fica em casa, cuidando das crianças, enquanto eu trabalho”.
No cotidiano das relações amorosas, o ato mais execrado pelas feministas é quando os parceiros sacam a carteira para pagar a conta do restaurante após um jantar romântico, em vez de rachar a despesa. Oferecer-se para pagar a conta embutiria certa sensação de superioridade por parte do homem. E a atitude aparentemente inocente exporia o fato incômodo e persistente de que as mulheres ganham menos, inclusive quando ocupam as mesmas posições no trabalho.
“Já tive brigas enormes na hora que vem a conta. Para começar, o garçom entrega direto para o homem”, diz Carol Peters, 21 anos, estudante de Letras da USP e integrante do setorial de mulheres do PSOL. [b]“Os homens não entendem por que é importante para a mulher pagar a conta. Se um dia eles pagam, tudo bem, mas quando a gente quer devolver a gentileza, não aceitam. Parece mexer com a virilidade deles. Aliás, essa noção de que o homem tem de ser viril não é positiva. Deve ser desconstruída também.”[/b]
Texto completo em:
http://www.cartacapital.com.br/sociedade...-2802.html
Fazer favores para uma mulher é errado? Então nós da Real estamos certos? Somos feministas?
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Eis o texto:
Simpático à causa feminazi, Barack Obama, viveu seu dia de “brucutu” há algumas semanas. Seu pecado: elogiar uma mulher. Na posse da nova procuradora-geral, Kamala Harris, Obama não resistiu e soltou o galanteio: “É, de longe, a mais bela procuradora-geral”.
Harris sorriu, lisonjeada, mas o presidente virou alvo das feministas. Pasmem, senhores, mas o cavalheirismo deixou de ser unanimidade.
O homem gentil é gentil com homens e mulheres, e o cavalheiro, apenas com as mulheres. Obama seria capaz de fazer a mesura se fosse um procurador bonitão? Eis a questão.
O termo machismo ou sexismo benevolente foi utilizado pela primeira vez em 1996 pela dupla de psicólogos norte-americanos Peter Glick e Susan Fiske, mas voltou à baila nos últimos anos a partir de novos estudos dedicados inteiramente ao tema em vários países. Em dois dos trabalhos mais conhecidos, a pesquisadora alemã Julia Becker, da Universidade de Marburg, e sua colega Janet Swim, da Universidade da Pensilvânia, tentam demonstrar como ações masculinas à primeira vista inofensivas, como abrir portas, carregar sacolas ou pagar a conta no restaurante, podem esconder a noção subliminar da mulher fraca e incapaz.
Obviamente, a reação mais feroz partiu dos homens. Artigos com títulos como “As feministas querem matar o cavalheirismo” pipocaram na internet em diversos idiomas. Até mulheres fizeram o contraponto e apontaram certo exagero na teoria. Neste caso, tratou-se de uma crítica conectada ao conservadorismo.
Qual é exatamente a linha a não ser cruzada? Por que o outrora simpático cavalheirismo seria, no fundo, prejudicial às mulheres? No Brasil, uma das vozes de destaque na oposição ferrenha às mesuras masculinas é a da psicanalista Regina Navarro Lins, autora de artigos ácidos contra um suposto excesso de rapapés dos homens no momento de fazer a corte. No recente “O cavalheirismo é nocivo às mulheres”, Navarro Lins questiona: “Que tipo de homem deseja proteger uma mulher? Certamente, não seria um que a vê como uma igual, que a encara como um par. Mas aquele que se sente superior a ela”.
Pode até soar absurdo para os homens, mas o discurso da psicanalista ecoa entre jovens mulheres interessadas em temas feministas. “O cavalheirismo é uma forma de submissão mais eficaz encontrada pelo patriarcado machista. Funciona melhor que o machismo literal. O sexismo benevolente é muito mais sutil e cotidiano”, dispara Bianca Andrade, estudante de Psicologia de 22 anos, moradora de Natal, Rio Grande do Norte. “Para que abrir uma porta que eu sou capaz de abrir sozinha? É um romantismo falso, relacionado à ideia de que a mulher necessita de um homem para sobreviver.”
“De que adianta ajudar com as compras, se não ajuda a lavar a louça? Abrir a porta, mas não fazer a faxina?”, provoca a socióloga Tica Moreno, 29 anos, integrante da Marcha Mundial de Mulheres. Para o movimento, o cavalheiro seria a outra face do agressor, assim como seria uma forma disfarçada de machismo. “Ser cavalheiro não significa que o cara será gente boa, mesmo porque o cavalheirismo acontece no espaço público e a violência, no privado.”
A psicóloga alemã Julia Becker reforça a controversa ideia de que o cavalheiro, como o médico e o monstro, pode esconder com amabilidades um alter ego tenebroso. “Homens que endossam o sexismo hostil também podem endossar o benevolente. Se uma mulher decide confrontar o machismo, ela provavelmente está sujeita a experimentar o hostil”, defende. Becker enumera outros insuspeitos efeitos adversos do cavalheirismo: prejudica a performance cognitiva feminina, faz a mulher esperar pelo príncipe encantado em vez de perseguir os próprios objetivos, aumenta a crença de que a sociedade é justa, desmotiva as mulheres a se engajar em ações pela igualdade entre gêneros.
“O principal problema do machismo benevolente é que as mulheres são tratadas como criaturas maravilhosas, mas também como incompetentes”, explica a psicóloga. Ela refuta com veemência as acusações de que o feminazismo pretenda matar o cavalheirismo. “Esses argumentos também são machistas. O romance sem cavalheirismo, que subordina as mulheres ao homem, pode levar a um relacionamento muito mais satisfatório.” Pergunto se seu marido não reclama de ela rejeitar o tratamento cavalheiro, e ela responde: “Atualmente, meu marido fica em casa, cuidando das crianças, enquanto eu trabalho”.
No cotidiano das relações amorosas, o ato mais execrado pelas feministas é quando os parceiros sacam a carteira para pagar a conta do restaurante após um jantar romântico, em vez de rachar a despesa. Oferecer-se para pagar a conta embutiria certa sensação de superioridade por parte do homem. E a atitude aparentemente inocente exporia o fato incômodo e persistente de que as mulheres ganham menos, inclusive quando ocupam as mesmas posições no trabalho.
“Já tive brigas enormes na hora que vem a conta. Para começar, o garçom entrega direto para o homem”, diz Carol Peters, 21 anos, estudante de Letras da USP e integrante do setorial de mulheres do PSOL. [b]“Os homens não entendem por que é importante para a mulher pagar a conta. Se um dia eles pagam, tudo bem, mas quando a gente quer devolver a gentileza, não aceitam. Parece mexer com a virilidade deles. Aliás, essa noção de que o homem tem de ser viril não é positiva. Deve ser desconstruída também.”[/b]
Texto completo em:
http://www.cartacapital.com.br/sociedade...-2802.html