19-10-2014, 12:14 AM
Pergunta: Sobre os viciados em jogos,pcs – coisas parecidas.
Seria uma forma de fuga?
Pois percebo algo como estarem em transe, dedicam suas forças em coisas supostamente inúteis, sem retorno algum para suas vidas futuras, penso eu. Não digo no sentido de gostar, mas viciado de virar noites, e vejo que isso é majoritariamente masculino.
Resposta do Mandrake: Depende.
Jogos, sejam eles, quais forem, geram satisfação, pois estão inseridos na camada "Criatividade/Hobbies e Diversão", da nossa roda da vida. O problema é quando o jovem passa a viver grande parte do seu dia, pensando e jogando seus jogos, deixando de trabalhar outras camadas de sua roda da vida.
Hobbies são importantes para a nossa vida, desde que eles sejam bem explorados e gerem o estado de flow. Agregam para nossa satisfação.
O vicio, dentre suas definições, é uma falta de controle, falta de limite perante um comportamento, sabendo que este, lhe trará consequências negativas. No fundo, este jovem sabe que faz mal ficar mais tempo do necessário, jogando seus jogos, ou na frente do computador, e este tempo exagerado causará dor. E no fundo ele está buscando na dor, uma forma de prazer. Prazer pela dor.
O Estado de flow não causa dor, proporciona satisfação. É o oposto.
Esse prazer pela dor, pode ser uma forma de autopunição do seu subconsciente, por estar sabotando-se, fugindo de alguma responsabilidade que a vida está lhe colocando.
Vício é um hábito repetitivo que degenera ou causa algum prejuízo ao viciado e aos que com ele convivem. Seu oposto é a virtude.
A acepção contemporânea está relacionada a uma sucessão de denominações que se alteraram historicamente e que culmina com uma relação entre o Estado, a individualidade, a ética e a moral, nas formas convencionadas atualmente. Além disso, está fortemente relacionada a interpretações religiosas, sempre denotando algo negativo, inadequado, socialmente reprimível, abusivo e vergonhoso. Porém, em termos genéricos, é interessante a abordagem de Margaret Mead:
Citar:“A virtude é quando se tem a dor seguida do prazer; o vício, é quando se tem o prazer seguido da dor”
Faltando porém, um detalhe: os períodos onde a dor e o prazer se inserem variam, sendo que o segundo é sempre mais longo e permanente que o primeiro, em ambos os casos. Daí a relação que se cria também com o trabalho, como processo doloroso que gera prazer posterior permanente, e que portanto, eleva(m) o homem, através do orgulho e da vitória. Fatalmente, o vício relaciona-se também com a perda, a derrota, e portanto, a queda, fechando um ciclo conceitual que interliga o social, o biológico, o religioso e a ética-moral laica.
Para a psicologia comportamental o vício é resultado de uma construção orgânica, desencadeada pelo reforço de uma relação entre estímulo e prazer químico, ou ainda, é uma questão puramente biológica, em detrimento da abordagem simbólico-linguística que a psicanálise Lacaniana enuncia.