17-02-2013, 08:58 PM
(Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 20-02-2013, 07:02 AM por Gekko.)
POR VICTOR CORRÊA
Rio - Quando Adriano Garib, o Russo de ‘Salve Jorge’, chegou à Avenida Prado Junior, em Copacabana, às 10h de uma segunda-feira, as meninas que trabalham por lá ainda estavam dormindo. A convite da ‘Já É! Domingo’, o ator topou percorrer o local, conhecido por atrair, toda noite, cariocas e turistas ávidos por todo tipo de diversão adulta em boates repletas de dançarinas e strippers.
Natural de Bauru, cidade do interior de São Paulo, Garib já frequentou ‘inferninhos’ na adolescência. Foi com uma garota de programa, aliás, que ele teve sua primeira relação sexual. “Fui iniciado sexualmente por uma prostituta. Eu devia ter uns 14 ou 15 anos. Foi estranho, estava morrendo de medo. Ali eu me senti quase violado. A mulher foi gentil, mas tudo aconteceu de uma maneira estranha. Foi a primeira e única experiência com uma prostituta. Não tenho o menor pudor em falar sobre isso”, revela o ator, de 48 anos, que interpreta o chefe de segurança da boate de Lívia (Claudia Raia), odiado por Morena (Nanda Costa) e suas colegas, que também foram traficadas para a Turquia.
Durante a entrevista, enquanto era abordado por senhoras que reprovavam as maldades de Russo (“Você vai apanhar, hein?!”, diziam elas), Garib refletia sobre a vida nada fácil das mulheres que trabalham pela Prado Junior. “Quem somos nós para condenarmos quem decide vender seu corpo? Não é uma vida fácil, definitivamente. Apesar de algumas andarem com armas, elas estão expostas à violência num nível absurdo. Na rua, uma mulher pode levar calote, ser estuprada. É um clima hostil”, opina.
Com mais de duas décadas de carreira como ator, Garib, que também é formado em jornalismo e já trabalhou como repórter de TV e de jornal, está sentindo o gostinho da repercussão de uma novela das nove. “Me surpreendi. Quando fiquei sabendo que faria o chefe de segurança do esquema da Lívia, fiquei preocupado. Soube que ele espancaria as meninas, que não deixaria elas saírem da linha. Mas, embora o Russo seja cruel, ele tem um certo carisma. Ainda não apanhei na rua, espero não apanhar”, diz, aos risos. A confusão que fazem entre a vida real e a ficção tem explicação no seu caso. “Isso acontece porque não conhecem meus outros trabalhos. Ninguém sabe quem é o Adriano Garib. Para o público é o Russo e ponto”, avalia.
O sucesso do vilão com as mulheres pegou o ator — e também a novelista Glória Perez — de surpresa. Ela recebeu mensagens de telespectadoras no Twitter, elogiando o charme de Russo. “O humor, a ironia e o charme acabaram chamando a atenção do público feminino. Tem também o carinho pelo gato, Yuri, que dá um contraste com a truculência dele. Já recebi e-mails de meninas, que diziam: ‘Se ele é tão carinhoso com o gato, não pode ser tão mau assim’”, diverte-se.
Na opinião de Garib, é do cafajeste que elas gostam mais. “Acho que a mulher gosta do estilo, mas não da porrada do cafajeste. Nenhuma mulher gosta de ser destratada. O Russo tem esse jeito galanteador, com a camisa aberta, a pulseira e os anéis. Ele fala para a Lucimar (Dira Paes): ‘Me Beija na boca, vai!’. Nenhum homem fala assim”, brinca ele, que já foi casado três vezes e está em fase de reconciliação com sua última mulher, a atriz Analine Barros. “Estivemos juntos por muito anos, mas nos separamos. Eu a amo muito, estamos nos entendendo”, confessa um romântico Garib. “Sou cara de pau, ousado. Gosto de ultrapassar o sinal vermelho do outro”, avisa.
Quem anda ultrapassando — na ficção — tem sido Russo. Apesar de Lívia ser a chefe da quadrilha e Irina também cometer suas maldades, é a dupla Russo e Wanda (Totia Meirelles) que se destaca no núcleo do tráfico de mulheres. “Isso acontece porque são eles que colocam a mão na massa. Russo é o matador, que reprime, faz todo o terror psicológico. A Wanda é a estelionatária, engana as meninas”, explica ele, que consegue deixar as maldades de Russo no estúdio de gravação. “As cenas do estupro da Jéssica (Carolina Dieckmann) foram bem difíceis. A Carol se ressentiu muito. Em cenas assim, tenho que abraçar as meninas, dizer palavras de estímulo. Mas consigo sair do personagem com facilidade. Faço o meu trabalho, chego em casa, tomo um banho e acabou”, diz. Ele garante que não ficou decepcionado com o fato de as cenas não terem ido ao ar. “Teria impacto e audiência, mas foi uma questão de bom senso artístico”, avalia o ator.
Assim como o público que acompanha a novela, Garib também faz suas apostas para os próximos capítulos de ‘Salve Jorge’. Na opinião do ator, Maria Vanúbia (Roberta Rodrigues), que já andou demonstrando interesse em ir para a Turquia, será a próxima vítima da quadrilha. “Ela quer se dar bem, mal sabe que é o tráfico de pessoas que a espera. Ironicamente, ficaria próxima da Morena, sua inimiga no Complexo do Alemão. No início, elas até poderiam se desentender, mas o destino acabaria unindo as duas. E se ela (Vanúbia) fizer barraco, vai apanhar muito”, observa.
O final do capanga de Lívia deve ser a morte, de acordo com seu intérprete. “É muito provável que ele morra de forma hedionda”, arrisca. Seriam dois os possíveis assassinos de Russo. “Acho que a Morena e o Théo podem matá-lo. O Russo precisa morrer para aplacar o ódio das pessoas”, opina. Irina também morreria, chuta Garib. “A Irina tem desejo de vingança. Lembra que o Russo matou o amante dela? Se ela aprontar algo para ele, não tem jeito. Ele vai matá-la”.
Lívia e Wanda escapariam da morte. “A Glória quer punir isso. Acho que elas são as únicas que sobreviveriam. Provavelmente, serão julgadas e punidas”, chuta novamente.
Vários vilões no currículo
O malvado Russo, de ‘Salve Jorge’, não é o primeiro vilão de Adriano Garib. Em ‘Tropa de Elite 2’, ele fez um deputado corrupto. No teatro, em 1985, interpretou um canalha em ‘Toda Nudez Será Castigada’, de Nelson Rodrigues. Em seguida, fez o vilão Edmundo, em ‘Rei Lear’, de Shakespeare. “Acho que tem a ver com o meu tipo, né? Minha voz grossa, meu rosto. Mas é claro que não quero ficar marcado por um único personagem. Todo artista espera explorar outros universos”, defende-se. Em 2009, ele explorou um desses outros universos ao participar de ‘Sonho de Outono’, do norueguês Jon Fosse (à esquerda).
Garib reconhece, no entanto, que os vilões abrem muitas portas. “Embora eu seja considerado um ator veterano, pela primeira vez meu trabalho tem tanta repercussão”, diz ele, que também é diretor teatral e dá aulas na Casa das Artes de Laranjeiras. “Eu não esperava tanta popularidade, isso me alegra enormemente”, festeja.
http://odia.ig.com.br/portal/diversaoetv...a-1.549364
Rio - Quando Adriano Garib, o Russo de ‘Salve Jorge’, chegou à Avenida Prado Junior, em Copacabana, às 10h de uma segunda-feira, as meninas que trabalham por lá ainda estavam dormindo. A convite da ‘Já É! Domingo’, o ator topou percorrer o local, conhecido por atrair, toda noite, cariocas e turistas ávidos por todo tipo de diversão adulta em boates repletas de dançarinas e strippers.
Natural de Bauru, cidade do interior de São Paulo, Garib já frequentou ‘inferninhos’ na adolescência. Foi com uma garota de programa, aliás, que ele teve sua primeira relação sexual. “Fui iniciado sexualmente por uma prostituta. Eu devia ter uns 14 ou 15 anos. Foi estranho, estava morrendo de medo. Ali eu me senti quase violado. A mulher foi gentil, mas tudo aconteceu de uma maneira estranha. Foi a primeira e única experiência com uma prostituta. Não tenho o menor pudor em falar sobre isso”, revela o ator, de 48 anos, que interpreta o chefe de segurança da boate de Lívia (Claudia Raia), odiado por Morena (Nanda Costa) e suas colegas, que também foram traficadas para a Turquia.
Durante a entrevista, enquanto era abordado por senhoras que reprovavam as maldades de Russo (“Você vai apanhar, hein?!”, diziam elas), Garib refletia sobre a vida nada fácil das mulheres que trabalham pela Prado Junior. “Quem somos nós para condenarmos quem decide vender seu corpo? Não é uma vida fácil, definitivamente. Apesar de algumas andarem com armas, elas estão expostas à violência num nível absurdo. Na rua, uma mulher pode levar calote, ser estuprada. É um clima hostil”, opina.
Com mais de duas décadas de carreira como ator, Garib, que também é formado em jornalismo e já trabalhou como repórter de TV e de jornal, está sentindo o gostinho da repercussão de uma novela das nove. “Me surpreendi. Quando fiquei sabendo que faria o chefe de segurança do esquema da Lívia, fiquei preocupado. Soube que ele espancaria as meninas, que não deixaria elas saírem da linha. Mas, embora o Russo seja cruel, ele tem um certo carisma. Ainda não apanhei na rua, espero não apanhar”, diz, aos risos. A confusão que fazem entre a vida real e a ficção tem explicação no seu caso. “Isso acontece porque não conhecem meus outros trabalhos. Ninguém sabe quem é o Adriano Garib. Para o público é o Russo e ponto”, avalia.
O sucesso do vilão com as mulheres pegou o ator — e também a novelista Glória Perez — de surpresa. Ela recebeu mensagens de telespectadoras no Twitter, elogiando o charme de Russo. “O humor, a ironia e o charme acabaram chamando a atenção do público feminino. Tem também o carinho pelo gato, Yuri, que dá um contraste com a truculência dele. Já recebi e-mails de meninas, que diziam: ‘Se ele é tão carinhoso com o gato, não pode ser tão mau assim’”, diverte-se.
Na opinião de Garib, é do cafajeste que elas gostam mais. “Acho que a mulher gosta do estilo, mas não da porrada do cafajeste. Nenhuma mulher gosta de ser destratada. O Russo tem esse jeito galanteador, com a camisa aberta, a pulseira e os anéis. Ele fala para a Lucimar (Dira Paes): ‘Me Beija na boca, vai!’. Nenhum homem fala assim”, brinca ele, que já foi casado três vezes e está em fase de reconciliação com sua última mulher, a atriz Analine Barros. “Estivemos juntos por muito anos, mas nos separamos. Eu a amo muito, estamos nos entendendo”, confessa um romântico Garib. “Sou cara de pau, ousado. Gosto de ultrapassar o sinal vermelho do outro”, avisa.
Quem anda ultrapassando — na ficção — tem sido Russo. Apesar de Lívia ser a chefe da quadrilha e Irina também cometer suas maldades, é a dupla Russo e Wanda (Totia Meirelles) que se destaca no núcleo do tráfico de mulheres. “Isso acontece porque são eles que colocam a mão na massa. Russo é o matador, que reprime, faz todo o terror psicológico. A Wanda é a estelionatária, engana as meninas”, explica ele, que consegue deixar as maldades de Russo no estúdio de gravação. “As cenas do estupro da Jéssica (Carolina Dieckmann) foram bem difíceis. A Carol se ressentiu muito. Em cenas assim, tenho que abraçar as meninas, dizer palavras de estímulo. Mas consigo sair do personagem com facilidade. Faço o meu trabalho, chego em casa, tomo um banho e acabou”, diz. Ele garante que não ficou decepcionado com o fato de as cenas não terem ido ao ar. “Teria impacto e audiência, mas foi uma questão de bom senso artístico”, avalia o ator.
Assim como o público que acompanha a novela, Garib também faz suas apostas para os próximos capítulos de ‘Salve Jorge’. Na opinião do ator, Maria Vanúbia (Roberta Rodrigues), que já andou demonstrando interesse em ir para a Turquia, será a próxima vítima da quadrilha. “Ela quer se dar bem, mal sabe que é o tráfico de pessoas que a espera. Ironicamente, ficaria próxima da Morena, sua inimiga no Complexo do Alemão. No início, elas até poderiam se desentender, mas o destino acabaria unindo as duas. E se ela (Vanúbia) fizer barraco, vai apanhar muito”, observa.
O final do capanga de Lívia deve ser a morte, de acordo com seu intérprete. “É muito provável que ele morra de forma hedionda”, arrisca. Seriam dois os possíveis assassinos de Russo. “Acho que a Morena e o Théo podem matá-lo. O Russo precisa morrer para aplacar o ódio das pessoas”, opina. Irina também morreria, chuta Garib. “A Irina tem desejo de vingança. Lembra que o Russo matou o amante dela? Se ela aprontar algo para ele, não tem jeito. Ele vai matá-la”.
Lívia e Wanda escapariam da morte. “A Glória quer punir isso. Acho que elas são as únicas que sobreviveriam. Provavelmente, serão julgadas e punidas”, chuta novamente.
Vários vilões no currículo
O malvado Russo, de ‘Salve Jorge’, não é o primeiro vilão de Adriano Garib. Em ‘Tropa de Elite 2’, ele fez um deputado corrupto. No teatro, em 1985, interpretou um canalha em ‘Toda Nudez Será Castigada’, de Nelson Rodrigues. Em seguida, fez o vilão Edmundo, em ‘Rei Lear’, de Shakespeare. “Acho que tem a ver com o meu tipo, né? Minha voz grossa, meu rosto. Mas é claro que não quero ficar marcado por um único personagem. Todo artista espera explorar outros universos”, defende-se. Em 2009, ele explorou um desses outros universos ao participar de ‘Sonho de Outono’, do norueguês Jon Fosse (à esquerda).
Garib reconhece, no entanto, que os vilões abrem muitas portas. “Embora eu seja considerado um ator veterano, pela primeira vez meu trabalho tem tanta repercussão”, diz ele, que também é diretor teatral e dá aulas na Casa das Artes de Laranjeiras. “Eu não esperava tanta popularidade, isso me alegra enormemente”, festeja.
http://odia.ig.com.br/portal/diversaoetv...a-1.549364