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Foda-se a motivação, o que você precisa é disciplina

Levar as tarefas a cabo causa os estados interiores que procrastinadores crônicos acreditam que precisam para iniciar as tarefas


Para fazer qualquer coisa, há basicamente duas formas de se colocar numa situação em que aquilo efetivamente vai ser feito.

A primeira opção, mais popular e devastadoramente errônea, é tentar se automotivar.

A segunda, uma escolha um tanto impopular e completamente correta, é cultivar a disciplina.

Trata-se de uma daquelas situações onde adotar uma perspectiva diversa redunda em resultados superiores imediatamente. Poucos usos do termo “mudança de paradigma” são realmente legítimos, mas aqui temos um deles. É como acender a lâmpada em cima da cabeça.

Qual é a diferença?

A motivação, falando de modo geral, opera sob a presunção errônea de que é necessário um estado mental ou emocional particular para que uma tarefa seja realizada.

Isso está completamente invertido.

A disciplina, em vez disso, separa o funcionamento externo dos sentimentos e mudanças de humor, e assim ironicamente, ao melhorar as emoções de modo consistente, evita o problema.

As implicações disso são enormes.

Levar as tarefas a cabo efetivamente causa os estados interiores que procrastinadores crônicos acreditam que precisam para iniciar as tarefas em primeiro lugar.

Colocando de forma mais simples, não se deve esperar até se estar em boa forma para começar a treinar. Treina-se para se chegar à boa forma.

Quando a ação se condiciona pelas emoções, esperar um estado de humor ideal se torna uma forma particularmente insidiosa de procrastinação. Conheço isso muito bem, e gostaria que alguém tivesse me apontado isso vinte, quinze ou dez anos antes de eu acabar aprendendo a diferença ralando na vida.

Quem espera até ter vontade de fazer as coisas para fazê-las, está fodido. É exatamente disso que surge o temido círculo vicioso de procrastinação.

[Imagem: e467ccab2.png?sha=d6a52dd62a645fb7]

O ciclo da procrastinação

Mais tarde eu faço! -> Droga, não tô fazendo nada. -> Talvez eu deva considerar começar essa tarefa... -> ... mas não estou disposto o suficiente para fazê-la bem. (repete)


A essência de correr atrás da motivação é a insistência na fantasia infantil de que só devemos fazer as coisas que estamos a fim de fazer. O problema então se coloca da seguinte forma: “Como eu chego ao ponto de estar a fim de fazer o que eu racionalmente decidi fazer?” Isso é ruim demais.

A pergunta certa seria “Como deixo meu humor de lado e faço as coisas que conscientemente quero fazer, sem frescura?”

O ponto é cortar a ligação entre os sentimentos e as ações, e fazer a coisa de qualquer jeito. Você vai se sentir bem, energético e excitado depois de agir.

A motivação inverte tudo isso. Estou 100% convencido de que esta perspectiva defeituosa é o principal motor da epidemia de “sentar de cuecas jogando videogame e batendo punheta” que atualmente ataca os países desenvolvidos.

Também há problemas psicológicos na dependência da motivação.

A vida e o mundo reais algumas vezes exigem que se faça coisas com que ninguém em sã consciência conseguiria se entusiasmar, e assim a “motivação” se depara com o obstáculo insuperável de tentar produzir entusiasmo por aquilo que objetivamente jamais o mereceria. Fora a preguiça, a única solução é acabar com a sanidade das pessoas. Esse é um dilema horrível, e felizmente falacioso.

Tentar martelar o entusiasmo por atividades fundamentalmente chatas e miseráveis é literalmente uma forma de automutilação psicológica deliberada, uma insanidade voluntária: “GOSTO TANTO DESSAS PLANILHAS, MAL POSSO ESPERAR PARA PREENCHER A EQUAÇÃO PARA O VALOR FUTURO DA ANUIDADE, AMO TAAAAANTO MEU TRABALHO!”

Não considero episódios autoinfligidos de hipomania os melhores impulsionadores da atividade humana. É inevitável que ocorra algum tipo de compensação tímica com episódios de depressão, uma vez que o cérebro humano não tolera o abuso por tempo indetermiando. Estão presentes travas e válvulas de segurança. Ocorrem ressacas hormonais.

CONTINUA ...
Aguardando ansiosamente pela continuação, muito bom cabra!
A pior coisa que pode acontecer é ser bem sucedido na coisa errada – temporariamente. Um cenário muito superior é reter a sanidade, o que infelizmente tende a ser confundido com fracasso moral: “Eu ainda não amo meu trabalho fútil de tirar um papel daqui e colocar ali, devo estar fazendo algo errado.” “Ainda prefiro comer bolo, e não brócolis, e assim não consigo perder peso, talvez eu seja fraco mesmo.” “Eu devia comprar outro livro sobre motivação.” Besteira. O erro crucial aqui é encarar essas questões em termos de presença ou ausência de motivação. A resposta é a disciplina, não a motivação.

Há outro problema prático com a motivação. Tem validade restrita, precisa ser constantemente revigorada.

A motivação é como dar corda manualmente numa manivela pesada para através disso obter uma grande força instantânea. No melhor dos casos, ela armazena e converte a energia para uma finalidade particular. Há situações onde ela é a atitude correta, exceções em que ficar superanimado e armazenar um montão de energia mental de antemão é o melhor a fazer. Corridas olímpicas ou fugas de prisões seriam casos assim. Mas fora esses casos limítrofes, ela é uma base terrível para o funcionamento regular cotidiano, e para qualquer coisa que exija resultados consistentes em longo prazo.

Em contraste a isso, a disciplina é como uma máquina que uma vez colocada em funcionamento, na verdade passa a fornecer energia ao sistema.

A produtividade não exige nenhum estado mental. Para resultados consistentes em longo prazo, a disciplina supera em muito a motivação, de fato a disciplina acaba correndo ao redor, humilhando a motivação.

Em resumo, a motivação é tentar encontrar aquela vontade de fazer as coisas. Disciplina é fazer mesmo se não se tem vontade.

Você se sente bem depois.

A disciplina, enfim, é um sistema que funciona, já a motivação é semelhante aos objetivos em si. Há uma simetria. A disciplina mais ou menos se autoperpetua e é constante, já a motivação é uma coisa meio aos solavancos.

Como se cultiva disciplina? Construindo hábitos – começando com coisas bem pequenas, com que se consegue lidar, coisas até mesmo microscópicas, e assim ganhando impulso, reinveste-se nela em mudanças cada vez maiores na rotina, dessa forma construindo um círculo virtuoso de retroalimentação positiva.

A motivação é uma atitude contraproducente. O que conta é a disciplina.

* * *

Nota: Este texto foi originalmente publicado no Wisdomination.com.
Nunca vi por esse lado.
De fato, disciplina é muito mais eficiente por não precisar das emoções para começar a agir.

Eu sempre dava essa desculpa fajuta "aa, não to motivado (ou inspirado) pra fazer isso agora, vou deixar pra depois"
Agora vou passar a usar a disciplina.

Obrigado por compartilhar o texto cabra
Recentemente li um livro chamado 'O Poder do hábito', que fala justamente disso:

Como você pode ir aos poucos inserir novas rotinas em sua vida até que as mesmas deixem de ser chatas, cansativas ou algo do tipo.

Vou deixar o link do meu dropbox com o livro:

https://dl.dropboxusercontent.com/u/9770...Duhigg.pdf
Concordo com o texto. Somente a motivação é inútil.

Porém a combinação de disciplina e motivação é que proporciona os melhores resultados.

Veja um exemplo: Em uma sala de aula o professor passa os exercícios de física: lei de Newton, cinemática, conversão de calor, coisas assim. Os alunos estudam o assunto para passar na prova. Podem tirar 10 mas isso foi apenas disciplina, fizeram por obrigação. Agora se o aluno gosta de carros, por exemplo, estes exercícios ganham outro significado. Agora eles permitem compreender como um motor funciona, como o veiculo de desloca. O aluno tem uma motivação para fazer os exercícios e certamente vai absorver muito mais conhecimento.

É por isso que o sistema de produção coletiva dos socialistas não funciona. O Estado implanta a disciplina, mas não há motivação.

Citar:Recentemente li um livro chamado 'O Poder do hábito', que fala justamente disso:

Como você pode ir aos poucos inserir novas rotinas em sua vida até que as mesmas deixem de ser chatas, cansativas ou algo do tipo.

Esse é um ponto importante, e estou implantado algo assim no meu cotidiano. Eu vi que para iniciar uma rotina positiva, ou seja ser disciplinado, é necessário uma motivação inicial. Depois que a rotina se instala tudo fica automático, mas no início é preciso uma condição emocional que formeça a vontade de fazer a mudança.
Vou ler este livro sugerido pelo MrAndrew, parece ser util para mim.
A motivação por si só é fogo de palha, não levando à disciplina.

A disciplina, por sua vez, leva à motivação e a motivaçãos serve de combustível à disciplina.

Essa é a combinação de disciplina + motivação da qual fala o confrade Heron.
Motivação é só aquele "boost" temporário pra te dar um gás a mais pra superar um obstáculo mais pedreira.

Depois de superado, se não manter a disciplina em dia já era. Só motivação não segura.
Vou imprimir e botar em prática. Eu tenho períodos de extrema disciplina, mas alterno com períodos de procrastinação e coisas que sugam meu tempo como tv/internet.
Bom texto.
Realmente....motivação não é suficiente para projetos a longo prazo, é preciso mais que motivação.
Sim, motivação sozinha não te leva muito longe, mas eu não descarto o uso dela. Aliar as duas coisa é o que geralmente me traz mais resultado.

Para que busca se disciplinar para iniciar um projeto, criaram um tópico com boas dicas umas semanas atrás: http://legadorealista.com/fdb/showthread.php?tid=8269
A motivação é o que te faz sair da cama.

A disciplina é o que te faz executar o que planejou ao sair dela.
Não sei se acontece com vocês, talvez não com todos, mas sempre que entro aqui tomo um soco na casa? E não estou sendo redundante ou querendo bajular o texto não. O que acontece é que quando percebo "putz, preciso melhorar tal ponto" entro aqui e POW, na cara.

Enfim, irmãos desculpa a babaquisse do meu próprio pedido de ajuda, reconheço que as coisas estão na cara ou eram para estar, não vou vitimizar e nem nada assim, mas em resumo sempre fui muito indisciplinado, até porque nunca (de verdade) recebi disciplina nenhuma de ninguém. Cresci sozinho e o pouco e bem pouco de disciplina que tenho é de observar e apanhar da vida. Todavia agora que estou mais velho (22) estou realmente sentindo o peso de não tê-la e peço encarecidamente a ajuda de todos com isso.

Me arrastei até aqui baseado em força de vontade e motivação atrás de motivação, mas disciplina que é bom nada e eu realmente quero aprender isso, sempre admirei a disciplina dos militares ou até mesmos das pessoas que encontrei pela vida que sabiam lidar bem com ela. Bom, é isso se puderem me ajudar de alguma forma, qualquer que seja... aconselhamento, material de estudo, tudo é bem vindo confrades.
Esse texto do cabra chegou na hora certa. Já ia criar um tópico perguntando sobre esse assunto.
É estranho mas eu só fico motivado à noite. Aquele gás todo se acumula e da vontade de fazer tudo na prática. Só que é de noite e não dá para fazer nada. Então eu prometo a mim: Amanhã vou fazer isso e isto e aquilo. O foda que quando acordo e começo minha rotina o ânimo vai pra zero. Aquele gás todo some. Mesmo assim eu faço ou me esforço para fazer o que prometi. Felizmente tenho uma vó que me ensinou a ser disciplinado desde a época da fralda.

Mas uma coisa é incrível, quando estamos motivados e displinados ao mesmo tempo, o resultado é avassalador. A sensação de orgulho, bem estar, "fodal", ferve.

Claro, jamais podemos ficar dependendo de motivação para fazer algo, contudo se conseguirmos aspirar um pouco de motivação nas tarefas chatas as coisas facilitariam muito.

Estou lendo o livro poder do hábito (acabando). Sinceramente, o livro é foda. Coisas que eu nem percebia que fazia por causa dos hábitos, passei a entender. Consegui manipular alguns maus hábitos muito mais facilmente. Eu acho que esse livro tinha que ser prioridade de leitura ou mover para a biblioteca de super recomendados (que nem existe rsrs)
usem o google agenda pra determinas os horários de cada tarefa e deixem os avisos ligados, verão como ajuda e é eficiente até a criação do habito.
Quando disciplinei minha mente e o cardíaco pra esquecer das coisas do mundo, aprendi a olhar pra dentro da fossa do fóssil. Automaticamente aprendi a lei do mundo e da vida. Temos que ser pedra.
Pedra, aço e fogo, mirar no objetivo e não perde-lo de vista.
excelente texto cabraman !!

realmente esta de parabens !!!

porem digo que a melhor forma eh aperfeiçoar ambas estrategias. como ?

digo, vc sempre precisa se automotivar, ou uma motivação externa, isso é um mal do ser humano, ele sempre precisa da cenoura na frente para continuar evoluindo e indiretamente, movendo as coisas ao seu redor.

eu particularmente utilizo a motivação como um start para x projeto, x demanda, e faço o trabalho mental e emocional de torna-lo rotineiro ( diario, semanal, mensal, dependendo do que eh e do nivel de esforço necessario ) assim aplicando a diciplina.

digo isso pq o inicio de tudo é muito dificil, é muito "doloroso".

seria como a lei da fisica, onde a força aplicada para mover a pedra, é infinitamente maior do que a força gasta para mante-la em movimento.


a questão, definir algo como meta.
meta definida, aplicar a motivação ( interna ou externa ) como start
a meta que voce já se "movimentou" para realizar sua meta, adiciona-se a disciplina junto com a motivação (interna) para continuar ate a conclusão.
quando voce chega aos 70% ou 80% de conclusão do seu projeto, voce começa a ter de retorno a motivação externa (geralmente as pessoas lhe elogiando ou invejando o que voce conquistou)

e assim vai indo...

mas excelente ponto de vista e obrigado com o assunto compartilhado !
Li esse texto hoje mais cedo, no papo de homem. Aqui fiquei sabendo então ao menos a fonte.
Eu sou campeão pra procrastinar. E isso tem me atrapalhado muito nos estudos da faculdade. Já li o livro O Poder do Hábito pra ver se melhorava nesse quesito. Mas até agora tá braba a coisa. Tenho que adquirir disciplina urgente.
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