04-03-2014, 01:39 PM
Comando de Caça aos Comunistas (CCC) foi uma organização paramilitar anticomunista brasileira, de extrema direita atuante sobretudo nos anos 1960 e composta por estudantes, policiais e intelectuais favoráveis ao regime militar então vigente.
![[Imagem: 600px-Anti-Socialist-Symbol.svg.png]](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f2/Anti-Socialist-Symbol.svg/600px-Anti-Socialist-Symbol.svg.png)
Origem e atuação
O CCC surgiu em 1963, em plena Guerra Fria, quando era difuso na sociedade, sobretudo na classes média, o medo do comunismo e do avanço da esquerda no Brasil. Estima-se que só no Estado de São Paulo, o Comando de Caça aos Comunistas contasse com mais de 5 mil integrantes,1 muitos dos quais estudantes universitários da Universidade Mackenzie, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Mas havia também policiais e membros de organizações da direita católica, como a Opus Dei e a TFP (Tradição Família e Propriedade). Muitos dos seus membros agiam como delatores. Recebiam treinamento militar e frequentemente andavam armados.
Segundo relatos, em 1964, logo após o golpe militar, os integrantes do CCC invadiram e destruíram a Rádio MEC, no Rio de Janeiro. Foi a primeira ação "oficial" do Comando, na defesa do novo regime. De acordo com a professora Maria Yedda Leite Linhares,2 os invasores literalmente destruíram os estúdiosda rádio. Além do CCC havia pelo menos outros três grupos de extrema-direita reconhecidos publicamente: a Associação Anticomunista Brasileira (AAB), a Frente Anticomunista (FAC) e o Movimento Anticomunista (MAC). Todavia, o CCC liderava as manifestações anticomunistas no Brasil, fazendo denúncias e atacando diretamente pessoas e entidades da oposição ao governo militar.
Segundo o almanaque do jornal Folha de S. Paulo,3 o CCC foi responsável pelos seguintes eventos:
Invasão do Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, onde espancaram o elenco do espetáculo Roda Viva (em 18/7/1968)
Atentado à bomba no Teatro Opinião, no Rio de Janeiro (em 2/12/1968)
Sequestro, tortura e assassinato do padre Antônio Henrique Pereira Neto, auxiliar de D. Helder Câmara, em Recife (em 26/5/1969)
Mas a maior ação com envolvimento do Comando de Caça aos
Comunistas ocorreu na cidade de São Paulo e ficou conhecida como a "batalha da Maria Antônia" ou "guerra da Maria Antônia".4 Violentos confrontos ocorreram entre 2 e 3 de outubro de 1968, quando alunos da Faculdade de Filosofia da USP (considerada como um reduto da esquerda política) e da Universidade Presbiteriana Mackenzie (tida como reduto da direita) travaram uma verdadeira batalha campal na rua Maria Antônia, em São Paulo. No dia 3 de outubro, o prédio da Faculdade de Filosofia foi incendiado, e um jovem secundarista, José Carlos Guimarães, de 20 anos, morreu, atingido por uma bala na cabeça. Três outros estudantes foram baleados e houve dezenas de feridos, alguns gravemente queimados com ácido sulfúrico.5 À noite, o teto do prédio da Faculdade de Filosofia desabou. 6
Segundo a extinta revista O Cruzeiro, estiveram presentes no conflito da rua Maria Antônia7 , Francisco José Aguirre Menin (comandou o ataque), Boris Casoy (locutor da rádio Eldorado), João Marcos Monteiro Flaquer, José Roberto Batochio, João Parisi Filho8 , Flávio Bernardo Caviglia, Lionel Zaclis, Souvenir Assumpção Sobrinho e Raul Nogueira de Lima, o "Raul Careca".
De acordo com a mesma reportagem de 9 de novembro de 1968, participaram do ataque ao elenco do Roda Viva, João Marcos Monteiro Flaquer (que comandou o ataque9 ), Francisco José Aguirre Menin, Sílvio de Salvo Venosa, Cássio Scatena, Henri Penchas, Antônio Salvador Sucar, Flávio Bernardo Caviglia, Raul Careca, Souvenir Assumpção Sobrinho, Paulo Roberto Chaves de Lara, Newton Camargo Rosa e José Augusto Bauer.
Homicídios
No dia 11 de outubro de 197810 , o industrial Cássio Scatena, ex-CCC (Comando de Caça aos Comunistas), assassinou o operário Nélson de Jesus, na porta da Metalúrgica Alfa, São Paulo, por reclamar do salário. A fábrica faz greve em protesto. No dia 7 de novembro de 1986, Cássio Scatena foi a Júri. Scatena foi condenado a 13 anos de prisão. No dia 25 de novembro de 1987, o Tribunal de Justiça de São Paulo anulou o julgamento11 .
Segundo o Grupo Tortura Nunca Mais12 , o estudante do Colégio Marina Cintra, José Carlos Guimarães, morto durante a Batalha da Maria Antônia, em 1968, foi assassinado pelo policial Raul Careca, do Departamento de Ordem Política e Social.
Também de acordo com o Grupo Tortura Nunca Mais, o Padre Antônio Henrique Pereira Neto foi assassinado pelo CCC. O padre Henrique, da Arquidiocese de Olinda e Recife, desenvolvia atividades junto ao Arcebispo Dom Helder Câmara. Depois que celebrou uma missa em memória do estudante Edson Luiz de Lima Souto, morto pela polícia durante uma manifestação de rua no Rio de Janeiro, o Padre Antônio Henrique passou a receber constantes ameaças de morte por parte do CCC.
No dia 26 de maio, o padre foi sequestrado. Seu corpo foi encontrado, no dia seguinte, em um matagal na Cidade Universitária de Recife, pendurado de cabeça para baixo, em uma árvore, com marcas evidentes de tortura: espancamento, queimaduras de cigarro, cortes profundos por todo o corpo, castração e dois ferimentos produzidos por arma de fogo. No inquérito aberto no Tribunal de Justiça de Pernambuco, foram acusados, pelo sequestro, tortura e morte do padre Henrique, Rogério Matos do Nascimento, delegado Bartolomeu Gibson, investigador de polícia Cícero Albuquerque, tenente José Ferreira dos Anjos, da Polícia Militar, Pedro Jorge Bezerra Leite, José Caldas Tavares e Michel Maurice Och.
Testemunhas acusaram as mesmas pessoas, não só por este assassinato, mas também, pelo metralhamento que deixou paralítico, em 1969, o líder estudantil recifense, Cândido Pinto de Melo. Segundo o Desembargador Agamenon Duarte de Lima, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, "há provas da participação do CCC no assassinato do Padre Henrique." O inquérito foi arquivado.13
O conflito da rua Maria Antônia
O CCC esteve envolvido nos eventos que levaram ao conhecido "Batalha da Maria Antônia", em 1968, entre alguns estudantes da Universidade Mackenzie e os da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.14 Houve a morte de um estudante secundarista, José Guimarães, vítima de uma bala perdida cujo som confundiu-se com o dos rojões disparados de parte a parte.
Segundo relatado pela Fundação Perseu Abramo15 e publicado pelo jornal Folha de S. Paulo em 28 de novembro de 1977, "(...) As sedes dos DA de Filosofia e Letras, DA Leão XIII, CA de Ciências Sociais e Serviço Social, CA 22 de agosto e do DCE -Diretório Central dos Estudantes- foram depredadas. Portas que estavam fechadas apenas com o trinco foram arrombadas a pontapés.
As gavetas foram arrancadas fora das mesas e seu conteúdo jogado no chão. Em vários restos de portas ficaram bem nítidas as marcas dos pontapés. Em diversas salas foi pichada a sigla CCC (Comando de Caça aos Comunistas), organização que, como a AAB (Aliança Anticomunista Brasileira), se opusera à ideologia comunista. Uma lista enorme de bens das entidades foi levada pela polícia. A biblioteca também foi invadida e seus ocupantes expulsos aos gritos e ameaças de cassetetes.
Os policiais jogaram vários livros no chão. Entraram com violência e, usando palavras de baixo calão, nas salas de aula, prendendo todos os seus ocupantes, e muitas vezes espancando-os..."
Segundo reportagem da revista Veja, de 9 de outubro de 1968,16 "(...) paus e pedras, bombas Molotov, rojões, vidros cheios de ácido sulfúrico que ao estourar queimavam a pele e a carne, tiros de revólver e muitos palavrões voaram durante quatro horas pelos poucos metros que separam as calçadas da Universidade Mackenzie e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.
Exatamente às 10 e meia da manhã do dia 2, quarta-feira, começou a briga entre as duas escolas. Porque alguns alunos do Mackenzie atiraram ovos em estudantes que cobravam pedágio na Rua Maria Antônia a fim de recolher dinheiro para o Congresso da UNE e outros movimentos antigovernistas da ação estudantil, a rua em que vivem as duas escolas rapidamente se esvaziou. Formaram-se grupos dos dois lados, dentro do Mackenzie, onde estudam alguns membros do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), Frente Anticomunista (FAC) e Movimento
Anticomunista (MAC); dentro da Faculdade de Filosofia da USP, onde fica a sede da União Estadual dos Estudantes. As duas frentes agrediram-se entre discursos inflamados e pausas esparsas. Ao meio-dia a intensidade da batalha aumentou, porque chegaram os alunos dos cursos da tarde. O Mackenzie mantinha uma vantagem tática - os seus prédios ficam em terreno mais elevado e são cercados por um muro alto.
A Faculdade da USP está junto à calçada, com sua entrada principal ladeada por colunas de estilo grego e duas portas laterais. A fachada não tem mais que 20 metros. Seu único trunfo: uma saída na Rua Dr. Vila Nova, perpendicular à Maria Antônia, bem defronte à Faculdade de Economia, também da USP. Nessa quarta-feira, uma enfermaria improvisada no banheiro da USP atendeu a seis feridos. Dois alunos do Mackenzie também se machucaram. Na rua, os estudantes da USP apupavam os do Mackenzie: "Nazistas, gorilas!"
E os mackenzistas revidavam: "Guerrilheiros fajutos!" Às 2 da tarde a reitora do Mackenzie, Esther de Figueiredo Ferraz, pediu uma tropa de choque - 30 guardas-civis - para "proteger o patrimônio da escola". Quando a polícia chegou, os estudantes se dispersaram. Houve uma trégua..."
Pessoas supostamente ligadas ao CCC
Pessoas supostamente ligadas ao CCC
![[Imagem: 600px-Anti-Socialist-Symbol.svg.png]](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f2/Anti-Socialist-Symbol.svg/600px-Anti-Socialist-Symbol.svg.png)
Origem e atuação
O CCC surgiu em 1963, em plena Guerra Fria, quando era difuso na sociedade, sobretudo na classes média, o medo do comunismo e do avanço da esquerda no Brasil. Estima-se que só no Estado de São Paulo, o Comando de Caça aos Comunistas contasse com mais de 5 mil integrantes,1 muitos dos quais estudantes universitários da Universidade Mackenzie, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Mas havia também policiais e membros de organizações da direita católica, como a Opus Dei e a TFP (Tradição Família e Propriedade). Muitos dos seus membros agiam como delatores. Recebiam treinamento militar e frequentemente andavam armados.
Segundo relatos, em 1964, logo após o golpe militar, os integrantes do CCC invadiram e destruíram a Rádio MEC, no Rio de Janeiro. Foi a primeira ação "oficial" do Comando, na defesa do novo regime. De acordo com a professora Maria Yedda Leite Linhares,2 os invasores literalmente destruíram os estúdiosda rádio. Além do CCC havia pelo menos outros três grupos de extrema-direita reconhecidos publicamente: a Associação Anticomunista Brasileira (AAB), a Frente Anticomunista (FAC) e o Movimento Anticomunista (MAC). Todavia, o CCC liderava as manifestações anticomunistas no Brasil, fazendo denúncias e atacando diretamente pessoas e entidades da oposição ao governo militar.
Segundo o almanaque do jornal Folha de S. Paulo,3 o CCC foi responsável pelos seguintes eventos:
Invasão do Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, onde espancaram o elenco do espetáculo Roda Viva (em 18/7/1968)
Atentado à bomba no Teatro Opinião, no Rio de Janeiro (em 2/12/1968)
Sequestro, tortura e assassinato do padre Antônio Henrique Pereira Neto, auxiliar de D. Helder Câmara, em Recife (em 26/5/1969)
Mas a maior ação com envolvimento do Comando de Caça aos
Comunistas ocorreu na cidade de São Paulo e ficou conhecida como a "batalha da Maria Antônia" ou "guerra da Maria Antônia".4 Violentos confrontos ocorreram entre 2 e 3 de outubro de 1968, quando alunos da Faculdade de Filosofia da USP (considerada como um reduto da esquerda política) e da Universidade Presbiteriana Mackenzie (tida como reduto da direita) travaram uma verdadeira batalha campal na rua Maria Antônia, em São Paulo. No dia 3 de outubro, o prédio da Faculdade de Filosofia foi incendiado, e um jovem secundarista, José Carlos Guimarães, de 20 anos, morreu, atingido por uma bala na cabeça. Três outros estudantes foram baleados e houve dezenas de feridos, alguns gravemente queimados com ácido sulfúrico.5 À noite, o teto do prédio da Faculdade de Filosofia desabou. 6
Segundo a extinta revista O Cruzeiro, estiveram presentes no conflito da rua Maria Antônia7 , Francisco José Aguirre Menin (comandou o ataque), Boris Casoy (locutor da rádio Eldorado), João Marcos Monteiro Flaquer, José Roberto Batochio, João Parisi Filho8 , Flávio Bernardo Caviglia, Lionel Zaclis, Souvenir Assumpção Sobrinho e Raul Nogueira de Lima, o "Raul Careca".
De acordo com a mesma reportagem de 9 de novembro de 1968, participaram do ataque ao elenco do Roda Viva, João Marcos Monteiro Flaquer (que comandou o ataque9 ), Francisco José Aguirre Menin, Sílvio de Salvo Venosa, Cássio Scatena, Henri Penchas, Antônio Salvador Sucar, Flávio Bernardo Caviglia, Raul Careca, Souvenir Assumpção Sobrinho, Paulo Roberto Chaves de Lara, Newton Camargo Rosa e José Augusto Bauer.
Homicídios
No dia 11 de outubro de 197810 , o industrial Cássio Scatena, ex-CCC (Comando de Caça aos Comunistas), assassinou o operário Nélson de Jesus, na porta da Metalúrgica Alfa, São Paulo, por reclamar do salário. A fábrica faz greve em protesto. No dia 7 de novembro de 1986, Cássio Scatena foi a Júri. Scatena foi condenado a 13 anos de prisão. No dia 25 de novembro de 1987, o Tribunal de Justiça de São Paulo anulou o julgamento11 .
Segundo o Grupo Tortura Nunca Mais12 , o estudante do Colégio Marina Cintra, José Carlos Guimarães, morto durante a Batalha da Maria Antônia, em 1968, foi assassinado pelo policial Raul Careca, do Departamento de Ordem Política e Social.
Também de acordo com o Grupo Tortura Nunca Mais, o Padre Antônio Henrique Pereira Neto foi assassinado pelo CCC. O padre Henrique, da Arquidiocese de Olinda e Recife, desenvolvia atividades junto ao Arcebispo Dom Helder Câmara. Depois que celebrou uma missa em memória do estudante Edson Luiz de Lima Souto, morto pela polícia durante uma manifestação de rua no Rio de Janeiro, o Padre Antônio Henrique passou a receber constantes ameaças de morte por parte do CCC.
No dia 26 de maio, o padre foi sequestrado. Seu corpo foi encontrado, no dia seguinte, em um matagal na Cidade Universitária de Recife, pendurado de cabeça para baixo, em uma árvore, com marcas evidentes de tortura: espancamento, queimaduras de cigarro, cortes profundos por todo o corpo, castração e dois ferimentos produzidos por arma de fogo. No inquérito aberto no Tribunal de Justiça de Pernambuco, foram acusados, pelo sequestro, tortura e morte do padre Henrique, Rogério Matos do Nascimento, delegado Bartolomeu Gibson, investigador de polícia Cícero Albuquerque, tenente José Ferreira dos Anjos, da Polícia Militar, Pedro Jorge Bezerra Leite, José Caldas Tavares e Michel Maurice Och.
Testemunhas acusaram as mesmas pessoas, não só por este assassinato, mas também, pelo metralhamento que deixou paralítico, em 1969, o líder estudantil recifense, Cândido Pinto de Melo. Segundo o Desembargador Agamenon Duarte de Lima, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, "há provas da participação do CCC no assassinato do Padre Henrique." O inquérito foi arquivado.13
O conflito da rua Maria Antônia
O CCC esteve envolvido nos eventos que levaram ao conhecido "Batalha da Maria Antônia", em 1968, entre alguns estudantes da Universidade Mackenzie e os da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.14 Houve a morte de um estudante secundarista, José Guimarães, vítima de uma bala perdida cujo som confundiu-se com o dos rojões disparados de parte a parte.
Segundo relatado pela Fundação Perseu Abramo15 e publicado pelo jornal Folha de S. Paulo em 28 de novembro de 1977, "(...) As sedes dos DA de Filosofia e Letras, DA Leão XIII, CA de Ciências Sociais e Serviço Social, CA 22 de agosto e do DCE -Diretório Central dos Estudantes- foram depredadas. Portas que estavam fechadas apenas com o trinco foram arrombadas a pontapés.
As gavetas foram arrancadas fora das mesas e seu conteúdo jogado no chão. Em vários restos de portas ficaram bem nítidas as marcas dos pontapés. Em diversas salas foi pichada a sigla CCC (Comando de Caça aos Comunistas), organização que, como a AAB (Aliança Anticomunista Brasileira), se opusera à ideologia comunista. Uma lista enorme de bens das entidades foi levada pela polícia. A biblioteca também foi invadida e seus ocupantes expulsos aos gritos e ameaças de cassetetes.
Os policiais jogaram vários livros no chão. Entraram com violência e, usando palavras de baixo calão, nas salas de aula, prendendo todos os seus ocupantes, e muitas vezes espancando-os..."
Segundo reportagem da revista Veja, de 9 de outubro de 1968,16 "(...) paus e pedras, bombas Molotov, rojões, vidros cheios de ácido sulfúrico que ao estourar queimavam a pele e a carne, tiros de revólver e muitos palavrões voaram durante quatro horas pelos poucos metros que separam as calçadas da Universidade Mackenzie e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.
Exatamente às 10 e meia da manhã do dia 2, quarta-feira, começou a briga entre as duas escolas. Porque alguns alunos do Mackenzie atiraram ovos em estudantes que cobravam pedágio na Rua Maria Antônia a fim de recolher dinheiro para o Congresso da UNE e outros movimentos antigovernistas da ação estudantil, a rua em que vivem as duas escolas rapidamente se esvaziou. Formaram-se grupos dos dois lados, dentro do Mackenzie, onde estudam alguns membros do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), Frente Anticomunista (FAC) e Movimento
Anticomunista (MAC); dentro da Faculdade de Filosofia da USP, onde fica a sede da União Estadual dos Estudantes. As duas frentes agrediram-se entre discursos inflamados e pausas esparsas. Ao meio-dia a intensidade da batalha aumentou, porque chegaram os alunos dos cursos da tarde. O Mackenzie mantinha uma vantagem tática - os seus prédios ficam em terreno mais elevado e são cercados por um muro alto.
A Faculdade da USP está junto à calçada, com sua entrada principal ladeada por colunas de estilo grego e duas portas laterais. A fachada não tem mais que 20 metros. Seu único trunfo: uma saída na Rua Dr. Vila Nova, perpendicular à Maria Antônia, bem defronte à Faculdade de Economia, também da USP. Nessa quarta-feira, uma enfermaria improvisada no banheiro da USP atendeu a seis feridos. Dois alunos do Mackenzie também se machucaram. Na rua, os estudantes da USP apupavam os do Mackenzie: "Nazistas, gorilas!"
E os mackenzistas revidavam: "Guerrilheiros fajutos!" Às 2 da tarde a reitora do Mackenzie, Esther de Figueiredo Ferraz, pediu uma tropa de choque - 30 guardas-civis - para "proteger o patrimônio da escola". Quando a polícia chegou, os estudantes se dispersaram. Houve uma trégua..."
Pessoas supostamente ligadas ao CCC
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