19-08-2014, 12:46 PM
Colegas, há algum tempo eu escrevi alguns contos sobre relacionamentos de um ponto de vista da real, sem romantismo barato. Este que segue abaixo é um deles, gostaria de saber a opinião de vocês.
Ele estava a abraçá-la já há algum tempo. Deitados confortavelmente no sofá da sala ela se deixava abraçar e receber carinho. Parecia calma e satisfeita. Mas havia algo dentro dela que ansiava por mais. No fundo, ela queria um homem que soubesse impor sua vontade sobre ela. Ela queria fúria, vigor, desejo. Mas ele só oferecia paz, serenidade e complacência. Um homem bom.
Ela ansiava por uma demonstração de masculinidade, testosterona e juventude, mesmo que isso significasse um tapa na cara e ser chamada de nomes baixos, qualquer coisa que os tirasse daquela anestesia moral em que se encontravam. Ela queria um pouco de malícia, mas ele apenas oferecia um respeito exagerado e inadequado.
Mulheres não gostam de ter que dar direções. Afinal, que tipo de homem era aquele? O que era necessário para acordá-lo para a vida? Seria mesmo sangue quente que corria em suas veias? O que era necessário que uma mulher fizesse para que ele tomasse alguma atitude? Lá estavam eles, sozinhos, à noite, num quarto. Ela em camisola de cetim. O que o impedia de agir e satisfazer seus instintos? Era impossível que ele não tivesse instintos.
Se ela realmente quisesse, poderia tirar toda a roupa. Ali mesmo como estavam deitados ela tiraria a camisola – pedindo ajuda dele - alegando calor. Então pediria que ele soltasse seu sutiã. O que ele faria então? Seria o suficiente para fazê-lo perceber o que estava acontecendo nas entrelinhas que ele até então não conseguira ler? E se mesmo assim ele continuasse apenas a abraçá-la, ela poderia levantar-se enfurecida sem mais explicações, olhar bem em seus olhos, tirar a calcinha num movimento brusco e finalizar o espetáculo jogando-a violentamente no meio da sua cara, e gritar enrubescida e pausadamente: ‘’Se-ja ho-mem!’’.
Mas assim a coisa perderia todo o sentido, e ela, todo o desejo. Ela queria que toda ação acontecesse sem que ela precisasse tomar uma atitude eloqüente. Ela queria apenas se insinuar. E desejava que através desse flerte sutil ele a envolvesse em atos que não dependeriam mais da vontade dela. Ela queria dizer o “não” que quer dizer “sim”, e ter seus apelos ignorados por uma força maior que a dela.
Por que ele não tomava uma atitude? Será que o problema era ela? Não podia ser. Ela nunca fora o centro das atenções masculinas, mas sabia muito bem como se fazer desejável. Percebia como alguns homens a olhavam na rua, maliciosos, com luxúria e desejo nos olhos vermelhos e molhados. Tudo que esses homens queriam era estar ali agora com ela. Ah, certamente eles saberiam muito bem o que fazer. Logo agora que ela estava tão suscetível como uma presa que anseia por sentir os dentes quentes de seu predador ao redor de seu pescoço.
Mas ali estava aquele paspalho a olhá-la com olhos tímidos e inseguros. E através de todos esses pensamentos, tinha passado a desprezá-lo, a sentir quase raiva dele. Pois se ele não queria ir até o fim, por que chegara até ali? Por que alimentou um desejo que não era capaz de satisfazer?
Ela não queria mais seus versos tolos ou sua voz melosa falando de amor. Onde estava todo aquele amor do qual ele falava? Ela queria um amor que estivesse ao alcance de suas mãos. Ela queria um amor que ela pudesse sentir dentro dela. Um sentimento inegável e profundamente interior. De repente ela teve necessidade de matéria bruta que se transformasse em energia. Algo que fosse mais forte do que aquelas mãos suaves a acariciá-la lentamente.
Nesse instante teve vontade de sair à rua da forma mesmo como estava vestida, atrair um homem para dentro da casa e transar como uma boa puta na frente daquele herói romântico. E quando tudo terminasse, ela ainda deitada no chão, despida, suja, suada e ofegante, olhar bem fundo para aqueles olhinhos frágeis atrás dos óculos e dizer, com voz cansada e um sorriso malicioso no canto dos lábios: “Aprendeu?’’
O Aprendizado
Ele estava a abraçá-la já há algum tempo. Deitados confortavelmente no sofá da sala ela se deixava abraçar e receber carinho. Parecia calma e satisfeita. Mas havia algo dentro dela que ansiava por mais. No fundo, ela queria um homem que soubesse impor sua vontade sobre ela. Ela queria fúria, vigor, desejo. Mas ele só oferecia paz, serenidade e complacência. Um homem bom.
Ela ansiava por uma demonstração de masculinidade, testosterona e juventude, mesmo que isso significasse um tapa na cara e ser chamada de nomes baixos, qualquer coisa que os tirasse daquela anestesia moral em que se encontravam. Ela queria um pouco de malícia, mas ele apenas oferecia um respeito exagerado e inadequado.
Mulheres não gostam de ter que dar direções. Afinal, que tipo de homem era aquele? O que era necessário para acordá-lo para a vida? Seria mesmo sangue quente que corria em suas veias? O que era necessário que uma mulher fizesse para que ele tomasse alguma atitude? Lá estavam eles, sozinhos, à noite, num quarto. Ela em camisola de cetim. O que o impedia de agir e satisfazer seus instintos? Era impossível que ele não tivesse instintos.
Se ela realmente quisesse, poderia tirar toda a roupa. Ali mesmo como estavam deitados ela tiraria a camisola – pedindo ajuda dele - alegando calor. Então pediria que ele soltasse seu sutiã. O que ele faria então? Seria o suficiente para fazê-lo perceber o que estava acontecendo nas entrelinhas que ele até então não conseguira ler? E se mesmo assim ele continuasse apenas a abraçá-la, ela poderia levantar-se enfurecida sem mais explicações, olhar bem em seus olhos, tirar a calcinha num movimento brusco e finalizar o espetáculo jogando-a violentamente no meio da sua cara, e gritar enrubescida e pausadamente: ‘’Se-ja ho-mem!’’.
Mas assim a coisa perderia todo o sentido, e ela, todo o desejo. Ela queria que toda ação acontecesse sem que ela precisasse tomar uma atitude eloqüente. Ela queria apenas se insinuar. E desejava que através desse flerte sutil ele a envolvesse em atos que não dependeriam mais da vontade dela. Ela queria dizer o “não” que quer dizer “sim”, e ter seus apelos ignorados por uma força maior que a dela.
Por que ele não tomava uma atitude? Será que o problema era ela? Não podia ser. Ela nunca fora o centro das atenções masculinas, mas sabia muito bem como se fazer desejável. Percebia como alguns homens a olhavam na rua, maliciosos, com luxúria e desejo nos olhos vermelhos e molhados. Tudo que esses homens queriam era estar ali agora com ela. Ah, certamente eles saberiam muito bem o que fazer. Logo agora que ela estava tão suscetível como uma presa que anseia por sentir os dentes quentes de seu predador ao redor de seu pescoço.
Mas ali estava aquele paspalho a olhá-la com olhos tímidos e inseguros. E através de todos esses pensamentos, tinha passado a desprezá-lo, a sentir quase raiva dele. Pois se ele não queria ir até o fim, por que chegara até ali? Por que alimentou um desejo que não era capaz de satisfazer?
Ela não queria mais seus versos tolos ou sua voz melosa falando de amor. Onde estava todo aquele amor do qual ele falava? Ela queria um amor que estivesse ao alcance de suas mãos. Ela queria um amor que ela pudesse sentir dentro dela. Um sentimento inegável e profundamente interior. De repente ela teve necessidade de matéria bruta que se transformasse em energia. Algo que fosse mais forte do que aquelas mãos suaves a acariciá-la lentamente.
Nesse instante teve vontade de sair à rua da forma mesmo como estava vestida, atrair um homem para dentro da casa e transar como uma boa puta na frente daquele herói romântico. E quando tudo terminasse, ela ainda deitada no chão, despida, suja, suada e ofegante, olhar bem fundo para aqueles olhinhos frágeis atrás dos óculos e dizer, com voz cansada e um sorriso malicioso no canto dos lábios: “Aprendeu?’’