21-12-2015, 02:03 PM
(Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 22-12-2015, 06:46 AM por Monarca.)
Confrades, há pouco tempo li um livro sobre negociação (A arte da negociação, Michael Wheeler) e decidi trazer para a Real alguns dos tópicos mais interessantes, tanto por que aqui esse assunto ainda não foi debatido quanto para me ajudar a fixar mais o conteúdo.
Espero a contribuição de outros membros também.
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A ARTE DE ADMINISTRAR INCERTEZAS
*Conteúdo baseado no livro "A arte da negociação, Michael Wheeler"Um dos atributos que um bom negociador deve ter é o de saber lidar com as incertezas que envolvem as negociações. Há sempre várias possibilidades, mas também há sempre as que são mais prováveis de acontecer e, por que não, as que são mais rentáveis a ambas as partes. Tudo se resume ao que você procura, às circunstâncias em que se encontra sua contraparte e ao que pode influenciar na negociação. Construída a base da negociação, daí em diante é só aperfeiçoar os planos.
1. Expandindo os horizontes
Antes de construirmos nossas bases, devemos adotar alguns conceitos para não reduzirmos o espaço de negociação. Isso é necessário porque as três perguntas que serão respondidas mais adiante podem limitá-la a solução x ou y, o que está errado, já que a negociação é flexível, e pode te dar um resultado z, melhor ou pior do que os planejados.
2. Encontrando o norte
Agora já estamos prontos para responder às três perguntas básicas que nos fornecerão uma perspectiva das circunstâncias que envolvem uma negociação. Onde você pensa que está no momento? Quais são suas necessidades, prioridades e trade-offs? Como estão suas opções de reserva, caso a negociação fique estagnada? Quais são as circunstâncias em que se encontra sua contraparte? Você pode deduzir o que seria aceitável para ele? Quais são os fatores básicos que podem influenciar na negociação? Enfim, para sabermos as respostas dessas perguntas, vamos elaborar uma estratégia com base em outras três pergunta:
Se você não tem ideia se existe somente um pequeno espaço ou muito, você simplesmente está lançando dardos com os olhos fechados. Responder às perguntas abaixo lhe ajudará a traçar seu progresso à medida que experimenta suposições e atualiza suas expectativas.
3.1. Defina sua linha de base
3.2. Calcule a base de referência deles
Refletir sobre o que a outra parte deveria valorizar é sempre um risco; entretanto, permite a você enxergar como eles podem ver as coisas de uma maneira diferente.
Antecipar as preocupações da outra parte também fornece uma base para influenciar os pensamentos deles – e mudar a base de referência deles a seu favor. Alguém que esteja querendo comprar a sua casa, por exemplo, pode ter calculado o tamanho da parcela com que pode arcar. Você pode persuadir essa pessoa a melhorar a oferta dela explicando-lhe como as instalações econômicas quanto ao gasto de energia podem reduzir os custos operacionais.
3.3. Identifique restrições externas
Além do tempo, também existem restrições econômicas e legais.
Todos os três lados do triângulo da negociação [sua linha de base, a base de referência deles e as restrições externas] são imprecisos. Ao longo do processo, cada lado irá tentar sondar a base de referência do outro para ver quão difícil pode ser impulsionar sua própria pauta. Com o tempo, a determinação de uma ou ambas as partes podem diminuir. Eles podem se envolver menos na postura e descobrir formas criativas de acabar com o impasse. Quando isso acontece, a dimensão e a natureza do espaço de negociação podem mudar.
Quanto mais você tiver considerado diferentes formas de ajustar um acordo, mais ágil e criativo você será no meio da negociação. Em negociações do mundo real, você não será capaz de representar o triângulo de negociação com a precisão de um agrimensor. Mas ter em mente a imagem do que você gostaria de ver, ainda que isso seja somente uma possibilidade, o ajudará a se orientar. Isso o faz pensar qual informação você está procurando e organiza o que você aprende ao longo do caminho. Enxergar o espaço de negociação como uma área que possivelmente possa ser expandida oferece uma visão mais profunda e realista do processo.
[continua]
1. Expandindo os horizontes
Antes de construirmos nossas bases, devemos adotar alguns conceitos para não reduzirmos o espaço de negociação. Isso é necessário porque as três perguntas que serão respondidas mais adiante podem limitá-la a solução x ou y, o que está errado, já que a negociação é flexível, e pode te dar um resultado z, melhor ou pior do que os planejados.
- Ignore tentativas de formular uma hierarquia e foque nos interesses. Às vezes, em uma mesa de negociação, cada uma das partes quer “demonstrar o seu valor” e, com isso, diminuir o valor do outro. Ignore isso. Se você tiver um interesse, e a sua contraparte outro diferente, cave mais fundo e encontre outros meios para o que almeja. Com um pouco de criatividade você pode transformar esse problema em uma alternativa de ganho mútuo.
- Separe a pessoa do problema. Não sente na mesa para ficar corrigindo a conduta da sua contraparte. Apenas a avalie. Veja se, para você, essa pessoa é confiável ou não. Nunca se esqueça que ter um bom relacionamento e uma boa reputação com a outra parte é vital para o sucesso do negócio.
- Crie opções para ganho mútuo. Não existe uma quantidade limitada de dinheiro no mundo; para que alguém ganhe, não é necessário que outra pessoa perca.
- Seja objetivo. Dificilmente você vai encontrar, no ramo dos negócios, algum negociador que tenha tempo de sobra para ouvir abobrinhas. Tempo é dinheiro.
- Desenvolva um MAANA (melhor alternativa à negociação de um acordo). Não vivemos em um conto de fadas em que todos os seus objetivos serão aceitos; por isso é importante que saibamos a linha mínima que se espera atingir, abaixo da qual não estamos satisfeitos. Verifique, antes de ir para a negociação, quais são as opções disponíveis e qual pode ser considerada a melhor, caso seu objetivo principal dê errado. Se você não fazer isso, corre o risco de aceitar uma outra alternativa, que não lhe traria tantos benefícios quanto a MAANA previamente estabelecida.
- Não estabeleça um roteiro do processo. Não assuma uma posição fixa, faça o melhor do que quer que se desenrole.
2. Encontrando o norte
Agora já estamos prontos para responder às três perguntas básicas que nos fornecerão uma perspectiva das circunstâncias que envolvem uma negociação. Onde você pensa que está no momento? Quais são suas necessidades, prioridades e trade-offs? Como estão suas opções de reserva, caso a negociação fique estagnada? Quais são as circunstâncias em que se encontra sua contraparte? Você pode deduzir o que seria aceitável para ele? Quais são os fatores básicos que podem influenciar na negociação? Enfim, para sabermos as respostas dessas perguntas, vamos elaborar uma estratégia com base em outras três pergunta:
- Devo negociar?
Quando alguém lhe faz uma proposta, no começo ou durante a negociação, você deve considerar os prós e contras de barganhar mais. Como a incerteza é inerente a qualquer negócio, será sempre difícil saber se existe espaço para negociar mais ou não.
Como comprador, você tem a opção de aceitar ou rejeitar uma proposta, ou ainda, fazer uma contraproposta. O vendedor, por sua vez, pode melhorar ou retirar a proposta, ou manter-se firme.
A dimensão e a probabilidade do que você pode obter ao continuar a negociar têm de ser ponderadas em relação à desvantagem de se perder o negócio. O tamanho do risco que você está disposto a correr depende de seu temperamento, assim como de seus recursos e alternativas. O momento de parar a negociação é quando o risco de pressionar por mais prevalece sobre os possíveis ganhos.
- Este é o momento?
Se você planeja a negociação ao seu favor, se sai melhor. Com certeza você consegue comprar um carro por um preço melhor perto do fim de um período promocional – ainda mais se a venda colocar o vendedor acima da sua cota, do que quando você está precisando demasiadamente dele.
Prolongar uma negociação faz sentido somente se há uma razão consistente para acreditar que você estará em uma posição melhor amanhã do que está hoje. Esse pode ser o caso se o tempo acrescentado possibilita que você ganhe influência ao melhorar sua posição de reserva ou ganhar aliados importantes. Ter mais tempo também permite que você esteja mais bem preparado (embora isso também seja verdade para suas contrapartes). Mas as condições também podem piorar.
- Apostar tudo?
Se há uma preocupação que você tem que tomar quanto a essa pergunta é a de avaliar minuciosamente o contexto. Vamos supor que você queira comprar uma casa de praia de algum parente seu, com quem tem um bom relacionamento. Eis que surge aquela oferta especial, um bom preço, mas você ainda não tem todo o dinheiro e decidi pedir a ajuda de um amigo, com sigilo, para conseguir compra-la. Esse amigo concorda em dispor o dinheiro restante, com a condição de se tornar sócio da casa e aluga-la. No entanto, ele insiste em tentar barganhar um pouco mais e assim conseguir um preço ainda melhor. Você resiste, mas concede. Conversa com os parentes e eles reclamam de sua ingratidão, e decidem não vender mais a casa para você, que acaba de perder um bom negócio. Cuidado!
- Vislumbre o futuro. Imagine que a negociação está em curso. Agora imagine que exista um contratempo principal. Qual é? Essa pergunta nos força a admitir que problemas vão acontecer. Uma transação aparentemente simples com um fornecedor pode se arrastar por mais tempo do que o esperado, por exemplo. Se isso acontecer, manter seus compromissos com os clientes pode se tornar algo difícil. Você pode então ficar em uma posição de fraqueza, a não ser que disponha antecipadamente de uma reserva. Através desse exercício você adotará uma atitude de vigilância e perceberá mais rapidamente se o processo estiver indo pelo caminho errado. Se estiver atento, você pode ser capaz de voltar atrás. Se não, deve ter um plano B.
- Vislumbre o futuro mais uma vez. Dessa vez, imagine que existe algum tipo de surpresa agradável. Qual seria? Limite sua análise às fronteiras da realidade. Pense em algo positivo que tenha 10% de chance de acontecer. Se você estiver comprando novos equipamentos ou provisões, talvez seu vendedor tenha um estoque excessivo inesperado, por exemplo. Nesse caso, você pode conseguir um preço melhor ou uma entra mais rápida do que antes. Cenários otimistas vão ampliar sua visão.
Se você não tem ideia se existe somente um pequeno espaço ou muito, você simplesmente está lançando dardos com os olhos fechados. Responder às perguntas abaixo lhe ajudará a traçar seu progresso à medida que experimenta suposições e atualiza suas expectativas.
3.1. Defina sua linha de base
- Estabeleça um acordo de referência.
Quando melhor o seu MAANA, mais exigente você pode ser. De maneira correspondente, se sua alternativa de não acordo é ruim, você pode ter de obter menos do que esperava e sentir que você merece.
Ao entrar em cada negociação, identifique – provisoriamente – um ponto na escala em que você teria um momento difícil para decidir entre aceitar ou rejeitar uma proposta final e firme vinda do outro lado. É uma forma de testar sua resolução. Isso também lhe fornece um padrão para avaliar negócios alternativos.
- Identifique pacotes equivalentes, melhores em alguns quesitos, piores em outros – que, em equilíbrio, valeriam o mesmo para você e para seu ponto de referência. Então, identifique ao menos dois outros pacotes destes que tenham valor líquido equivalente. Lembre-se de que a tarefa aqui é encontrar negociações que o coloque no fio da navalha entre aceitar e rejeitar a proposta. Pesquisas sugerem que
negociadores que se preparam brincando com soluções alternativas geram ainda mais ideias quando negociam com outras partes.
Usar a imaginação para refletir sobre sua base de referência é muito importante quando a negociação afeta sua carreira ou quando se trata de uma simples transação. Se você estiver comprando um carro, por exemplo, vai fazer test drives, ler análises e comparações em uma revista do segmento e pesquisar preços online. Mas tendo escolhido o que fazer e qual modelo de carro você quer, imagine o valor mais alto que você pagaria. (Mais uma vez, você está apenas traçando uma linha do que seria a sua vitória fácil, não estabelecendo metas ainda). Mas não pare aí. Em seguida, imagine alguns acordos equivalentes. Quanto de desconto no preço seria para você ficar tentado a comprar um carro de test drive, com 15 mil quilômetros rodados? Ou vá em outra direção: quanto a mais você pagaria se o vendedor incluísse um sistema de som especial no seu carro?
Essas avaliações devem ser esquematizadas no papel, sujeitas a mudar dependendo do que você aprende enquanto está negociando. Na medida em que surgirem novas questões e alternativas, sua análise inicial de trade-off irá lhe oferecer uma base sólida como ponto de partida para trabalhar.
- Antecipe mudanças prováveis. Pense no que poderia acontecer no momento da negociação e como você resolveria ou se aproveitaria desse acontecimento.
3.2. Calcule a base de referência deles
Refletir sobre o que a outra parte deveria valorizar é sempre um risco; entretanto, permite a você enxergar como eles podem ver as coisas de uma maneira diferente.
Antecipar as preocupações da outra parte também fornece uma base para influenciar os pensamentos deles – e mudar a base de referência deles a seu favor. Alguém que esteja querendo comprar a sua casa, por exemplo, pode ter calculado o tamanho da parcela com que pode arcar. Você pode persuadir essa pessoa a melhorar a oferta dela explicando-lhe como as instalações econômicas quanto ao gasto de energia podem reduzir os custos operacionais.
3.3. Identifique restrições externas
Além do tempo, também existem restrições econômicas e legais.
Todos os três lados do triângulo da negociação [sua linha de base, a base de referência deles e as restrições externas] são imprecisos. Ao longo do processo, cada lado irá tentar sondar a base de referência do outro para ver quão difícil pode ser impulsionar sua própria pauta. Com o tempo, a determinação de uma ou ambas as partes podem diminuir. Eles podem se envolver menos na postura e descobrir formas criativas de acabar com o impasse. Quando isso acontece, a dimensão e a natureza do espaço de negociação podem mudar.
Quanto mais você tiver considerado diferentes formas de ajustar um acordo, mais ágil e criativo você será no meio da negociação. Em negociações do mundo real, você não será capaz de representar o triângulo de negociação com a precisão de um agrimensor. Mas ter em mente a imagem do que você gostaria de ver, ainda que isso seja somente uma possibilidade, o ajudará a se orientar. Isso o faz pensar qual informação você está procurando e organiza o que você aprende ao longo do caminho. Enxergar o espaço de negociação como uma área que possivelmente possa ser expandida oferece uma visão mais profunda e realista do processo.
[continua]