Fórum do Búfalo

Versão Completa: [Relato] - A Experiência de Capinar Um Lote
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Saudações confrades!

De vez em quando aparece algum confrade aqui com a “mente vazia”, perdendo tempo com pensamentos que não levam a nada. Então ao compartilhar o que passa em sua mente, é comum alguém lhe dizer: “Vá capinar um lote que passa!” Claro que o capinar o lote aqui é figurado, na verdade queremos dizer “vá ocupar sua mente” seja com trabalho, pesado ou não, até mesmo com estudos.

Mas esse singelo relato é de uma capina de lote no sentido literal, algo que eu nunca havia feito antes. Já fui ajudante de pedreiro em mutirões da igreja, já peguei pesado quando trabalhei com manutenção de equipamentos de mineração, mas nunca havia pegado um lote para capinar.

A primeira coisa que senti quando ia iniciar o serviço foi desânimo, eram 420 m² de capim mais alto do que eu (tenho 1,81 m de altura), para isso dispunha de uma enxada e uma foice sem cabo. Na verdade nem sabia quando é melhor usar uma ferramenta ou a outra. Junto comigo estava o Sr. João (na verdade eu era o ajudante dele), um senhor de 77 anos com saúde de ferro e muita disposição para trabalhar.


Ferramentas utilizadas:

Enxada:
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Foice:
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Chibanca:
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Começamos a capina em uma segunda feira, mesmo com a altura do mato, o Sr. João disse que poderíamos começar com a enxada mesmo, e assim fomos. Olhar para a quantidade de capim que tinha era desanimador, mas simplesmente ignoramos o sentimento que o estado do lote transmitia, e após cerca de cinco horas, há havíamos capinado metade do lote, e isso tirando o capim (que agora conheço pelo nome de “colonhão”) na raiz, pois dessa forma demora mais a nascer denovo.


Imagens do 1º dia de trabalho:
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No segundo dia capinamos a outra metade do lote, aí utilizamos outras duas ferramentas: a foice e a chibanca. Com a foice cortamos os capins altos e com a chibanca rancávamos o que tinham as raízes mais fortes. Assim, o serviço ficou quase terminado após aproximadamente 10 horas de trabalho. No dia seguinte restaram apenas algumas moitas isoladas de canto do lote.


Imagens do 2º dia de trabalho:
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De tempos em tempos parávamos para descansar, tomar água e comer algumas bananas, isso foi suficiente para nos manter com a energia necessária para realizar o trabalho. Ao final de cada um dos dias, cheguei em casa e almocei "igual pedreiro”, comendo mais que o dobro da quantidade de comida que costumo colocar no prato. Quando fui dormir, tive uma ótima noite de sono, acordando com a mente e o corpo descansados e revigorados.

Para mim foi muito satisfatório realizar esse trabalho e aprender alguns macetes com o Sr. João, de agora em diante posso me virar sozinho nas próximas oportunidades. Aprendi que a foice é utilizada para cortar os capins mais altos e que o corte no ângulo de 45º ou superior é mais eficiente do que um corte transversal 90º. Aprendi também que a enxada arranca as raízes, mas se ela for um pouco maior que o normal é melhor usar a chibanca, mais apropriada para arrancar raízes mais fortes, otimizando assim o trabalho. Enfim, há muitas lições para se tirar desse tipo de trabalho.

Para concluir, seguem fotos e um vídeo que fiz de parte do trabalho realizado. Recomendo aqueles que não passaram por essa experiência que quando tiverem a oportunidade, não deixem passar.

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Fiquem a vontade para comentarem também suas experiências com trabalhos braçais, principalmente se estes não fizerem parte de sua rotina. Conte também como seu corpo e sua mente reagiram a essa mudança de ares.

Fé e Honra,
Raito.
Kk Ri muito quando lí o conteúdo do tópico kk, a última vez que eu fiz trabalho braçal pesado foi uma desgraça, tive que carregar bloco, marmore, pedaço de ferro e capinar parte do quartel, no final fiquei todo sujo e com pulsos e abdomen cheio de arranhões. Desde novo ajudo meu pai a colocar placas e luminosos, então sempre fiz trabalhos braçais, e é realmente muito bom quando você passa 1/3 ou mais do dia trabalhando pesado e depois deita no travesseiro após um bom banho, realmente acordamos bem melhor e dispostos. Com a internet tomando quase o dia inteiro da mulecada, esse pessoal finge que dorme, e que vive.
Já fiz muito isso. Morava em um sítio, pelo menos 2 ou 3 vezes no mês capinavamos eu e meu primo pra poder manter o mato baixo. No inverno o mato crescia (hum.. Deixe-me ver..) que nem Mato. Hehe, por isso que essa analogia é tão foda. Se deixássemos o mato sem capinar no inverno, a gnt perdia o horizonte. A ferramente que utilizavamos é o que chamamos aqui na nossa região de extrovenga. Cara.. Era um descarrego pra alma, um exercício pro corpo e pra paciência, um equilíbrio com a natureza indiscritivel. Ao final do dia, o corpo surrado, aquele desgaste físico que nenhum maromba nunca sentirá em horas de academia, ao ver os lotes da capim amontoado, resultado do seu trabalho, a sensação era a melhor impossível. Algo tão simples, mas que precisa ser feito. Vc aprende que para produzir não é preciso muita complexidade, e sim muito trabalho, é colocar a mão na massa e ir trabalhando, independente de quanto trabalho ainda tenha pela frente. O "carpir um lote" é uma analogia perfeita com a vida. Alguns desistem antes de tentar, só de olhar o terreno, outros conseguem que alguém o faça no seu lugar, mas nunca sentirão a sensação do terreno limpo pelas suas próprias mãos, a gratificação do trabalho, e por último, aqueles que põem a mão na massa, com ou sem ajuda.
Sempre fiz trabalho braçal desde moleque.

Aprendi com meus pais, tios e avós.

Rachar lenha, capinar lote, abrir valetas, podar árvores, plantar batatas e várias outras coisas, enxertos, criar e matar galinhas.
Revirar a terra, fazer canteiros, aprender a cobrir adequadamente pra época de geadas.

Diversão quando início da adolescência era ir pra horta com a avó e o avô passar o dia capinando, revirando terra, serrando e rachando lenha.
Melhor coisa é tu olhar esse monte de trabalho feito e saber que foi você que fez tudo aquilo.
Eu gosto muito de fazer trabalho braçal, descança a mente e castiga o corpo. O problema é que aqui na cidade de pedra é meio difícil achar algo do gênero pra fazer.
O pessoal subestima o poder do enxadex. Eu mesmo já usei esse método em fim de relacionamento e em outras situações de desânimo e mal estar emocional. E também fui capinar em sentido literal. Dá para sentir a melhora assim que você começa, mas a melhor sensação é depois que você termina, toma um belo banho e vai contemplar o resultado do seu trabalho, com a testosterona pulsando nas veias. Viril demais.

Parabéns aí pelo relato, confrade Raito. E com as imagens, mostrando que o nosso "vá capinar um lote" não é hipocrisia de nossa parte nem tampouco uma simples força de expressão.
Parabéns Raito!

Eu capinei muito lote, principalmente quando estava desempregado, frustrado, desanimado e sem dinheiro. A sensação de fazer algo era ótima, ainda mais a testosterona fluindo nas veias.
SENSACIONAL!!!

Vou postar a foto no Canal com as fotos e o vídeo. Algum problema, Raito?
- Capinar um lote é uma experiência revigorante. kkk

- Confesso que ultimamente tenho andado meio relapso a isso. Preciso fazer mais atividades de lazer do Mestre Doutrina.
De minha parte, não é segredo pra ngm q gosto de bicicletas e uso ela como meio de transporte preferencial.

Uma coisa é certa: vc pode tá o mais pra baixo que for, mas nada que andar horas em ciclovias perigosas e cheias de cabeças de bagre não faz você esquecer dos problemas e despertar sua fera interior. Sem falar de vc mesmo fazer sua manutenção e ir aprendendo cada vez mais a mexer, regular, etc. Passar um domingão quebrando cabeça pra regular alguma parte ferrada da bicicleta, xingar qdo dá errado e depois de algumas horas conseguir finalmente fazer o troço funcionar direito é de uma satisfação ímpar.

Outra coisa legal de fazer trabalho braçal é conviver com a peãozada. No geral são caras extremamente bem humorados e tiram sarro de tudo, então é um bom tratamento de choque pra moleque leite com pera. Ou vc vira macho junto com eles e começa a aprender a ficar mais esperto nas zueras, ou eles te engolem. Ultimamente ando fazendo muito curso onde há muitos peões, e porra a zuera é bruta pra caralho. Ali realmente se forma homens (ou um tremendo leite com pera depressivo hahaha)
Melhor que capinar lote é levantar uma parede ou encher uma laje além de ser bom para abrir o apetite.
Bom relato Raito,
eu já capinei lote e posso dizer que é cansativo pra cacete, isso sim kkkk. Quando mais novo e sem o meu "probleminha" na coluna, meus antigos colegas e eu levantamos casas, carregando material, entulhos e batendo lajes. Cansa pra burro. Mas o mais legal no meio disso é que só haviam homens, que por estas experiências projetavam o futuro em que não precisavam mais fazer aquilo, mas que se lembrariam do que já haviam passado. Como você está com a galera o trabalho cansa menos, e depois dali, você ia pegar um "baba" (futebol), e no final todos iam pegar uma feijoada na rua mesmo oferecida pela família da pessoa que endereçou a tarefa.
A parte triste é que ninguém além de mim acabou seguindo o "futuro projetado". Os outros continuaram meio que na mesma. Uma pena
(14-08-2015, 08:19 AM)barãozin Escreveu: [ -> ]SENSACIONAL!!!

Vou postar a foto no Canal com as fotos e o vídeo. Algum problema, Raito?

Pode sim Barão. Sem problema. Joinha:
Muito bom Raito. " Mente desocupada,oficina do satanás!"
Sensacional Raito Véio!
Parabéns pela descoberta!!
Capinar lote só não é pior que misturar cimento, isso sim é show, se colocar uma brita fica ainda melhor
(14-08-2015, 09:39 AM)Gary Holt Escreveu: [ -> ]Melhor que capinar lote é levantar uma parede ou encher uma laje além de ser bom para abrir o apetite.

Aí você falou a minha língua.

Lembro de quando era moleque, tinha meus 13 anos, ajudava meu pai na construção num lote que tínhamos em Vicente Pires, aqui no DF.

Eram dias em que a gente acordava cedo, tomava um café já na obra (café preto e pão com mortadela) e começava o "fight".

Chegava em casa varado de fome, e quando entrava na cozinha já sentia o cheiro da costela com mandioca no fogão... meu amigo... era injeção de testo direto na veia.

Enquanto eu estudava a gente fazia essa rotina só aos fins de semana. Quando completei 15 anos, passei a estudar a noite e comecei a ajudar durante o dia também, nas férias do meu pai.

Terminei o EM, meu pai já havia comprado outro imóvel e eu engatei na faculdade. Tomava banho para ir para a aula na própria obra.
(14-08-2015, 02:57 PM)Josey Wales Escreveu: [ -> ]
(14-08-2015, 09:39 AM)Gary Holt Escreveu: [ -> ]Melhor que capinar lote é levantar uma parede ou encher uma laje além de ser bom para abrir o apetite.

Aí você falou a minha língua.

Lembro de quando era moleque, tinha meus 13 anos, ajudava meu pai na construção num lote que tínhamos em Vicente Pires, aqui no DF.

Eram dias em que a gente acordava cedo, tomava um café já na obra (café preto e pão com mortadela) e começava o "fight".

Chegava em casa varado de fome, e quando entrava na cozinha já sentia o cheiro da costela com mandioca no fogão... meu amigo... era injeção de testo direto na veia.

Enquanto eu estudava a gente fazia essa rotina só aos fins de semana. Quando completei 15 anos, passei a estudar a noite e comecei a ajudar durante o dia também, nas férias do meu pai.

Terminei o EM, meu pai já havia comprado outro imóvel e eu engatei na faculdade. Tomava banho para ir para a aula na própria obra.

Futuramente (depois de passar no concurso que almejo) quero fazer um curso de elétrica predial ou construção civil, só para satisfação pessoal. Já fiz de mecânica de automóveis no Senai, mas hoje em dia nem para hobby tem saco para mexer em carro. Outro lance bom que estou pensando é soldador para ter presteza com solda MIG.
Soldador é um curso que tou visando tb.
(14-08-2015, 04:21 PM)barãozin Escreveu: [ -> ]Soldador é um curso que tou visando tb.

Comprei uma maquina de solda em conjunto com meu pai (350 dilmas) e este sábado fui fazer um conserto no portão de um amigo(1ª vez usei), rapaz te digo, gastei uns 10 eletrodos por gostar do trampo. yaoming
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